Dr. Rosinha: Será o Queiroz o único que consegue colocar um buçal no Bolsonaro?
Tempo de leitura: 3 minPor Dr. Rosinha
por dr. Rosinha*
Ouvi muitas vezes, e eu mesmo fiz, quando pré-adolescente, chamar o outro de “boçau” ou boçal.
Confundia as grafias e a pronuncia. Sequer sabia o significado completo da palavra, mas o revide era de pronto: “boçau – boçal – é você”.
Após a troca destas farpas boçais, a paz estava feita e a brincadeira ou o diálogo infanto-juvenil era retomado.
Mesmo sem saber o significado da palavra, sabíamos que era um tipo de xingamento, uma desqualificação, mas como tudo era entre “amigos” ficava elas por elas.
Ou mesmo – dependendo do momento e do emprego da palavra – éramos todos boçais.
Essas observações são porque o Jair Bolsonaro demonstrou não só toda sua boçalidade, mas também violência, ao ameaçar o repórter Daniel Gullino de porrada.
Precisamente ele disse: “encher tua boca com uma porrada”.
Numa briga entre boçais comuns, há quem queira encher a boca do outro de porradas e pode em tom alto gritar: “vou te encher a boca de porrada”.
Mas, um presidente pode?
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Pode.
Pode e teria consequências se o presidente não fosse o Bolsonaro.
Imagine se fosse a Dilma: o machismo cairia matando em cima dela.
Se o presidente não fosse o boçal atual, teria sérias consequências.
Imediatamente, a mídia comercial bradaria pela falta de educação, hombridade — mesmo que a presidenta fosse a Dilma — compostura para o cargo e imediatamente iniciaria campanha pelo impeachment.
Nada vai ocorrer.
A fala de Bolsonaro agrada a horda de fascistas e boçais existentes no Brasil.
Boçais inclusive da mídia corporativa.
Exemplo concreto foi o editorial da Folha de S. Paulo, no mínimo estúpido:”Jair Rousseff”
Mesmo após a avalanche de críticas, inclusive interna, e a fala boçal e violenta do presidente, o editorial foi reproduzido no jornal Agora SP, do grupo Folha.
A frase “vou te encher a boca de porrada” pode ter saído de maneira espontânea.
Pura demonstração do caráter de Bolsonaro, mas não deve ser lida fora do contexto político dos últimos anos: mesmo que espontânea, faz parte de sua estratégia de governo.
A ameaça à integridade física do repórter é uma boçalidade, mas ela faz parte da estratégia traçada para elegê-lo e para manter o apoio popular, que ainda alcança cerca de 30% da população, que – em pensamento – são seus semelhantes.
Segundo o Houaiss, boçal é
aquele que é falto de cultura; ignorante, rude, tosco
aquele que é desprovido de inteligência, sensibilidade, sentimentos humanos; besta, estúpido, tapado”.
Aí, vem a interrogação: mas como a burguesia brasileira tolera isso?
Tolera porue a própria burguesia é parte disto: falta de cultura, ignorante, rude não tem sensibilidade e sentimentos humanos.
Parte não é boçal, mas necessita de um presidente que possam colocar o buçal.
Informo o Bolsonaro – apesar de ele se dizer um cavalariano – que buçal é “parte do arreamento do cavalo que se prende à sua cabeça e ao pescoço; cabresto forte, com focinheira; buçá”.
Informo também que no texto uso a palavra no sentido figurado. Tenho que me proteger de um processo.
Simbolicamente buçal é o que o Centrão – formado por deputados e senadores representantes dos interesses da burguesia – liderado por Rodrigo Maia, com apoio de parte dos militares (integram o staff do governo) e da mídia comercial, está tentando colocar no Bolsonaro.
Até colocaram por uns dias e ele permaneceu calado.
Reconheço que em alguns momentos me sinto um boçal e necessito de um freio nas palavras.
Mas, sinceramente, não quero a paz para voltar a qualquer diálogo com o “amigo” presidente e sua gente.
Gente que como ele e sua turma precisam de buçais no linguajar.
Mas, como não quero fazer coro aos boçais pergunto: “presidente, por que sua esposa, Michelle, recebeu R$ 89 mil do Queiroz?”
É só uma pergunta. Não precisa se preparar para me encher de porrada.
Também pergunto: “quando a Rede Globo será investigada?”
Afinal, agora há fato concreto de Dario Messer, o “doleiro dos doleiros”, ter dito que lavou mais de um bilhão de reais para a Globo.
Será que o único que consegue colocar um buçal no Bolsonaro é o Fabrício Queiroz?
Dr. Rosinha é médico pediatra, militante do PT. Pelo PT do Paraná, foi deputado estadual (1991-1998) e federal (1999-2017). De maio de 2017 a dezembro de 2019, presidiu o PT-PR. De 2015 a 2017, ocupou o cargo de Alto Representante Geral do Mercosul.
Dr. Rosinha
Médico pediatra e militante do PT. Pelo PT do Paraná, foi deputado estadual (1991-1998) e federal (1999-2017). De maio de 2017 a dezembro de 2019, presidiu o PT-PR. De 2015 a 2017, ocupou o cargo de Alto Representante Geral do Mercosul.
Comentários
Zé Maria
O Fim de Paulo Guedes e o Início do Populismo de Direita
Por Luis Nassif: https://t.co/taqelHGtuC
https://twitter.com/luisnassif/status/1299119779471478785
Zé Maria
A Maior Ameaça à Democracia Vem do Teto de Gastos
O PERIGO REAL VEM DO AJUSTE FISCAL permanente,
representado pelo torniquete do teto de gastos.
É PRECISO TER EM MENTE A BRUTALIDADE DA MEDIDA.
Por Gilberto Maringoni, no Jornal GGN
Bolsonaro entrou no jogo que repudiava em campanha:
acertou-se com o centrão e percebeu que medidas sociais,
como o auxílio emergencial, alavancam sua popularidade.
Acabou a ameaça golpista por parte do capitão.
Ele ainda vai falar muita boçalidade por aí – como tem feito -,
mas são urros que fazem parte de seu show.
Repetindo: a ameaça principal à democracia não vem de Bolsonaro,
por mais incrível que possa parecer.
Vem dos mercados, dos farialimers, da alta finança, da mídia e de gente
que diz desejar apenas que os mercados funcionem livremente.
Íntegra: https://jornalggn.com.br/artigos/a-maior-ameaca-a-democracia-vem-do-teto-de-gastos-por-gilberto-maringoni/
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