por Vladimir Safatle, na Folha de S. Paulo
No último domingo, Caetano Veloso escreveu uma crítica em sua coluna de “O Globo” a respeito de meu livro: “A Esquerda que Não Teme Dizer seu Nome” (Três Estrelas, 88 págs.). Sua crítica me fez perceber que talvez não tenha me expressado com suficiente clareza a respeito de posições que considero fundamentais.
Por isso, peço a permissão dos leitores para falar na primeira pessoa e voltar a certos pontos que escrevi.
O livro visa defender duas posições maiores para a esquerda: o igualitarismo e a centralidade da soberania popular. Caetano critica minha maneira de defender o igualitarismo, vendo nisso um arcaísmo. Para ele, tal igualitarismo não seria muito diferente do tom opressivo da esquerda “indiferente” e “universalista” de sua juventude. Esquerda para quem questões de raça, sexo, nacionalidade e estética eram diversionismo que nos desviariam da revolução.
Caetano lembra, com razão, de como Salvador Allende não mexeu em leis que criminalizavam o homossexualismo e impediam o divórcio.
Longe de mim querer diminuir a importância dos apelos de modernização social embutidos em demandas de reconhecimento da diversidade de hábitos e culturas. Estas são questões maiores, por tocarem diretamente a vida dos indivíduos em sua singularidade. Não se trata de voltar aquém das políticas das diferenças e de defesa das minorias. Trata-se de tentar ir além.
Quando afirmo que devemos ser indiferentes à diferença é por defender que a vida social deve alcançar um estágio no qual a diferença do outro me é indiferente. Ou seja, a diversidade social, com sua plasticidade mutante, deve ser acolhida em uma calma indiferença. Que para alcançar tal estágio devamos passar por processos de abertura da vida social à multiplicidade, como as leis de discriminação positiva. Isso não muda o fato de não querermos uma sociedade onde os sujeitos se atomizem em identidades estanques e defensivas. Queremos uma política pós-identitária, radicalmente aberta à alteridade.
Um exemplo: discute-se hoje o direito (a meu ver, indiscutível) de homossexuais se casarem. Mas por que não ir além e afirmar que o ordenamento jurídico deve ser indiferente ao problema do casamento?
“Indiferença” significa, aqui, não querer legislar sobre as diferenças. Ou seja, por que não simplesmente abolir as leis que procuram legislar sobre a forma do casamento e das famílias, permitindo que os arranjos afetivos singulares entre sujeitos autônomos sejam reconhecidos? Não creio que isso seja arcaísmo, mas o verdadeiro universalismo.
Por fim, Caetano diz que tenho “cabeça de concreto armado”. Gosto da ideia. Niemeyer nos mostrou como se pode fazer curvas e formas inesperadas com o concreto armado.
Apoie o VIOMUNDO
Leia também:
Frente Esquerda Unida lança campanha por ‘comissão da verdade’ sobre bancos falidos
Comentários
O que Sara Winter tem a ver com Caetano, Safatle e Foucault? Muito. « A perna é de pau, a cara é mais ainda.
[…] http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/vladimir-safatle-indiferenca.html […]
valdeir correia da silva
Natal, 14 de junho de 2012
Caetano é tão imprevisível (ou previsível?) quanto amorfo.Tentar decifrar o que se passa debaixo daqueles caracois é como tratar do sexo dos anjos.Caetano, como outros “vanguardeiros” do naipe de FHC são
como bananeiras que já deram cacho!
Ivan Monte
Caetano é um grande compositor, um doa maiores da MPB. Mas quendo se dana a falar de outros assuntos se perde feito uma barata tonta. O professor e linguísta Marcos Bagno já disse sobre ele: Caetano é mais um “com arrogância dos mal informados e arrogância das celebridades”.
Marcellus
Caetano virou uma mala pesadíssima faz tempo… ainda bem que nos deixou coisas maravilhosas na música. Na música. Deixou.
Horácio Santos Féres
caê, caiu….e o povo ainda não viu?…
Elcio
As pessoas ficam cheias de dedos pra falar de Caetano.
Não sei porque, parece que têm medo de sua intelectualidade…
Eu não tenho medo de dizer que de alguns anos para cá, 10 a 15 anos, na minha opinião, Caetano virou um conservador estúpido e arrogante.
Infelizmente…
josé maria de souza
O texto do Safatle é de uma elegância impar.
josé maria de souza
Roberto Locatelli
Caetano é um perdidão. Adora estar na Globo mas, de vez em quando, mete o pau na Veja. Se acha moderno mas encalhou na década de 70 e não consegue mais sair de lá.
ricardo silveira
Caetano é reconhecido como um genial compositor popular. Mas ele parece que tem algum problema.
souza
caetano tem de agradecer a Deus por algumas pessoas acharem que ele é um cantor por que nem expressar ele sabe fazer.
Pitagoras
Caetano o quê? É o mesmo da Máfia do dendê?
Fabio Passos
Não sei o tom do caetano no artigo do PIG, mas a resposta do Safatle é muito elegante.
Também não sei se o caetano é assim tão ruim.
Poderia ser muito pior. Vejam só o que aconteceu com o jo soares…
Vicente de Paula Chicoli
Pobre Caetano quer sempre estar na midia!
Vai deixar o seu recado no Instituto Milenium, a nata da direita, da elite hipócrita.
Monica Stival
Safatle em nome de todos
Monica Stival
Doutoranda em Filosofia – USP
“Melhor morrer de vodca que de tédio”[1]. O agito louvado por Vladimir Maiakóvski não poderia ser mais distante da “calma indiferença” clamada por Vladimir Safatle. Ainda que o nauseante movimento evocado seja imaginado por este como démarche em direção à bucólica imagem da indiferença, nada mais ironicamente decepcionante que vislumbrar como fim da agonística o plácido tédio que, por ser seu contrário imediato, fornecia valor ao embate.
De todo modo, é exatamente assim que Safatle apresenta o dever-ser da esquerda, ou melhor, de todos: “Quando afirmo que devemos ser indiferentes à diferença é por defender que a vida social deve alcançar um estágio no qual a diferença do outro me é indiferente”[2]. Abstraindo o plano imaginário em que se situa o plural dessa primeira pessoa, o fato é que a indiferença, não por acaso, é signo de desinteresse ou desprezo. Mais ainda, conforme o dicionário, sempre instrutivo, significa também “insensibilidade moral” (“inconsciência doentia” pareceu-me demasiadamente pessoal).
Ora, se é plausível dizer que “queremos uma política (…) radicalmente aberta à alteridade”[3], a ideia programática de Safatle, ainda sem programa, vai na exata direção oposta. Se a equívoca unidade que se pode designar como esquerda quer tal política, é porque não se trata de postular o bem para todos como dever-ser da vida social. Essa sociedade da indiferença não pode ser outra coisa que a neutralização absoluta da alteridade.
Mas por benevolência em relação às boas intenções, deixemos o dicionário e o uso habitual para resgatar a definição do autor: “‘Indiferença’ significa, aqui, não querer legislar sobre as diferenças”[4]. Curiosa ideia de indivíduo, atomizado frente toda possibilidade de comunicação, experiência coletiva ou políticas públicas. Não é difícil entender que diferenças são fontes inevitáveis de conflitos, e a gestão desses conflitos, engendrados por certa insociável sociabilidade, coloca-se a todo e qualquer tipo de governo. Assim, a maneira pueril de apresentar o problema do casamento, entre homossexuais ou não, deixa de considerar precisamente a vida em sociedade, a vida em que as diferenças estão em relação. À aberrante pergunta “Mas por que não ir além e afirmar que o ordenamento jurídico deve ser indiferente ao problema do casamento?”[5] um governo de esquerda responde: essa ideia absurda leva necessariamente à opressão violenta de grupos da sociedade, e por isso é preciso garantir que a diferença sobreviva sem ônus.
Na prática, essa hipótese implica desregular completamente todas as relações econômicas vinculadas, ao menos no mundo em que vivemos, ao casamento e, consequentemente, à organização da propriedade. Um exemplo de como uma política de esquerda se estabelece, no plano real, em função de instituições que a geração 68 ajudou perigosamente a dissolver, ao invés de redefinir, está na determinação jurídica segundo a qual os imóveis adquiridos por meio do programa “minha casa, minha vida” devem ficar, em caso de separação, com a mulher. Ou entre tantos “deveres” devemos abstrair completamente a história e a condição sociológica de certos grupos sociais?
É evidente que isso significa disputar a “gestão de modelos” desprezada por Safatle[6], a fim de ressaltar a importância vital das políticas públicas que asseguram certo equilíbrio entre as diferenças inevitavelmente em conflito – portanto, trata-se de universalidade – em detrimento do democratismo de direita para o qual deve reinar a maioria. Só se pode “ir além”, mantendo-se à esquerda, aprofundando a equalização da diferença, nunca por um salto desta à abstrata igualdade definida por Safatle. O tédio desta tranqüila indiferença é idêntico à atomização absoluta dos indivíduos, em um onírico estado em que a relação entre os homens é contemplativa e descomprometida.
Antes e para sermos “universalistas” é preciso que certo horizonte seja comum pelo menos à esquerda. Para isso, não basta desdenhar daqueles que reivindicam o fim da distinção política em termos de esquerda e direita[7]. Num plano anterior, é a diferença em relação ao que situa alguém do lado esquerdo da corda que se trata, afinal, de disputar. Desnecessário notar que isso justifica este comentário. Afinal, não parece razoável resignar-se à indiferença quando o horizonte em questão só pode ser dito “político” porque põe em jogo um interesse, uma ideia. Em meio a tantas idéias diferentes, a unidade equívoca de um ideal precisa ser equalizada por meio de certa gestão (sic!) não apenas governamental ou jurídica, mas social das diferenças.
E se o que se quer propor como unidade ideal à esquerda é a “indiferença à diferença”, no sentido radical de vislumbrar o fim de toda polêmica, e com ela de toda política, em uma orgia de totalitarismo moral, dissolvidas para tanto todas as instituições que, bem ou mal, estabilizam o antagonismo nessa vida social na qual estamos historicamente situados, se for isso, então só resta, creio, a denotativa indiferença.
Há muitos pontos a discutir sobre a auto-nomeação da esquerda corajosa, mas é hora de abrir uma vodca.
[1] Epígrafe do livro “A esquerda que não teme dizer seu nome”, de Vladimir Safatle, São Paulo: Três estrelas, 2012.
[2] Trecho da coluna “Indiferença”, publicada pelo autor no jornal Folha de SP, 12 de junho de 2012.
[3] Idem.
[4] Idem.
[5] Idem.
[6] Cf. Introdução ao livro “A esquerda que não teme dizer seu nome”, especialmente p. 14-15.
[7] Esta é a tese que justifica a abordagem de Safatle, conforme se pode ler na introdução ao livro citado.
Álvares de Souza
Sempre que eu tento ler e entender um texto escrito por intelectuais da USP, me sinto irremediavelmente incapaz.
Quanto à Caetano, sou tomado por um sentimento de completa indiferença.
Geysa Guimarães
Acho que sofro do mesmo mal.
Marat
A Monica pode até ser extremamente inteligente… tão inteligente, que talvez tenha procuração para defender o decadente-deselegante Caetano (ainda o reputo como um estupendo compositor, diga-se), mas, imaginemos ter de, por exemplo, namorar tal moça… deve ser um porre! E, para parafrasear sua citação, digo: “Melhor morrer de vodca que namorar Monica, ou ler seus chatíssimos textos!”
Pimon
A indiferença louvável, mas utópica, foi politizada pela Monica como algo de esquerda, assim, inviável.
Monica conseguiu, em seu texto,materializar a esperança.
Com certeza, vai tirar grau máximo em seu doutorado, em SP.
Onde a indiferença real predomina, há séculos.
Monica para Governadora de SP, em breve!
abolicionista
Ela defende o Caetano, no fim? Por eu não consegui nem ter certeza disso ao ler o texto.
abolicionista
Espero que a autora não se ofenda, mas esse texto está completamente fora de contexto. O estilo chega a ser pernicioso, pois exclui da discussão o leitor não-especialista (sem falar na citação da titulação: ela pretendia ser um argumento de autoridade?). Esse tipo de texto cria uma espécie de couraça conceitual que esconde sua fragilidade estrutural. Acho que o texto não consegue situar bem o problema, vai apenas espalhando pistas, tateando. Não é fácil ser direto. Os grandes intelectuais brasileiros, muitos deles uspianos, são geralmente muito mais acessíveis e sabiam adequar o estilo ao meio. A despeito desses problemas, achei alguns argumentos bem interessantes. Além disso, a autora parece uma pessoa inteligente e capaz. Apenas não acertou no estilo, acontece.
abolicionista
Ah, uma boa dica para melhor o estilo é abandonar a “literatice” relativista e dedicar-se a textos mais sólidos.
José Carlos Gondim – Jornalista
Discurso típico de uma doutoranda em filosofia, ou seja, discurso apenas acadêmico, sem suportes (salvo os asteriscos que remetem às referências…)físicos, apenas discurso…vazio de verdadeiro conteúdo, discurso só para mostrar erudição… Ô, acadêmicos, por favor!
Marly
Pessoal, quando eu tentei ler o texto eu achei tudo muito chato e fiquei com vontade de dizer, porém não quis ser deselegante. Agora mais chato ainda é ela né?
E. S. Fernandes
Caetano falando e um cachorro cag… é para mim indiferente.
eraklito
Cantorzinho está totalmente ultrapassado. Só esqueçeu de deitar, porque já era.
Dimas A.M.Renó
Quem define melhor o Caê é o PHA: ele não passa de um garçom a serviço do FHC, numa das mansões de Higienópolis.
Yacov
CAÊ é um polemista profissional e cabeça-de-vento. Ele gosta da polêmica pela polêmica e de ser o centro das atenções. Se acha última bolacha da lata… Não passa de um velho cabeçudo que não sabe a hora de calar a boca. POR QUE NO TE CALLAS caetano?!?
“O BRASIL PARA TODOS não passa na glObo – O que passa na glOBo é um braZil para TOLOS”
ricardo
Censurou meu comentário, editor? Vou perder o sono esta noite…
Mário SF Alves
Amigão, não leve a mal não, mas, acho que você errou de endereço. O blog da censura é outro. É um de direita, ainda cheirando ao ranço da ditadura e que entende que diálogo – o que pressupõe admitir os contrários – é algo totalmente desnecessário. Claro, são os eternos donos da verdade (do porrete!). Dialogar pra quê? Mas, e aí, ainda não descobriu a qual blog me refiro? Pois bem, vou dar uma pista. O tal blog da censura (onde você acredita estar) tem como mentor/censor um certo Reinaldo.
E, por favor, e ao menos por civilidade, não tente semear aqui esse veneninho pra lá manjado, ok?
Marly
Bravo!
Péricles
Caetano e Pelé
Craques na profissão
Bisonhos na discussão
Sérgio Ruiz
Caetano agora está do lado dos “Podres Poderes”.
mfs
No fundo, o grande assunto de Caetano é ele mesmo.
Do que ele gosta e o que ele não gosta, não necessariamente relacionado com o que entende ou não não consegue entender.
No tempo de Allende não havia divórcio? O Congresso do Chile não votou e Allende é que era o carola? É a mesma coisa que atribuir à Dilma o código do desmatamento votado pela bancada ruralista.
K. Marx teve caso com a empregada. Então por causa disso o marxismo é o fundamento teórico do, digamos,hummm, pluralismo conjugal?
Lenin recomendava banho frio e malhação no lugar do sexo. E daí? Por causa disso Raspútin deveria ser louvado?
Contexto histórico. No mundo de 1973 os gays não tinham direitos reconhecidos.
Leiam as memórias de Herbert Daniel que foi da luta armada brasileira e sofria com a discriminação da esquerda contra os gays.
A questão é se a defesa dos direitos dos gays só seria possível ou não por partidos e governos da direita. Aí sim, se essa hipótese fosse sustentável, a crítica à esquerda poderia ter sido pertinente.
No mais, é vício de anacronismo – querer julgar uma época pelos valores atuais.
O artigo de Caetano é uma variação sobre o tema “como eu era mais esperto do que todo mundo e só agora revelo a vocês”. Parecido com o conhecido livro de Gabeira.
Como de costume, o Presidente Lula nos ilumina o caminho: o melhor a fazer neste caso é botar um disco do Chico Buarque.
Mário SF Alves
Anacronismo é a palavra-chave. Ainda. Mas, acrescente aí um outro vício tão danoso quanto, e que é a mania de se comparar politicamente e fazer tábula-rasa de realidades tão díspares quanto Brasil e Argentina; Brasil e USA; Brasil e Alemanha. Mais um vício, não? E como adjetivá-lo?
Willian
Interessante: todos estamos discutindo a pessoa Caetano, mas ninguém discute o texto do Safatle.
mfs
Mas o texto é resposta do próprio Safatle!
Ao esculhambar o Caetano, endossamos a resposta do professor da USP.
Niveo Campos e Souza
Caetano e a Globo se merecem.
Só poderiam andar “pari passu”…..ainda bem!!!!
Niveo Campos e Souza
andré
Alguém tem o link com o artigo do Caetano no Globo. Obrigado.
Fernando G Trindade
Caetano está certo quando critica o universalismo metafísico de Safatle, uma das razões dos equívocos do marxismo.
Mas talvez Caetano tenha atirado no que viu e acertado no que não viu.
Pois o pressuposto filosófico desse idealismo metafísico de Safatle é o etnocentrismo ocidentalizante (ao qual Caetano muitas vezes se submete de forma inaceitável) que produziu não apenas tragédia do jacobinismo, mas também o equívoco neoliberal do tipo fim da história de Fukuyama (de fundo idealista hegeliano tanto quanto o marxismo). Nós brasileiros, temos que entender e aceitar que estamos a Ocidente, mas diversamente de europeus e norte-americanos, estamos também ao SUL, o que faz toda a diferença. Enfim, o cosmopolitismo comum a Safatle e Caetano termina sendo entreguismo, também esse inaceitável.
Por fim, Caetano e Safatle são injustos e mesmo covardes com Allende. Não era Allende que não propunha a questão homossexual (por exemplo) na agenda pública. Nenhuma liderança propunha. Obama, Caetano, não era o Presidente dos EUA, mas Nixon, que agiu para derrubar Allende. E no Chile da Unidade Popular havia muito mais diversidade política e cultural do que no Chile de Pinochet e mesmo no Chile pós-Pinochet!
Sada Akiyama
Quem tem mais de 60 anos sabe quem Caetano é. Sempre foi APENAS UM OPORTUNISTA. Ele nunca foi esquerda , no sentido estrito da palavra. Sua postura, o primarismo de seus conceitos a mediocridade de suas criticas mostra o conhecimento dele . Ele que fique com quem acha que suas musicas são musicas. Que não se meta em assuntos que desconhece. Alguns por educação o respondem. Caetano pensa que discutir com o filosofo Vladimir Safatle é igual a puxar saco do ACM, ou ouvir elogios ridiculos ( manfestações para pessoas completamente por fora do assunto ) na TV Globo que é divulgador de falsa cultura. Caetano nos agride com seu embuste. Idiotices Basta !!!!!!
ricardo
Peraí, por acaso o Caetano tá reivindicando o rótulo de esquerdista, ainda mais no sentido “estrito da palavra”? Sobre a resposta do Safatle, não há muito o que dizer. Parece não ter nada ali a não ser uma tentativa frustrada e, para as pretensões de polemista de Safatle, um tanto “engagaçada”, de responder a crítica de Caetano. Afinal, ele é ou uma jovem viúva da velha esquerda marxista? Ao final da resposta, Safatle tenta mostrar que não, apelando a um infantil trololó anarquista. Ele que guarde essa parte para seus alunos militantes da USP. Mas a última frase entrega o jogo. É sintomático que ele goste da idéia de associar-se ao centenário arquiteto. A ideologia do Safatle é a do Niemeyer.
abolicionista
ricardo, acho que a questão não passa por aí. Já fui aluno do Safatle em três cursos diferentes: Foucault, Derrida, Adorno. Ele é muito criticado inclusive por não trabalhar nunca com Marx, por ser um pós-modernista, um relativista, um hegeliano defensor do Estado. Ou seja, ele é tudo, menos um stalinista. A não ser que você esteja afim de acrescentar mais um adjetivo pejorativo ao coitado, mas sei que você é mais inteligente do que isso. Quando o Safatle se refere ao Niemeyer, ele está lembrando que o Caetano já foi um artista de vanguarda. Se você leu “Verdade Tropical”, sabe que o Caetano é um grande admirador da obra de Niemeyer, da Bossa Nova, do Cinema Novo, enfim, do Brasil “que parecia que iria levantar vôo”, como o Caetano escreveu lá. Essa é uma questão bem mais complicada e acho que merece um tratamento mais cuidadoso, sabe? Sou contra ficar xingando o Caetano de reacionário, de vendido,e etc. A questão é que a aposta artística do Caetano era vanguardística, ela produzia um efeito que acabou sendo assimilado. Com a assimilação, ela perdeu o potencial crítico. Não é difícil entender isso. Basta pensar no mictório ou na roda de bicicleta do Marcel Duchamp. Da primeira vez que as pessoas viram esses objetos no museu, ficaram horrorizadas. Hoje compram miniaturas de plástico dessas “obras”. O Caetano e os tropicalistas apostaram na arte de mercado, acharam que era possível explorar o potencial difusor desses meios. O tiro saiu pela culatra: em vez de devorarem o mercado cultural, foram devorados por ele. Chega a ser irônico ver o Júlio Medaglia perplexo com o fato de o nível da música ter piorado enquanto os automóveis estão cada vez melhores. O Caetano foi um grande artista, ainda que hoje tenha se tornado um produto como outro qualquer. Cuidado com as simplificações apressadas.
Armando do Prado
Quem diria Cae acabaria direitoso de carteirinha! Haja espelho para esse narciso.
Willian
Olha, Armando, um grande presidente brasileiro explicou o por que da mudança do Caetano (e de muitos):
“Se você conhece uma pessoa muito idosa esquerdista, é porque está com problema” [risos e aplausos]. “Se você conhecer uma pessoa muito nova de direita, é porque também está com problema”, afirmou o presidente depois de receber o prêmio “Brasileiro do Ano” da revista “IstoÉ”.
Mário SF Alves
É pra rir ou é pra chorar? Pois, pode ser tudo ser tudo, menos pra refletir. Ah! Esse pensamento único; quanto estrago em cabeças ainda tão jovens.
abolicionista
Repare que seu “argumento” não serve nem mesmo ao Caetano, que é um cara pra lá de contraditório. Olha só o que ele acaba de declarar:
“sou pela Comissão da Verdade e não acho que torturador deva ser perdoado.”
“Há uma complexificação gradativa da leitura dos fatores políticos, e essa complexificação põe a esquerda também sob crítica. Essa mudança gradual (mas não sem turbulência) é que é narrada no livro. Mas eu me sentia no campo da esquerda antes, durante e depois do tropicalismo.”
É claro que há também declarações que afinariam o Caetano com a direita, como o elogio a Olavo de Carvalho. Mas isso mostra só o quanto ele prima em ser um polemista contraditório, no dizer de Schwarz, que se sente à vontade no atrito mas é avesso ao antagonismo.
Fonte das citações: http://oglobo.globo.com/cultura/renovacao-da-critica-ao-tropicalismo-4629714
abolicionista
Repare que seu “argumento” não serve nem mesmo ao Caetano, que é um cara pra lá de contraditório. Olha só o que ele acaba de declarar:
“sou pela Comissão da Verdade e não acho que torturador deva ser perdoado.”
“Há uma complexificação gradativa da leitura dos fatores políticos, e essa complexificação põe a esquerda também sob crítica. Essa mudança gradual (mas não sem turbulência) é que é narrada no livro. Mas eu me sentia no campo da esquerda antes, durante e depois do tropicalismo.”
É claro que há também declarações que afinariam o Caetano com a direita, como o elogio a Olavo de Carvalho. Mas isso mostra só o quanto ele prima em ser um polemista contraditório, no dizer de Schwarz, que se sente à vontade no atrito mas é avesso ao antagonismo.
Fonte das citações: http://oglobo.globo.com/cultura/renovacao-da-critica-ao-tropicalismo-4629714
alexandre moreira
A resposta é perfeita. Só lamento a falta de indiferença pelo Arquiteto “Mito” do Brasil. Parece inveja mas não é. A história ainda vai coloca-lo na devida proporção.
Claudio Machado
Caetano:
Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés os caminhões
Aponta contra os chapadões
Meu nariz.
Esse é o Caetano que admiro, que valeu a pena. Aquele ali de cima é apenas uma cópia, um clone mal acabado e que não deu certo. Que pena!!!!!
Gerson Carneiro
Quando Caetano estiver tagarelando muito, é só dar uma pedra pra ele chupar.
fernando resende rodrigues
Não vou comentar sobre a crítica de Caetano Veloso, pois não a li. Gostaria, isso sim, de parabenizar o Professor Vladimir Satafle pelo excelente livro. Vi a indicação do mesmo em Carta Capital e fiquei aguardando a chegada às livraria do Rio de Janeiro. Gostei muito do livro. Expressa com clareza as posições do autor. Instiga a questionar a realidade e pensar a possibilidade de um outro mundo melhor. Vale a pena ler. Parabéns.
Marat
Caetano foi um compositor de mão cheia, mas, atualmente se mostra uma pessoa amarga e ressentida, sem noção do ridículo. O que será que deu nele?
Mário SF Alves
Abstinência de canabis! Trocou o THC pelo FHC e deu nisso.
Eduardo Ramos
Caetano foi um de nossos grandes compositores, depois se transformou em nosso maior cantor de bolero. Hoje é um ex-artista em atividade, que faz da polêmica trouxa e sem embasamento teórico ou humano seu método de sobrevivência. Será que o Caetano artista morreu junto com ACM, seu padrinho?
Francisco Campos Pacheco Neto
Realmente o artista começou agonizar com a morte de ACM, vindo a falecer não muito depois.
Rasec
Ivan Lessa que morreu há pouco afirmava que uma das vantagens de estar longe do Brasil era ouvir Caetano, mas não mais ter que lê-lo ou ler sobre ele.
É isso!
Caetano e sua radical mania pra chamar atenção: dar opinião sobre tudo!
Haja Paciência!
lulipe
Eu conheço um ex-presidente que faz o mesmo e da pior forma possível, sem conhecimento de causa.
Luiz (o outro)
Concordo com vc… o FHC fala de tudo e não entende de nada… é um babaca mesmo…
Francisco
De fato, eu fico chocado com a fixação dos homossexuais em “ter o direito de se casar” (!). Depois de tudo que se lutou para acabar com a monogamia cristã compulsória, depois de tudo que se lutou para acabar com o caráter essencialmente negocial do “contrato de casamento”, se lutar para casar?!
E alguns fazem questão de ser de véu e grinalda (apologia da virgindade) e outros, de que seja na Igreja! Católica!!
É uma demanada que quem faz deve ter suas razões para fazer, agora embarcar na “viagem” desse naipe de uma minoria, para ajudá-la a alcançar esse êxito, mobilizar não homosexuais com algo que é de ordem tão individual que raia o psicanalitico, fica dificil. Muito dificil!
O que os homossexuais (e mulheres e negros e indios, etc.) estão lutando em prol de questões substantivas (e diagonais) para merecer receber essa contrapartida? Gay não tem fome? Não tem negro gay sendo vitima de violencia? Não tem mulher sendo explorada pelo patrão capitalista?
Insistindo no individualismo perderemos todos, todos isolados e todos com “razões”… Uma greve geral (greve geral, sim senhor!) de negros, ,mulheres, gays e todo o arco-iris de minorias para a destruição do meio ambiente em dez dias. Faz isso com a mera justificativa: porque somos gente, não somos bicho e porque queremos – vai encarar?
Sim, meu caro. Pós-moderno é bom para quem mora em condominio de luxo e tem carro blindado…
damastor dagobé
se ele lutam também para ingressar em instituições militares..
Horácio Santos Féres
essa questão de negativar pela mídia patronal a esquerda( num momento de redescoberta) é velha, e sempre será oferecida aos pretendentes célebres. Caetano, caindo nessa, tentando ser modernoso chega até ser patético, insensível ou mesmo triste…Ele que em 68, com a libertária ‘Proibido Proibir” deixou um bom recado para aquela geração…hoje é apenas um sinhozinho entediado da Casa Grande decadente…escrevendo no indefectível Globo(e este palco não é pra qualquer um não…meu,”não é fraco não”) não consegue transmitir nada além daquele estilo egótico dos dominante ociosos , que ignoram a beleza e o futuro do trabalho e do suor, por isto vivenciamos outra era em que novos ventos naufragam celeremente o apodrecido individualismo, e que incontinente redescobrimos a marcha serena para um estilo social com verdadeira justiça, solidário, e de verdadeiro amor ao nosso próximo…este caminho só se acha pela esquerda; “onde está o coração”…
Mário SF Alves
A única esquerda que reconheço é a esquerda que deriva da luta pela consolidação da democracia no Brasil. Um País historicamente tão à direita, e ainda tão distante do progresso, que, aos olhos dos conservadores, reforma agrária continua sendo coisa de comunista. O resto é jogo de poder pelo poder. Aliás, por falar em Caetano, lembro dos “podres poderes”. E é tudo o que não interessa. Tudo o que só faz atrasar o inevitável.
E sobre o posicionamento político mais recente (pós-moderno, talvez) do Caetano, o que não se pode negar é que ele aparentemente tem o futuro de sua dinastia garantido, mesmo porque faz parte do seleto grupo dos salvos da exclusão social imposta pelo terremoto (antipovo) neoliberal. Até quando, porém, não dá pra saber.
Papa
Até acho coerente a idéia de que devemos respeitar o sujeito em sua singularidade, mas acho que a ironia da esquerda é justamente ameaçar essa idéia quando tenta po-la em prática.
Se não existe uma verdade cultural absoluta, o movimento deveria ser menos ideológico, menos intervencionista e naão é isso que se ve nem na teroia e nem na prática. Essa situação fica muito claro no momento em que se criam ”classes especiais”. Quem critica, quer o mal, quer a discriminação ou é no minimo alienado.
Então cabe pensar se o pensamento vem da cartilha ou vem do que a gente experiencia. A esquerda tem o péssimo hábito de querer decidir o que devemos pensar sobre a vida e a sociedade.
Fradinho
Diz o Papa que “A esquerda tem o péssimo hábito de querer decidir o que devemos pensar sobre a vida e a sociedade.” E a “direita”? Ela não tem o mesmo “péssimo hábito”??
Mário SF Alves
Tem razão. Só que em se tratando da direita no Brasil, o país mais à direita do mundo, a questão não é “hábito”, e sim “regra”.
augusto2
é preciso distinguir bem que a maioria da esquerda não critica, nem ninguem deve fazer- ao caetano como artista. Como nao o faz a RC. Arte nao tem opçao ideologica, arte é arte e naturalmente sera julgada e apreciada em si mesma.
Como o baiano ataca em outras searas, e tem direito de o fazer, sofre o bombardeio de quem esta nesse campo.
Felix
O Caetano tem uma obra de incontestável riqueza, beleza e que demonstra seu grande talento. Contudo, de uns anos para cá deu de falar tolices e apresentar um tipo de irritação típica de pessoas que sofrem de demência, que estão com deficit cognitivo. Ele deveria procurar um médico antes que sua mãe, uma simpática senhorinha de 104 anos, tenha que tornar a pedir desculpas públicas, como em 2009, pelas parvoíces ditas por seu filho destrambelhado.
abolicionista
O Caetano está numa maré de azar. Depois de apanhar feio do Roberto Schwarz foi cutucar o Vladimir Safatle. A aposta de Caetano e dos outros tropicalistas na arte de mercado (com exceção do renegado Tom Zé) foi pelo ralo faz tempo, o que sobrou foi o lado atrasado, o Caetano das declarações egoicas, dos elogios à ditadura, das citações de Heidegger em alemão tosco, das ofensas classistas contra um presidente operário, dos shows que mais parecem “rituais evangélicos” (como afirmou, aliás, um outro tropicalista). Caetano já foi, contudo, um artista de vanguarda, a referência a Niemeyer parece mencionar Caetano avançado. O que sobrou é um arremedo de sinhozinho sem força criativa para escandalizar os burgueses e sem energia para superar a gritaria das Ivetes Sangalos da vida, que dominaram o palco da geleia geral que se tornou a cultura brasileira.
Mário SF Alves
Abolicionista,
O que é isso, cara?!! Depois disso, falar mais o quê. Você foi tão preciso na crítica que provocou isso: a abolição da discussão. E viva Cazuza!
abolicionista
Valeu, Mário SF Alves. Sem falsa modéstia, eu só parafraseei, mal e porcamente, o argumento do Roberto Schwarz no ensaio dele sobre o “Verdade Tropical”. Schwarz elogia bastante o Caetano, como artista e como intelectual, descreve ele como uma espécie de “herói contraditório”. Só que Schwarz aponta as contradições, que já estavam presentes desde o começo e se acentuaram com o tempo. Algumas delas são extremamente problemáticas, como a frase que justifica o golpe militar. Recomendo a leitura, é um texto definitivo.
P Pereira
Concordo e, se me permitir, assino embaixo.
Deixe seu comentário