Financial Times: A imensidão do que ainda há por fazer

Tempo de leitura: 2 min

Censo de 2010 mostra que as desigualdades no Brasil persistem

por Joe Leahy, de São Paulo, no Financial Times

O Brasil ainda está muito longe de se tornar uma sociedade mais igualitária, apesar dos avanços significativos da última década, quando milhões de pobres subiram para as classes médias, de acordo com o Censo de 2010.

Entre as desigualdades mais aparentes, os dados descobriram que 25% da população ainda vivem com uma renda média per capita de até 188 reais e metade da população com até 375 reais. Isso comparado com o salário mínimo de 510 reais em 2010.

“Os resultados do Censo de 2010 mostram que a desigualdade de renda ainda é muito forte no Brasil, apesar da tendência declinante observada em anos recentes”, disse o escritório de dados governamental, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística — conhecido como IBGE.

Uma vez notório por sua divisão entre ricos e pobres, o Brasil deu grandes passos na última década. A ascensão de uma nova classe média, que está atraindo uma onda de investimentos multinacionais, de companhias de automóveis a fabricantes de alimentos, que competem por uma fatia do mercado, foi possível graças a aumentos do salário mínimo, melhoria dos benefícios de bem estar social e um gerenciamento econômico estável.

Em particular, governos sucessivos foram capazes de acabar com a inflação desenfreada, que erodia o valor dos salários e a poupança dos que ganhavam menos, enquanto beneficiava os que eram suficientemente ricos para comprar propriedades ou poupar em dólares.

De acordo com um estudo da Fundação Getúlio Vargas, uma instituição acadêmica, um número estimado de 33 milhões de pessoas subiram para as assim-chamadas “novas classes médias” desde 2003. Hoje, 105,5 dos 190 milhões de brasileiros pertencem a este grupo, ganhando entre 1.200 e 5.174 reais por domicílio.

Mas o Censo indica que centenas de milhões de pessoas ainda precisam avançar ou foram deixados completamente para trás. Discrepâncias entre as raças são as maiores. O salário médio mensal dos brasileiros brancos era de 1.538 reais em 2010, de orientais 1.574, quase o dobro dos salários de negros ou pardos, com 834 reais e 845 reais, respectivamente, e mais que o dobro dos indígenas, de 735 reais.

Os brancos também vivem mais, enquanto negros e pardos representam maior proporção entre as pessoas de menos de 40 anos de idade. “Os brancos tem maior proporção entre as pessoas na terceira idade — os com mais de 65 anos, mas especialmente os com mais de 80 anos — o que provavelmente está ligado a diferenças nas condições de vida, acesso a tratamentos de saúde, além de distribuição desigual de renda”, disse o IBGE.

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O mesmo padrão é visto nos níveis de analfabetismo. Embora a taxa de analfabetismo nacional dos que tem mais de 15 anos tenha caído de 13,63% em 2000 para 9,6% em 2010, chega a 28% em algumas cidades médias nas regiões mais pobres do Nordeste.

O analfabetismo entre os negros era de 14,4% e entre os pardos de 13% em 2010, quase o dobro do índice de analfabetismo entre os brasileiros brancos, de 5,9%.

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Comentários

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EUJASABIA

Na época do FHC, esses números eram ainda mais alarmantes.

Aos poucos a gente melhora.

Quanto à Europa, se ela colocar os imigrantes em seus dados, os índices caem.

Marcos W.

E no "mundo rico",Joe,nos EU ou na Europa Ocidental,quais as diferenças de renda,escolaridade,expectativa de vida,percentual de desempregados,etc,etc,entre os brancos,de um lado,e negros,pardos,turcos,marroquinos,latino-americanos,de outro?!Ou não há diferenças?!Ou,se existem diferenças,são menores,e a questão é de grau,apenas,mas essencialmente a mesma,senão pior,afinal,EU e Europa acumulam riquezas,muitas as custas dos brasileiros,há muito tempo?!

Filipe Rodrigues

Como tem gente tola na esquerda, não percebem que estão sendo pautados pela mídia, depois de divulgarem dados defasados do IDH, pode se duvidar que esse dados do Censo divulgados pela mídia não batem com o crescimento já confirmado da classe média nacional. Eles pegaram o salário médio do brasileiro R$ 1500,00 (salário de classe média, 105 milhões de brasileiros e 52% da população do país) dividiram por 4 (média de integrantes na famíla brasileira: pai, mãe e 2 filhos) e assim chegaram ao número "mágico" de R$ 375,00 por pessoa numa família e tem gente achando que o Brasil tem renda per capita de país africano.

Campineiro

Sim, O Brasil foi inventado em 2003

    Luis

    sim

FrancoAtirador

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Analfabetismo funcional atinge 20,3% da população brasileira

Por Kurth Tonn, Ana Carolina Moro e Natália Castilho; na acifv

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), divulgada esta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) um em cada cinco brasileiros é analfabeto funcional, ou seja, possui menos de quatro anos de estudo. Este número corresponde a 20,3% da população. Apesar de a taxa ser alta, o analfabetismo em pessoas com 15 anos ou mais caiu 1,8 pontos percentuais, em relação ao último censo, realizado entre 2004 e 2009.

No ano passado, o Brasil contava com 14,1 milhões de analfabetos, o que corresponde a 9,7% da população com mais de 15 anos. Entre as regiões brasileiras que apresentaram o maior índice de analfabetismo está o Nordeste. No entanto, foi o local que teve a maior queda em comparação ao mesmo período dos PNADs anteriores. De 22,4% passou para 18,7% da população. Já, o analfabetismo funcional caiu 6,6 pontos percentuais de 2004 para 2009. O mesmo cenário se repete com o analfabetismo funcional, que caiu de 37,4% em 2004 para 3,8% em 2009.

Já o Norte teve uma queda de 0,1 pontos passando de 9,7% para 9,6% de analfabetismo. O Sudeste foi de 5,4% para 5,2%, uma queda de 0,2%. No Centro-Oeste de 7,4% caiu para 7,3% e o Sul manteve as estatísticas, em 5%, sendo região com o menor índice de analfabetismo.

De acordo com os dados do IBGE, o analfabetismo funcional atual é reflexo do envelhecimento da população. Os jovens analfabetos do passado são hoje os adultos com mais de 50 anos. A taxa de analfabetismo nesta faixa etária é de 21%.

Atualmente

A população com ensino superior completo em 2009, segundo a PNAD, chegou a 10,6%, 2,5 pontos percentuais a mais do que em 2004. Já a população com ensino médio completo sofreu um aumento de 18,4% para 23% e, cerca de 55,2 milhões de brasileiros freqüentam a rede pública de ensino. Em 2008 este número era de 55,4 milhões, apresentando uma queda de 0,3%.

Crescimento registrado é de 2,2% entre 2008 e 2009

A renda média mensal de trabalho dos brasileiros entre os anos de 2008 e 2009 cresceu 2,2%, indo de R$ 1.082 para R$ 1.111. O aumento foi maior do que o registrado entre 2007 e 2008, que era de 1,7%, mas ficou abaixo dos índices registrados entre 2006 e 2007, que foi de 3,1% e entre 2005 e 2006, de 7,2%.

Sobre as regiões com maior crescimento o Norte está na frente, com 4,4%, com um salário mínimo de R$ 921, seguido pelo Sul, com 3% e uma renda mensal média de R$ 1.251. O Nordeste vem logo atrás com um crescimento de 2,7% e um salário de R$ 734, seguido pelo Sudeste com 2% e uma remuneração de R$ 1.255.

A única região que registrou uma queda na renda média mensal foi o Centro-Oeste, com -0,6%. No entanto é a que apresenta a maior renda de R$ 1.309. Já o rendimento médio domiciliar ficou em R$ 2.085, um aumento de 1,5% em relação a 2008, que registrava R$ 2.055.

Número de idosos é três vezes maior do que a população em si

O Brasil registrou entre os anos de 2004 e 2009 um aumento de 53,7% de participação populacional com mais de 25 anos de idade. Em compensação, aqueles com menos de 24 anos apresentou uma queda de 46,3% para 41,6% no mesmo período. A redução na população, entre os anos de 2008 e 2009, foi de 642 mil pessoas com idade até 24 anos.

Sobre aqueles com idade entre 25 e 59 anos o aumento registrado foi de 108 milhões de pessoas e a taxa de fecundidade caiu de 2,1 filhos em 2004 para 1,9 filhos por mulher em 2009. A população com mais de 60 anos registrou um aumento de 697 mil pessoas no ano passado o que representa um aumento de 3,3% contra 1% no crescimento da população atual do País, segundo a PNAD.

Quanto às etnias, a população residente era composta por 48,2%, ou seja, 92,5 milhões de pessoas que se declararam brancas; 6,9%, 13,3 milhões, pretas; 44,2%, 84,7 milhões, pardas e 0,7%, 1,3 milhão, de amarelas e indígenas. Em 2004, o crescimento foi de 2 pontos percentuais na proporção dos que se declararam pardos, com 42,2% e de 1 ponto percentual dos pretos, 5,9%.

Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE em:

http://migre.me/6bmjA

    EUNAOSABIA

    O número de analfabetos aumentou durante o governo Lula.

    E o cara ainda quer ser prefeito….. tá ruim pra ele por aqui….

    FrancoAtirador

    .
    .
    Em São Paulo o analfabetismo funcional tem aumentado uma enormidade.

    Os TROLLs paulistas que infestam o Viomundo são a prova material disso.

    Eles não compreendem nada do que está escrito aqui.
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