Com fortuna pessoal de R$ 10 bi, irmãos Civita dão calote em 1.500 trabalhadores demitidos; leia a carta-denúncia

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Divulgação da Abril e reprodução da Veja

Divulgação da Abril e reprodução da Veja

Carta aberta à família Civita

Documento dos trabalhadores dispensados da Abril, entregue durante ato público, cobra o fim do calote

Do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo

Em protesto realizado nesta sexta-feira (14) em frente à gráfica da Editora Abril, os trabalhadores e trabalhadoras demitidos e dispensados pela empresa entregaram uma carta aberta à família Civita cobrando que os herdeiros bilionários – com patrimônio estimado em R$ 10 bilhões – assumam pessoalmente as dívidas trabalhistas, estimadas em R$ 110 milhões, o que representa cerca de 1% da fortuna acumulada pelos Civita com os lucros da empresa e o trabalho de seus empregados ao longo de anos.

A editora entrou em recuperação judicial no último dia 15 de agosto e deu um calote em pelo menos 1.500 trabalhadores, dos quais 800 demitidos em massa (celetistas) no dia 6 do mesmo mês e que não receberam verbas rescisórias nem a multa de 40% do Fundo de Garantia.

O calote atinge ainda centenas de celetistas, demitidos em dezembro do ano passado e que tiveram as verbas rescisórias parceladas em dez vezes, e outros que são freelancers e foram dispensados também em agosto último.

Em todos os casos, o pagamento da dívida foi protelado pela Abril com a inclusão do débito na recuperação judicial.

A ato público em frente à na gráfica da Abril, que fica próxima da Marginal Tietê, na zona oeste da capital paulista, ocorreu no início da tarde, a partir do meio dia, no horário da troca de turno, e reuniu todas as categorias afetadas pelo calote – jornalistas, administrativos, distribuidores e gráficos.

Confira a íntegra da carta aberta:

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CARTA ABERTA À FAMÍLIA CIVITA

Abrimos esta carta – e fazemos sua leitura em voz alta – porque nossa mensagem não tem caráter privado.

Ela diz respeito à sociedade brasileira, e não apenas aos 804 empregados covardemente descartados a partir de 6 de agosto, aos demitidos em meses anteriores, aos profissionais freelancers igualmente dispensados.

Foram atingidos 1.500 homens e mulheres – e suas 1.500 famílias.

Com a última demissão em massa, nos vimos sem trabalho, sem dinheiro e pilhados no que há de mais caro e precioso: direitos!

Direitos duramente conquistados com criatividade, dedicação, empenho, entrega e suor.

O abatimento emocional e moral já produz depressão, desesperança e sérias dificuldades na vida cotidiana.

Em muitas casas, falta comida. Alguns dos funcionários cortados não têm como pagar remédio, luz, transporte, a escola dos filhos…

Diante desta árvore, que já foi ícone de potência e de imprensa forte, símbolo de cultura, humanidade e entretenimento, lembramos à família Civita que, durante quase sete décadas, o Grupo Abril fez parte da formação dos brasileiros, que leram os conteúdos gerados por seus mais de 150 títulos lançados.

Para ficar só nos dias atuais: o manancial de informações produzidas pelas 11 publicações que morreram, numa só tacada, em 6 de agosto, é um patrimônio que não pertencia mais à família Civita.

As ideias e as reflexões propostas nelas frutificaram, produziram pensamento crítico e, por isso, pertencem aos trabalhadores que as produziam e ao leitor brasileiro.

Perde, assim, o povo, de quem a Abril, há muito, vem se distanciando. Perdem, sobretudo, as mulheres, uma vez que, dos títulos destruídos, oito eram dirigidos ao público feminino.

Perde ainda o mercado de trabalho. A atitude intempestiva da família Civita, que demitiu em massa – sem negociar com os sindicatos, oferecer contraproposta ou dar a chance de demissão voluntária –, estrangula os meios de produção de informação.

Encerra centenas de postos de trabalho. Abala os jornalistas do país inteiro.

Atinge as universidades que preparam jovens para o exercício da profissão em veículos impressos e digitais.

Golpeia os cursos que formam profissionais para TI, impressão, acabamento, distribuição e serviços. E afeta, brutalmente, a logística de outras editoras e empresas.

O rombo é mais fundo. Nesse episódio, há também prejuízo para a liberdade de expressão, a denúncia, a crítica. Perde, enfim, a defesa da democracia.

Não se trata de constatação recente. Os herdeiros vêm descuidando do Grupo Abril há anos.

A falta de investimento no editorial, a equivocada entrega da gestão a consultores estranhos ao universo da informação, o afastamento da diversidade de opiniões e a ausência de sensibilidade para entender os novos rumos da sociedade levaram a Abril à derrocada, à recuperação judicial.

Nós nos vimos metidos nela – como parte de uma interminável lista de credores, a quem o Grupo Abril deve 1,6 bilhão de reais. Mas não somos credores.

Esse papel é dos bancos, dos grandes fornecedores, das empresas globalizadas com quem o Grupo faz negócios. Nós somos trabalhadores!

Levantamos cedo, enfrentamos a madrugada no fechamento das revistas. Estamos na gráfica, na logística, na distribuição, no escritório…

Não somos credores. Nossa única fonte de sobrevivência é o salário que vem, exclusivamente, do trabalho árduo que entregamos.

A dívida que os Civita têm com a massa de profissionais jogados na rua é de 110 milhões de reais.

Somando o que os senhores devem aos profissionais freelancers – muitos deles tinham horário a cumprir, obrigações e subordinação à chefia –, representamos uma fatia magra, menos de 7% do total da dívida de 1,6 bilhão.

Os senhores podem amenizar o malfeito. Têm como minorar a injustiça que cometeram contra as mulheres e os homens que fizeram a história da Abril – e colaboraram para o enriquecimento da família Civita, que detém, reconhecidamente, uma das maiores fortunas do Brasil.

O caminho está previsto na legislação. Basta que os irmãos, controladores do Grupo Abril, sub-roguem os nossos créditos, assumindo o nosso lugar no processo de Recuperação Judicial.

Os senhores podem sub-rogar 100% dos créditos trabalhistas, pagando de uma vez os 110 milhões que pertencem aos demitidos, tomando o lugar deles e dos freelas como credores na recuperação judicial.

E devem acrescentar ainda a multa referente ao artigo 477 da CLT, que determina ao empregador o pagamento de um salário por descumprimento da obrigação de acertar as verbas rescisórias dez dias após a demissão.

Reivindicamos, então, dos senhores, que assumam pessoalmente a dívida trabalhista da empresa, de imediato, pagando a todos, pois se trata de verba de natureza alimentar.

Seu valor total é de apenas 1% da fortuna que a família Civita acumulou com o Grupo Abril, estimada recentemente em mais de 10 bilhões de reais, conforme publicado na revista Exame.

Cabe demandar também o reconhecimento dos profissionais freelancers na categoria de trabalhadores, uma vez que não se trata de empresas, mas sim de quem depende dos proventos do trabalho individual para pagar as contas, assim como os demitidos.

Os senhores não podem fugir da responsabilidade trabalhista que têm com os descartados, da responsabilidade social que assumiram – e sempre apregoam – com o país.

É preciso lembrar o que foi manifesto por Victor Civita, o fundador do Grupo, quando explicou o emblema que o identifica: “Escolhi a árvore como símbolo da Editora Abril porque é a representação da fertilidade, a própria imagem da vida. O verde porque é a cor da esperança e do otimismo”.

Nossa “esperança” é a de que os senhores, herdeiros, honrem os seus compromissos com os demitidos.

Façam valer o tanto que a família Civita acumulou em décadas com o nosso trabalho. E respeitem as nossas famílias.

Comitê dos Jornalistas Demitidos
Comitê dos Gráficos Demitidos
Comitê dos Distribuidores Demitidos
Comitê dos Administrativos Demitidos
Comitê dos Profissionais Freelancers Dispensados

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Comentários

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LUIZ HORTENCIO FERREIRA

Realmente, precisam trabalhar, são pais de famílias, etc. mas vender a alma pra ganhar uns trocados aí já é demais, pois, nos últimos tempos está dando até nojo de ver jornalistas na mídia em geral contribuindo e defendendo a destruição dos direitos do povo brasileiro, através das medidas neoliberais que estão ainda sendo aprovadas pelo governo e congresso nacional e que de uma forma ou outra, tais profissionais da mídia ajudou a efetivar, como por exemplo as alterações na CLT e leis trabalhistas de terceirizações, o enfraquecimento dos sindicatos, que parece que agora serve aos profissionais demitidos e não pagos pelo patrão milionário, que tanto eles defenderam e naturalmente obedeceram cegamente atuando e contribuindo para que o pensamento dos tais milionários se efetivassem. São em momentos tristes como esse é que a gente acorda para a realidade da vida e de nossas relações profissionais e trabalhistas que muitas vezes não vale a pena vendermos nosso alma, pois, ela não vai ser nem ao menos paga ao final, quando não servimos mais aos patrões.

    luiz, quando voce diz que noeliberal perde direitos. qualquer estudante de ensino médio que leu um texto sem influencia de ninguem sabe o que é liberalismo,neoliberalismo e sabe o que é direitos…
    o que ajuda ter direito se nao existe responsavel.

Cláudio

:
: * * * * 04:13 * * * * .:. Ouvindo As Vozes do Bra♥♥S♥♥il e postando:

Bandidos caloteiros. Esse pig não vale o que o gato enterra… Fora pig neofascinazista. Viva os/as trabalhadores/as ! ! ! ! !

:.: Haddad é Lula 2018 ! ! ! ! !

♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ * * * * * * * * * * * * * ♥ ♥ ♥ ♥ * * * *
Por uma verdadeira e justa Ley de Medios Já pra antonti (anteontem. Eu muito avisei…) ! ! ! ! Lul(inh)a Paz e Amor (mas sem contemporizações indevidas, ou seja : SEM VASELINA) 2018 neles/as (que já PERDERAM, tomaram DE QUATRO nas 4 mais recentes eleições presidenciais no BraSil) ! ! ! ! ! * * * * ♥ ♥ ♥ ♥ * * * * * * * * * * * * * ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ????????????????????? :: .:. … :.: ????????????????????? ::

assim falou Golbery

em função do judiciário imundo que há, o Brasil se tornou o melhor lugar do mundo para falência . A vagabundagem daqui faz do ¨falido¨mais milionário ainda

Julio Silveira

Sei que são trabalhadores, sei que são assalariados, portanto dependentes do emprego para sobrevivencia, mas aqueles aceitaram e se submeteram a trabalhos que subverteram os interesses populares, e até publicos, trabalhos que no fim das contas foram contra os proprios interesses no macro, não tem minha solidariedade. Quem trabalha para esse tipo de patrão, esse tipo de gente, são como prostitutas acomodadas que aceitam a proteção de um gigolo poderoso só porque lhes dão proteção enquanto lhes exploram até a inconsciencia. Para mim nem tudo que reluz é ouro e nem todo aquele que se faz num determinado trabalho merece respeito, e consideração.

    Nelson

    Meu caro Silveira.

    Sim, eu também fico com uma raiva danada dessa mídia hegemônica podre, corrupta, que impera no nosso país e também no restante do planeta, é preciso dizer. Fico com raiva também de muitos que para ela trabalham e que ajudam os poderosos a manter a maior parte do povo o mais alienada e imbecilizada possível.

    Porém, não há como não nos solidarizarmos com os trabalhadores e trabalhadoras da Abril neste momento. Vamos dissipar nossa raiva e, com a nossa solidariedade, apostar que essa situação de penúria em que foram jogados os leve à evolução de suas consciências.

    Que eles possam enxergar, de uma vez por todas, o lugar que ocupam na sociedade, o lugar aonde sempre estiveram, o lugar de trabalhadores, peões, povão.

    Ademais, ainda que teu desabafo seja compreensível, somos obrigados a admitir que, num mundo capitalista, quem manda é o capital, e, na maior parte das vezes, ao trabalhador acaba não restando outro caminho que não o de se submeter a trabalhos indignos para garantir o seu sustento e o de sua família.

    Há inúmeros outros trabalhos indignos a que o sistema capitalista submete os trabalhadores, que poderíamos qualificar até de assassinos, como a indústria dos venenos agrícolas e a indústria de armas, para ficarmos somente nesses.

    Vejamos o caso dos jovens pobres e negros nos Estados Unidos, o país mais rico do planeta, decantado, em verso em prosa, como a “terra das oportunidades”. Pois, para esses jovens conseguirem fazer um curso superior, têm que se submeter a entrar para as forças armadas do país e daí se sujeitarem a fazer trabalho sujo, a matar semelhantes seus em outros rincões do nosso planeta.

    É isso o que a “terra das oportunidades” oferece a seus jovens menos aquinhoados. É a isso que o capitalismo, adorado por muitos ao ponto do fanatismo, do fundamentalismo, submete os jovens estadunidenses pobres. É isso ou uma vida inteira de miséria material.

    E miséria material numa terra que endeusa o consumismo, o ter, só pode levar aquele que não consegue o sucesso a se sentir uma não-pessoa, um ser de quinta categoria, um rejeitado, com todas as consequências sociais, comportamentais e psíquicas que disso possam resultar.

    Julio Silveira

    Meu caro Nelson, está fora de minha consideração qualquer tipo de perdão a turma que lutou, ombreados, com seus patrões canalhas e seus interesses, contra os interesses da cidadania brasileira e principalmente pela falta de consciencia da cidadania dos seus iguais, trabalhadores. Para mim estão recebendo o que plantaram para vender a outros, que, infelizmente, pelas mãos dessa gente, compra produto ruim, que faz mal a vida, produto envenenado. Mas eles, que pensam apenas nos seus interesses economicos, são cumplices, e pouco se diferem daqueles que participam na distribuição de outros tipos de produtos envenenados ao povo brasileiro, mais concretos, como o leite com soda caustica por exemplo, são pessoas sem empatia, comigo, contigo, sem empatia com o povo, sem empatia com o país. Então por que eu haveria de retribuir com empatia por esse tipo gente? Só se eu fosse mazoquista.
    Atitudes assim de perdão sem valorar o nivel do mal que é causado é o que tem levado nosso povo e país a serem considerados como os trouxas de todas as vezes, de ocasião, e de todos e tantos golpes, por todos os golpistas, dos mais variados niveis onde se aplica o termo estelionato. Dos declarados, aos camuflados, estes quando lhes copiam, quando lhes assistem na impessoalidade do anonimato. Sds.

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