O “pesado fardo” que ainda cabe ao homem ocidental

Tempo de leitura: 2 min

Eu observava a imagem que o Erick da Silva postou no Facebook (acima) quando me ocorreu que, na edição mais recente da revista britânica Economist uma charge tinha me chamado a atenção.

É esta:

Um homem (branco, é claro), vestido de guarda-costas, reluta em atender ao pedido de socorro, antes de mergulhar no antro de tubarões que é o Oriente Médio. A consciência dele — ah, quanta bondade ocidental — pede que ele mergulhe de cabeça.

É incrível como sobrevive a ideia do white man’s burden, o fardo que o homem branco teria de carregar para “civilizar” os ímpios.

Lembrei, também, de uma visita a um museu de Windhoek, a capital da Namíbia, quando buscávamos informações sobre o massacre dos herero praticado por colonizadores alemães, na virada do século 19 para o 20.

Obtivemos no museu fotos dos crânios que médicos alemães recolheram nos campos de concentração em que os herero morreram aos milhares (muito, muito antes de Auschwitz e Sobibor). Os crânios eram despachados para a Alemanha e abasteciam a pseudociência que sustentava a superioridade da civilização branca. Belíssima justificativa para matar e roubar as terras dos herero, que resistiam.

O livro Biography of Africa, que já recomendei anteriormente aqui, tem um belíssimo capítulo dedicado a descrever como os europeus brancos “inventaram” um discurso para a África que acabou assimilado pelos próprios africanos. O discurso do Dark Continent, o Continente Negro, entendido aí como um espaço incapaz de qualquer contribuição à Humanidade.

É curioso notar como aquele antigo discurso se transforma para atender às normas sociais do século 21, este multiculturalismo de fachada que continua ligado à ideia de superioridade do homem branco ocidental.

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Comentários

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eliezer

Os povos muçulmanos usam terror e oprimem suas mulheres, mas não querem que os outros falem mal deles.
Ridículo.

Marcel

Engraçado que os esquerdistas que ficam preocupados com a questão das muçulmanas, defendem liberdade sexual, direitos aos LGBT entre outros… , legalização do aborto e planejamento familiar, ou sintetizando em poucas palavras, liberdade de decidir que rumo dar a própria vida. Algo que é vedado para as mulheres que vivem sob a tradição islâmica. Quando alguém destes lugares defendem estes direitos e é reprimido pelos poderes de lá, em vez de receber solidariedade é tachado de "ocidentalizado".

Enquanto isto:

Afegã presa por ter sido violentada terá de se casar com estuprador;

Em Bangladesh, homens desfiguram com ácido 2.700 mulheres.

Em http://www.paulopes.com.br/2011/11/afega-pega-12-… e http://www.paulopes.com.br/2011/11/em-bangladesh-… , respectivamente.

Interessante, não?

Marcel

Será que estão censurando meus comentários?

Marcel

Enquanto discutimos o sexo dos anjos, aconteceu isto:

Afegã presa por ter sido violentada terá de se casar com estuprador;

Em Bangladesh, homens desfiguram com ácido 2.700 mulheres.

Em http://www.paulopes.com.br/2011/11/afega-pega-12-… e http://www.paulopes.com.br/2011/11/em-bangladesh-… , respectivamente.

Interessante, não?

Molina

Aqui no Brasil provavelmente deixaríamos milhares de clitores mutilados com a desculpa de "respeito a outras culturas".

Fabio_Passos

A difamação constante e perseguição aos muçulmanos é marca das modernas sociedades ocidentais.
Preconceito. Racismo.
O resultado são a tolerância, indiferença e apoio as invasões, torturas, assassinatos e genocídios perpetrados contra os muçulmanos.

    Jeziel

    Engraçado é que aqui (e em outros blogs de "esquerda") se pode difamar constantemente os cristãos, como se todos fossem ignorantes, estúpidos e intolerantes e sem o menor embasamento histórico. Aí não é preconceito, nem intolerância…
    Por que será?

Rodrigo

Lembrei dos tempos em que toda alemã oriental e toda russa seria necessariamente uma mulher feia, gorda e masculinizada.
Alguém lembra?

    Nelson

    Bem lembrado, Rodrigo.

Cristiana Castro

A opressão feminina não tem nada a ver com o vestuário. A mulher ocidental não usa burka, pode até sair nua e é, infinitamente ,mais oprimida pq o controle não passa pelas vestes e sim incide, diretamente sobre o seu próprio corpo. A mulher muçulmana não tem opção de vestes e nós não temos opção de corpo. Somos obrigadas e morrermos jurando que é nossa opção, nossa cultura, o desespero com relação a forma física. Usamos todas as desculpas que compramos e julgamos serem nossas idéias, é pela saúde, é minha auto-estima, é estilo de vida, e blá, blá blá… Balela… é uma imposição e nós não conseguimos sair disso, sequer conseguimos admitir que somos controladas e, com a maior cara de pau, exigimos para as outras a nossa "liberdade".

internauta

a afirmação de que "Não há nos países muçulmanos a possibildiade de uma mulher se declarar lésbica, atéia ou ter liberdade sexual, já que sua sexualidade se dá no casamento e de acordo com o desejo do marido" vale também para o ocidente, notadamente no meio oeste americano que elegeu tantos "chefes do mundo". As liberdades ocidentais ventiladas nos comentários ocorreram em contraposição à postura cristã, e só muito recentemente (poucas décadas) na história milenar do ocidente-judaico-cristão. Proibiram a burca na França, sob pretexto de segurança pública, por ser vestimenta que cobre o rosto, mas não proibiram a balaclava (capuz) que cobre o rosto igualmente. Ou seja, uma pessoa mal intencionada não usará a burca mas a balaclava para seu delito, enquanto que uma parcela religiosa na França ficou privada de um signo religioso seu.

Luiz Felipe

Nossa, que comparação hein?

Azenha, retire esse post do seu blog. Tenho certeza que a ideia de publicá-lo não partiu de você.

    Cristiana Castro

    Eu acho uma boa comparação pq define o caráter da mulher a partir das vestes; independente de religiosidade. A "boa"mulher se cobre e, por essa razão as religiosas cobrem o corpo. Num primeiro momento parece mesmo o que o pessoal está falando, ah mas é muito diferente pq a muçulmana não tem opção e a freira escolheu essa vida. Ocorre que o Ocidente ridiculariza o corpo feminino coberto, aqui, se se cobriu é freira pq a obrigação é corpo exposto. Todas as mulheres da ilustração seriam ridicularizadas no Brasil, de forma, por vezes, velada mas seriam. Da mesma maneira, uma mulher com poucas vestes pode ser "lida", como não boa mulher em outras partes do mundo. Além disso, todas as ilustrações fazem referência a religiões; numa república islâmica o uso de determinadas vestes vai ser natural; não é uma opção, é uma conveção. As mulheres que desafiam essa convenção pagam por isso, como as freiras vão pagar se entrarem no convento de minissaia, como nós pagaremos de ficarmos gordas. É hipocrisia mesmo; só aceitamos os nossos costumes e convenções.

    Luiz Carlos Azenha

    Nossa, que exagero! Parece até a polícia de supressão de posts! rsrsrs abs

    Luiz Felipe

    ahahah

    Nada disso. E tenho quase certeza que a ideia não foi sua.

    rs

    Willian

    Daria um ótimo episódio do Monty Python: "A Polícia de Supressão de Posts" heheheheh

    Marco Couto

    porque ele deveria retirar esse post?

Willian

As freiras católicas e ortodoxas o são por uma escolha de vida. Já as muçulmanas não tem esta escolha, há uma imposição da religião e dos homens. São coisas diferentes. Não há nos países muçulmanos a possibildiade de uma mulher se declarar lésbica, atéia ou ter liberdade sexual, já que sua sexualidae se dá no casamento e de acordo com o desejo do marido. O adultério feminino pode ser punido com a morte por apedrejamento.

    Marcel

    O único comentário lúcido até este momento.

dukrai

eu botava a foto de um pinguim imperador, com a legenda Natureza – Evolução.

ass: materialista

Willian

As mulheres que decidem ser freiras católicas/ortodoxas o fazem por uma escolha pessoal de vida; já as muçulmanas não tem esta possibilidade de escolha. São coisas completamente diferentes…

Will

Na minha opinião todas as mulheres da primeira foto são vítimas de opressão. E por mais que alguém fale que usar essas roupas é uma escolha e não uma obrigação, temos que lembrar que principalmente quando falamos do hijab (véu muçulmano), não usá-lo geralmente significa ser taxada como sexualmente promíscua ou indigna. Em alguns lugares do mundo islâmico, mulheres que rejeitam qualquer tipo de véu são frequentemente vítimas de ataque com ácido no rosto, castigos corporais e estupros.
Sem contar que geralmente a justificativa dada para o uso do véu é a idéia que a mulher tem que se vestir com decência e modéstia, para assim não encorajar a luxúria por parte dos homens. Isso é sexismo puro! Primeiro porque culpa as mulheres pela luxúria masculina (o famoso "culpar a vítima") e segundo porque insinua que os homens não conseguem controlar seus próprios desejos.

    Marcel

    Engraçado que os esquerdistas que ficam preocupados com a questão das muçulmanas, defendem liberdade sexual, direitos aos LGBT entre outros… , legalização do aborto e planejamento familiar, ou sintetizando em poucas palavras, liberdade de decidir que rumo dar a própria vida. Algo que é vedado para as mulheres que vivem sob a tradição islâmica. Quando alguém destes lugares defendem estes direitos e é reprimido pelos poderes de lá, em vez de receber solidariedade é tachado de "ocidentalizado".

    Durma-se com um barulho destes.

leo

A comparação da primeira figura é digna de facebook mesmo. Que é um meio onde prospera o vazio compartilhado por muitos.
São situações diferentes.
O caso católico se restringe a ordens, não imposto a parte ou totalidade da população como no caso das outras duas religiões semitas.

Lu_Witovisk

Triste demais.

simão, o simio

a alternativa seria….???????????

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