Carta Maior: As ligações entre Cachoeira, escolas chinesas em Goiás e Veja
Tempo de leitura: 3 minGravações da Operação Monte Carlo indicam como Cachoeira seria beneficiado pela Secretaria de Educação de Goiás para a construção de escolas no modelo chinês e como o contraventor buscou a revista Veja para emplacar seu projeto. Cachoeira ligou para o editor da Veja em Brasília, Policarpo Junior, pedindo que fosse feita uma matéria sobre a “revolução na educação” que estaria sendo feita em Goiás. A revista não fez a matéria sobre essa “revolução”, mas destacou o modelo educacional chinês e suas escolas. Ouça os áudios. A reportagem é de Vinicius Mansur.
por Vinicius Mansur, em Carta Maior, sugerido por Marco Aurelio
Brasília – No dia nove de junho de 2011, em ligação telefônica interceptada pela Operação Monte Carlo, da Polícia Federal (PF), às 14:59, o contraventor Carlos Cachoeira revelou a Gleyb Ferreira da Cruz, um de seus auxiliares, de acordo com a PF, o seu projeto para construção de escolas em Goiás. “Comenta com ninguém não, mas o Thiago passou modelo pra nós, tá? Vai alugar várias escolas no estado, entendeu? E vamos construir, porque na hora que sair, tá pronta, é só oferecer”, disse Cachoeira. O nome do secretário de educação de Goiás é Thiago Peixoto. Ouça abaixo:
Em pouco menos de um mês, no dia sete de julho de 2011, às 10:09, Cachoeira liga para o editor da Veja em Brasília, Policarpo Junior, afirma que o secretário de educação de Goiás “ta fazendo uma revolução na educação” e pergunta “com quem que ele vê? (…) Como é que a gente pode fazer uma divulgação disso?”. Junior afirma que a ligação está cortando e não responde mais. Ouça abaixo:
Às 10:48, do mesmo dia, o então diretor da Construtora Delta no Centro-Oeste, Claudio Abreu, durante um encontro com Policarpo Junior, liga para Cachoeira para solicitar informações sobre a compra de uma fazenda em Nova Crixás (GO) por “Juquinha” – José Francisco das Neves, ex-presidente da Valec, estatal responsável pelas ferrovias. À época a revista Veja publicava denúncias envolvendo o Ministério dos Transportes. Na ligação, Abreu chega a pedir um dossiê. Cachoeira diz não saber e muda de assunto . “Você tá com o Poli… Fala para ele fazer a reportagem aí, o Thiago ta fazendo uma revolução na educação aqui. Manda ele designar um repórter para cobrir”. Ouça abaixo:
O contraventor ainda cita que o secretário de educação colocou 14 mil professores para a sala de aula e que ele está fazendo um projeto com a Gerdau. “Vai revolucionar a educação aqui em Goiás”, insiste. Abreu se compromete em passar o recado.
Em outra ligação, às 10:57, Abreu volta a falar do dossiê, Cachoeira diz que vai averiguar com João Bosco e, em seguida, pergunta sobre seu pedido ao editor da Veja. “Ele vai conversar com você sobre isso aí e vai dar um jeito”, respondeu Abreu, que ainda pediu a Cachoeira que arrumasse um rádio para Policarpo Júnior. O contraventor negou. Ouça abaixo:
Apoie o VIOMUNDO
A matéria na Veja
O assunto não é explicitado em nenhuma outra gravação entre o editor da Veja em Brasília e os homens de Cachoeira. As gravações às quais Carta Maior teve acesso registram 29 conversas diretas entre Policarpo Júnior e membros da quadrilha de Cachoeira investigados pela PF.
Entre as matérias da Veja no período, nenhuma abordou a “revolução educacional” em Goiás. Entretanto, em dezembro de 2011, a matéria de capa da edição 2248 da revista diz “A arma secreta da China: a educação de qualidade e baixo custo para milhões é o verdadeiro segredo dos chineses em sua corrida para a liderança mundial”.
Em 12 páginas, o jornalista Gustavo Ioschpe relata o modelo educacional chinês, incluindo as construções. “Os prédios são parecidos com os de muitas escolas brasileiras, ainda que um pouco mais verticalizados. São escolas grandes, a maioria com mais de mil alunos (…) em algumas, cada série ocupava um andar. Essa organização do espaço é relevante. Pois em cada andar há uma sala de professores…”
Em abril deste ano, a Secretaria de Estado da Educação de Goiás emitiu nota alegando que “nunca discutiu projetos de construções de escolas ‘inspirados’ em modelos de outros países” e negou “informações sobre construção de unidades de ensino que seriam, posteriormente, alugadas”. Thiago Peixoto segue no cargo de secretário estadual de Educação do governo de Marconi Perillo (PSDB).
Leia também:
Elvino Bohn Gass: Gilmar Mendes, Veja e o conluio dos desesperados
Comentários
Janio de Freitas: Apresentação das defesas fez ruir pretensas provas da acusação « Viomundo – O que você não vê na mídia
[…] Carta Maior: A quadrilha, a revista e as escolas chinesas […]
Washington Araujo: Crônica da injustiça contra Luiz Gushiken « Viomundo – O que você não vê na mídia
[…] Carta Maior: A quadrilha, a revista e as escolas chinesas […]
CPI não vota convocação de jornalista da Veja « Viomundo – O que você não vê na mídia
[…] Carta Maior: A quadrilha, a revista e as escolas chinesas […]
Demóstenes a Cachoeira: “Show de bola, show de bola. Aí vai ser show mesmo” « Viomundo – O que você não vê na mídia
[…] Carta Maior: A quadrilha, a revista e as escolas chinesas […]
Jefferson diz que não vendeu voto e acusa Lula de ser o mandante de tudo « Viomundo – O que você não vê na mídia
[…] Carta Maior: A quadrilha, a revista e as escolas chinesas […]
Paulo Teixeira: Chegou a hora de convocar diretor da Veja « Viomundo – O que você não vê na mídia
[…] Carta Maior: A quadrilha, a revista e as escolas chinesas […]
Horridus Bendegó
A Veja é sócia do crime! Se associaou a ele. Formação de quadrilha ou bando está no código penal!
RicardãoCarioca
A queima de arquivo começou!!!
http://www.sidneyrezende.com/noticia/178295+agente+da+policia+federal+e+assassinado+em+brasilia
FrancoAtirador
.
.
RECAPITULANDO…
.
.
Investigar Cachoeira, uma ameaça à liberdade de expressão [!?!]
publicado em 14 de abril de 2012 às 19:02
Por Luiz Carlos Azenha, no Viomundo
Por dever de ofício, li o texto de capa de revista que tenta provar que investigar os crimes do Carlinhos Cachoeira, no Congresso, é um atentado à liberdade de expressão.
O que chamou minha atenção foi a frase abaixo, que interpretei como defesa do uso de fontes-bandidas:
Qualquer repórter iniciante sabe que maus cidadãos podem ser portadores de boas informações. As chances de um repórter obter informações verdadeiras sobre um ato de corrupção com quem participou dele são muito maiores do que com quem nunca esteve envolvido. A ética do jornalista não pode variar conforme a ética da fonte que está lhe dando informações. Isso é básico. Disso sabem os promotores que, valendo-se do mecanismo da delação premiada, obtêm informações valiosas de um criminoso, oferecendo-lhe em troca recompensas como o abrandamento da pena.
Registre-se, inicialmente, a tentativa dos autores de usar os promotores de Justiça como escada. Tentam sugerir ao leitor que o esforço da revista, ao dar espaço em suas páginas a fontes-bandidas, equivale ao dos promotores de Justiça.
Sonegam que existe uma diferença brutal: os promotores de Justiça usam a delação premiada para combater o crime. Os criminosos que optam pela delação premiada têm as penas reduzidas, mas não são perdoados. E a ação ajuda a combater um mal maior. Um resultado que pode ser quantificado. O peixe pequeno entregou o peixe grande. Ambos serão punidos.
O mesmo não se pode dizer da relação de um jornalista com uma fonte-bandida. Se um jornalista sabe que sua fonte é bandida, divulgar informações obtidas dela não significa, necessariamente, que algum crime maior será evitado. Parece-me justamente o contrário.
O raciocínio que qualquer jornalista faria, ao divulgar informações obtidas de uma fonte que ele sabe ser bandida, é: será que não estou ajudando este sujeito a aumentar seu poder, a ser um bandido ainda maior, a corromper muito mais?
Leiam de novo esta frase: As chances de um repórter obter informações verdadeiras sobre um ato de corrupção com quem participou dele são muito maiores do que com quem nunca esteve envolvido.
Não necessariamente. Ele não tem qualquer garantia de que as informações são verdadeiras se vieram de um corrupto. Que lógica é esta?
O policial que não estava lá mas gravou a conversa que se deu durante um ato de corrupção provavelmente vai fornecer uma versão muito mais honesta sobre a conversa do que os corruptos envolvidos nela.
O repórter que lida com alguém envolvido em um ato de corrupção sabe, antecipadamente e sem qualquer dúvida, que a informação passada por alguém que cometeu um ato de corrupção atende aos interesses de quem cometeu o ato de corrupção. Isso, sim, é claro, não que as informações sejam necessariamente verdadeiras.
O repórter sabe também que, se os leitores souberem que a informação vem de alguém que cometeu um ato de corrupção, imediatamente perde parte de sua credibilidade. Não é por acaso que Carlinhos Cachoeira, o bicheiro, se transformou em “empresário do ramo de jogos”.
É por saber que ele era um “mau cidadão” que a revista escondeu de seus leitores que usava informações vindas dele. Era uma fonte inconfessável.
Não foi por acaso que Rubnei Quicoli, o ex-presidiário, foi apresentado como “empresário” pela mídia corporativa quando atendia a determinados interesses políticos em plena campanha eleitoral. A mídia corporativa pode torturar a lógica, mas jamais vai confessar que atende a determinados interesses políticos.
Carlinhos Cachoeira não é, convenhamos, nenhum desconhecido no submundo do crime. Vamos admitir que um repórter seja usado por ele uma vez. Mas o que dizer de um repórter usado durante dez anos, por uma fonte que ele sabe ser bandida?
Sim, porque o texto, sem querer, é também uma confissão de culpa: admite que a revista se baseou em informações de um “mau cidadão”. Ora, se a revista sabia tratar-se de um “mau cidadão” e se acreditava envolvida em uma cruzada moral para “limpar a sociedade” de “maus cidadãos”, não teria a obrigação de denunciá-lo?
Concordo que jornalistas não têm obrigação de dar atestado de bons antecedentes a todas as suas fontes.
Mas onde fica a minha obrigação de transparência com meus leitores se divulgo seguidamente informações que sei serem provenientes de um “mau cidadão”? Qual é o limite para que eu seja considerado parceiro ou facilitador do “mau cidadão”?
Se imperar, a lógica da revista será muito conveniente para aqueles policiais presos por associação ao crime.
Tudo o que terão de dizer, diante do juiz: “Ajudei a quadrilha de assaltantes de bancos, sim, doutor, matando e prendendo os inimigos deles. Mas foi para evitar um mal maior, meritíssimo: uma quadrilha que era muito mais bandida”…
http://www.viomundo.com.br/humor/investigar-cachoeira-um-atentado-a-liberdade-de-expressao.html
Gerson Carneiro
Agente que investigou Cachoeira foi assassinado na tarde de terça-feira, 17/07/12, em Brasília.
http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/70264/Agente-que-investigou-Cachoeira-%C3%A9-assassinado-Agente-investigou-Cachoeira-%C3%A9-assassinado-cemit%C3%A9rio.htm
Fabio Passos
cachoeira fazendo encomenda de “reportagens” ao policrápula jr não surpreende.
A sociedade rupert civita & carlinhos cachoeira é evidente e precisa ser investigada.veja está mergulhada no submundo do crime organizado.
A CPI precisa convocar policrápula jr e rupert civita. Estes bandidos precisam dar explicações.
Regina Braga
Nossa! O Governador de fato foi o Cachoeira…Perigo foi um laranja e a Veja, era o diário oficial.
Onda Vermelha
Interessante… no áudio 3 o Cláudio Abreu, que estava ao lado Policarpo, que por sua vez estava buscando informação sobre a fazenda adquirida pelo Juquinha da Valec, informa o Cachoeira que o Pagot “tá doidinho pra falar”. E o Cachoeira imediatamente pede/mandar o Abreu “não falar nada sobre o Demóstenes, não”. Pois é! A pergunta que fica é: O que ele queria esconder? O que Poli ainda não sabia? Em outros áudios o prório Cachoeira afirma que o Poli já havia “livrado” o Demóstenes… Afinal, o Poli sabia da relação Demóstenes/Cachoeira, segundo o delegado da PF. Esse quebra-cabeças tá ficando instigante…aguardemos os próximos capítulos, digo áudios…hehehe!
oziel f. albuquerque
Cachoeira,Policarpo os dois são da quadrilha do governador de Goiás.
smilinguido
é…nosso problema não á falta de indignação cívica…
como tem gente indignada..
Francisco
O pior é que os babacas de todo naipe ficam lendo as matérias da Veja e pensando que aquilo ali distingue o que é materia paga de jornalismo.
Se Cachoeira tivesse sido bem sucedido em seus propósitos “pedagógicos”, alguma anta sedenta de votos ou de alguma coisa com cara de “novo”, teria se candidatado com a plataforma das “escolas chinesas”. Uma vez eleito, desmontava tudo que há (quantas vezes você já viu esse filme?) e montava uma nova bobagem, fazendo “experiência” com o dinheiro público e a cabeça do filho do brasileiro.
Depois do óbvio desastre, algum abnegado iria se eleger para tentar recomeçar, pela milionésima vez, recomeçar do começo e do básico: ensinar. Ensinar simplesmente, um passo após o outro.
O mais engraçado de tudo é que a China é comunista e a escola de lá…
Escola chinesa! Tá valendo qualquer coisa!
Já não me pergunto mais como é que um jornalista entra nessas picaretagens, me pergunto é como é que um pai de familia chafurda numa lama dessa magnitude. Uma coisa é uma escola particular, convencida da nobreza de seus principios, errar no educar. Fazer picaretagem com a educação dos filhos dos outros… picaretagem consciênte, sabendo que é picaretagem, com educação de gente, de brasileiro, é nogento!
Como veiculo de informação se misturar com essa baixaria é… é degradante.
Um formador de opinião… Já passou da hora da Veja parar tudo, explicar essa relação espúria, demitir quem tem de demitir (e tem de demitir!), se explicar, se desculpar e salvar pelo menos a honra.
Então talvez, quem sabe, a revista ainda exista como publicação daqui a cinco ou dez anos.
É degradante!
Alexandre d’Oliveira
Que tal Cachoeira para o Ministério da Educação?
Deixe seu comentário