Da Redação
Baseando-se, mais uma vez, em vazamentos da Lava Jato, a revista Época, do Grupo Globo, descobriu neste final de semana que houve corrupção nas Olimpíadas.
Uma ironia, já que ninguém falou mais em “legado” da Copa e dos Jogos que a própria Globo, que como resultado dos investimentos bilionários “ganhou” um museu em local privilegiado da orla para se autopromover, faturou bilhões em publicidade e plantou sua marca bem no miolo do Parque Olímpico.
Segundo a Época, sob o olho de “investigação”, houve o “legado pirata dos megaeventos”.
Megaevento tem um certo tom pejorativo, pois foi sempre usado por adversários da Copa e das Olimpíadas no Brasil para denunciar imensos gastos públicos de longo prazo que acarretaram o aperto do Orçamento em áreas essenciais, como Saúde e Educação.
Segundo o vazamento publicado na Época, a Odebrecht teria feito pagamentos no Exterior a Sergio Cabral, Eduardo Paes e Luiz Fernando Pezão para abocanhar R$ 15 bi em obras no Rio de Janeiro.
Em seus vários veículos jornalísticos, a Globo dispõe de uma sofisticada equipe de repórteres investigativos, que aparentemente não mobilizou antes dos megaeventos nos quais faturou rios de dinheiro.
Os herdeiros de Roberto Marinho não pareciam muito preocupados com o assunto antes da Copa e das Olimpíadas, nem com milhares de remoções causadas pelas obras que agora denunciam como fonte de caixa dois/propina.
Um caso clássico a demonstrar o comportamento da emissora foi o da Vila Autódromo, vizinha ao Parque Olímpico.
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À época, o Viomundo denunciou, num texto de Carla Hirt: “A Globo aqui no Rio está até cobrindo manifestação forjada pela prefeitura para apoiar Eduardo Paes. Funcionários da prefeitura “mobilizaram” os moradores que querem sair da Vila Autódromo e levaram 2 ônibus da comunidade para a suposta manifestação; as faixas padronizadas indicam que foi tudo mandado fazer, não foram feitas pelos moradores. E a Globo deu veracidade a esse teatro cobrindo amplamente em vários jornais, diferente da forma que faz quando as manifestações são verdadeiras aqui no Rio. Eduardo Paes tenta, há muitos anos e com vários pretextos, remover a Vila Autódromo. A Vila Autódromo resiste à tentativas de remoções desde a época dos Jogos Panamericanos, quando Eduardo Paes era subprefeito da Barra da Tijuca”.
Dias depois, a própria Carla Hirt registrou, aqui no Viomundo: “A Associação de Moradores e Pescadores da Vila Autódromo organizou uma manifestação de verdade que aconteceu hoje, sob forte chuva, na frente da Prefeitura do Rio. Eduardo Paes não recebeu ninguém (diferente do que fez com os supostos “manifestantes” da semana passada) e, pra piorar, chamou a polícia. O Globo fez uma “cobertura” bem diferente da que foi feita na quinta-feira passada: “Manifestação contra as remoções da Vila Autódromo interdita a pista lateral da Avenida Presidente Vargas, na altura do prédio da prefeitura, sentido Candelária”“.
Fica claro que Paes tinha uma relação muito especial com o Grupo Globo, que na reportagem-denúncia agora se refere a ele como o candidato preferido da Odebrecht à Prefeitura do Rio, já que seria alinhado ao ex-presidente Lula.
A reportagem “esquece” que Paes é criatura do PFL e do PSDB e ganhou projeção nacional fazendo denúncias no escândalo do mensalão — o petista — muitas vezes em reportagens da própria Globo. Em seguida, migrou para o PMDB.
Não faz algum tempo o Jornal Nacional esmerou-se em voltar atrás numa denúncia contra o ex-prefeito do Rio, atenuando o conteúdo da delação de um executivo da Odebrecht.
No entanto, os documentos agora publicados pela Época sugerem que Paes usou seu candidato a prefeito Pedro Paulo como intermediário, recebeu em dinheiro vivo em dois endereços no Rio e recebeu em contas no Exterior num certo Marine Bank.
Também é importante relembrar as imensas manifestações que aconteceram no Rio de Janeiro durante a Copa das Confederações, continuamente criminalizadas pelo Grupo Globo.
Muito antes da Copa e das Olimpíadas, portanto, havia mal estar na cidade, apesar dos megainvestimentos federais, estaduais e municipais. É que faltavam médicos e vagas nos hospitais, havia denúncias de precariedade na rede escolar e um clima crescente de insegurança — nada disso expresso à altura no noticiário global.
Às vésperas das Olimpíadas, aliás, o jornal do grupo publicou na primeira página uma pesquisa SESC/FGV afirmando que mais de 60% dos cariocas acreditavam no sucesso dos Jogos, num momento em que qualquer repórter antenado poderia perceber, nas ruas, a contrariedade dos cariocas com tanto dinheiro investido sem benefícios palpáveis.
E, como registramos numa reportagem daquele período, um escandaloso negócio tinha precedido a construção do Parque Olímpico — negócio, aliás, sobre o qual ainda não se debruçou a Lava Jato: numa PPP do Paes, a prefeitura se comprometeu a entregar mais da metade do imenso terreno ocupado pelo autódromo de Jacarepaguá às construtoras Odebrecht, Andrade Gutierrez e Carvalho Hosken por um valor subfaturado em milhões e milhões de reais.
É o terreno onde as empresas pretendem construir condomínios de luxo, multiplicando o valor camarada do terreno por 22 andares. Um terreno público!
Pois não é que a Globo não viu nada disso? Nem a Época? Nem a CBN? Nem O Globo? Que gente desatenta!
O que os globais não podem alegar é que não sabiam o que estava acontecendo. A reportagem abaixo é de 2015, de bem antes dos Jogos.
Assistam:
Comentários
Raquel
Eu, já não sei o q falar com essa sugerada podre com q andam dizendo,mais realmente não se dá pra confiar em mais nada infelizmente.
robertoAP
Tiraço no pé…..
Se houve corrupção, a beneficiária e corrupta, certamente foi a própria GLOBO.
Cadeia nos MARINHOS !!!!!!!
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