Por Marco Aurélio Mello
por Marco Aurélio Mello
Ligo o computador e abro nos principais sítios de notícia, tanto os da mídia tradicional, quanto os da mídia alternativa.
É quase tudo sobre o julgamento da cassação da chapa Dilma-Temer, os desdobramentos do grampo do dono da JBS envolvendo o déspota, a não-prisão do Aécio, o teatro do absurdo do Gilmar, e os abusos da Lava Jato.
Aí eu penso: será que mesmo os esclarecidos têm tanta disposição assim para acompanhar noticiário tão abundante, redundante e intrincado? Será que já não estamos todos saturados?
Se para quem é do ramo da comunicação já é difícil acompanhar, imagine para os que têm tantas outras coisas a fazer ao longo do dia na luta pela sobrevivência individual?
Conheço uma mulher aposentada que é aficionada por notícias. Consome produtos jornalísticos da hora que acorda à hora que vai dormir. É admirável.
Assim como ela deve haver muitos outros. É difícil desligar, eu sei. Já trabalhei no que no jargão chamamos de hard news e é muito instigante.
Hoje prefiro acompanhar o noticiário por alto e fico mais interessado em análises e críticas ao conteúdo produzido do que ao conteúdo em si.
Sinto falta dos grandes analistas do passado. Os independentes se aposentaram, ou mudaram de ramo. Os adesistas, como o próprio nome diz, aderiram às teses dos patrões e ajudam a promover este linchamento indiscriminado, indiscriminado desde que não fira interesses empresarias dos grupos que os empregam, é claro.
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Triste momento histórico esse nosso.
Mas o mundo – ao contrário do que pensam os Datenas e os Marcelos Rezendes da vida – não está perdido. Há uma série de dados coletados mundialmente que atestam que a civilização evolui. Evolui silenciosamente, mas evolui.
Outro dia minha irmã me mandou um vídeo da monja Coen em que ela pergunta: vocês têm ideia de quanta coisa positiva está acontecendo no mundo neste exato momento? Por que não viram notícia?
Pois é, pesquisa rápida na internet me fez ver que foi um surfista de 22 anos, a partir do computador pessoal do quarto dele, que impediu o maior ciberataque mundial da história.
Um mercado em que o vendedor deixa seu produto e vai embora. O comprador escolhe, paga e também vai embora. Fica tudo na rua e ninguém mexe, nem nos produtos, nem no dinheiro. Na maior honestidade do mundo.
Se é saúde que tal esta manchete: mulher de 94 anos termina a meia maratona; ou então uma boa ação: jovem ambulante senegalês recebe seis reais em duas notas de dois e uma de cem e corre atrás o cliente para devolver o dinheiro pago a mais.
Concluo que, na real, estamos mesmo é contaminados. E a contaminação passa necessariamente pela escolha daquilo que queremos assistir, ler, ouvir. Experimente mudar de foco e de vibração. Posso garantir que o astral muda.
Vai por mim: ponha o amor em primeiro lugar. Você vai ver que até a cor cinza vibra.
Marco Aurélio Mello
Jornalista, radialista e escritor.
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