por Ricardo F. Santos, do Terra, sugestão da sgeral/mst
Direto de São Paulo
Em algumas plantações de cana-de-açúcar no interior do Estado de São Paulo, existem alguns funcionários que, sonho de qualquer usineiro, conseguem trabalhar cerca de 14 horas por dia sem interrupção. O segredo da produtividade é pequeno, barato e cada vez mais fácil de conseguir: o crack. As consequências para o ‘superfuncionário’, porém, são conhecidas: após poucos anos, uma saúde devastada e, não raro, a morte.
Esse é um dos usos crescentes da droga que mais surpreenderam a Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas, da Assembleia Legislativa de São Paulo. A comissão, formada por 29 parlamentares, fez um levantamento inédito sobre a proliferação do entorpecente no Estado, e o apresentou nesta terça-feira.
Segundo o deputado estadual Donisete Braga (PT), as regiões onde a prática é mais comum são Ribeirão Preto, Vale do Ribeira, Pontal, São José do Rio Preto e Alta Paulista, onde há forte indústria sucroalcooleira. “Os funcionários fazem uso da droga para agregar valor físico e aumentar a produção”, explicou, acrescentando que, em geral, os trabalhadores são pagos pela produtividade. “Após quatro ou cinco anos, são afastados, demitidos.” Como a maioria não possui vínculo formal de trabalho, os trabalhadores nada recebem depois da prestação do serviço, e resta-lhes apenas a saúde debilitada pelo crack.
“Há uma liberação do consumo de crack por parte das usinas”, afirmou Braga. “Essa prática acontece com plena conivência dos empresários e das autoridades”, completou o deputado Major Olímpio (PDT-SP).
As informações compiladas pelo levantamento, afirmou Braga, são o primeiro passo para acabar com essa situação. Segundo o parlamentar, a partir delas será possível fiscalizar e acompanhar o uso da droga no Estado, e definir ações de erradicação. A pesquisa feita pela Assembleia abordou políticas públicas, investimentos e programasde combate a drogas, e foi respondida por 325 dos 645 municípios do Estado, que concentram 76% da população.
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Comentários
Roberto Ribeiro
Usineiros são escravocratas pela própria natureza.
Heloisa Villela
Ouvi denúncia semelhante quando estive na fronteira do México com os Estados Unidos. Segundo funcionário de uma das chamadas maquilas (as fábricas americanas que se instalam do lado de lá da fronteira para contratar mexicanos com salários baixos), é grande a venda de cocaína dentro das fábricas. E os patrões fazem vista grossa..
Lousan
vamos encaminhar ao governo e usineiros uma proposta para criar a bolsa redbull para ajudar na luta contra o crack e conseguir mais produtividade!
drogas para aumentar a produtividade também tem em tantas outras profissões e mais delicadas, como a de médicos, controladores de voo e motoristas…
mmonge scéptico
Pena capital para todos eles, fornecedores(traficantes) e incentivadores. Duro demais?
Então ponha-se no lugar do escravo cortador de cana, que não é de forma alguma, um
homem livre. Apoia os traficantes? Vá fazer isso na CHINA>
francisco p. neto
Esse é o papel do grande agronegócio em São Paulo.
Tudo que eu digo sobre esses grupos, concentração de poder econômico, danos ambientais, trabalho escravo, salários de fome, agora tem mais essa, conivência com o uso do crack pelos seus funcionários, não é a toa..
O estado de São Paulo está abandonado há 17 anos. É só desgraça em cima de desgraça. O trabalhador e o pequeno e médio produtor rural não tem a quem recorrer. Estão matando cachorro a grito e o governador finge que não é com ele.
Acooooooooooorda Alckmin!!!!
Zé das Couves
Não faz sentido. O uso de crack DIMINUI a produtividade. Os usineiros são um bando de fdp, mas não são burros.
marcos
Sabe o que é pior nessa historia toda?
Eu moro no interior de São Paulo, as cidades aqui só tem cana e eu nunca ouvi falar disso, e olha que eu não fico vendo jornal nacional ou lendo a veja, não é a toa que a coisa só vai de mal a pior
É nessas horas que a gente percebe o quanto a falta de informação pode ser danosa pra sociedade (principalmente na propria região onde a gente mora).
Marcio H Silva
Se os deputados pesquisarem muitos profissionais de outras profissões urbanas utilizam-se de drogas para suportar a dupla jornada. Incluo aí bombeiros, policiais, caminhoneiros conforme já relatado em diversas midias.
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