Eleições CFM: Ex-presidentes pedem despartidarização e priorização da saúde pública na gestão da entidade

Tempo de leitura: 3 min
Ex-presidentes do CFM: Gabriel Oselka (1984), Waldir Paiva Mesquita (1994-1999) e Edson de Oliveira Andrade (1999-2009)

Ex-presidentes do CFM pedem despolitização da entidade, que passa por eleições

Por Guilherme Seto, Painel/Folha de S. Paulo

Ex-presidentes do Conselho Federal de Medicina dizem ao Painel que esperam que as eleições da entidade, marcadas para terça (6) e quarta-feira (7), levem à despolitização e à priorização da saúde pública na gestão.

Chapas formadas por médicos que lideraram a defesa de medicamentos sem eficácia contra a Covid e que encabeçam movimentos pela proibição do aborto em qualquer circunstância têm feito forte campanha nas redes sociais, com apoio de figuras como o empresário Luciano Hang, o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).

Waldir Paiva Mesquita, que foi presidente do CFM de 1994 a 1999, diz que o fortalecimento desses grupos representa “perigo gravíssimo” e pode “ferir de morte o código de ética vigente”.

Segundo ele, a atual eleição tem caráter primordial e não só a classe médica deveria estar preocupada com ela, mas a sociedade como um todo.

“A gente precisa é que seja eleito um conselheiro federal de medicina que entenda que o seu papel é defender os interesses da sociedade. E na hora que eu defendo os interesses da sociedade, eu estou obrigatoriamente defendendo os interesses da categoria médica, que é ter condições normais adequadas, ter todos os meios disponíveis para atender o seu paciente”, diz Mesquita.

“O Conselho se pronuncia através das suas resoluções baseadas na ciência. Eles vão se basear em questões outras que não tem nada a ver com a ciência. Questões de gênero, de comportamento, de hábitos conservadores. O Conselho Federal de Medicina não pode ter partido. O partido dele é fundamentalmente o interesse da sociedade, da saúde da sociedade brasileira”, completa.

Em junho deste ano, o CFM vedou a assistolia fetal após a 22ª semana de gestação —método preconizado pela OMS para a interrupção da gravidez tardia.

Essa decisão impulsionou na Câmara dos Deputados a tramitação do projeto de lei 1.904/24, que permite a prisão de quem realiza aborto após a 22ª semana de gestação, incluindo mulheres estupradas, que pelo texto podem ter pena superior a de seus agressores.

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Gabriel Oselka (1984-1989) afirma que considera lamentável a institucionalização desses grupos e que torce pela renovação do CFM, contra posições anticientíficas.

“Creio que o importante desta eleição seja esquecer a politização”, diz Oselka. Segundo ele, a atual gestão do CFM é “absolutamente lamentável” e, por isso, espera que haja renovação.

“Poderíamos fazer a discussão no campo da ciência e da saúde pública, que é o que creio que deveria ser o grande tema desta eleição (…) A única resposta que podemos dar é conhecer as propostas e votar de acordo com o que acreditamos que seja o melhor para a saúde da população”, completa.

Edson de Oliveira Andrade (1999-2009), por sua vez, diz que a qualidade do CFM caiu muito e que a instituição tem que seguir sem influências externas, seja de bolsonaristas ou de petistas.

“O que não pode é uma instituição como o Conselho, que trata de conhecimento científico e de comportamento ético, ser caudatário dessa política miúda que está aí”, afirma.

Ele diz que ser preocupa com “a servidão abjeta” do conselho durante a pandemia da Covid-19, que ressurge na abordagem recente da discussão sobre aborto.

“Você tem que colocar o CFM a serviço de melhorar políticas públicas que melhorem a vida das pessoas. E é uma vergonha esse comportamento recente (…) Considero que o aborto é sempre uma falência: social, policial, de tudo na vida. Agora, eu tenho que ter um comportamento de acolhimento e não há isso aí. É tudo fariseu”, conclui.

Na eleição do CFM, cada estado e o Distrito Federal vão eleger um conselheiro titular e um suplente para os próximos cinco anos.

A AMB (Associação Médica Brasileira) também indica dois médicos para compor o grupo.

As quatro chapas paulistas são

1) “JUNTOS por uma categoria médica mais forte”,

2) “Força Médica”,

3) “ConsCiência CFM” e

4) “Experiência e Inovação”.

A Força Médica, por exemplo, se define como “uma chapa de direita conservadora” e pela “defesa da vida e contra a cultura da morte” .

Um de seus representantes é Francisco Eduardo Cardoso Alves, que durante julgamento da Justiça Federal do Piauí disse que os médicos que não prescrevessem cloroquina contra a Covid-19 lavariam as mãos com o sangue das vítimas. Ele foi chamado a depor na CPI da Covid, em 2021.

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Comentários

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Zé Maria

A Extrema Direita leu Gramsci, e Entendeu…

Representante do Principal Estado da Federação
no CFM será um Bolsonarista de Primeira Ordem.

As eleições para o Conselho Federal de Medicina (CFM)
e para o Conselho Tutelar mostram que a extrema direita
está organizada e disposta a disputar diversos espaços
de poder, a maioria ignorados pelas demais forças políticas.

Por Rodrigo Perez Oliveira *, em Jornalistas Livres

As eleições para o Conselho Federal de Medicina
chamaram bastante atenção ao longo desta semana.

A repercussão tem sua razão de ser, pois traduz a polarização ideológica
sobre a qual está fundada a política brasileira [e mundial] contemporânea.

E mais: nos convida a analisar aquele que é um dos maiores potenciais
da extrema direita , algo que costuma ser subestimado pelas forças
políticas democráticas.

No dia 7 de agosto, depois de uma disputa polarizada que movimentou
a comunidade médica, o infectologista Francisco Cardoso foi eleito
representante de São Paulo no CFM.

O processo foi conflituoso e conturbado, envolvendo denúncias à Polícia
Federal e difusão de fake news.

Cardoso contou com o apoio organizado das mídias digitais bolsonaristas,
inclusive com manifestações de lideranças como Luciano Hang, Nikolas
Ferreira e Marcelo Queiroga.

Cardoso se notabilizou durante a pandemia por ter defendido o uso off label
da cloroquina, ecoando o negacionismo do então presidente Jair Bolsonaro.

A extrema direita parece ter entendido a dimensão estratégica de um órgão
como o CFM, cuja função é normatizar, disciplinar e fiscalizar o exercício
da medicina, ou seja, definir o que os médicos podem ou não podem fazer.

Em tempos de grandes disputas nas políticas de saúde pública, como no
tema dos direitos reprodutivos das mulheres, o CFM é importante foro de
decisão.

O representante do principal estado da federação no Conselho será um
bolsonarista de primeira ordem.

Mobilização semelhante já havia acontecido em outubro de 2023,
por ocasião das eleições para o Conselho Tutelar, que tem a missão
de cuidar dos direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes.

Todos sabemos como o Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA,
e a educação pública são pautas prioritárias para a guerra cultural travada
pela extrema direita.

Parlamentares bolsonaristas e igrejas evangélicas neopentecostais
convocaram suas bases sociais a comparecerem às urnas e votarem
em candidatos ideologicamente alinhados com os seus valores.

Nunca uma eleição para o Conselho Tutelar havia contado com tamanha
participação popular.

O resultado foi bastante favorável à extrema direita.

As eleições para o Conselho Federal de Medicina e para o Conselho Tutelar
mostram que a extrema direita está organizada e disposta a disputar
diversos espaços de poder, a maioria ignorados pelas demais forças
políticas.

Podemos lembrar, também, da “super live” da família Bolsonaro em janeiro
deste ano, onde Jair e seus três filhos lançaram o programa da “Ação
Conservadora” para formação de militantes com foco nas eleições para
os legislativos municipais.

A extrema direita parece ter entendido muito bem as lições de Antonio
Gramsci, um dos dos principais representantes do pensamento político
de esquerda.

Segundo Gramsci, a melhor tática de dominação política não deveria
se sustentar na violência e na supremacia militar, mas, sim, na lenta
e progressiva conquista de “hegemonia” na sociedade civil, através
da ocupação de diversos espaços de poder.

O pensamento político de Gramsci começou a circular na direita brasileira
na década de 1990, através da atuação de Olavo de Carvalho, para quem
a esquerda havia seguido os passos do italiano ao conseguir construir
hegemonia em diversas instâncias de poder na Nova República, como
nas universidades, na imprensa e no sistema judiciário.

Carvalho convidava a direita a fazer algo semelhante, num movimento
de apropriação das teses gramscianas.

Sei que muitos ainda tendem a tratar a extrema direita herdeira de Olavo
de Carvalho na perspectiva do deboche e da caricatura, como se fossem
um grupo de ignorantes e iletrados.

Não acho que seja boa ideia.

Essas pessoas estão lendo e estudando.
Contam com financiamento e investem muita energia, e dinheiro,
na formação ideológica de sua militância. Lentamente, estão ocupando
posições estratégicas, avançando pouco a pouco no território da
institucionalidade.

Enquanto isso, as forças democráticas continuam voltadas quase que exclusivamente para o Poder Executivo, como se a hegemonia política
fosse construída de cima pra baixo, quando o que acontece é exatamente
o contrário.

Sim, a extrema direita leu e entendeu Gramsci, enquanto a esquerda parece
tê-lo esquecido.

*Rodrigo Perez Oliveira é Professor de Teoria da História
na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

https://jornalistaslivres.org/a-extrema-direita-brasileira-leu-gramsci-e-entendeu/

[Exemplo:
Fascistas Neoliberais Possuem Canais de TV
que fazem Doutrinação Ideológica contra tudo
o que é Estatal, como Educação e Saúde Públicas,
chegando a exibir pseudo-documentários baseados
nas ‘HydéiaÇ’ delirantes de Olavo de Carvalho.
(https://telaviva.com.br/11/10/2023/canal-bmc-news-especializado-em-mercado-financeiro-e-negocios-estreia-na-claro-tv)
(https://telaviva.com.br/quem-somos/)
(https://stennagroup.com/sobre/)]

Flávio Lima

Votei chapa 3 em São Paulo
Mas não tem que ter eleição nenhuma, conselho é órgão de fiscalização profissional, de controle ético,
Tem que ser órgão de Estado, com concurso e carreira de Estado , como juiz e promotor
Você votar, escolher quem vai te fiscalizar, não pode dar certo

Zé Maria

.

A Politização é Inevitável e pode ser Benéfica.

A Partidarização é Evitável e pode ser Prejudicial.

.

Zé Maria

.

NEOFASCISMO & NEOLIBERALISMO ARTICULADOS

Estratégia NaZional e InternaZional da Extrema-Direita

“Teologia do Domínio (*), que defende o ‘Controle de Espaços de Poder’
presumidamente para a construção de um país evangélico, tem ganhado
força entre os pentecostais”

*(https://revistaconsciencia.com/a-religiao-como-projeto-de-poder-politico-notas-sobre-a-expansao-no-brasil-da-teologia-do-dominio)
(https://www.intercept.com.br/2019/01/31/plano-dominacao-evangelico)
(https://www.academia.edu/114849138/O_que_%C3%A9_a_teologia_do_dom%C3%ADnio_teonomia_reconstrucionismo_crist%C3%A3o)

.

Zé Maria

https://t.co/GZQWdWWlDU
PARTIDARIZAÇÃO DAS IGREJAS

Neopentecostais Organizam Estratégia Política
visando Eleições Municipais de 2024

“A estratégia é: cada denominação ‘investe’ para eleger,
pelo menos, um representante que seguirá as ‘ordens’
do seu pastor”

[ Reportagem: Zé Barbosa Junior | Revista Fórum ]
https://x.com/RevistaForum/status/1820994357362602309

https://revistaforum.com.br/politica/2024/8/6/evangelicos-organizam-estrategia-politica-visando-eleies-municipais-163468.html

.

Zé Maria

Conselhos de Medicina deixaram de atuar
em Defesa da Ciência e da Ética Médica
para se converterem em Associações
Empresariais Desqualificadas e Vis.

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