Washington Araújo: Ética & Imprensa, os desafios da profissão

Tempo de leitura: 6 min

por Washington Araújo, no Observatório da Imprensa

Convidado para discorrer sobre “Ética e Imprensa” para concluintes de Comunicação Social do Centro Universitário de Brasília, resolvi elencar alguns tópicos afetos a tema tão vasto. Inicialmente me perguntei sobre o que seria apropriado falar para meia centena de jovens que, com idade média inferior aos 25 anos, em breve se formarão jornalistas.

A seguir destaco algumas reflexões que incendiaram a imaginação (e os debates) desses meus futuros colegas:

Mercado de trabalho em constante mutação

Diante do advento das novas mídias, em especial o desenvolvimento da web, é notório o encolhimento do número de jornalistas trabalhando em redações. Isto ocorre porque os veículos de comunicação impressa enfrentam pesadas dificuldades financeiras, uma vez que passaram a ter concorrência direta dos meios virtuais na disponibilização de notícias à sociedade. Os meios virtuais oferecem de forma gratuita o que antes se conseguia mediante pagamento de assinatura ou de exemplar avulso. E se a divulgação de notícias na web é feita no momento mesmo em que esta acontece, no caso dos jornais temos um lapso de 24 horas entre uma edição e outra e, nas revistas de circulação nacional, observa-se intervalo de uma semana.

Enquanto isso, no meio virtual, a notícia é complementada, recebe adições, é atualizada instante a instante. Alguns jornais, como o Jornal do Brasil, deixaram de circular em seu formato papel e passaram a existir apenas na blogosfera.

O fato é que sempre haverá mercado de trabalho para bons jornalistas. E bons jornalistas são aqueles que observam princípios éticos. E também aqueles que têm no pensamento sua incrementada oficina de trabalho. Bons jornalistas conhecem bem o idioma pátrio e sabem como escrever. Bons jornalistas lêem muito e têm familiaridade com os clássicos da literatura nacional e internacional. Para estes, o emprego estará sempre ao alcance.

Diploma de jornalismo

Vem de longe a querela jurídica entre os que defendem que jornalista necessita ter diploma universitário e aqueles que acham dispensável a exigência. O entendimento corrente do Supremo Tribunal Federal é o da dispensabilidade do certificado acadêmico. Neste ponto, observei quão desestimulante é a situação atual para quem está prestes a concluir quatro anos de curso superior na área da comunicação social. Se antes o diploma constituía divisor de água entre “jornalistas formados” e “jornalistas informais”, no momento todos se sentem aptos a disputar o mesmo mercado de trabalho.

A capacitação universitária foi relegada a um segundo plano. E, penso, a qualidade do trabalho jornalístico encontra-se temporariamente comprometida. Tem sido corriqueiro constatar a forma desleixada com que pretensas reportagens são colocadas na internet, sem a devida contextualização e sem atender os requisitos formais que transformam um punhado de informações em notícia.

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Não é o diploma que faz o jornalismo. Mas um jornalista com diploma, ao menos em tese, conhece bem o ofício. Tem conhecimentos específicos sobre como funciona o meio impresso, o rádio, a televisão e a internet. Consegue distinguir o que é notícia e o que não é. E terá em mente algumas das teorias da comunicação que em algum momento lhe serão de grande utilidade no exercício da profissão.

Monopólio dos veículos de comunicação

Poucos são os proprietários dos grandes veículos de comunicação. Não preenchem os dedos das duas mãos. E desfrutam do poder de decidir a agenda nacional, os temas a serem debatidos, as opiniões a serem disseminadas, o que é e o que não é notícia. São essas poucas famílias dos proprietários dos veículos de comunicação que dispõem de meios eficazes para a pronta divulgação de suas opiniões, especialmente em assuntos políticos e econômicos, em detrimento de opiniões contrárias.

Esse monopólio tem concentrado imenso poder para seus proprietários defenderem nada mais que os seus próprios interesses. Não é fantasioso admitir que parte de nossa grande imprensa tem sido subserviente ao grande empresariado, e não causa surpresa que os anunciantes exerçam controle da linha editorial. É necessária a promoção da pluralidade de idéias. E é bastante difícil tal pluralidade se os meios de comunicação formam, na prática, nefasto monopólio da informação.

A proibição à prática de monopólio na área da comunicação é objeto do parágrafo 5º do artigo 221 da Constituição Federal. Estipula nossa Carta Magna: “Os meios de comunicação não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio”. Democratizar o acesso aos veículos de comunicação facilita a quebra do monopólio e enseja a participação de novos protagonistas, personagens que terão direito não apenas à voz, mas também o direito de serem ouvidos. Nesta direção, outro passo positivo seria assegurar o pleno funcionamento do Conselho de Comunicação Social, previsto como órgão auxiliar do Congresso Nacional no artigo 224 da Constituição Federal.

Defesa do viés sensacionalista

Começando pelo jornalismo televisivo, cada vez mais a notícia passa a ser vista como mero entretenimento. O jogo de imagens e de sons colabora para, uma vez editorializado, apresentar a notícia em ritmo de videoclipe. É a sociedade do espetáculo onde mais vale a audiência, não importando a forma como esta precisa ser alcançada.

Conceder mais atenção ao efêmero, ao superficial e ao sensacionalista é a regra. A objetividade e a isenção, não importa quão difíceis sejam de alcançar no trabalho jornalístico, terminam sendo relegadas a um melancólico segundo nível de importância. Dessa forma, sua cobertura dos acontecimentos é a consagração do trivial ou, muitas vezes, apenas do senso comum. É a profundidade da lâmina de barbear deitada.

Na mesma linha podemos observar o papel desempenhado pela imprensa na formação de consumidores em detrimento de cidadãos. Tem sido comum encontrarmos “reportagens” que, ao fim e ao cabo, nada mais intentam que alavancar a venda de produtos, objetos, imóveis, máquinas e equipamentos etc. Cada vez mais “informes publicitários” são publicados de forma confusa e, muitas vezes, tentam se passar por reportagens. É dever prioritário do jornalista a busca constante de notícias, mas com responsabilidade, honestidade, independência, exatidão e imparcialidade.

O controle do mercado das ideias

A característica empresarial dos meios de comunicação ocupa crescente relevo na atividade da comunicação. E um fator determinante do empresariado é reduzir a concorrência. Neste caso, os efeitos nocivos logo se apresentam com o fortalecimento do pensamento único e a adoção de práticas francamente corporativas.

Na situação atual do Brasil pode-se afirmar que o mercado das ideias, que deveria ser livre e aberto, encontra-se em perigo. Os veículos de comunicação podem até divergir em sua linha editorial, mas a divergência é mais cosmética –no que realmente importa, fecham-se em copas. As ideias postas em circulação necessitam de adequada repercussão e, para tanto, se submetem a filtros ideológicos.

É fato que diariamente veículos de comunicação erram. E não é isto que se encontra em discussão. Afinal, a infalibilidade está longe de ser atributo de jornalistas, redatores etc. A ética necessita permear qualquer ofício humano. E neste caso, a ética nada mais é que a observância de preceitos morais, o cultivo do senso de justiça, a livre e independente pesquisa da verdade. Mas se o indivíduo não preza a ética em sua vida privada dificilmente o fará em seu trabalho profissional.

Resistência a transformações sociais

Os meios de comunicação muitas vezes se posicionam como pontas de lança na resistência a adoção de novas políticas públicas, em particular aquelas que têm como objetivo saldar dívidas históricas com segmentos vulneráveis da população. Tem sido assim com a questão do desarmamento, tem sido assim com a adoção de cotas para acesso à educação superior por parte de afrodescendentes e de indígenas. Para criar obstáculos a mudanças sociais tem sido comum a concessão de amplo espaço para o jornalismo de opinião, escalando-se intelectuais afinados com o discurso a ser defendido.

O clamor da sociedade para uma melhor qualidade da programação da televisão aberta tem sido constantemente rotulado pelos principais meios de comunicação como atentados à liberdade de expressão no país.

O ocaso do “outro lado”
É comum a invasão da privacidade das pessoas. Revistas e jornais de circulação nacional começam a divulgação de escândalos sabendo de antemão quem são os bandidos. As reportagens buscam alcançar o veredicto esperado. A intensidade com que são feitas as denúncias não guarda paralelo com o interesse em se ouvir o saudável “outro lado”, as percepções sobre o mesmo tema colocadas sobre outros enfoques. É corriqueiro que os veículos de comunicação usurpem de funções privativas do Poder Judiciário: instauram processo, fazem a denúncia, promovem a acusação, escolhem os jurados que, na forma de opinião, defendem seus interesses e, finalmente, dão publicidade à condenação.

Na maioria dos casos recebem despreocupadamente a notícia de que serão processados por quem se sente caluniado, difamado. A despreocupação vem de um histórico em que os veículos são quase sempre absolvidos nas várias instâncias judiciárias. Juízes são contumazes em transformar crimes de calúnia e de difamação em meras práticas jornalísticas na investigação de um tema ou de uma pessoa. E se o demandante ocupa cargo público não é incomum que se levante até a tese do cerceamento da liberdade de imprensa.

As vítimas da imprensa, muitas vezes, desistem de recorrer dos julgamentos da imprensa. É que, uma vez perdida a batalha da imprensa, perde-se também a batalha da opinião pública. Perdendo essas duas, não existem condições para reaver direitos sequestrados através dos tribunais.

É imprescindível que o jornalista conheça – e conceda importância – a opiniões que contraditam suas fontes. É do choque de opiniões que poderá surgir a fagulha capaz de iluminar um texto jornalístico ou fornecer pistas para o jornalismo fundado na investigação. Não existe nada mais pernicioso no trabalho do jornalista do que escolher de antemão o desfecho para sua matéria e só então se lançar na pesquisa das linhas de investigação e de argumentação a serem seguidas.

Foi grande a minha surpresa ao ver que pensamentos como estes aqui esboçados encontraram eco naquela especialíssima audiência: nossos futuros repórteres, chefes de redação, editores, comentaristas de rádio, apresentadores de telejornais. E, quem sabe?, futuros donos de alguns veículos de comunicação.

Washington Araújo é jornalista e escritor. Mestre em Comunicação pela UNB, tem livros sobre mídia, direitos humanos e ética publicados no Brasil, Argentina, Espanha, México. Tem o blog http://www.cidadaodomundo.org
Email – [email protected]

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Comentários

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Elisabeth

"As vítimas da imprensa, muitas vezes, desistem de recorrer dos julgamentos da imprensa. É que, uma vez perdida a batalha da imprensa, perde-se também a batalha da opinião pública. Perdendo essas duas, não existem condições para reaver direitos sequestrados através dos tribunais."


Isso é tragico! Não é apenas o individo da defamação vitima da imprensa. Toda a sociedade é vitima desta manipulação. Devia ser um direito as liberdades do indivíduo poder não ser manipulado ou induzido a erro por uma informação.

Elisabeth

Muito bom! gostei muito! Excelente texto.!Muito bem colocado! Sinto necessidade de refletir sobre a mídia e jornalismo…Na era da internet e do meios virtuais abriu espaço para esta carência de refletir sobre os assuntos. Não há espaço para reflexão na mídia corporativa. Sobre o assunto que a informação se transformou um "produto" a ser vendidio, então será necessário a do direitos do "consumidor da informação! Não necessariamente governo regulando para não se criar a idéia de censura…mas própria população recorrer algum órgão contra o um equivocado “produto de informação” … acho que algo como o “PROCON” da mídia. rs

Renato

Os meios virtuais têm se caracterizado como decisivos em termos de democratização do direito que todos temos à informação.A imprensa,lamentavelmente,perde credibilidade a cada dia que passa pelos exemplos impressionantes de parcialidade,de falta de ética.A máxima do bom jornalismo que privilegia ouvir o "outro lado" hoje também serve para quem busca notícia e não se vê confortável ou não acha confiável ter acesso a ela somente através de um único meio.É preciso ver o que diz "o outro lado" já que,infelizmente,há lados também nos meios de comunicação.Uma coisa é intrigante: O que é notícia? Quem é o dono da notícia? Será que o dono da notícia é aquele que atende os requisitos formais que transformam um punhado de informações em notícia?
Tomara que os meios virtuais,as poderosas redes sociais,verdadeiramente permitam que tudo seja melhor em termos de direito à informação.

Marcelo de Matos

A grita da mídia brasileira, no momento, é contra a permissão da Anatel para a entrada das empresas de telefonia no mercado de TV por assinatura. Os barões da imprensa escrita e televisiva querem manter o monopólio do setor. A Band tem sentado o pau no governo, embora a Anatel não seja, penso eu, um órgão governamental. A Folha, também, não deve estar satisfeita com essa decisão da Anatel. O “escândalo” Palocci, por ela denunciado, parece comprovar isso. O ex-chefe da Casa Civil teria faturado R$ 20 mi em quatro anos. Na verdade, para um consultor do seu nível, isso é uma merreca. Para levar Datena da Band para a Record, essa última desembolsou R$ 38 mi: “Os valores são referentes à multa de Datena com a Band (R$ 20 mi) e à outra multa que ele tinha com a Record, por deixá-la em 2003 (R$ 18 mi), que será cancelada. No canal, ganhará metade do salário que recebia na Band, R$ 600 mil”. Se ele recebia R$ 1.200.000,00 por mês na Band, então, em quatro anos, faturava R$ 57.600.000,00. Bem mais que Palocci. E dá-lhe jornalismo policial!

Uélintom

Hehehe… Bom Dia Brasil de hoje 17/06: os paulistas não reclamam de ter que pagar pedagio, mas dos trocos de cinco centavos. Sim! A Globo disse isso, literalmente, não "deu a entender". Esses caras não tem vergonha de mentir.

    Marcelo de Matos

    Várias pessoas já me disseram – Por que você não faz logo o "Sem Parar" para resolver de vez esse problema do troco? Respondo o seguinte: se fizer, vou ter de pagar mais de R$ 10 por mês de taxa de administração. Já não basta pagar tributo para o governo? Temos de pagar também para as concessionárias de rodovias?

Robson Porto

Excelente texto… Equilibrado e objetivo, coloca o dedo nas várias feridas em que se transformou esta enorme chaga chamada "jornalismo". Não acredito que este seja um fenômeno exclusivamente brasileiro, mas a questão abordada pelo autor no que tange ao monopólio exercido pelas poucas famílias que controlam a informação, por aqui ganha ares de descalabro. E cedo ou tarde, algo terá que ser feito.

Não é possível que fiquemos reféns de pseudo-empresários que, não satisfeitos em controlar o mercado sob o ponto de vista comercial, também unifiquem a pauta política – e o exemplo das últimas eleições mostra como adotaram, todas as citadas famílias, a pauta única, fornecendo manchetes prontas e "fabricando" em conjunto escândalos imediatamente colocados de lado (caso Erenice Guerra, quebra de sigilos fiscais, e tantos outros) tão logo encerrada a eleição.

A falta de "apetite" para cobrir criticamente os Estados controlados pelo PSDB (particularmente SP e Minas) é outro dado alarmante. Eles que se dizem oposição por falta de uma oposição de verdade, assumiram, de fato, o papel de oposição apenas no âmbito Federal; como é impossível à alguém usar dois chapéus ao mesmo tempo, quando voltam seu foco para o regional, o que continua é o da oposição federal.

Credibilidade é algo que, de forma consistente e contínua, eles vem perdendo nos últimos 15 anos e, a partir do início do Governo Lula, houve uma aceleração exponencial em relação aos procedimentos anteriores inclusive com a falta de decoro explícito ao exporem seus interesses políticos em relação aso PSDB. Como isso vai acabar? Provavelmente nunca, pois o jornalismo jamais foi algo isento e, de uma forma ou outra, sempre serviu à interesses específicos e pontuais.

Mas por aqui, a coisa está indo longe demais. As grandes famílias sequer concorrem entre si, politicamente abraçam a mesma causa e nem sequer procuram difarçar. Isso não é só imoral, é também, de acordo com nossa Constituição, ilegal. E algo deveria ser feito. Urgentemente…

FrancoAtirador

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Bom sinal.
Governo cortou a verba de conexão de provedores de banda larga.
Resultado:
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O portal iG demitiu 30 jornalistas nesta segunda-feira (13/6).

Três profissionais de economia estão na lista dos colaboradores que foram desligados do site: Daniela Almeida, repórter da coluna Guilherme Barros; o editor Nelson Rocco; e a repórter Sabrina Lorenzi, da sucursal no Rio de Janeiro. Todas as vagas serão congeladas.

"A justificativa é que todos os provedores recebiam uma verba de conexão de banda larga do governo federal e essa verba foi cortada no inicio do mês de maio", informou uma fonte, que preferiu que sua identidade não fosse revelada.
Segundo a informante, a receita do iG caiu 70% com o corte da tal verba.

De acordo com a fonte, com o corte, projetos que foram programados há um ano, entre a direção do veículo e a redação, foram extintos.
Ainda conforme declarado pelo funcionário, haverá uma sobrecarga de trabalho para os jornalistas que permaneceram na empresa.

O presidente do iG, Pedro Ripper, divulgou uma nota aos funcionários em que diz que algumas decisões difíceis devem ser tomadas para garantir o crescimento do portal de forma sustentável.

A direção de jornalismo do portal iG foi procurada pelo Comunique-se, mas ainda não se manifestou sobre as demissões.

(Por Anderson Scardoelli e Izabela Vasconcelos, no Comunique-se)

http://www.comunique-se.com.br/Conteudo/NewsShow….

    Ligeovanio

    clhendo o fruto do neoliberalismo que defendem…

    João

    "Segundo a informante, a receita do iG caiu 70% com o corte da tal verba. "

    quer dizer q 70% da receita do IG vinha do GOVERNO?

    hummmm

    isso explica muita coisa!

    rsrsrsrsrs

Luciano Prado

"É imprescindível que o jornalista conheça – e conceda importância – a opiniões que contraditam suas fontes. É do choque de opiniões que poderá surgir a fagulha capaz de iluminar um texto jornalístico ou fornecer pistas para o jornalismo fundado na investigação. Não existe nada mais pernicioso no trabalho do jornalista do que escolher de antemão o desfecho para sua matéria e só então se lançar na pesquisa das linhas de investigação e de argumentação a serem seguidas".

Tião Medonho

Deixe contar uma pequena fabula da vida real pra quem acha que uma imprensa baseada em pequenos jornais locais, por exemplo, possa ser melhor que o PIG, como dizem:
Um amigo da familia era prefeito de uma pequena cidade do norte de Minas, perto de Montes Claros. A cidade tinha toda uma longa tradição de prefeitos corruptos e ele nao queria deixar a tradição morrer e também roubava o quanto podia.
Nas vesperas da eleição que definiria um segundo mandato alguns deputados do partido do candidato adversario fizeram um grande carnaval em comicio, com discursos, denunciando as falcatruas do nosso amigo. Todas verdadeiras. Pois bem, na manhã seguinte, seu assessor mais próximo, um jovem amigo também, recebeu não menos de 8 ligações de pequenos jornais regionais…dando seu preço para não publicar as denuncias. Isso eu presenciei e aprendi muito sobre a ética da imprensa.

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