Por Marco Aurélio Mello
Você certamente já viu um objeto de cerâmica coríntia, como a placa que ilustra o texto, de mais de 500 anos antes de Cristo.
Repare que seus homens e mulheres têm pele escura, apesar da nossa visão ocidental, eurocêntrica, que tenta clarear as coisas.
Pois bem, cheguei aos coríntios não por causa da polêmica do gol anulado no clássico contra o Flamengo no último domingo.
Fui parar na “Coríntia” hoje depois de um bombardeio de más notícias da mídia eletrônica, via internet.
Antes a gente reclamava de ignorância por falta de informação.
Hoje, ao contrário, a ironia não é pela falta, mas pelo excesso.
Já perguntava Caetano, em Alegria, alegria, há quase 50 anos: “quem lê tanta notícia?”
No nosso caso, hoje, são más as notícias, muitas.
Más notícias para o nosso país, para os nossos pares mais pobres, para os presos provisórios, para os nossos irmãos venezuelanos…
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É tanta má notícia que deveria desanimar, mas não, eu resisto.
Eu resisto porque tenho certeza de que a luz brilhará sobre as trevas: “…eu vou, por que não?”
E insisto naquele que já está consagrado como melhor caminho: o Amor.
Volto aos coríntios, à Primeira Epístola aos Coríntios, atribuída a Paulo.
Sim, àquela tal epístola da música do Renato Russo, do Legião Urbana: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor (…) eu nada seria…”
E pergunto: quem eram os coríntios?
Descubro que os coríntios eram os fiéis da igreja de Corinto, nos anos 55 dC, sob ocupação do Romanos.
Refiro-me portanto a depois de Cristo.
Paulo pregava aos cristãos, que viviam naquela cidade, cuja existência remonta a aproximadamente 6.000 anos antes do filho do Homem vir à Terra.
A cidade levava o nome de seu fundador, Corintos, um dos filhos de Zeus.
O local foi um dos mais importantes portos, pontos de comércio, arte e cultura da Antiguidade Clássica.
Lá funcionaram dois grandes templos: o de Afrodite, a deusa do Amor e da fertilidade e o de Apolo, deus das artes e da beleza masculina.
Segundo a história, mil sacerdotisas do templo de Afrodite desciam até a cidade no fim da tarde onde vendiam seus corpos em devoção à luxúria o ao prazer.
A cidade chegou a ter 250 mil habitantes, um feito para aquela época, dá para imaginar?
Corinto resistiu aos Persas e às rivais gregas Atenas e Esparta.
Só veio a sucumbir diante do Império Macedônio, sob comando de Alexandre, o Grande.
Em 146 aC os Romanos finalmente tomaram Corinto, destruindo a cidade inteira, matando todos seus homens e vendendo suas mulheres e crianças como escravos.
Depois disso, a capital do Amor na Antiguidade foi incendiada e só veio a ser reconstruída 100 anos depois.
Outros saques e destruições se sucederam.
Tudo isso para dizer que Temer, seus homens velhos e brancos e todos os poderosos que saqueam nosso país vão passar.
Enquanto isso, foco no amor, minha gente!
Por que este não sucumbe nunca!
“Eu vou, porque não, porque não, porque não…”
Marco Aurélio Mello
Jornalista, radialista e escritor.
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