Delegado Bossi e equipe desvendam o maior caso de fraude processual do Brasil: Nilton Monteiro é inocente; foi vítima dos coronéis de Minas

Tempo de leitura: 6 min

por Conceição Lemes

Na última quarta-feira (13/06), às 20h40, o delegado Rodrigo Bossi de Pinho publicou no seu grupo de whatsapp:

Amanhã, devo cumprir a tarefa mais inglória que já pratiquei nesses 13 anos de Polícia Civil.

Amanhã, vou prender um inocente, na certeza de que ele é inocente, independentemente de qualquer sentença que o condene.

Sinto-me como Pôncio Pilatos. Amanhã devo lavar as mãos e cumprir a ordem judicial, pois melhor eu que qualquer dos outros que fraudulentamente o condenaram.

Já me sinto hoje com vergonha em antecipação.

Vergonha de ter cursado 5 anos de Direito, de ter frequentado a Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, de ter batalhado tanto pra passar em um concurso.

Hoje, vejo que não existe Justiça, que não vivemos em um Estado Democrático de Direito.

Vivemos em um país em que a Justiça pode ser manipulada pelos poderosos, onde quem deve lutar pelos direitos dos menos favorecidos pode simplesmente ser comprado.

A Justiça é vendida por baixo do balcão. Hoje, vejo o quanto é atual o lamento de Rui Barbosa.

O que vale esse pedaço de papel de 88? Pra que ele serve?

Acho que não serve mais pra nada. É uma pena não ter escolhido a medicina, engenharia, música … Haveria de me sentir menos frustrado.

Rodrigo Bossi chefia o Departamento de Investigações de Fraudes da Polícia Civil de Minas Gerais.

Sua mensagem intrigante – afinal, quem é o inocente? – é uma paulada.

Um diagnóstico duro e corajoso sobre o modus operandi das elites políticas do Estado, os coronéis de Minas.

Willian Santos, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil – seção Minas Gerais (OAB/MG), aplaude:  “O doutor Rodrigo Bossi é sério, honesto, competente, dedicado, gosta da sua profissão; uma raridade na polícia”.

Desde 2016, Bossi e equipe investigam o maior caso de fraude processual da história do Brasil.

Segundo as investigações, foi perpetrado pelo grupo político subordinado a Aécio e Andrea Neves da Cunha.

Gente graúda, que perseguiu todos os que, de alguma forma, ameaçaram o poder que detinham, apontam os investigadores.

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O jornalista Marco Aurélio Carone, 65, foi uma das grandes vítimas.

Mas a maior, disparadamente, foi o ex-lobista Nilton Antônio Monteiro, 61, delator dos esquemas das listas do Mourão – o mensalão tucano, ou mineiro – e de Furnas.

Segundo os investigadores, nunca se viu tantos inquéritos e processos fraudulentos com um único objetivo: destruir a reputação de uma pessoa, para desqualificar as suas denúncias que se comprovaram verdadeiras.

EM 2013, NILTON JUROU INOCÊNCIA AO VIOMUNDO; FALOU A VERDADE

Em dezembro de 2013, em entrevista exclusiva ao Viomundo Nilton Monteiro se declarou inocente e jurou ser vítima de armação de denunciados no esquema do mensalão tucano, para mantê-lo na cadeia, afastado dos holofotes.

Nilton estava preso desde maio de 2013, sob a acusação de coagir testemunhas em um processo em que aparecia como falsário.

“Por detrás da minha prisão está o Aécio Neves… Eu fui operador do esquema junto com o Marcos Valério”, frisou à repórter Lúcia Rodrigues, que o entrevistou no Fórum Lafayette.

Pois Nilton Monteiro — que a mídia (a grande e parte da alternativa) escrachou direto como “falsário” — disse a verdade, demonstram as investigações do delegado Bossi.

Nilton é o inocente a que ele se refere na mensagem indignada de 13 de junho, no whatsapp.

Apesar disso tudo, no dia seguinte, a ordem judicial se cumpriu. Religiosamente.

Por volta das 14h, Nilton se se apresentou espontaneamente à autoridade policial para começar a cumprir a pena de 6 anos e 4 meses.

A condenação, em segunda instância, é de 20 de abril de 2017.

Seu advogado, Bruni César Silva, acompanhava-o.

É a quarta prisão que Nilton amarga por obra e graça dos coronéis mineiros.

“O meu cliente foi condenado com base em um relatório forjado pelo delegado Márcio Simões Nabak, que induziu a erro o Ministério Público e o juiz”, denuncia Bruni. “Nós estamos recorrendo da decisão.”

Essa prisão era esperada, já que, em 5 de abril de 2018, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu a favor da execução da pena após a condenação em segunda instância.

DEFESA JÁ HAVIA PEDIDO A SUSPEIÇÃO DE DELEGADO E DESEMBARGADOR 

O delegado Márcio Simões Nabak, lotado na Academia de Polícia Civil de Minas Gerais (Acadepol), agiu rápido para ver Nilton Monteiro mais uma vez em cana.

Em ofício de  17 de abril (veja abaixo), redigido em papel timbrado da Acadepol, Nabak solicitou a execução da sentença, batendo na tecla do “esquema criminoso perpetrado por Nilton Monteiro”.

A solicitação foi feita ao desembargador José Mauro Catta Preta Leal, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).

A defesa de Nilton Monteiro pediu a suspeição de Catta Preta e Nabak nos processos envolvendo o seu cliente.

“Nabak cometeu ilegalidade; agiu com abuso de autoridade”, afirma Bruni.

Nabak atuou em vários inquéritos em desfavor de Nilton Monteiro.

Mesmo que fosse hoje o delegado do caso, ele não teria a atribuição para pedir a prisão de Nilton, pois não há previsão legal para isso, alega a defesa.

Segundo o advogado de Nilton Monteiro, Nabak desrespeitou por completo o princípio da legalidade que, no caso de servidores públicos, somente podem agir com autorização legal, ou seja, competência.

— Mas delegado de polícia lotado na Acadepol pode entrar com pedido de prisão, não pode? – alguém, aqui, talvez questione.

Delegado pode somente pedir prisão cautelar, preventiva e temporária, durante a fase do inquérito.

Não é a situação de Nilton Monteiro.

A prisão dele decorre de sentença condenatória. Daí, a ilegalidade. Não existe nenhuma lei que permita ao delegado pedir a prisão por sentença condenatória.

Encerrado o inquérito com a denúncia, cessa a atuação do delegado. Ele não age, não é parte no processo penal, não tem capacidade postulatória, que só o promotor e o advogado detêm.

Nabak, segundo a defesa de Monteiro, usurpou uma função que é exclusivamente do Ministério Público.

— Mas se é uma ilegalidade por que o desembargador aceitou o pedido? – é a pergunta óbvia de alguns leitores a esta altura.

“O que mais estranheza nos causou é justamente o fato de o delegado Nabak ter peticionado ao desembargador Catta Preta”, atenta Bruni.

O nome de Catta Preta aparece na página 19 (ao todo são 27) da “Lista do Valério”.

Ela contém os dados da movimentação financeira da campanha de reeleição de Eduardo Azeredo ao  governo de Minas, em 1998, como explica no topo da primeira página.

Na época, Catta Preta era procurador do Estado de Minas Gerais e teria recebido R$ 25 mil do esquema, via Carlos Cotta/Cláudio Mourão.

A “Lista do Valério” nunca foi periciada.

Mas, mesmo que fosse falsa, ele jamais poderia atuar nos processos contra Nilton Monteiro.

A simples citação do nome de Catta Preta já o faz suspeito por uma razão concreta: foi Nilton quem entregou a “Lista do Valério” ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Em novembro de 2010, tomou posse como desembargador.

Foi nomeado pelo quinto constitucional da OAB, tendo como padrinho Antônio Anastasia, então governador de Minas, atualmente senador.

Desde quinta-feira, Nilton Monteiro está preso no Ceresp Gameleira.

“Com esse novo entendimento do STF, o juiz não tem o que fazer a não ser mandar prender”, avalia o advogado Willian Santos.

“A prisão após condenação em segunda instância atropela direitos constitucionais; contrasta tudo aquilo que o Brasil é signatário em tratados internacionais”, argumenta.

“A pessoa pode ser presa e ser inocente”, prossegue.

A prisão em segunda instância também é uma aberração porque somente é cabível a revisão criminal após o trânsito em julgado.

Em consequência, cria um absurdo: ter um processo tramitando na justiça comum e outro, com mesmo objeto, tramitando em grau de recurso nos tribunais superiores. O STF não enfrentou essa questão.

“Nessa medida, a prisão do Nilton Monteiro assim como a do Eduardo Azeredo são um equívoco do ponto de vista processual”, alerta.

“A situação de Nilton é ainda pior, já que os inquéritos são viciados”, sustenta.

“Tanto o Nabak quanto o Catta Preta são suspeitos para atuar.”

 VÍTIMA DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA QUE OPEROU EM MG PARA PERSEGUIÇÃO POLÍTICA

A propósito. As investigações de Rodrigo Bossi e sua equipe desmascararam a farsa do grupo do senador Aécio Neves contra o jornalista Marco Aurélio Carone.

Em relatório ao juiz Haroldo André Toscano, da Segunda Vara Criminal de Belo Horizonte, ele afirmou ter plena convicção de que Carone foi uma das vítimas de uma organização criminosa que operou em Minas Gerais para perseguição política.

Juntando esse relatório do delegado Rodrigo Bossi à mensagem de 13 de junho no whatsapp, chega-se à conclusão óbvia: Nilton Monteiro teria sido outra vítima da organização criminosa que operou em Minas Gerais para perseguição política.

Por coincidência ou não, um dos algozes de Nilton Monteiro, o delegado Márcio Nabak, já ameaçou  de morte o doutor Rodrigo Bossi, como denunciou ao Viomundo a Comissão de Direitos Humanos da OAB/MG.

A Corregedoria da Polícia Civil e o Ministério Público não fizeram nada.

Apesar da decadência relativa do grupo político da família Neves, setores do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Civil de Minas parecem fazer vista grossa às investigações do delegado Bossi. Até quando?

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Comentários

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Jaderson B. de Oliveira

Bossi vai virar mártir, infelizmente esse é o fim dos justos e corretos nesse país de gângster.

Carlos

Leia: https://altamiroborges.blogspot.com/2018/06/a-tentativa-de-golpe-em-minas-gerais.html
O PT e um partido que mesmo perseguido luta pelos mais pobres e pelos trabalhadores. E um partido que mostra servico quando eleito.

Julio Silveira

Para afirmar ser esse o maior caso de fraude processual no Brasil é preciso primeiro considerar fatores como importancia do individuo para o contexto nacional, e nesse caso esse se trata de café pequeno, apesar de ser gritantemente injusto, e servir como fonte de conhecimento dos meandros do sistema, em comparação com o que serviu para enquadramento do Lula. Aliás, não há engano quando se afirma que provem dos mesmos interesses politicos que associam todas as instituições com o sistema corrupto nacional instaurado pelas oligarquias que os dominam e se locupletam no sistema. Esses que são traduzidos pelo seu corpo de associados e midiaticos beneficiarios, como gente de bem.

Ronald

Um artigo excepcional como este nunca será matéria de jornal da golpista tv !!!!

Ronald

Esse feudo mafioso de Minas, chefiado pelo bandido Aéscio e sua irmã, deve ser esmagado o quanto antes, pelo bem do Brasil e de todos nós !!!!!!!

Sérgio Gomes

“ “Por detrás da minha prisão está o Aécio Neves… Eu fui operador do esquema junto com o Marcos Valério”, frisou à repórter Lúcia Rodrigues, que o entrevistou no Fórum Lafayette.”

Não entendi!

O próprio acusado se assume “operador do esquema” mas é inocente?

Marcos Valério tb é inocente?

Cláudio

:
: * * * * 04:13 * * * * .:. Ouvindo As Vozes do Bra♥♥S♥♥il e postando: Poesia contra a distopia (Distopia = Ideia ou descrição de um país ou de uma sociedade imaginários (!??!!!????) em que tudo está organizado de uma forma opressiva, assustadora ou totalitária, por oposição à utopia. “Distopia”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, [consultado em 13-10-2016].) : Poemas (acrósticos) de autoria do PoeTa anarcoexistencialista Cláudio Carvalho Fernandes para alguns dos valorosos blogueiros progressistas:

Para o Luiz Carlos Azenha, do Viomundo:

Luiz Carlos Azenha, a senha para a boa informação
Um jornalista que dignifica o jornalismo
Investigativo do poder e a liberdade de expressão
Zênite do mais humano altruísmo

Comunicação com amor à verdade
Ao nobre propósito de bem servir bem
Rumo a uma nova sociedade
Livre para se ir mais além
Observando criticamente a realidade
Somando experiência(s) e multiplicando-as também

Admirável ativista do bem humano
Zelando sempre pela justiça social
Entusiasta da liberdade, igualdade e fraternidade, no plano
Natural de quem é tal e qual
Homem civilizado, honesto, bom e lhano
Ah, se todo ser fosse a você igual!
.:.
Poema(s) acróstico(s) para o maior e melhor brasileiro de todos os tempos : Luiz Inácio LULA da Silva :

L ouvemos quem bem merece o mais pleno louvor:
U m homem simples, como as coisas boas da vida,
Í ntimo camarada, nosso irmão e amigo de valor,
Z elando sempre pelo bem da humanidade querida.

I nimigo dos maus, amigo dos bons, trabalhador
N ascido do povo que muito o ama e admira,
Á rvore de bons frutos, os de melhor sabor,
C onsciência plena de tudo que no mundo gira,
I magem perfeita do homem de si senhor,
O humano defensor de humana lira.

L uz de nossa gente, lutador incansável,
U m verdadeiro herói do povo brasileiro,
L úcido e consciente do mais admirável
A mor pelo ser humano e verdadeiro.

D igno e sincero, fraterno e muito humano,
A migo do povo, honesto e sempre lhano.

S eja o meu/nosso canto para te louvar,
I sso que a voz do povo já disse várias vezes:
L ula, o BraSil vive mais feliz só por te amar,
V itória da melhor sorte no número treze,
A fazer do brasileiro a humanidade a se ampliar.
::
Autor: Cláudio Carvalho Fernandes ( PoeTa anarcoexistencialista )
.:.
L uz do povo brasileiro,
U m digno e fiel lutador,
L astreando com real valor
A honra do BraSil inteiro.
.:.
L ula livrou 36 milhões da pobreza,
U m feito memorável, sem precedentes,
L utando contra a mídia venal, teve a certeza
A bsoluta de estar ao lado dos brasileiros conscientes.
.:.
L ivrando da miséria extrema 36 milhões de brasileiros,
U m feito sem igual, que, por si só, já bastaria,
L ula segue sendo no mundo um dos primeiros
A fazer de seu povo a eterna rima rica de sua poesia.
.:.
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Por uma verdadeira e justa Ley de Medios Já pra antonti (anteontem. Eu muito avisei…) ! ! ! ! Lul(inh)a Paz e Amor (mas sem contemporizações indevidas, ou seja : SEM VASELINA) 2018 neles/as (que já PERDERAM, tomaram DE QUATRO nas 4 mais recentes eleições presidenciais no BraSil) ! ! ! ! !
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