Osasco, ex-sede do maior fabricante de produtos de amianto no Brasil, inaugura memorial em homenagem às vítimas da fibra assassina

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Obra do artista brasiliense W. Hermusch, o memorial terá uma escultura chamada “Árvore-Pulmão”, que materializa metaforicamente a luta pela vida de milhares de vítimas do mineral cancerígeno, que no final da vida não conseguem mais respirar em virtude das doenças provocadas pela fibra mortal. Fotos: divulagção

Osasco entrega Memorial em homenagem às vítimas do amianto

A Prefeitura de Osasco, por meio da Secretaria de Emprego, Trabalho e Renda (SETRE), em parceria com a ABREA (Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto), entrega no dia 10 de dezembro, às 10h, um memorial em homenagem às vítimas do amianto.

Para este evento, estão confirmadas delegações de outros estados brasileiros e de outros países que também lutam pelo banimento do amianto.

Composto pela obra do artista brasiliense W. Hermusch, o memorial terá uma escultura chamada “Árvore-Pulmão”, que materializa metaforicamente a luta pela vida de milhares de vítimas do mineral cancerígeno, que no final da vida não conseguem mais respirar em virtude das doenças provocadas pela fibra mortal.

Além da Árvore-Pulmão, com sete metros de altura, o Memorial terá um painel com o nome de mais de 600 pessoas que morreram em virtude da exposição ao amianto.

“Nesta tragédia do amianto, os obreiros entregavam inocentemente o seu cotidiano ao trabalho, que acreditavam estar garantindo o seu sustento e de suas famílias e, por conseguinte, a vida. A cada dia, entretanto, estavam sendo lentamente envenenados. Esta contradição cruel é o que a Árvore-Pulmão expressa”, salientou Hermusche.

O Memorial será instalado na Praça Expedicionário Mario Buratti, nas proximidades de onde se situava a Eternit, a maior das unidades da multinacional suíça nas Américas, conhecida produtora de telhas, tubulações, caixas d’água e outros artefatos de cimento-amianto, e que permaneceu na cidade por 56 anos, entre 1937 a 1993, deixando para trás um enorme passivo socioambiental, um legado de contaminação e morte, como fez em vários países, principalmente Itália e Bélgica.

“É uma tristeza sermos conhecidos como a capital nacional das vítimas do amianto, e em nada este memorial repara a perda dessas vidas, mas nossa intenção é eternizar seus nomes num espaço público para que sirvam de exemplo e que suas famílias saibam que reconhecemos a luta. Quem sai de casa todo dia em busca do sustento do lar, e morre em função do trabalho que desempenha, é um verdadeiro herói, e nada mais justo que haja um memorial em homenagem a isso”, comentou Gelso Lima, Secretário de Emprego, Trabalho e Renda.

Para o presidente da Abrea, Eliezer João de Souza, o Memorial visa manter viva a memória destas vítimas inocentes e representa um símbolo de resistência e luta contra o mineral que mata milhares de pessoas anualmente, não só no Brasil como em todo o mundo.

“É mais um momento histórico na luta contra o amianto, contra empresas, contra o capital, que visam apenas o lucro em detrimento da saúde e vida de seus trabalhadores. O Memorial é uma homenagem aos que se contaminaram com a fibra assassina e um alerta para as futuras gerações, para que possam evitar que tragédias como essa não se repitam. Essa catástrofe sanitária do século XX não pode se repetir”, enfatizou.

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Comentários

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Fernanda Giannasi

Talvez os que aqui comentam não tenham nenhum conhecimento do significado de uma “ÁRVORE-PULMÃO”, que o renomado artista projetou, embora a mencionada tragédia de Chernobyl possa sim ser comparada com a catástrofe promovida pela indústria do amianto em todo o mundo e que, aqui em Osasco, a Eternit e a Lonaflex transformaram esta pujante cidade em a capital nacional das vítimas.
Para os que não tem a devida sensibilidade ou tem dificuldade para entender uma obra de arte, segue aqui o significado deste monumento, tão importante para os familiares das vítimas.
O artista plástico, Wagner Hermusche, com muita sensibilidade captou as nossas ideias de como seria erguido um Memorial às Vítimas do Amianto. Mas, mais do que um monumento fúnebre, ele buscou simbolizar metaforicamente a VIDA, que tanto nossos heróis aqui homenageados quiseram preservar, e projetou a ÁRVORE-PULMÃO magnífica, que, além de nos abrigar, nos dar a sombra e alimentos, purifica o ar tão importante para nossa sobrevivência. O tronco simboliza as fibras do amianto, as folhas a árvore brônquica e os anéis, nossa comunicação com o universo e, para quem acredita, com as forças celestiais e divinas.

Zé Maria

É como se plantas se uma Árvore em Chernobyl.

abelardo

Nada pessoal contra o artista, mas vejo mais um esqueleto assustador e desengonçado, do que propriamente uma obra de arte bem intencionada. Avalio que a fatídica insistência dos gananciosos fabricantes, em arrastar os processos e toda questão jurídica e criminosa para o campo das estratégias e das altas influências, transformou o produto do covarde embate judicial, em um hediondo morticínio anunciado e previsível. Então exodia a quantidade das vítimas fatais, e como sempre acontece, foram do lado mais fraco, ou seja, o lado dos trabalhadores. Penso que enquanto o mundo abominava e proibia o uso do medonho produto, com condenações, multas e penalidades aplicadas, aqui no Brasil a porteira continuava escancarada para as doenças, para os óbitos e para as poderosas empresas multinacionais do horror.

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