‘Qualquer pessoa pode ser afetada pelos materiais e gases das queimadas’, alerta Ubiratan de Paula Santos; recomendações e vídeo

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Da Redação

Nos últimos dias, uma nuvem gigantesca de fumaça se espalhou de Norte a Sul, escurecendo o céu de muitas cidades, inclusive de diversas capitais, como Brasília.

Isso se deve ao aumento das queimadas na Amazônia, no Pantanal e no interior de São Paulo, entre outras localidades.

No vídeo acima, o médico Ubiratan de Paula Santos trata justamente dos efeitos das queimadas sobre a saúde humana.

As recomendações dele valem para todo o País e não apenas para São Paulo.

Ubiratan de Paula dos Santos é pneumologista do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Também é conselheiro da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP).

Principais pontos abordados pelo doutor Ubiratan no vídeo

Nos últimos dias, temos assistido e visto em matérias queimadas importantes no interior do Estado de São Paulo, região de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e outras localidades.

Essa queima libera no meio ambiente grande quantidade de material particulado e de gases tóxicos.

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A inalação desses materiais vai ser tanto maior, quanto mais próximas as pessoas estiverem dos centros de queima. Portanto, quanto mais próximo, maior o risco dessa inalação.

Bebês, crianças pequenas, idosos e pessoas com doenças crônicas, cardiovasculares e pulmonares são as que vão sofrer mais com essa poluição.

Elas vão descompensar mais, precisar ir mais ao pronto socorro, se internar mais, usar medicação.

Vai aumentar também o risco de essa população ter infecções respiratórias nos próximos dias. Desde quadros agudos, como já estão ocorrendo, até semanas ou meses depois.

O que as pessoas podem fazer

1. Afastar-se o máximo possível dos focos de queimada.

As famílias que moram mas proximidades podem não ter para onde ir. As prefeituras devem providenciar o afastamento delas, até pelo risco de essas casas serem acometidas pelo fogo em si, pelo excesso de calor.

2. Adotar máscaras. Não vão ser encontradas máscaras com filtros para gases. Mas, pelo menos, para material particulado, sim.

As máscaras cirúrgicas usadas para covid servem e devem ser trocadas de duas em duas horas. A concentração de poluentes está muito grande, e vão saturá-las rapidamente.

3. Hidratar-se, claro. Todo mundo deve procurar ter hidratação normal.

4. Muita atenção com os idosos e com pessoas que tem insuficiência cardíaca. Evite que fiquem desidratados. Isso vale para todos.

No caso daqueles que têm insuficiência cardíaca é preciso evitar também a super hidratação, pois eles podem descompensar.

5. Nesse período e nas localidades afetadas pelas queimadas, evite os exercícios físicos. Mesmo dentro de casa a prática deles, deve ser evitada. É que a barreira de janelas e portas não é capaz de reter os poluentes em quantidades necessárias.

Quem pode ser afetado

Qualquer pessoa, mesmo sadia, pode ser afetada pelos materiais particulados e os gases tóxicos produzidos pelas queimadas.

Mas obviamente as pessoas com maior risco são:

  • Bebês e crianças, pois possuem menores defesas pulmonares e no organismo;
  • as mais idosas, porque naturalmente têm mais doenças crônicas associadas e as suas defesas também vão se tornando mais reduzidas com o passar da idade.
  • as que têm doenças crônicas, como asma, bronquite crônica, enfisema, rinite, rinossinusite, doenças cardiovasculares, diabetes.

A inalação aguda da fumaça provoca tanto a inflamação dos pulmões como a sistêmica.

As substâncias tóxicas, ao caírem na corrente sanguínea, vão piorar outros órgãos do corpo que têm alguma doença crônica.

Importante: essas pessoas devem ser acompanhadas durante as próximas semanas, até meses, porque às vezes há defasagem entre a exposição e o desencadear do processo inflamatório com repercussões sistêmicas.

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Ministério da Saúde recomenda

O Ministério da Saúde divulgou as seguintes orientações para a população:

— Aumentar a ingestão de água e líquidos ajuda a manter as membranas respiratórias úmidas e, assim, mais protegidas;

— Reduzir ao máximo o tempo de exposição, recomendando-se que se permaneça dentro de casa, em local ventilado, com ar condicionado ou purificadores de ar;

— As portas e as janelas devem permanecer fechadas durante os horários com elevadas concentrações de partículas, para reduzir a penetração da poluição externa;

— Evitar atividades físicas.

— Uso de máscaras do tipo “cirúrgica”, pano, lenços ou bandanas podem reduzir a exposição às partículas grossas, especialmente para populações que residem próximas à fonte de emissão (focos de queimadas) e, portanto, melhoram o desconforto das vias aéreas superiores. Máscaras de modelos respiradores tipo N95, PFF2 ou P100 são adequadas para reduzir a inalação de partículas finas por toda a população;

— Crianças menores de 5 anos, idosos maiores de 60 anos e gestantes devem redobrar a atenção para as recomendações descritas acima para a população em geral.

Além disso, devem estar atentas a sintomas respiratórios ou outras ocorrências de saúde e buscar atendimento médico o mais rapidamente possível.

Pessoas com problemas cardíacos, respiratórios, imunológicos, entre outros, devem:

— Buscar atendimento médico para atualizar seu plano de tratamento;

— Manter medicamentos e itens prescritos pelo profissional médico disponíveis para o caso de crises agudas;

— Buscar atendimento médico na ocorrência de sintomas de crises;

— Avaliar a necessidade e segurança de sair temporariamente da área impactada pela sazonalidade das queimadas.

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