Por Marco Aurélio Mello
por Marco Aurélio Mello
Que reforma trabalhista que nada!
Há anos tenho sonhado com este dia.
Sabia que estava para chegar a qualquer momento.
Pois chegou.
Uma empresa de software, a Three Square Market , acaba de anunciar que vai implantar chips em cinquenta dos seus empregados a partir do dia primeiro de Agosto.
Uma notícia para correr o mundo e dividir opiniões no mais novo Fla-Flu das redes sociais.
Segundo a empresa, o dispositivo vai facilitar tarefas como abrir portas, acessar computadores, fazer cópias de documentos e compartilhar informações.
Também vai servir para controlar o tempo que o empregado dedica à atividade que ele executa.
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E, num futuro próximo, vai permitir também ativar “outros mecanismos”.
Claro que com toda ética.
A empresa garante: vai preservar a privacidade dos funcionários.
Mas o que é mesmo privacidade neste atual momento da humanidade?
Ir ao banheiro fazer o número um?
Ir ao banheiro fazer o número dois?
Por que não segurar o número dois para fazer em casa, ao invés de fazer na firma, muita gente se pergunta?
Em breve imagino uma condição análoga à escravidão, em que o chip vai funcionar como despertador, acionar a cafeteira eletrônica, ligar o chuveiro, a máquina de lavar e te deixar em condições de chegar ao trabalho sem que você tenha que gerenciar o tempo.
Afinal de contas que coisa mais chata gerenciar o tempo, não é mesmo?
Agora, imagina só a cena.
É madrugada e você está fazendo amor depois de um jantar a dois regado a um bom vinho.
Seu smartphone está devidamente desligado.
Você acha mesmo que aquele seu supervisor pelego vai ter algum pudor em te dar um toque, “acionar o chip”?
Como diria Thomas Jefferson (autor da Declaração de Independência Estadunidense): “o preço da liberdade é a eterna vigilância.”
Encerro esta reflexão ao som de Zé Ramalho: “Ê, ê, ô, vida de gado, povo marcado ê, povo feliz.”
Marco Aurélio Mello
Jornalista, radialista e escritor.
Comentários
Luiz Carlos P. Oliveira
Ê, Ê Ô, vida de gado
Povo marcado, povo feliz.
Só falta o ferro quente no lombo, com o logotipo da empresa. É o fim.
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