por Urariano Mota, no blog da Boitempo
Não faz muito, toda a imprensa noticiou a espantosa descoberta: 99,4% dos genes do chimpanzé são semelhantes aos do homem. Da imprensa mais grave, que deseja nessa gravidade passar um ar sério, à imprensa mais popularesca, que se vê na alta reputação de imprensa popular, toda ela, grave ou vulgar, divulgou a nova sem restrição, mas sempre conforme o próprio estilo.
Na de maior massa exibiram-se fotos de chimpanzé fêmea com lacinho vermelho na cabeça. Já na mais sisuda evitaram-se as fotos, mas os títulos foram bem sugestivos, como os do gênero “Chimpanzés e Homens, tudo em comum”. De comum mesmo, na imprensa de todo gênero, só o sensacionalismo, a leveza mistificadora, acompanhados do inseparável engodo.
Pois uma e outra na ânsia de destacar os 99,4% passavam por cima, em voo rápido, da palavra “semelhante” da divulgação original de Morris Goodman, da Academia Nacional de Ciências, dos Estados Unidos. Escreviam-na, “semelhança”, é certo, mas o corpo, o conjunto do noticiado, organizava o “semelhante” com o mesmo significado de idêntico .
Sensacionalismo à parte, pois é do espírito da média imprensa o sacudir o nosso torpor para que nos subam à cabeça os melhores instintos de nossos ancestrais, sensacionalismo esquecido, seria bom uma viagem para o interior do espírito do chimpanzé da notícia. O que se divulgou sem discussão, repetido ao infinito, como um sucesso programado de hit parade, tentemos discutir agora.
O resumo da descoberta de Morris Goodman, publicado no site da Academia Nacional de Ciências fala em “semelhanças” de 99,4% em 97 genes de homens e chimpanzés.
Ora, o que esses números, 97 e 99,4%, querem mesmo dizer?
Primeiro, que do total de genes humanos escolheram-se 97. Certamente, por serem os mais significativos da existência do homem, supomos.
Segundo, que desses genes escolhidos, apenas 0,6% foram absolutamente diferentes dos genes do chimpanzé. Paremos aí.
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Alguém já se deu conta de que, a depender da área, da região escolhida, da amostra, os números percentuais variam? Por exemplo, e nos perdoem o grosseiro, se se comparam os números de dedos dessas espécies, homens e chimpanzés coincidem em 100%.
No entanto, se se comparam a identidade, a semelhança íntima entre os dedos de ambas, a variação pode ir de 99, 98, 100 a 10, 5, 8, 3,2 por cento. Isto porque, a esta altura, teríamos entrado no dificílimo reino de quantificar qualidades. (Vá lá, concedamos, por qualidades compreendemos “pistas orgânicas de evolução”.)
Neste caso, os critérios, ainda que mais objetivos e transparentes pareçam, guardam sempre um traço de subjetividade, histórica ou pessoal. Que critérios elegeríamos, para serem comparados nos dedos, a sua superfície, a sua cor, o desenho da polpa, a sua estrutura íntima, ou …, e qual desses critérios seria o caráter final, a natureza fundamental dos dedos?
A depender disso, entre 0 e 100 a variação é infinita, ao gosto de quem o escolhe. Os números, quando não bem definidos, quando não referenciados com riqueza, em lugar de esclarecimento, confundem. Pense-se, por exemplo, na quantidade de genes que um ser humano tem a mais que um rato. Não passa de 1% . Isto, 1%! O que isso afinal quer dizer? Que escapamos por um triz de nos mover nos esgotos? Ou que 300 genes a mais, num universo de 30.000, são extraordinariamente mais significativos que todos os demais 29.700?
O comunicado da Academia, quase diria, pela repercussão acrítica, o comando da Academia fala em comparação de amostras de regiões semelhantes do DNA entre homens e macacos.
O que por “semelhantes” quer mesmo dizer? Assim fala o comando: “Comparamos 90 kb de seqüência do DNA de 97 genes humanos com seus correspondentes sequenciados de chimpanzés, gorilas…”. (Numa rápida olhada, vê-se o quanto é importante o número 90 para a pesquisa do biólogo: 90 kb, 97 genes, 99,4% , 98,4%.)
Quer isso dizer que foram comparadas as regiões semelhantes de 97 genes? Sim, é isso. Mas, calma, a dificuldade ainda não vencemos. O que é, onde reside, a se supor um lugar preciso, físico, determinado, onde reside mesmo essa semelhança? O Comunicado, ou o Comando, fala em regiões que sofreram seleção natural. O que é, se bem compreendemos, uma localização bastante vaga, ou tão precisa quanto “uma certa casa no planeta Terra”.
Pois, reconheçamos, regiões que sofreram seleção natural são cada e todo e qualquer infinitésimo milímetro do organismo humano. Se não fomos criados de uma só vez por um sopro divino, cada ínfima parte do nosso ser é resultado de seleção, de luta, de sobrevivência da feliz reunião da sorte, da necessidade e do acaso.
Despercebida essa perigosa reflexão, que detém o avanço ligeiro do método discutível, fácil é passar para o passo seguinte, divulgado pelas melhores revistas, daquelas que ousam uma pose crítica.
Assim se pronunciou este instante raro de reflexão: “Com a chegada desse ‘novo’ parente …” (sintomático, as aspas caem sobre o novo, não sobre o parente ), mas não nos interrompamos: “Com a chegada desse ‘novo’ parente, o próximo passo seria descobrir os 0,6% de diferença genética que torna o Homo sapiens capaz de compor músicas, construir prédios e fazer pesquisas científicas”. Ou este primor de originalidade de outra revista: “O certo é que, graças a estes 0,6%, um ser humano – Beethoven – escreveu a Nona Sinfonia…”.
Percebam: são uns 0,6% muito revoltados, mui indignados contra os 99,4%! Se falassem, gritariam: “Nós somos o sal que tempera e faz artimanhas em pesquisas científicas”. Pois quando se levam em conta as diferenças cognitivas entre as espécies … das duas, uma: ou essa pesquisa diz absolutamente coisa nenhuma, ou os chimpanzés têm uma forma tão avançada de pensamento que nos seus 0,6% de diferença se escondem.
Nessa região que nos ocultam, zombam de nós, os humanos (até prova em contrário), zombam de nós, eles, os chimpanzés, rindo de nossa pretensão em nivelá-los a um mesmo gênero. Ora, o caso pode não ser o de incluí-los no gênero Homo. Talvez fosse o caso de nos incluir no privilégio do gênero deles, os Pan trogloditas.
Nos últimos tempos, temos sido cada vez mais assaltados por opiniões ligeiras, levianas, de cientistas que saem dos seus sapatos para emitir juízos universais. Já em O Gene da Burrice, e em Máquinas Inteligentes, discutíamos o profundo ridículo desses voos sem asas.
Mas desta vez a descoberta é mais ardilosa. Em lugar da simples e pura opinião, como a do prêmio Nobel que falava em isolar o gene da burrice, como se pudesse aprisionar num laboratório o processo social, ou como a do físico que discorria sobre máquinas que imitassem o pensamento, o que, convenhamos, em se tratando do cérebro dele não seria lucrativo para a máquina, desta vez o cientista nos brande 90 kb de pesquisa e uma conclusão amparada em números, em frios e exteriores percentuais.
Se nessa pesquisa não há fraude, como algumas vezes tem acontecido na história da ciência, conforme chamava atenção artigo publicado em La Insígnia (Sobre girafas, mariposas, corporativismo científico e anacronismos didáticos), de Isabel Rebelo, se nessa pesquisa há somente um equívoco, um desnorteio de rumos, então seria a hora de uma volta à clássica discussão do que faz do homem um humano.
Ou, antes, para ficar nos limites marcados por essa descoberta: seria a hora de se perguntar o que é que faz do chimpanzé um humano. Para os cientistas envolvidos nessa pesquisa não há dúvida: “Os genes, os genes”, seria a resposta. Já um romancista responderia: “A imaginação”. E completaria: “Não a do chimpanzé, mas a de quem pesquisa sobre ele”.
Ao que diria um produtor de televisão: “Sem dúvida, o lacinho vermelho na cabeça da fêmea da espécie. Isso dá uma graça especial à notícia”. Já os noticiaristas não teriam nenhum receio em observar: “Os 99,4%. Que mais querem? Pois 99,4 não são quase 100? E se a esses 99,4 você liga cientistas, gene, macaco e pesquisa, é fatal: é pura ciência”.
Ao que completaria o seu editor, com água na boca: “Ciência ou não, o que importa? Esta é uma discussão sem sentido. O que vale é a versão, é a notícia. Chimpanzé e Homem, vizinhos, juntinhos. Um quadro desses é o que importa.” Já o nosso adotado irmão dos 90 kb de pesquisa, com os seus compridíssimos braços, entre olhinhos buliçosos, nos advertiria: – Eu, se escrevesse estas linhas, não diria o que você disse. Contra genes e bananas não existem argumentos.
Caracol, leitor do Viomundo, criou este chip especialmente para o texto de Urariano Mota.
Veja também:
“Como mostrar a origem da corrupção se a oligarquia controla a mídia?”
Comparato: Rosa Weber analisa há dois anos proposta de mudança
“O povo só é chamado a entrar no clube na ocasião das eleições”
Comentários
FrancoAtirador
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Mudanças no ensino de Economia
Os alertas a respeito das debilidades intrínsecas a essa forma obtusa de encarar o fenômeno econômico não encontraram repercussão nos meios de comunicação.
Por Jaciara Itaim*, na Carta Maior
As décadas de prevalência da hegemonia do pensamento neoliberal, em movimento que logrou se espalhar por todo o mundo, terminaram por provocar conseqüências significativas para a história da humanidade.
Além de todas as mazelas relativas à desorganização das relações sociais, econômicas, ambientais e geopolíticas, esse período também foi marcado pela tentativa de uniformização e padronização das múltiplas maneiras de se compreender e analisar o fenômeno econômico.
Um enorme retrocesso!
Essa generalização do modelo simplista de interpretação da forma capitalista de organizar a sociedade foi se consolidando aos poucos, a ponto de se transformar em uma espécie de “unanimidade artificialmente construída” junto aos espaços dos principais formadores de opinião em escala global.
Essa verdadeira ditadura do pensamento único reinou absoluta no ambiente das grandes empresas, no interior das organizações multilaterais (Fundo Monetário Internacional – FMI, Banco Mundial – BM, entre outros), nas manifestações cotidianas dos meios de comunicações, bem como no interior dos centros de pesquisa e das universidades.
A experiência havia adquirido fôlego e musculatura ideológica com a chegada de Thatcher e Reagan ao poder, nos 2 países que representavam a essência mesma do “capitalismo mais autêntico” no início da década de 1980.
(…)
A idéia de que não haveria mais espaço a outra alternativa para o futuro da experiência humana levou alguns pensadores mais apressadinhos, como Francis Fukuyama, a proporem a sugestiva interpretação do chamado “fim da história”.
(…)
Tem início uma nova fase na dinâmica econômica mundial.
Tratava-se do difícil e penoso período dos chamados “ajustes estruturais”, onde o FMI, BM e demais organizações similares impuseram programas de estabilização macroeconômica aos países em desenvolvimento, sob a lógica do receituário de medidas que ficou conhecido como o “Consenso de Washington”.
Sua marca era o arrocho e a ortodoxia.
As bases teóricas que estavam a fundamentar esse tipo de intervenção eram as mesmas do modelo neoliberal de interpretação do fenômeno econômico.
O foco recaía sobre a necessidade de reduzir toda e qualquer manifestação de existência do setor público a uma única regra de ouro: “Estado mínimo”.
(…)
A simples presença de atores que respondessem a uma lógica estatal, diferente da pureza de espírito da dinâmica de interesses do capital, contribuiria para deturpar a liberdade de empreendimento e levaria a solução a um ponto de “desequilíbrio”.
Esse desvario de um pretenso liberalismo radical mal desenhado chegou a elaborar proposições criminosas, como a de eliminar importantes ferramentas de política econômica.
Foi o caso de suprimir mecanismos como a política cambial, a política de controle de fluxo de capitais externos, a política de incentivos para consolidação de nichos de política industrial, entre tantos equívocos.
Boa parte dos países terminou por levar a cabo a privatização do conjunto de suas empresas públicas e estatais, bem como encaminharam soluções de desregulamentação e liberalização de seus instrumentos de implementação de políticas públicas.
Como as palavras de ordem da moda eram “todo poder ao mercado” e “morte ao Estado”, a capacidade de gestão pública foi sendo esvaziada e as soluções privadas continuaram cada vez mais endeusadas, vendidas como a panacéia para todos os males civilizatórios.
No entanto, os inúmeros alertas a respeito das debilidades intrínsecas a essa forma obtusa de encarar o fenômeno econômico não encontraram repercussão nos meios de comunicação.
Os focos de crítica do modelo neoliberal e as tentativas de proposições alternativas eram logo taxados de jurássicos, saudosistas de um passado que não teria mais volta.
Até que a crise econômica desencadeada em 2008 proporcionou o surgimento de espaço para interpretações distintas das que vigiam até então.
Pouco a pouco, as próprias organizações multilaterais e seus principais protagonistas ensaiavam uma fenomenal reviravolta e alguns termos proibidos nos debates passaram a freqüentar as entrevistas, os documentos e as declarações de integrantes de governos dos países do Ocidente.
Política anti-cíclica, medidas keynesianas, política industrial, protecionismo comercial, preferência nacional nas compras governamentais, subsídios públicos a empresas em dificuldades, incremento de medidas de regulação econômica, intervenção do Estado na formação da taxa de câmbio, re-estatização de empresas que haviam sido privatizadas no passado recente, entre muitas outras “heresias”, tudo isso passou a fazer parte da linguagem “normal e natural” dos integrantes do “establishment”.
O liberalismo dogmático cede lugar ao salvacionismo pragmático, pois o essencial era preservar o sistema econômico, ainda que isso se desse às custas de concessões significativas no plano dos princípios.
Porém, como o movimento de mudança nas idéias é bem mais lento do que as transformações na realidade, as instituições de ensino de economia não conseguiram acompanhar a velocidade de tal evolução.
Como as estruturas universitárias haviam sido moldadas para uma tendência de cunho liberalizante que os patrocinadores imaginavam sem retorno, o tempo para adaptação à nova realidade do mundo operava em outra cadência.
As escolas funcionavam de acordo com os modelos doutrinaristas do mercadismo radical.
(…)
Ao contrário dos que pretendiam transformar a economia em uma “ciência dura” – com certezas que a aproximassem da engenharia – a universidade necessitava incorporar uma visão heterodoxa a respeito da matéria.
Face a tal resistência dos dirigentes da academia em se atualizar e internalizar elementos de uma visão crítica, coube aos estudantes pelo mundo afora promover o início desse debate e exigir mudanças.
(…)
Os movimentos dos alunos foram rapidamente seguidos por professores e pesquisadores, que passaram a reivindicar também mais espaço para reflexão e oxigenação de idéias.
As contribuições de pensadores como Marx, Keynes, Kalecki, entre outros críticos do próprio capitalismo, se oferecem como instrumental mais adequado para compreender e explicar a própria crise.
Mas para tanto, esses assuntos teriam que voltar a ser estudados nas faculdades.
Isso significava a necessidade de alterações curriculares, convites a professores com perfil diferenciado, abertura de novas linhas de pesquisa, indicação de novas listas de bibliografia.
Em uma palavra, o pleito generalizado passou a ser por mudanças no ensino de economia.
Se as ondas da mudança tardam a se aproximar dos ambientes universitários nos países mais desenvolvidos, o mesmo parece ocorrer na academia brasileira.
Tudo se passa como se as transformações experimentadas pela política econômica desenvolvida nos últimos anos pudessem ser guardadas e escondidas num canto da sala, até serem esquecidas pelos principais atores envolvidos com a matéria.
Os representantes do financismo e das grandes corporações empresariais não têm interesse algum no desenvolvimento de espaços de reflexão crítica, seja nos meios de comunicação, seja nas universidades.
Cabe aos alunos, professores, pesquisadores e demais profissionais ocuparem cada nicho conquistado como uma trincheira para essa importante batalha de idéias.
As futuras gerações certamente agradecerão aqueles que empunharem essa bandeira nos tempos de hoje.
*Economista e militante por um mundo mais justo em termos sociais e econômicos.
Íntegra em:
(http://www.cartamaior.com.br/?/Coluna/Mudancas-no-ensino-de-Economia/29848)
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Bacellar
E dizem que as fêmeas dos bonobos são sexualmente receptivas e atrativas a todo o momento da mesma forma que as fêmeas humanas e diferentemente das fêmeas caninas (esse sim um bichinho bão! Fiel, quadrúpede, lambedor…)! Ora com a pesquisa do Dr. Morris e esse dado sobre os bonobos só nos resta concluir que de fato o homem é primata, tão troglodita, ou mais, do que homo. E o que pode o homem-primata para alem do capitalismo selvagem (ooo o)?
FrancoAtirador
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O mais preocupante nessa pesquisa é o dado estatístico: 0,6%.
Na época do ‘Ouro de Tolo’, do Raul Seixas, uns 40 anos atrás,
a gente usava 10% da cabeça animal. E o Raul inda achava pouco…
Ouro de Tolo
(Raul Seixas)
Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros por mês
Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar um Corcel 73
Eu devia estar alegre e satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa
Ah! Eu devia estar sorrindo e orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa
Eu devia estar contente
Por ter conseguido tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado
Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto: E daí?
Eu tenho uma porção de coisas grandes
Pra conquistar, e eu não posso ficar aí parado
Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Pra ir com a família ao Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos
Ah! Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco praia, carro, jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco
É você olhar no espelho
Se sentir um grandessíssimo idiota
Saber que é humano, ridículo, limitado
Que só usa dez por cento de sua Cabeça Animal
E você ainda acredita que
é um doutor, padre ou policial
Que está contribuindo com sua parte
Para nosso belo quadro social
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada cheia de dentes
Esperando a morte chegar
Porque longe das cercas embandeiradas
que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora de um disco voador
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada cheia de dentes
Esperando a morte chegar
Porque longe das cercas embandeiradas
que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora de um disco voador
(http://www.vagalume.com.br/raul-seixas/ouro-de-tolo.html)
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Ouro_de_Tolo)
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Homem Primata
(Titãs)
Desde os primórdios
Até hoje em dia
O homem ainda faz
O que o macaco fazia
Eu não trabalhava
Eu não sabia
Que o homem criava
E também destruía
Homem Primata
Capitalismo Selvagem
Ô!Ô!Ô!
Homem Primata
Capitalismo Selvagem
Ô!Ô!Ô!
Eu aprendi
A vida é um jogo
Cada um por si
E Deus contra todos
Você vai morrer
E não vai pro céu
É bom aprender
A vida é cruel
Homem Primata
Capitalismo Selvagem
Ô!Ô!Ô!
Homem Primata
Capitalismo Selvagem
Ô!Ô!Ô!
Eu me perdi
Na selva de pedra
Eu me perdi
Eu me perdi
“I’m a cave man
A young man
I fight with my hands
(With my hands)
I am a jungle man
A monkey man
Concrete jungle!
Concrete jungle!”
(http://letras.mus.br/titas/48977)
(http://www.youtube.com/watch?v=OZfgSnXRhZI)
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SILVIO MIGUEL GOMES
Os cientistas já têm acréscimos (acho que não é a palavra correta) à Teoria da Evolução das Espécies, mas somente vão divulgar no ano 2.025. É impressionante como as pessoas fanáticas não suportam a realidade (sejam religiosos ou “cientistas”)
Pedro
Em tudo isso, fico com o “animal social” de Aristóteles, e recomendo que se leia a sua Política.
Narr
É aquela história, o garoto chega em casa e anuncia: “papai, hoje aprendi na escola que somos descendentes de um antropóide que também gerou os macacos”, e o cara responde “você pode ser descendente, eu com certeza não”.
Urbano
É de bom alvitre colocar-se uma vírgula após ‘grande escritor’, a fim de que possivelmente eu não mude a naturalidade de Urariano Mota.
Urariano Mota
Salve, Urbano. Grande é a sua generosidade.
FrancoAtirador
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A esta altura já estou pensando que o homem está evoluindo para o macaco.
Aliás, quase no fim do século 19, o Engels escreveu um livro sob o título:
“SOBRE O PAPEL DO TRABALHO NA TRANSFORMAÇÃO DO MACACO EM HOMEM”.
Depois da vigência do estágio NeoLiberal do Capitalismo em nossos dias,
o mesmo Engels, se vivo ainda fosse, talvez invertesse duas palavras:
“SOBRE O PAPEL DO TRABALHO NA TRANSFORMAÇÃO DO HOMEM EM MACACO”…
(http://www.marxists.org/portugues/marx/1876/mes/macaco.htm)
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Urariano Mota
Genial. FrancoAtirador continua bem o significado do texto.
FrancoAtirador
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Bondade sua, camarada Urariano.
Confesso que estou apenas tentando preservar
o pouco que ainda me resta dos tais 0,6%
fundamentalmente de conexões neuronais.
Até agora, tenho mesmo obtido certo sucesso:
Ao menos por enquanto, não embarco na conversa
das ‘descobertas científicas’ sobre ‘Boimate’.
Um grande abraço primata, humano e libertário.
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FrancoAtirador
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Ilustração
Para o Comando Financeiro Neoliberal Planetário,
cuja voz, em qualquer País, é a Mídia Empresarial,
nós, os trabalhadores em geral, estamos condenados
a ser, pelos séculos dos séculos, catadores de côco,
sem direito à água-de-côco, muito menos ao próprio côco.
Hoje, estamos, inclusive, com nossos empregos ameaçados
pela ‘concorrência desleal’ de nossos ‘irmãos genéticos’…
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Jornal da BAND:
“Colhedores de coco na Indonésia descobriram uma técnica
diferente para colher a fruta na província de Sumatra.
A idéia é simples. Os colhedores treinaram macacos
para ajudar na colheita de coco.
Os animais, acostumados a escalar árvores,
vão até o topo e jogam os cocos no chão
e não fazem só isso. Estão concentrados numa nova lição:
reconhecer se os cocos estão ou não maduros.”
(http://noticias.band.uol.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?id=4230)
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Multishow.GLOBO:
“Em Koh Samui, na Tailândia, Bruno de Luca
visitou uma plantação de coco exótica
em que os funcionários que fazem a colheita
não são humanos, mas sim macacos,
que vão à escola e recebem o treinamento
adequado para se tornarem catadores de coco.”
(http://multishow.globo.com/Vai-Pra-Onde/Videos/_2673012.shtml)
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Flávio
Bom, lá vai o link do trabalho original: http://www.pnas.org/content/100/12/7181.full.pdf+html
O trabalho relata apenas a concordância genética (de 97 genes apenas, vejam
que o trabalho já tem dez anos…).
Edgar Rocha
Pelo que eu entendi (se é que meus 0,6% estão funcionando, ou se os tenho, sei, lá), há uma chance enorme de que todo este discurso sobre nossa semelhança com o chimpanzé não passe de pirotecnia fajuta com alto grau de sacanagem pura e simples. Ok. Não duvido disso, mesmo. Mas, o meu tico cutucou meu teco e os dois ficaram na dúvida: é só isto? Fanfarronice, sencacionalismo e fraude? Se for, por que a pressa em transformar esta notícia em um show? Só pra vender jornal? Caramba, tanta besteira só pra isto? Pelamordedeus (e com licença de Darwin), precisa tanto? Acho que há alguma pretensão ideológica maior neste estondo todo. Combate aos criacionistas? Um empurrãozinho nos movimentos de direitos dos animais? Analogias possíveis entre o comportamento humano e o do chimpanzé, que justificariam e naturalizariam certos paradigmas que têm ganhado força nestes últimos tempos? Sim, porque, do pouco que sei sobre o bicho (o macaco), este é um traíra, hierárquico, cruel e assassino… enfim, adaptações à lei da selva, se é que me entendem. Tá, viajei (e nem fumei nada!). De qualquer forma, não seria preciso nenhuma aproximação ente ambas as espécies pra se ter respeito pelo bicho, ou reconhecer sua importância, sua similaridade conosco e os vários níveis de inteligência existentes na natureza, além do chimpanzé e do homem.
Edson (BH)
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Urbano
Aproveito para dizer a outro grande escritor pernambucano de coração, a quem sempre admirei e continuo admirando, que fidelidade nada tem a ver com distorção da verdade; e se a gente insiste, então passa a ser estreiteza de juízo. Uma senhora que nem sei mais quem foi já havia dito que o mitômano zé contra-rampa, quando das eleições presidenciais de 2010, era o mais preparado. Assim como o Eduardo moita repetindo palavras de outrem para dizer que dava para fazer mais, ele também nem modificou as palavras para fazer loa a este… A propósito, uma simples pergunta: desde quando uma pessoa que atraiçoou o Presidente Lula, depois deste fazer tudo que fez por ele e por Pernambuco, pode vir a ser chamado de ‘o mais preparado para ser presidente do Brasil? O senhor, por acaso, já se esqueceu do rol de ex-presidentes deste mesmo naipe, foi?
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