O medo
Por Régis Barros*
Vocês já repararam que esse sentimento é bem presente no nosso existir.
Em tese, o medo, per si, não é um problema.
Mas, a forma como lidamos com ele poderá, sim, se constituir num problema.
Temer algo ou alguma situação é natural, mas deixar de viver devido a esse medo nos criará uma promissória muita cara.
Desde criança, o medo nos acompanha.
Percebam que o escuro é elemento de tormento na vida de muitas crianças.
Percebem que o medo de perder atormenta muitos adultos.
Percebam que o medo da morte machuca muitos idosos.
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O medo, portanto, é inevitável.
E por que emana dele essa inevitabilidade?
Porque não somos absolutos, não temos controle de tudo e, por vezes, somos mais frágeis em muitas questões da vida.
E daí?
Que mal há nisso?
Qual é a derrota em não ter o controle de tudo?
Qual o problema de perceber que não damos conta de todas as coisas?
Todos são assim. Eu e você, também, somos assim.
Eis a vida! Ela é hábil em nos amedrontar.
Se, por ventura, ela lhe fizer isso, não se esquive. Não há mal algum em temer e, até, em perder.
A vida se abre em oportunidades. Precisamos nos jogar nela – na vida.
Se você tem dificuldades para fazê-lo, tudo bem.
Eu entendo e respeito, mas, pelo menos, analise a sua esquiva e, em algum momento, experimente fazê-lo.
Você talvez não alcançará a vitória simbólica aspirada, mas, percebendo ou não, você terá encarado o medo.
Você terá feito isso com o coração aberto. Você terá vencido, mesmo, às vezes, sem vencer.
Talvez, a melhor frase, que resume esse pequeno texto, eu encontrei em Napoleão Bonaparte: “quem teme ser vencido tem a certeza da derrota”.
*Régis Barros é médico psiquiatra. Mestre e doutor em Saúde Mental pela Faculdade de Medicina da Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP).
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