Sobre Privilégios 2

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Por Marco Aurélio Mello

por Marco Aurélio Mello

Seis crianças estão diante de um tabuleiro de Banco Imobiliário.

Três meninos e três meninas.

Quatro são brancas, de biotipo europeu.

Uma delas tem biotipo negro e outra asiático.

O monitor ao distribuir as cartas explica que os meninos brancos vão ter uma companhia a mais cada e as meninas brancas uma propriedade a mais cada.

O dinheiro também será dividido entre as partes de forma desigual privilegiando-se os de biotipo europeu.

As crianças negra e oriental se entreolham constrangidas e se calam.

As meninas brancas ignoram as duas crianças que não receberam nenhuma vantagem, mas questionam porque os meninos brancos receberam companhias e elas propriedades.

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O monitor explica que ele quer reproduzir no tabuleiro aquilo que já acontece na vida real: primeiro vem os meninos brancos, depois as meninas brancas. Só depois vem meninos e meninas de outras etnias.

O menino negro diz que neste caso prefere não jogar.

É interpelado por quê.

Ele explica que não terá graça jogar sabendo que ele só dependerá da sorte nos dados para ganhar.

Como ele não se considera do tipo sortudo acha que vai ser perda de tempo.

Não tem graça nenhuma, para ninguém, jogar um jogo em que não há competitividade, em que as condições não são equivalentes.

Em seguida, a menina oriental também desmotivada decide deixar o tabuleiro.

A lógica da exclusão social é assim, começa se apresentando como desigualdade em condições sociais muito diferentes.

Até que “os mais fracos” vão ficando à margem, e desistem de jogar.

Um dia “os mais fortes” passarão por eles em automóveis reluzentes e os culparão por terem desistido, não é mesmo?

Serão taxados de vagabundos, preguiçosos…

Gente que é melhor matar porque assim deixa de custar aos cofres públicos.

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Marco Aurélio Mello

Jornalista, radialista e escritor.


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