Por Marco Aurélio Mello
por Marco Aurélio Mello (*)
Considere uma economia de água, luz e cafezinho em torno de 20%.
Considere um aumento de produtividade por volta de 10%.
Considere uma diminuição no stress da equipe em torno de 12%.
E uma sensação de bem estar na vida que vai de pouco mais da metade dos trabalhadores para três em cada quatro.
Qual empresa não gostaria de ter um gestor que implementasse mudanças desta magnitude?
Pois um companhia conseguiu esses números adotando uma medida absolutamente impensável para os capitalistas selvagens, abrigados sob o manto da Fiesp, aquela federação cujo dirigente prega que o trabalhador pode fazer seu almoço em pé, em 15 minutos.
E que medida foi esta?
Entre Março e Abril deste ano uma companhia neozelandeza cujo nome não importa, porque afinal não ganho para promovê-la, colocou mais de 200 funcionários sob regime de 32 horas, em vez das regulares 40 horas semanais. E, em vez de expediente em cinco dias, quatro por semana.
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Detalhe: sem queda de rendimentos, nem benefícios.
As estatísticas foram apresentadas por pesquisadores das universidades locais, convidadas a levantar e tabular os dados.
Nos dias livres os trabalhadores relataram ter se dedicado à família, ao lazer, às atividades físicas, à culinária e aos hobbies.
O efeito notado pelos supervisores foi, inclusive, aumento de criatividade.
Equipe mais feliz tem mais foco, fuma menos, toma menos café, fica menos tempo na internet e conversa só o necessário.
Também deixa de chegar atrasada, de ir embora mais cedo, ou de demandar serviços de saúde ambulatorial, uma baita economia.
Para a cidade a medida reflete na redução de trânsito e poluição.
O presidente da empresa, que foi quem teve a ideia, disse ter se inspirado em um estudo britânico e, agora, quer tornar o experimento permanente, dependendo apenas de ajustes, com base nas leis trabalhistas daquele país.
Portanto, trabalhar muito não significa ficar muitas horas no local de trabalho.
No meu caso, que há quase quatro anos tenho um emprego de 20 horas semanais divididas em três dias por semana, posso assegurar: minha produtividade é alta, tão alta quanto a que eu tinha quando trabalhava 44 horas por semana, de segunda a sábado.
(*) A fonte de inspiração deste artigo é o Expresso, do Nexo, que se baseou em reportagem do The New York Times.
Marco Aurélio Mello
Jornalista, radialista e escritor.
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