Viagem para dentro de si

Tempo de leitura: 4 min
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Por Marco Aurélio Mello

foto: Marco Aurélio Mello (todos os direitos reservados)

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por Marco Aurélio Mello

Tudo começou depois dos 40.

Estava doente e infeliz.

Comia mal, bebia demais e não dormia direito.

Passava boa parte do tempo fazendo o que não gostava.

Até que começou a traçar um novo plano.

Não sabia para onde a vida o levaria, mas estava convicto: era para lá que queria ir.

Claro que mudar implicaria necessariamente em renunciar.

Mas qual é a escolha que se faz sem consequências?

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Apesar de todos os tropeços, nunca faltou muita gratidão.

Por todas, todas as experiências acumuladas e por todos, todos os atores envolvidos.

Fazer as pazes com o passado é a única maneira de viver plenamente o presente.

E, hoje, a sensação é de estar no vórtice.

Vórtice, aquilo que a metafísica explica como uma força vibracional giratória.

Um turbilhão de energia sendo drenado para dentro de você.

Quem leu até aqui já pensou: ih, agora o sujeito viajou.

Nada disso!

Como diria Einstein, nosso cientista mor: “somos um campo de energia, só que visível.”

Refiro-me apenas a outro campo de energia, o não visível.

Para continuar, vamos seguir com Einstein: “O ser humano vivencia a si mesmo, seus pensamentos como algo separado do resto do universo – numa espécie de ilusão de ótica de sua consciência.

E essa ilusão é uma espécie de prisão que nos restringe a nossos desejos pessoais, conceitos e ao afeto por pessoas mais próximas.

Nossa principal tarefa é a de nos livrarmos dessa prisão, ampliando o nosso círculo de compaixão, para que ele abranja todos os seres vivos e toda a natureza em sua beleza.

Ninguém conseguirá alcançar completamente esse objetivo, mas lutar pela sua realização já é por si só parte de nossa liberação e o alicerce de nossa segurança interior.”

Sobre o quê Einstein está falando afinal?

Acertou quem respondeu sobre empatia e caridade.

A propósito, não podemos nos esquecer de que toda a doutrina cristã se resume à máxima: “fora da caridade não há salvação”.

Leitores intelectualizados tendem a descartar certos raciocínios.

É uma pena porque “a forma mais elevada da inteligência humana é a capacidade de observar sem julgar”, diria Krishnamurti.

Para o filósofo, “o intelecto se satisfaz com teorias e explicações, a inteligência não; e para a compreensão do processo total da existência, é necessária uma integração da mente e do coração no agir.

A inteligência não está separada do amor.

Lamento pessoal, os céticos que me perdoem, mas voltamos ao tema que mais gosto: o amor.

“O amor é a força mais abstrata, e também a mais potente que há no mundo”, disse Ghandi.

“Pouca coisa é necessária para transformar inteiramente uma vida: amor no coração e sorriso nos lábios”, disse Martin Luther King, porque “o amor é a única força capaz de transformar um inimigo em amigo.”

Portanto, amigos, “para ter algo que você nunca teve, é preciso fazer algo que você nunca fez”, disse Chico Xavier.

Experimente amar de verdade.

Ghandi ensinou que “temos de nos tornar na mudança que queremos ver. (…) Um homem não pode fazer o certo numa área da vida, enquanto está ocupado em fazer o errado em outra. A vida é um todo indivisível.”

Não tenha medo, ressalta Chico, “o amor não prende, liberta! Ame porque isso faz bem à você, não por esperar algo em troca. Criar expectativas demais pode gerar decepções. Quem ama de verdade, sem apego, sem cobranças, conquista o carinho verdadeiro das pessoas. (…) Tudo o que é seu encontrará uma maneira de chegar até você. (…) O que a gente não pode mesmo, nunca, de jeito nenhum… é amar mais ou menos, sonhar mais ou menos, ser amigo mais ou menos, namorar mais ou menos, ter fé mais ou menos, e acreditar mais ou menos. Senão a gente corre o risco de se tornar uma pessoa mais ou menos.”

Luther King acrescenta: “Se alguém varre as ruas para viver, deve varrê-las como Michelângelo pintava, como Beethoven compunha, como Shakespeare escrevia.”

E para encerrar, deixo-lhes uma reflexão do Osho: “a palavra coragem é muito interessante. Ela vem da raiz latina cor, que significa “coração”. Portanto, ser corajoso significa viver com o coração. E os fracos, somente os fracos, vivem com a cabeça; receosos, eles criam em torno deles uma segurança baseada na lógica. Com medo, fecham todas as janelas e portas – com teologia, conceitos, palavras, teorias – e do lado de dentro dessas portas e janelas, eles se escondem. (…) O caminho do coração é o caminho da coragem. É viver na insegurança, é viver no amor e confiar, é enfrentar o desconhecido. É deixar o passado para trás e deixar o futuro ser. Coragem é seguir trilhas perigosas. A vida é perigosa. E só os covardes podem evitar o perigo – mas aí já estão mortos. A pessoa que está viva, realmente viva, sempre enfrentará o desconhecido. O perigo está presente, mas ela assumirá o risco. O coração está sempre pronto para enfrentar riscos; o coração é um jogador. A cabeça é um homem de negócios. Ela sempre calcula – ela é astuta. O coração nunca calcula nada.”

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Marco Aurélio Mello

Jornalista, radialista e escritor.


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