Por Marco Aurélio Mello
por Marco Aurélio Mello
Evita morreu, mas está viva até hoje.
José Genoíno está vivo, mas para muitos é como se estivesse morto.
A analogia parece descabida.
Mas nasceu de uma dessas peças que o cotidiano nos prega.
Foi no cine Belas Artes, em São Paulo, na sala Mario de Andrade, o modernista, pai de Macunaíma.
O filme em cartaz mostrava como Eva Péron teve seu corpo embalsamado e desaparecido, reclamado pelos argentinos durante 25 anos, até que fosse repatriado.
Ninguém reclama por José Genoíno, ali na mesma sala, na fileira da frente ao lado de sua inseparável companheira Rioco.
Eu sim, fiz questão de reclamá-lo.
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Ao final da sessão fui ao seu encontro e disse: “excelência, é uma honra cumprimentá-lo. Um dia o país vai reconhecer seu valor. Foi um prazer revê-lo.”
Genoínio, num misto de pasmo e gentileza, limitou-se a agradecer a cada uma das três frases.
Certamente o ex-deputado ficou tentando resgatar na memória quem era aquele admirador, fã, ou eleitor…
Mas ele não seria mesmo capaz de me identificar.
Afinal, foram poucas vezes em que estivemos juntos, na TV Globo de São Paulo e nos corredores do Congresso Nacional.
Um dos políticos mais importantes da redemocratização, Genoíno é um ex-combatente da Guerrilha do Araguaia. Foi capturado e ficou preso durante cinco anos.
No fim dos anos 70, anistiado, tornou-se um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, do qual foi presidente, e pelo qual militou até até 2013, quando foi preso novamente, condenado por corrupção ativa no caso Mensalão.
Como Deputado Federal por mais de duas décadas tornou-se um dos maiores especialistas no Regimento Interno da Câmara, capaz de impor grandes derrotas ao Governo, quando na oposição, e grandes vitórias, quando na situação.
Na minha opinião Genoíno é um dos políticos brasileiros mais injustiçados de nossa história recente.
História que tenho certeza será revisada um dia.
Quando isso acontecer, serão poucos a gritar nas ruas, como os que reclaram o corpo de Evita.
Mas serão gritos suficientes para reparar todo mal que nosso país causou não só a ele, mas à sua família, amigos e admiradores.
José Genoíno, tenho orgulho de ter sido seu eleitor, tenho orgulho de ter convivido com você na política e principalmente, tenho orgulho de saber que seu maior legado sobreviverá.
Porque há luzes que não se apagam.
Marco Aurélio Mello
Jornalista, radialista e escritor.
Comentários
Antonio
Uma homenagem merecida a um homem que se mantém fiel às suas crenças.
Entre tantos brasileiros ele é daqueles que tem caráter e dignidade.
Sempre foi o candidato escolhido por mim para receber meu voto.
Não está esquecido, jamais será esquecido.
Edlberto Pires
Só Deus, os homens da lei enfeitados de panos preto dizem togas, paramentos somente, principalmente são os mais desonestos, ganham para julgar e condenar com grana pública os inocentes a história tai para contar, recordemos os julgamentos mais graves da história, Jesus, Joana D”Arc, e tantos pacificadores e impressionante como se repete os mesmos erros e viciações. Enquanto os verdadeiros criminosos ricos abusados etc. gozando do fruto de seus roubos e rombos, a exemplo Temer Cunha Neves os jucares da vida etc.etc. Esperar o Que?? No Brasil suposta justiça tem LADO e economicamente só os mais pobres são condenados a esperança é a mudança depende dos mais novos nem tudo esta perdido
Luis
Já votei e teria meu voto novamente e conjuntamente co o José Dirceu. Brssileiros com B maiúsculo. Quando vcs voltarão?
Bonobo de Oliveira, Severino
O Genoino foi vítima do novo criminoso em destaque no submundo do crime, no Brasil. Os mesmos que tanto falaram em Criminoso do Colarinho Branco, agora se calam diante do sucesso dos Criminosos da Toga Preta.
“No fim dos anos 70, anistiado, tornou-se um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, do qual foi presidente, e pelo qual militou até até 2013, quando foi preso novamente, condenado por corrupção ativa no caso Mensalão.”
Condenação encomendada aos marionetes do e$$e te efe, baseada numa denúncia fraudulenta produzida pela PGR – patifaria geral da república – sem comprovação de condutas delitivas, sem individualização de condutas e sem provas de sustentação dos crimes alegados. Não é correto afirmar que foi “condenado por corrupção”!! Foi submetido a um linchamento público, como estão tentando fazer com o Lula agora. Porque não teve direito à ampla defesa, nem a um julgamento justo e foi julgado por um grupo de marionetes fantasiados, bandidos escondidos atras de togas, vendidos, que não pode ser considerado um Julgamento, nem uma Corte de Justiça. Não pode ser comparado nem a uma casa de tolerância, porque até na atividade das meretrizes há limites éticos e morais que lá não comparecem.
“Mas serão gritos suficientes para reparar todo mal que nosso país causou não só a ele, mas à sua família, amigos e admiradores.”
Nada, nenhuma forma de indenização, jamais será suficiente para reparar o Mal imposto a Genoíno. Mas há muitas formas de fazer justiça com aqueles criminosos que lhe causaram tantos sofrimentos. Uma forma de, pelo menos, não agregar sofrimento ao seu martírio, é não reconhecer como naturais os crimes praticados contra ele e nem legitimidade aos bandidos que os praticaram.
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