Por Marco Aurélio Mello
Nunca pensamos que fazer um festival de literatura e arte na roça fosse tarefa fácil.
Primeiro porque nós brasileiros lemos pouco.
Lemos pouco porque não somos incentivados, lemos pouco porque nossas escolas não dão tanta importância à leitura e lemos pouco porque no nosso país a televisão da sala vive ligada.
Em Minas Gerais lemos pouco também, é uma hipótese, porque temos uma cultura ligada à arte culinária, ao artesanato e à tradição oral, à contação de causos.
Também temos uma religiosidade forte, que exige de todos um convívio mais associado à fé e à devoção, com leituras dirigidas à essa finalidade.
No nosso caso em particular, de organizadores, há outro aspecto a se considerar: quando o sujeito sai da roça e vai para a cidade ele se “desconecta” da terra.
Vejo isso acontecer com muita clareza, porque vivo no centro de uma metrópole, São Paulo.
Só que hoje, adultos, temos necessidade de “voltar às origens” e uma vontade grande de resgatar nosso passado.
Então, boa parte de nós está fazendo o caminho de volta.
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Uns para se re-estabelecerem no campo, como nosso pais e tios, e outros para voltar de tempos em tempos em busca de “ar puro”.
Este ano a organização da FLAR teve a sensibilidade de reconhecer e respeitar tudo isso, o que trouxe certa magia ao evento.
Talvez este seja o balanço sincero que é possível fazer desses dias em que estivemos juntos.
Assim como em 2016, sentimos falta de mais gente, mas sabemos que tudo na vida é processo.
Já que o mineiro é desconfiado, ainda vamos levar um tempo para convencer o pessoal do entorno de que vale a pena conversar, recitar, cantar e dançar, tudo envolto numa atmosfera de valorização das tradições locais.
Devagarinho uma hora o grande público aparece.
Marco Aurélio Mello
Jornalista, radialista e escritor.
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