Dilma: Chamaram golpe de Revolução; agora, é golpe com colorido democrático; ouça o discurso
Tempo de leitura: 7 minFoto: Roberto Stuckert Filho/PR
Quinta-feira, 31 de março de 2016 às 13:12 (Última atualização: 31/03/2016 às 13:16:45)
Dilma: “No passado chamaram de revolução, hoje tentam dar um colorido democrático”
“São as milhares de Jéssicas que irão mudar radicalmente a desigualdade no Brasil”.
Essa foi uma das frases ditas pela presidenta Dilma Rousseff no início da tarde desta quinta-feira, durante o Encontro de Intelectuais e Artistas em Defesa da Democracia, no Palácio do Planalto. Dilma referia-se à personagem do filme “Que horas ela volta?”, da diretora Anna Muylaert, em que a filha de uma empregada ascende socialmente graças aos programas sociais que vêm sendo implantados desde o primeiro governo Lula.
“Rompemos com a lógica de fazer o bolo crescer para depois repartir. O fim da miséria é só um começo“, disse Dilma, ressaltando que o golpe tem vários nomes. “Em 64 foi a forma militar. Agora está havendo a ocultação do golpe com processos aparentemente democráticos. Se no passado chamaram de revolução, hoje tentam dar um colorido democrático a um golpe porque não tem base legal para ser feito.”
Ao citar a presença de Rose Nogueira, sua companheira de cela durante a ditadura, Dilma emocionou a plateia, formada entre outros por atores como Letícia Sabatella, Osmar Prado, Aderbal Freire Filho e Antônio Pitanga, além de intelectuais como Luiz Pingueli Rosa e o professor da Unicamp Eduardo Fagnani. Ela ressaltou o caráter democrático do evento. “Aqui estão pessoas que não necessariamente votaram em mim, mas fizeram parte do processo democrático“, disse.
A presidenta defendeu ainda o fim do ódio “para que o país não sofra rupturas entre seus integrantes“, citou a recusa de uma médica em tratar uma criança por ela ser filha de uma integrante do Partido dos Trabalhadores e disse ser muito difícil administrar a economia do país sofrendo com o “quanto pior, melhor” da oposição. “Enfrentamos muitas ‘pautas-bombas’ no Congresso, pautas que reforçam o quanto pior, melhor“
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A presidenta defendeu ainda o fim do ódio “para que o país não sofra rupturas entre seus integrantes“, citou a recusa de uma médica em tratar uma criança por ela ser filha de uma integrante do Partido dos Trabalhadores e disse ser muito difícil administrar a economia do país sofrendo com o “quanto pior, melhor” da oposição. “Enfrentamos muitas ‘pautas-bombas’ no Congresso, pautas que reforçam o quanto pior, melhor“.
Para diretor, país vive clima de ódio e manipulação de informação
Aderbal Freire Filho durante encontro com artistas e intelectuais no Palácio do Planalto, nesta quinta-feira (31). Foto: Blog do Planalto
Um dos mais conceituados diretores de teatro do país, Aderbal Freire Filho fez um duro discurso contra o que considera “manipulação dos fatos pela grande imprensa”, durante Encontro com Artistas e Intelectuais em Defesa da Democracia, no Palácio do Planalto, na manhã desta quinta-feira (31). Aderbal criticou o editorial de um grande jornal nacional que disse ser farsa a posição dos artistas contra impeachment.
“Não sou editorialista, mas sei o que é farsa. Farsa é exatamente o contrário, quando personagens ridículos, fanfarrões, enterrados até o pescoço em corrupção, herdeiros de uma tradição política antiga de conveniência, escândalos nunca apurados, são usados e usam a imprensa, que usa estes personagens para escrever a farsa do impeachment“, disse.
Aderbal traçou paralelo entre o momento político atual e o golpe de 64. “A imprensa hoje chama de impeachment o que antigamente chamava de Revolução“, assinalou.
Letícia Sabatella: “estão tentando tomar o poder na marra”
A atriz Letícia Sabatella participa do encontro com artistas e intelectuais em defesa da Democracia, nesta quinta-feira (31), no Palácio do Planalto. Foto: Blog do Planalto
A atriz Letícia Sabatella disse há pouco, no Encontro com Artistas e Intelectuais em Defesa da Democracia, no Palácio do Planalto, que estão tentando tomar o poder na marra. “Criaram um clima de ódio, de irmão contra o irmão”, disse, durante seu discurso.
Letícia fez questão de dizer que não tem partido, e classificou as manobras pelo impeachment como um plano “maquiavélico”. Para ela, o tentam tirar Dilma do poder or seus acertos, e não pelos erros. “Conheci o Congresso, o Senado, e sei o quanto há de boicote contra a transformação social do Brasil. A gente tem que andar para a frente, não para trás“.
Ator americano diz que democracia do Brasil está ameaçada e deve ser defendida
O ator norte-americano Danny Glover enviou mensagem de amizade e solidariedade aos “milhões de brasileiros que valorizam a democracia” e pediu respeito à vontade popular expressa nas urnas. Para ele, a democracia é uma conquista preciosa e sagrada que deve ser defendida.
“Nos anos recentes, a massa dos cidadãos das classes progressistas e trabalhadoras conseguiu restaurar com sucesso a democracia, que floresceu, permitindo maiores níveis de inclusão social e desenvolvimento. Hoje, a democracia brasileira está mais uma vez ameaçada, dessa vez por setores da sociedade que se recusam a aceitar que foram eleitoralmente derrotados e buscam lacunas legais que possam levá-los à Presidência”, disse.
Ele encerrou a mensagem dizendo que os brasileiros não estarão sozinhos na luta pela democracia.“Sua luta é também a luta de todas as pessoas ao redor do mundo que lutam por democracia, paz, liberdade e justiça”.
“Estamos lutando com você”, diz Maria da Conceição Tavares a Dilma
A economista e professora Maria da Conceição Tavares, ícone da militância pela democracia no Brasil, enviou, nesta quinta-feira (31), mensagem de apoio à presidenta Dilma Rousseff. A ex-deputada federal manifestou solidariedade e afirmou que o país está vivendo um momento duro de luta pela democracia. Ela lamentou o fato de não estar em Brasília para o encontro de artistas e intelectuais em defesa da Democracia. “Desejo, do fundo do coração, toda a energia e a confiança necessárias para aguentar o tranco desse período tão duro. Estamos com você todos”, disse.
Tico Santa Cruz acusa ataque ao Estado democrático de direito
O cantor e compositor Tico Santa Cruz também se posicionou contra o processo de impeachment e afirmou que o Brasil está presenciando um “atentado político contra o Estado democrático de direito desse País”. Para ele, é preciso lutar e garantir o respeito ao resultado das urnas. “Nós temos que nos levantar e lutar até o final para garantir que sejam respeitados os 54 milhões de votos dos brasileiros e para garantir que a democracia prevaleça”, garantiu.
“Vi o país sair das trevas para se transformar num exemplo para todo mundo”, diz cientista brasileiro
O neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis defendeu as conquistas do país nos últimos anos e condenou as tentativas de remover a presidenta Dilma de seu mandato concedido democraticamente pelo povo brasileiro.
“Como todos já sabem, o crime de responsabilidade é a única forma de se instaurar um pedido de impeachment que visa remover um presidente, uma presidenta eleita democraticamente pelo povo brasileiro. Na falta, na ausência das evidências objetivas que caracterize esse crime, o nome do procedimento deixa de ser impeachment e passa a ser golpe. Vamos deixar muito claro isso”.
Ele disse que milhões de brasileiros estão dispostos a lutar pelas conquistas sociais e pela democracia. “Nós temos nesse instante a responsabilidade com os nossos filhos, os nossos netos e brasileiros que ainda hão de nascer, de manter essa democracia, ampliá-la e lutar com todas as nossas forças para que as trevas que nós todos vivemos durante 21 anos jamais retornem à vida nacional”, finalizou .
Diretora de “Que Horas Ela Volta” destaca lado democrático de Dilma
A cineasta Anna Muylaert. Foto: Blog do Planalto
A cineasta Anna Muylaert, diretora do filme “Que Horas Ela Volta”, ressaltou o lado democrático da presidente Dilma Rousseff que, mesmo atacada politicamente, em nenhum momento cogitou uma atitude arbitrária. Segundo Anna, presente ao Encontro com Artistas e Intelectuais em Defesa da Democracia, que acontece agora no Palácio do Planalto, o que está se tentando com o impeachment é atacar um governo que busca formar cidadãos. “Dizem que vão manter os projetos sociais, mas a impressão que tenho é que eles querem manter os privilégios“, criticou.
Para ator Antônio Pitanga, “estão rasgando a Constituição do Brasil”
Ator Antônio Pitanga prestigia o encontro com Artistas e Intelectuais em Defesa da Democracia. Foto: Marco Mari/Blog do Planalto
O ator Antônio Pitanga, também presente na manhã desta quinta-feira (31) ao Encontro com Artistas e Intelectuais em Defesa da Democracia, no Palácio do Planalto, disse que estão tentando rasgar a Constituição do Brasil. “Não quero que meus netos presenciem isso em nome de um projeto golpista”.
Pitanga lembrou que já presenciou outro golpe (o de 64) e que o Brasil tem que olhar definitivamente para a cara dos mais pobres. “Não é possível que que esse país não consiga isso. Estou defendendo a cidadania, a democracia.”
Já o ator e produtor Tárik Puggina definiu com uma frase o momento atual do país. Para ele, o teatro “vai mostrar a farsa mal montada” do golpe. “Estamos nos mobilizando para mostrar às pessoas o que está por trás dos acontecimentos“, afirmou.
Físico diz que democracia está ameaçada
Luiz Pingueli (E) e Eduardo Fagnani(D) criticam processo de impeachment em curso na Câmara dos Deputados. Fotos: Blog do Planalto
À espera do início do evento que reúne daqui a pouco a presidenta Dilma Rousseff com artistas e intelectuais, no Salão Nobre do Palácio do Planalto, o físico Luiz Pingueli Rosa criticou o processo de impeachment que está em curso na Câmara dos Deputados. Segundo Pingueli, não existe crime de responsabilidade.
“Por isso o fundamento do impeachment é falso”, avaliou. Para ele, mais do que defender o mandato da presidenta, o que está em jogo é a democracia e o país. “O que está acontecendo é um retrocesso”, afirmou.
O professor Eduardo Fanhani, da Unicamp, também presente no encontro com artistas e intelectuais em Defesa da Democracia, ressaltou que 54 milhões de brasileiros escolheram Dilma Rousseff presidenta e que não se pode jogar fora a soberania popular. “É com muita preocupação que vemos este movimento golpista”, criticou.
PS do Viomundo: Reproduzimos post de terceiros segundo o qual o intelectual Noam Chomsky havia gravado um vídeo para o evento, o que não se confirmou. Pedimos desculpas aos nossos leitores.
Comentários
Joao Maria
Parece que os ventos estao mudando de direção.Pesquisa do portal IG, revela que 56% dos leitores sao contra o golpe e 83% nao querem Temer na presidencia. O PMDB vai ter que votar contra, para manter seu vice.
Jose Roberto De Oliveira
Repassando texto do Professor Rodolpho Motta Lima
LAVA-JATO > LAVA-A-JATO
Na França, ocorreu ontem, dia 31.04, manifestação que levou um milhão e duzentas mil pessoas às ruas, para protestar contra alterações propostas pelo Governo na questão da seguridade social. Não se perceberam no movimento pedidos de impeachment do presidente Hollande, embora tenha sido contra medidas por ele propostas que a massa ocupou as ruas.
Dou esse exemplo – chamando a atenção para o fato estatístico de que a população francesa é muitas vezes menor que a nossa – para mostrar que a decretaçaõ do impeachment, embora constitucional como é entre nós, não se faz porque um grupo não gosta do governo, opõe-se às suas orientações ou se sente incomodado em não ter seus pleitos atendidos. Para tirar um governo do poder, existem as eleições. É certo que existe o impeachment por crime do governante, mas, para a sua execução, é preciso comprovação do fato delituoso. As pedaladas apregoadas não podem passar a ser consideradas como crime depois de décadas em que governos outros (da oposição) as praticaram sem qualquer reprimenda legal. Não podem ser consideradas criminosas, também, em um mesmo momento histórico, atingindo uma Presidenta da República, mas não uma dezena de Governadores (inclusive altas figuras da oposição) que se utilizaram da mesma prática.
Há muita hipocrisia no ar, mas isso seria de menos, pois ela faz parte do jogo dos políticos. Mas nós, cidadãos, que não somos políticos, temos obrigação de enxergar as coisas como elas são, sem paixões histéricas ou miopias intencionais.
Que processo é esse , que é capitaneado por um presidente da Câmara que, nitidamente, usa como trunfo a sua posição para, em troca de atender aos anseios da FIESP, das organizações Globo e da paulistada preconceituosa, livrar-se de uma condenação que, a julgar pelo que já foi divulgado, assumiria dimensões estratosféricas? Que processo é esse, que tem como arautos figuras como Cunha, Temer, Bolsonaro, Feliciano, Caiado, Agripino e tucanos de todas as plumagens, também envolvidos em citações que, no mínimo, deveriam merecer a exigência de investigações por parte desses mesmos “indignados” que possuem uma ética seletiva, uma honestidade meia-boca mesma?
Como pode um cidadão realmente interessado em combater a corrupção limitar a sua indignação ao lado petista da história, fingindo não ver que esse processo lamentável no país já vem de longe, contaminou toda a política e tem como origem essa sociedade do mercado e do lucro, onde o valor maior é o dinheiro, de preferência o dinheiro fácil?
A operação Lava-Jato há muito deveria ter trocado o seu nome para Lava-a-Jato, pois o verbo “lavar”, na primeira denominação, transformou-se no substantivo “lava”, essa substância vulcânica que espalha lama destrutiva por todos os lados. E o “jato” da limpeza dos carros, há muito vem sendo trocado pelo que compõe a expressão “a jato”, não só pelo açodamento da justiça quando se trata de execrar determinado grupo político – caso claro da tal condução coercitiva e dos vazamentos e gravações seletivas quase instantâneos – , mas principalmente pela rapidez com que se amontoam, sem desenvolvimento, denúncias e denúncias voltadas para a turma dos “corruptos contra a corrupção”, esses mesmos que querem usurpar o poder com um golpe que tem, como aliados, uma mídia comprometida com a desinformação e um sistema judicial marcado por parcialidade.
Atribui-se ao poeta Maiakovski, mas na realidade é de um brasileiro, Eduardo Alves da Costa, um poema cujo fragmento, penso, ilustra bem, o momento que estamos vivendo e serve de alerta para os brasileiros realmente bem intencionados e interessados na preservação dos valores da democracia. O texto é de 1968:
“Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.”
Rodolpho Motta Lima é Advogado formado pela UFRJ-RJ (antiga Universidade de Brasil) e professor de Língua Portuguesa do Rio de Janeiro, formado pela UERJ , com atividade em diversas instituições do Rio de Janeiro. Com militância política nos anos da ditadura, particularmente no movimento estudantil. Funcionário aposentado do Banco do Brasil
FrancoAtirador
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Urbano
Uma Nação grandiosa como o Brasil não pode se render jamais para um conglomerado de facções bandidas e, salvaguardando-se as exceções, os seus respectivos escroques. Afinal de contas, em que país sério do orbe terrestre bandidos vagabundos podem julgar pessoas honestas? Pois é o que está acontecendo. Por que os cidadãos de bem dos três Poderes não dão um basta nesses escroques, que há mais de dois anos, principalmente, vêm desestabilizando o Brasil diuturnamente? Isso é simplesmente vergonhoso, pois a pergunta mais pertinente ao longo desse tempo é: que tipo de gente compõe os três Poderes da República brasileira, que se rende para facções bandidas, deixando-as à vontade para levar o Brasil para o charco mais pútrido?
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