Carta aberta do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Saúde Indígena ao ministro Padilha

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Sindicato Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Saúde Indígena (Sindcopsi). Em pé, da esquerda para a direita: Naya Kuikuro, Ana Izabel (CUT), Karleane de Souza, Luiza Farias (contadora do sindicato), Maria do Carmo Andrade (Carmem Pankararu), Alison Cardoso, Evanilson Leite (operador de som), Danilo Ferreira, Rita Xavier, Claudenice Luz, João Batista e Pollyanna Salvino. Sentados, da esquerda para a direita: Gildark de Robson, Marcelo Pacheco, Itajaciara Barbosa, Ivani Gomes, Tatiane Gonçalves, Cleidivania Maria, Elda Ramos Andrade e Urânio Fernandes

Redação Viomundo

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores e das Trabalhadoras da Saúde Indígena – SINDCOPSI divulgou nesta sexta-feira, 28 de março, uma carta aberta ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

No documento (na íntegra, ao final), a diretoria executiva do SINDCOPSI reivindica várias medidas, entre as quais estas:

  • Fortalecimento da Agência de Apoio à Gestão do SUS (AgSUS).
  • Melhores condições de trabalho nos territórios indígenas e nas Casas de Saúde Indígena (CASAI).
  • Remuneração digna compatível com a complexidade e especificidade do trabalho na saúde indígena.
  • Novo modelo de gestão de pessoas que garanta aos trabalhadores contratos mais permanentes de trabalho.
  • Implementação pela SESAI (Secretaria de Saúde Indígena) do Plano de Trabalho 2025, aprovado e previsto no chamamento público realizado em 2023 para celebração de novos convênios com OSS (organizações sociais).
  • Aplicação da lei do piso da enfermagem com a garantia de que o salário dos técnicos de enfermagem corresponda a 70% do valor pago à enfermagem de nível superior da saúde indígena.

Cerca de 17.500 trabalhadores integram o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena do Sistema Único de Saúde (SASISUS)

Eles são os responsáveis por executar as ações relacionadas à promoção, proteção e recuperação da saúde dos 305 povos indígenas do Brasil.

Atualmente, o SINDCOPSI integra os seguintes fóruns:

Conselho Nacional de Saúde — CNS

Mesa Nacional de Negociação Permanente do SUS — MNNPSUS

Comissão Intersetorial de Saúde Indígena — CISI

Comissão Intersetorial Atenção Básica à Saúde — CIABS

Grupo de Trabalho do Ministério da Saúde para acompanhar a atuação da Agência Brasileira de Apoio à Gestão do SUS — AgSUS na saúde indígena

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SINDCOPSI: Carta aberta ao ministro Alexandre Padilha

Prezado Ministro Alexandre Padilha.

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores e das Trabalhadoras da Saúde Indígena (Sindcopsi), fundado em 24 de abril de 2015, entidade sindical constituída por tempo indeterminado e regido pelo seu Estatuto Social aprovado em Assembleia Geral Nacional e registrado em Cartório de Registro Civil, com a finalidade de estudos, coordenação, orientação, proteção, representação e defesa legal da categoria profissional dos trabalhadores e das trabalhadoras da saúde indígena integrantes do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena do Sistema Único de Saúde (SASISUS) instituído pela Lei nº 9.836, de 23 de setembro de 1999, com base territorial em todo o Brasil e, em especial, no âmbito dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), do SASISUS, que tem como princípio fundamental a autonomia e liberdade sindicais e a solidariedade entre os trabalhadores e as trabalhadoras, vem, por meio desta Carta Aberta, parabenizá-lo pela sua escolha pelo Excelentíssimo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ocupar o cargo de Ministro de Estado da Saúde.

Aproveitamos esta oportunidade, Ministro Padilha, para manifestar, na condição de entidade sindical representativa dos trabalhadores e das trabalhadoras da saúde indígena, nossa enorme expectativa com relação à sua chegada ao Ministério da Saúde devido ao seu compromisso com a saúde dos povos indígenas do Brasil, já comprovado quando ocupou, em 2004, o cargo de diretor do Departamento de Saúde Indígena (DESAI), órgão da FUNASA, e depois como Ministro de Estado da Saúde, no período de 2011 a 2014, no governo da Presidenta Dilma Rousseff, quando deu total apoio para a estruturação e implantação da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), órgão do Ministério da Saúde criado pelo Presidente Lula, em 21 de outubro de 2010, atendendo a uma reivindicação histórica dos povos indígenas aprovada na 1ª Conferência Nacional de Proteção à Saúde do Índio, realizada em Brasília, no período de 26 a 29 de novembro de 1986.

Este SINDCOPSI entende, Ministro Padilha, que Vossa Excelência é profundo conhecedor da realidade em que vivem os 305 povos indígenas do Brasil e da complexidade que é assegurar ações de promoção, proteção e recuperação da saúde a estes povos, incluindo as ações de saneamento básico e edificações em terras indígenas, e tem todas as condições, técnica e política, de dar total apoio para que os cerca de 17.500 trabalhadores e trabalhadoras do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, responsáveis pela execução destas ações, possam ter, definitivamente, um novo modelo de gestão de pessoas que lhes garanta contratos de trabalho mais permanentes; melhores condições de trabalho nos territórios indígenas e nas CASAI; remunerações dignas compatíveis com a complexidade e especificidade do trabalho na saúde indígena; tratamento com respeito e dignidade pela gestão do SASISUS e não serem vítimas de ações de assédio nos seus locais de trabalho, conforme preconiza o Programa Federal de Prevenção e Enfrentamento do Assédio e da Discriminação no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e fundacional instituído pelo Presidente Lula e publicado no DOU em 31/07/2024, bem como qualquer outra forma de violência, e que o SINDCOPSI não seja descredibilizado e desrespeitado pela gestão do SASISUS com práticas antissindicais, justamente no governo do Presidente Lula, maior líder sindical que este país já teve.

Este SINDCOPSI também espera que a SESAI implemente o Plano de Trabalho 2025 como aprovado e previsto no chamamento público realizado em 2023 para celebração de novos convênios com OSS, bem como a aplicação da lei do piso da enfermagem com garantia do salário dos técnicos de enfermagem correspondendo a 70% do salário da enfermagem nível superior da saúde indígena.

Outra expectativa do SINDCOPSI, Ministro Padilha, é da necessidade do fortalecimento da Agência de Apoio à Gestão do SUS (AgSUS) e da garantia de que ela, além de ser a responsável pela contratação dos trabalhadores e das trabalhadoras da saúde indígena, colocando um fim aos contratos de trabalho por meio de convênios com Organizações Sociais, possa também apoiar, de forma complementar, a SESAI e os DSEI, na execução das ações de atenção primária, saneamento básico, edificações, logística, aquisição de equipamentos e insumos e na articulação com os gestores do SUS para assegurar a referência e contrarreferência para as ações de média e alta complexidades, respeitada a autonomia da SESAI e dos DSEI, conforme inúmeras reivinducações neste sentido feitas por lideranças indígenas e aprovadas nas consultas prévias realizadas nos 34 CONDISI em 2024.

Outrossim, Ministro Padilha, o SINDCOPSI deseja a Vossa Excelência muita saúde e sucesso na condução do MS, do SUS e do SASISUS, e se coloca à disposição de Vossa Excelência para apoiá-lo na sua gestão nas questões que estiverem ao nosso alcance, porque JUNTOS SOMOS MAIS FORTES.

Atenciosamente,

Diretoria Executiva Nacional do SINDCOPSI

Recife 28 de março 2025

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