Um manual para entender Washington

Tempo de leitura: 17 min

06/12/2010

Os Estados Unidos nunca quiseram derrubar o governo de Néstor Kirchner nem o de Cristina. Tampouco sentem alguma simpatia especial por eles, ainda que sempre tenha colaborado nos temas ligados ao terrorismo internacional. Talvez o Departamento de Estado ainda não tenha entendido o que significam, na América do Sul, governos como os de Lula, Kirchner ou Tabaré Vázquez-Pepe Mujica, mas aos poucos vão se resignando com eles e, de tabela, vão se resignando também aos de Evo Morales e Rafael Correa. O artigo é de Martín Granovsky.

por Martín Granovsky, Página/12

O embaixador era um tipo simpático, entendia bem espanhol, captava inclusive as piadas com duplo sentido, lidava com muita gente diferente e lia os informes de Inteligência. Mas, além disso, tinha construído seu próprio indicador: uma vez por semana, tomava o automóvel e percorria de ponta a ponta o Camino del Buen Ayre [autopista de 23km de extensão localizada na Grande Buenos Aires] “Não quero que me contem tudo”, dizia. “Quero ver algumas coisas com meus próprios olhos”.

As vilas à beira da estrada que une o Acesso Norte com o Oeste da Grande Buenos Aires cresceram explosivamente nos anos 90. A situação social argentina e a distribuição de renda eram os assuntos que mais preocupavam os Estados Unidos? Provavelmente não. Mas esse embaixador gostava de olhar o tabuleiro completo da realidade.

Quem são os piqueteros?

Houve outro embaixador dos Estados Unidos, menos simpático, mas muito inteligente. Quando se aposentou começou a trabalhar para consórcios argentinos e norteamericanos. Nos primeiros meses de 2002, logo após o final sob tiros do governo Fernando de la Rúa-Nicolás Gallo e no início do governo de Eduardo Duhalde, o Wilson Center, de Washington, convocou um seminário com acadêmicos, políticos e jornalistas norteamericanos e argentinos. O ex-embaixador estava entre o público. Quando terminou um dos painéis, ele se aproximou de um jornalista argentino.

—  Posso fazer uma pergunta?

— A mim? – riu o jornalista. É você que sabe tudo da Argentina.

—  Mas quero entender um fenômeno novo – rebateu o embaixador. Pode me explicar quem são os piqueteros?

O jornalista disse a ele então que as organizações piqueteras eram uma consequência da perda de emprego, da queda na sindicalização, da necessidade social de agrupar-se em meio à fragmentação e de buscar um modo de representar os desempregados em sua luta pela criação de fontes de trabalho.

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— Não são extremistas? – perguntou ainda o embaixador.

–Não. São uma forma de protesto não violenta.

— E esse protesto não pode desembocar em uma nova guerrilha?

—  Tampouco – respondeu o jornalista. Eu diria que eles justamente canalizam o protesto e impedirão a violência.

A conversa se prolongou por outros quinze minutos e, no final, o embaixador confessou seu alívio:

— Muito obrigado. Você não sabe a quantidade de estupidez que me dizem os empresários argentinos quando vem aqui.

Um ex-embaixador marxista? Não. Um amante das análises reais do mesmo modo que aquele outro diplomata que todos os dias levantava informações sobre como votaria cada membro da Corte Suprema sobre a constitucionalidade de lei de Obediência Devida. Era 1978 e o diplomata não ignorava que, para ter as informações, as regras do jogo cavalheiresco indicavam que não devia só perguntar. Também devia contar qual era seu próprio cenário. E, sem dizer tudo, não mentir.

Um lutador contra a Obediência Devida? Não, um diplomata em busca de um panorama real sobre a situação militar. Na Semana Santa, os EUA tinham apoiado o governo de Raúl Alfonsín a tal ponto que foi um funcionário argentino que redigiu o rascunho do comunicado emitido pelo então embaixador Theodore Gildred repudiando o levantamento de Aldo Rico.

“Um grupo de alcaguetes”

O escândalo de Wikileaks oculta alguns dados elementares. Um é que a relação aberta dos diplomatas norteamericanos com políticos, economistas ou jornalistas sempre existiu. Outro é que há diplomatas com abertura mental e vocação de trabalho e outros mais folgados e fechados.

Um terceiro elemento é que nem todos os argentinos estabelecem o mesmo tipo de relações com os norteamericanos. Há os que se colocam de igual para igual, mesmo sabendo da enorme disparidade de poder e sustentando diferenças com a visão de mundo dos EUA ou de um governo em particular. E há aqueles que o consultor Enrique Zuleto chama, sem rodeios, “um grupo de alcaguetes”. À essa última categoria poderia pertencer alguns dos consultados em 2009 sobre a continuidade do governo de Cristina e puseram-na em dúvida diante do encarregado de negócios Thomas Kelly. O engraçado é que a conclusão de Kelly depois de escutá-los, segundo revela o telegrama 853 de Wikileaks, foi que Cristina prosseguiria no governo. Ou seja, é preciso dar uma volta a mais no raciocínio. Às vezes os EUA consultam alcaguetes sem capacidade de análise.

Por que alguns norteamericanos ainda os consultam, mesmo sendo maus analistas, é um mistério com duas hipóteses. Uma delas, a mais ingênua, é que esses norteamericanos se mimetizam com o setor mais improdutivo da classe alta argentina e a sintonia ideológica ou sociala caba ofuscando sua capacidade de análise. Outra é que, ao convocá-los, estão estimulando o ego dos alcaguetes. Assim, cheios de narcisismo, eles reproduzem suas avaliações equivocadas fora do mundo diplomático convencidos, a essa altura, de que são a verdadeira representação de Washington na terra.

Deste modo, por ação ou omissão, os prognosticadores da queda de governos no curto prazo ou dólares a dez pesos terminam sendo, de fato, veículos de ação psicológica. Não há uma só resposta. Ambas as hipóteses podem conviver. Quanto à segunda (a hipóteses da ação psicológica induzida) depende do grau de irritação da respectiva administração norteamericana. Não há uma resposta que possa ser tomada como regra geral. Ela varia de momento a momento e os argentinos que gostam de análise realista devem perceber as mudanças de humor em tempo real e olhar para todas as faces dos Estados Unidos: a Casa Branca, a diplomacia, as empresas, os grandes meios de comunicação, o Departamento do Tesouro, as mudanças na CIA e na estrutura de inteligência, Wall Street, o peso de cada embaixador e as questões estratégico-militares.

Um caso interessante é o de Terence Todman. Embaixador entre 1989 e 1992, deixou correr a ideia falsa de que era um grande lobista dos Estados Unidos. Não era. Todas as privatizações terminaram em mãos europeias. Mas garantiu o fim dos testes com mísseis e parceria nuclear (o Condor II, a cooperação com o Irã) e o fez de tal forma que a Argentina não terminou com ambas as aventuras por um acordo com o Brasil, mas sim as entregando a Washington. O raciocínio da equipe do chanceler Guido Di Tella e do vice-chanceler Andrés Cisneros era que esse modo de representar o alinhamento mundial, que havia começado com a participação argentina na coalizão para a primeira guerra do Golfo, seria vantajoso para a Argentina. A lenda diz que as relações carnais foram econômicas. A realidade, que foram estratégico-militares.

Um bom conselho

Wikileaks mostra só uma cara das relações dos Estados Unidos com cada país: a coleta de dados. E mostra somente uma parte dessa tarefa. Não há telegramas sobre as negociações de alto nível nem relatórios escritos pela Agência Central de Inteligência ou pela inteligência militar que depende do Departamento de Defesa, o famoso Pentágono. É óbvio que para um país convertido desde 1991, quando caiu a União Soviética, na única superpotência econômica e militar, ao menos até a crise financeira mundial de 2008, a recompilação informativa é acompanhada de ação.

Salvo um telegrama sobre as Malvinas, de fins de 66, a informação do Wikileaks sobre a Argentina filtrada até agora se limita aos governos de Néstor e Cristina Kirchner.

O que Washington quis fazer na Argentina, além de saber o que estava ocorrendo?

Neste ponto, convém citar o conselho de um experiente acadêmico, Abraham Lowenthal, em 1986, durante a crise centroamericana.

—  Você não se decepcione com o que vou dizer – refletiu certa vez, durante visita a Buenos Aires. A política específica dos Estados Unidos para a Argentina não existe. A Argentina não é um grande problema nem uma grande oportunidade para os Estados Unidos.

Diante da pergunta de como se situar analiticamente frente a seu diagnóstico, Lowenthal disse:

— É fácil responder, mas é mais difícil o trabalho. Você deve agir por dedução. Deve analisar toda a política dos EUA, a interna em primeiro lugar e a externa depois, e deduzir que efeitos terá para a Argentina. Se não jamais entenderá nada.

Dez indícios

Um exercício em homenagem à sabedoria de Lowenthal poderia incluir, hoje, os seguintes indícios:

Primeiro, Néstor Kirchner assumiu apenas um ano e meio depois do ataque às Torres Gêmeas.

Segundo, George Bush estava preocupado de maneira quase exclusiva com a Al Qaeda.

Terceiro, Buenos Aires havia sido vítima de dois atentados de origem externa, em 1992 e em 1994.

Quarto, estava clara a nula simpatia de Néstor e Cristina Kirchner pela Al Qaeda. E havia sido nítida a crítica de Cristina, como legisladora nacional, durante o caso AMIA, às manobras da Justiça e do Executivo para travar a investigação.

Quinto, na América Latina, a Argentina não era um desafio nem objetivo (por poder real) nem subjetivo (por ideologia manifesta) ao poderio militar dos EUA. A maior contradição real terminou sendo a questão de integrar ou não uma Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), um projeto que acabou sepultado na Cúpula de Mar del Plata, em 2005, pela ação coordenada de Kirchner e Luiz Inácio Lula da Silva.

Sexto, quando Kirchner assumiu, Bush acabava de começar a guerra do Iraque. Kirchner assumiu o cargo no dia 25 de maio de 2003. Bush invadiu o Iraque no dia 20 de março.

Sétimo, depois do Iraque veio a preocupação norteamericana com o Irã.

Oitavo, a Argentina acabou se enfrentando diretamente com o Irã, a tal ponto que não há relação diplomática em nível de embaixadores, logo depois de pedir a extradição de cidadãos iranianos, que Teerã negou a Interpol.

Nono, Washington participou da tentativa de golpe na Venezuela, em 11 de abril de 2002, ou seja, apenas um ano antes do início do governo Kirchner. Fracassou pela debilidade da elite antichavista e, desde esse momento, escolheu uma tática de erosão de Hugo Chávez.

Décimo, nem Néstor nem Cristina Kirchner foram chavistas. Sempre implementaram uma política com duas metas. Por um lado, de amizade e integração com a Venezuela. Por outro, junto com o Brasil, de fator moderador de Chávez. É lógico que os EUA procuraram castigar o primeiro objetivo. O caso de Guido Antonini Wilson revela a conexão entre o pior de cada caso e, ao mesmo tempo, deixa um dado que alguma liberação de informes de inteligência com base em Miami poderá esclarecer no futuro: a quem Antonini, hoje residente nos EUA, respondia no princípio ou no final da história.

(Nota do tradutor: Guido Antonini Wilson é um empresário venezuelano-estadunidense, conhecido por ser um dos protagonistas no escândalo da maleta envolvendo Argentina e Venezuela em agosto de 2007. Antonini foi detido, em agosto de 2007) no aeroparque Jorge Newbery, de Buenos Aires, onde chegou em um vôo fretado por empregados da PDVSA e oficiais argentinos, portando uma maleta com 790.550 dólares, que não declarou às autoridades aduaneiras).

A conclusão dos dez pontos mencionados é aquela que qualquer observador sério pode ver. Os Estados Unidos nunca quiseram derrubar o governo de Néstor Kirchner nem o de Cristina. Tampouco sentem alguma simpatia especial por eles, ainda que sempre tenha colaborado nos temas ligados ao terrorismo internacional. Talvez o Departamento de Estado ainda não tenha entendido o que significam, na América do Sul, governos como os de Lula, Kirchner ou Tabaré Vázquez-Pepe Mujica, mas aos poucos vão se resignando com eles e, de tabela, vão se resignando também aos de Evo Morales e Rafael Correa.

O INR, uma chave

O desafio para os analistas argentinos, para além da ideologia de cada um, é se ficarão tão bobos como os informes mais bobos da embaixada ou tão realistas e curiosos como aqueles dos embaixadores e do diplomata que preferia a informação às previsões de Horangel [famoso astrólogo argentino].

— Todos dizem que eu investigo, mas minha fonte é a lista telefônica – brincava o grande editor Jacob Timerman.

Assim destacava a necessidade de analisar os dados públicos e não somente as fofocas, que por outro lado o encantavam para que um artigo fosse – como ele dizia – “bem crocante”.

Um bom exemplo é o famoso questionário enviado pelo Departamento de Estado a sua embaixada em Buenos Aires, em 2009, sobre as atitudes de Cristina Kirchner e como ela lida com o estresse.

No telegrama difundido por Wikileaks aparece uma sigla: INR.

A internet é uma ferramenta perigosa se alguém quiser usá-la para substituir os livros ou a formação prévia, porque não a suplanta, mas facilita muito as coisas. Vão, por favor, ao Google e digitem INR + State Department. O resultado da pesquisa remeterá para esta página http://www.state.gov/s/inr/. Ali se lê, em inglês, “Bureau of Intelligence and Research” (Escritório de Inteligência e Investigação). As duas primeiras letras de INR são as primeiras de “intelligence”. A última é o “erre” de pesquisa, investigação.

Ali se lê: “O Escritório de Inteligência e Investigação é encabeçado pelo secretário adjunto Philip S. Goldberg. Sua missão primária é aproveitar a inteligência para servir à diplomacia dos Estados Unidos. Ao recorrer à inteligência de todos os tipos de fontes, o INR fornece análises independentes com valor agregado sobre os fatos aos encarregados de realizar as políticas do Departamento de Estado. Assegura que as atividades de inteligência respaldem a política externa e os objetivos da segurança nacional. E serve como núcleo do Departamento de Estado para garantir políticas de contrainteligência e de cumprimento da lei. O escritório também analisa problemas geográficos e de limites internacionais. O INR é membro da comunidade de inteligência dos Estados Unidos”.

INR é conhecido entre os investigadores norteamericanos por um antecedente. Em 2002 foi o setor da comunidade de inteligência que fez uma advertência interna. Disse que o Iraque não dispunha dos tubos de alumínio necessários para as centrífugas capazes de produzir urânio enriquecido para uso militar. Bush, no entanto, falou publicamente desses tubos, do mesmo modo que relacionou o Iraque com a Al Qaeda apesar de o então diretor da CIA, George Tenet, ter dito que a ditadura de Saddam Hussein não tinha relação alguma com o terrorismo islâmico. Os tubos, o urânio e a Al Qaeda foram os três argumentos usados por Bush para lançar a guerra de 2003.

O Wikileaks é divertido. Crocante. Mas, além dele, estão aí a história e o “Camino del Buen Ayre”.

06/12/2010

Os Estados Unidos nunca quiseram derrubar o governo de Néstor Kirchner nem o de Cristina. Tampouco sentem alguma simpatia especial por eles, ainda que sempre tenha colaborado nos temas ligados ao terrorismo internacional. Talvez o Departamento de Estado ainda não tenha entendido o que significam, na América do Sul, governos como os de Lula, Kirchner ou Tabaré Vázquez-Pepe Mujica, mas aos poucos vão se resignando com eles e, de tabela, vão se resignando também aos de Evo Morales e Rafael Correa. O artigo é de Martín Granovsky.

por Martín Granovsky, Página/12

O embaixador era um tipo simpático, entendia bem espanhol, captava inclusive as piadas com duplo sentido, lidava com muita gente diferente e lia os informes de Inteligência. Mas, além disso, tinha construído seu próprio indicador: uma vez por semana, tomava o automóvel e percorria de ponta a ponta o Camino del Buen Ayre [autopista de 23km de extensão localizada na Grande Buenos Aires] “Não quero que me contem tudo”, dizia. “Quero ver algumas coisas com meus próprios olhos”.

As vilas à beira da estrada que une o Acesso Norte com o Oeste da Grande Buenos Aires cresceram explosivamente nos anos 90. A situação social argentina e a distribuição de renda eram os assuntos que mais preocupavam os Estados Unidos? Provavelmente não. Mas esse embaixador gostava de olhar o tabuleiro completo da realidade.

Quem são os piqueteros?

Houve outro embaixador dos Estados Unidos, menos simpático, mas muito inteligente. Quando se aposentou começou a trabalhar para consórcios argentinos e norteamericanos. Nos primeiros meses de 2002, logo após o final sob tiros do governo Fernando de la Rúa-Nicolás Gallo e no início do governo de Eduardo Duhalde, o Wilson Center, de Washington, convocou um seminário com acadêmicos, políticos e jornalistas norteamericanos e argentinos. O ex-embaixador estava entre o público. Quando terminou um dos painéis, ele se aproximou de um jornalista argentino.

—  Posso fazer uma pergunta?

— A mim? – riu o jornalista. É você que sabe tudo da Argentina.

—  Mas quero entender um fenômeno novo – rebateu o embaixador. Pode me explicar quem são os piqueteros?

O jornalista disse a ele então que as organizações piqueteras eram uma consequência da perda de emprego, da queda na sindicalização, da necessidade social de agrupar-se em meio à fragmentação e de buscar um modo de representar os desempregados em sua luta pela criação de fontes de trabalho.

— Não são extremistas? – perguntou ainda o embaixador.

–Não. São uma forma de protesto não violenta.

— E esse protesto não pode desembocar em uma nova guerrilha?

—  Tampouco – respondeu o jornalista. Eu diria que eles justamente canalizam o protesto e impedirão a violência.

A conversa se prolongou por outros quinze minutos e, no final, o embaixador confessou seu alívio:

— Muito obrigado. Você não sabe a quantidade de estupidez que me dizem os empresários argentinos quando vem aqui.

Um ex-embaixador marxista? Não. Um amante das análises reais do mesmo modo que aquele outro diplomata que todos os dias levantava informações sobre como votaria cada membro da Corte Suprema sobre a constitucionalidade de lei de Obediência Devida. Era 1978 e o diplomata não ignorava que, para ter as informações, as regras do jogo cavalheiresco indicavam que não devia só perguntar. Também devia contar qual era seu próprio cenário. E, sem dizer tudo, não mentir.

Um lutador contra a Obediência Devida? Não, um diplomata em busca de um panorama real sobre a situação militar. Na Semana Santa, os EUA tinham apoiado o governo de Raúl Alfonsín a tal ponto que foi um funcionário argentino que redigiu o rascunho do comunicado emitido pelo então embaixador Theodore Gildred repudiando o levantamento de Aldo Rico.

“Um grupo de alcaguetes”

O escândalo de Wikileaks oculta alguns dados elementares. Um é que a relação aberta dos diplomatas norteamericanos com políticos, economistas ou jornalistas sempre existiu. Outro é que há diplomatas com abertura mental e vocação de trabalho e outros mais folgados e fechados.

Um terceiro elemento é que nem todos os argentinos estabelecem o mesmo tipo de relações com os norteamericanos. Há os que se colocam de igual para igual, mesmo sabendo da enorme disparidade de poder e sustentando diferenças com a visão de mundo dos EUA ou de um governo em particular. E há aqueles que o consultor Enrique Zuleto chama, sem rodeios, “um grupo de alcaguetes”. À essa última categoria poderia pertencer alguns dos consultados em 2009 sobre a continuidade do governo de Cristina e puseram-na em dúvida diante do encarregado de negócios Thomas Kelly. O engraçado é que a conclusão de Kelly depois de escutá-los, segundo revela o telegrama 853 de Wikileaks, foi que Cristina prosseguiria no governo. Ou seja, é preciso dar uma volta a mais no raciocínio. Às vezes os EUA consultam alcaguetes sem capacidade de análise.

Por que alguns norteamericanos ainda os consultam, mesmo sendo maus analistas, é um mistério com duas hipóteses. Uma delas, a mais ingênua, é que esses norteamericanos se mimetizam com o setor mais improdutivo da classe alta argentina e a sintonia ideológica ou sociala caba ofuscando sua capacidade de análise. Outra é que, ao convocá-los, estão estimulando o ego dos alcaguetes. Assim, cheios de narcisismo, eles reproduzem suas avaliações equivocadas fora do mundo diplomático convencidos, a essa altura, de que são a verdadeira representação de Washington na terra.

Deste modo, por ação ou omissão, os prognosticadores da queda de governos no curto prazo ou dólares a dez pesos terminam sendo, de fato, veículos de ação psicológica. Não há uma só resposta. Ambas as hipóteses podem conviver. Quanto à segunda (a hipóteses da ação psicológica induzida) depende do grau de irritação da respectiva administração norteamericana. Não há uma resposta que possa ser tomada como regra geral. Ela varia de momento a momento e os argentinos que gostam de análise realista devem perceber as mudanças de humor em tempo real e olhar para todas as faces dos Estados Unidos: a Casa Branca, a diplomacia, as empresas, os grandes meios de comunicação, o Departamento do Tesouro, as mudanças na CIA e na estrutura de inteligência, Wall Street, o peso de cada embaixador e as questões estratégico-militares.

Um caso interessante é o de Terence Todman. Embaixador entre 1989 e 1992, deixou correr a ideia falsa de que era um grande lobista dos Estados Unidos. Não era. Todas as privatizações terminaram em mãos europeias. Mas garantiu o fim dos testes com mísseis e parceria nuclear (o Condor II, a cooperação com o Irã) e o fez de tal forma que a Argentina não terminou com ambas as aventuras por um acordo com o Brasil, mas sim as entregando a Washington. O raciocínio da equipe do chanceler Guido Di Tella e do vice-chanceler Andrés Cisneros era que esse modo de representar o alinhamento mundial, que havia começado com a participação argentina na coalizão para a primeira guerra do Golfo, seria vantajoso para a Argentina. A lenda diz que as relações carnais foram econômicas. A realidade, que foram estratégico-militares.

Um bom conselho

Wikileaks mostra só uma cara das relações dos Estados Unidos com cada país: a coleta de dados. E mostra somente uma parte dessa tarefa. Não há telegramas sobre as negociações de alto nível nem relatórios escritos pela Agência Central de Inteligência ou pela inteligência militar que depende do Departamento de Defesa, o famoso Pentágono. É óbvio que para um país convertido desde 1991, quando caiu a União Soviética, na única superpotência econômica e militar, ao menos até a crise financeira mundial de 2008, a recompilação informativa é acompanhada de ação.

Salvo um telegrama sobre as Malvinas, de fins de 66, a informação do Wikileaks sobre a Argentina filtrada até agora se limita aos governos de Néstor e Cristina Kirchner.

O que Washington quis fazer na Argentina, além de saber o que estava ocorrendo?

Neste ponto, convém citar o conselho de um experiente acadêmico, Abraham Lowenthal, em 1986, durante a crise centroamericana.

—  Você não se decepcione com o que vou dizer – refletiu certa vez, durante visita a Buenos Aires. A política específica dos Estados Unidos para a Argentina não existe. A Argentina não é um grande problema nem uma grande oportunidade para os Estados Unidos.

Diante da pergunta de como se situar analiticamente frente a seu diagnóstico, Lowenthal disse:

— É fácil responder, mas é mais difícil o trabalho. Você deve agir por dedução. Deve analisar toda a política dos EUA, a interna em primeiro lugar e a externa depois, e deduzir que efeitos terá para a Argentina. Se não jamais entenderá nada.

Dez indícios

Um exercício em homenagem à sabedoria de Lowenthal poderia incluir, hoje, os seguintes indícios:

Primeiro, Néstor Kirchner assumiu apenas um ano e meio depois do ataque às Torres Gêmeas.

Segundo, George Bush estava preocupado de maneira quase exclusiva com a Al Qaeda.

Terceiro, Buenos Aires havia sido vítima de dois atentados de origem externa, em 1992 e em 1994.

Quarto, estava clara a nula simpatia de Néstor e Cristina Kirchner pela Al Qaeda. E havia sido nítida a crítica de Cristina, como legisladora nacional, durante o caso AMIA, às manobras da Justiça e do Executivo para travar a investigação.

Quinto, na América Latina, a Argentina não era um desafio nem objetivo (por poder real) nem subjetivo (por ideologia manifesta) ao poderio militar dos EUA. A maior contradição real terminou sendo a questão de integrar ou não uma Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), um projeto que acabou sepultado na Cúpula de Mar del Plata, em 2005, pela ação coordenada de Kirchner e Luiz Inácio Lula da Silva.

Sexto, quando Kirchner assumiu, Bush acabava de começar a guerra do Iraque. Kirchner assumiu o cargo no dia 25 de maio de 2003. Bush invadiu o Iraque no dia 20 de março.

Sétimo, depois do Iraque veio a preocupação norteamericana com o Irã.

Oitavo, a Argentina acabou se enfrentando diretamente com o Irã, a tal ponto que não há relação diplomática em nível de embaixadores, logo depois de pedir a extradição de cidadãos iranianos, que Teerã negou a Interpol.

Nono, Washington participou da tentativa de golpe na Venezuela, em 11 de abril de 2002, ou seja, apenas um ano antes do início do governo Kirchner. Fracassou pela debilidade da elite antichavista e, desde esse momento, escolheu uma tática de erosão de Hugo Chávez.

Décimo, nem Néstor nem Cristina Kirchner foram chavistas. Sempre implementaram uma política com duas metas. Por um lado, de amizade e integração com a Venezuela. Por outro, junto com o Brasil, de fator moderador de Chávez. É lógico que os EUA procuraram castigar o primeiro objetivo. O caso de Guido Antonini Wilson revela a conexão entre o pior de cada caso e, ao mesmo tempo, deixa um dado que alguma liberação de informes de inteligência com base em Miami poderá esclarecer no futuro: a quem Antonini, hoje residente nos EUA, respondia no princípio ou no final da história.

(Nota do tradutor: Guido Antonini Wilson é um empresário venezuelano-estadunidense, conhecido por ser um dos protagonistas no escândalo da maleta envolvendo Argentina e Venezuela em agosto de 2007. Antonini foi detido, em agosto de 2007) no aeroparque Jorge Newbery, de Buenos Aires, onde chegou em um vôo fretado por empregados da PDVSA e oficiais argentinos, portando uma maleta com 790.550 dólares, que não declarou às autoridades aduaneiras).

A conclusão dos dez pontos mencionados é aquela que qualquer observador sério pode ver. Os Estados Unidos nunca quiseram derrubar o governo de Néstor Kirchner nem o de Cristina. Tampouco sentem alguma simpatia especial por eles, ainda que sempre tenha colaborado nos temas ligados ao terrorismo internacional. Talvez o Departamento de Estado ainda não tenha entendido o que significam, na América do Sul, governos como os de Lula, Kirchner ou Tabaré Vázquez-Pepe Mujica, mas aos poucos vão se resignando com eles e, de tabela, vão se resignando também aos de Evo Morales e Rafael Correa.

O INR, uma chave

O desafio para os analistas argentinos, para além da ideologia de cada um, é se ficarão tão bobos como os informes mais bobos da embaixada ou tão realistas e curiosos como aqueles dos embaixadores e do diplomata que preferia a informação às previsões de Horangel [famoso astrólogo argentino].

— Todos dizem que eu investigo, mas minha fonte é a lista telefônica – brincava o grande editor Jacob Timerman.

Assim destacava a necessidade de analisar os dados públicos e não somente as fofocas, que por outro lado o encantavam para que um artigo fosse – como ele dizia – “bem crocante”.

Um bom exemplo é o famoso questionário enviado pelo Departamento de Estado a sua embaixada em Buenos Aires, em 2009, sobre as atitudes de Cristina Kirchner e como ela lida com o estresse.

No telegrama difundido por Wikileaks aparece uma sigla: INR.

A internet é uma ferramenta perigosa se alguém quiser usá-la para substituir os livros ou a formação prévia, porque não a suplanta, mas facilita muito as coisas. Vão, por favor, ao Google e digitem INR + State Department. O resultado da pesquisa remeterá para esta página http://www.state.gov/s/inr/. Ali se lê, em inglês, “Bureau of Intelligence and Research” (Escritório de Inteligência e Investigação). As duas primeiras letras de INR são as primeiras de “intelligence”. A última é o “erre” de pesquisa, investigação.

Ali se lê: “O Escritório de Inteligência e Investigação é encabeçado pelo secretário adjunto Philip S. Goldberg. Sua missão primária é aproveitar a inteligência para servir à diplomacia dos Estados Unidos. Ao recorrer à inteligência de todos os tipos de fontes, o INR fornece análises independentes com valor agregado sobre os fatos aos encarregados de realizar as políticas do Departamento de Estado. Assegura que as atividades de inteligência respaldem a política externa e os objetivos da segurança nacional. E serve como núcleo do Departamento de Estado para garantir políticas de contrainteligência e de cumprimento da lei. O escritório também analisa problemas geográficos e de limites internacionais. O INR é membro da comunidade de inteligência dos Estados Unidos”.

INR é conhecido entre os investigadores norteamericanos por um antecedente. Em 2002 foi o setor da comunidade de inteligência que fez uma advertência interna. Disse que o Iraque não dispunha dos tubos de alumínio necessários para as centrífugas capazes de produzir urânio enriquecido para uso militar. Bush, no entanto, falou publicamente desses tubos, do mesmo modo que relacionou o Iraque com a Al Qaeda apesar de o então diretor da CIA, George Tenet, ter dito que a ditadura de Saddam Hussein não tinha relação alguma com o terrorismo islâmico. Os tubos, o urânio e a Al Qaeda foram os três argumentos usados por Bush para lançar a guerra de 2003.

O Wikileaks é divertido. Crocante. Mas, além dele, estão aí a história e o “Camino del Buen Ayre”.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

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Comentários

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Baixada Carioca

Insisto que o problema não são os diplomatas porque fazem aquilo que o governo espera deles. Se o fazem de maneira competente ou não, conforme o texto do Granovsky, se buscam se apropriar de uma realidade para oferecer informações consolidadas a partir de uma análise acurada ou se se utilizam de "delatores não-patrióticos", como elites insatisfeitas com a condução política de um determinado país, é uma coisa que cabe aos estadunidenses avaliar. Para mim, o problema está naqueles que entregam o país entregando posições políticas e personalidades políticas para se tornarem inimigos dos EUA. No nosso caso o Jonhbim (PHA). Não vou nem entrar na questão de ser a Argentina de importância ou não para os EUA porque essa é uma avaliação do governo norteamericano.

OBS: [O texto está duplicado.]

José Manoel

Azenha: não é para entender mesmo………………………………

Hans Bintje

UM MANUAL PARA ENTENDER PORQUE EU GOSTO DO VIOMUNDO:

(qualquer semelhança com o texto de Martín Granovsky é proposital)

"O [Azenha] era um tipo simpático, entendia bem espanhol, captava inclusive as piadas com duplo sentido, lidava com muita gente diferente e lia os informes de Inteligência. Mas, além disso, tinha construído seu próprio indicador: uma vez por semana, tomava o automóvel e percorria de ponta a ponta o 'Camino del Buen Ayre'.

'Não quero que me contem tudo', dizia. 'Quero ver algumas coisas com meus próprios olhos'.

As vilas à beira da estrada cresceram explosivamente. A situação social e a distribuição de renda eram os assuntos que mais preocupavam? Provavelmente não. Mas esse [Azenha] gostava de olhar o tabuleiro completo da realidade."

sadaki yama

Interessante a referencia deste texto nao ? O pais America, o Americano, o unico Responsavel, o unico Adulto, e a base de todo raciocinio. O resto e resto. Cada um que se cuide para nao ser chamado de alcaguete, irresponsavel, nao confiavel, et coetera, e espere a avaliaçao que o Americano vai fazer. Jobim afinal foi avaliado como alcaguete, ou colaborador submisso ? E o Serra foi ou nao foi cooptado pelo CIA logo nos primeiros anos do golpe de 64 ? Serra e mais discreto, portanto mais confiavel. ? E os que foram treinados pelo CIA ?
Bem nessa historia tem um bando de meninotes, que sao cidadaos do mundo servindo a um unico adulto que garante o bem estar da humanidade que e o AMERICANO. Mas cuidado na maneira de servi-lo. Nao basta voce ter boas intençoes ao levar informacoes confidenciais ao Americano.

Anarquista Lúcida

Interessante. Aqui, e no Rodrigo Viana. Qual o interesse em desmoralizar, ou ao menos tirar a importância, do Wikileaks? Se nao fosse importante, Assange nao estaria sendo caçado pela Interpol, acusado de estupro por nao usar camisinha… E ao invés de receber solidariedade da blogolândia progressista, recebe suspeitas ou desconfiança? Qual é?

Anarquista Lúcida

    Conceição Lemes

    Anarquista, releia o que já publicamos. Distorcer é feio. saudações

luisa

Quando é que vão se dar conta de que As Américas são apenas um quintal dos americanos,hein? Eles agem assim com o apoio de gente dentro destes países que se dizem a elite pensante e de governos, simples assim. Basta ler o que Globo anda falando sobre isto, para a linha editorial do jornal, pelo que já foi divulgado, os EUA estão correto em pensar o que pensam do Brasil. É mole?

    Leider_Lincoln

    As Américas já FORAM o quintal dos EUA (a América Central e o México talvez ainda sejam), prezada. A América do Sul, não mais. Em relação a nossa imprensa venal, bom, eles perderam há muito o bonde da realidade. Por isso declinam: sobrevivem da própria esquizofrenia…

mariazinha

Esses tais funci on ários do governo dos eua possuem uma função, em outros países: caçadores de talentos traidores. Lembro-me que uma vez, perguntei a um funcionário deles em Brasília, só para ver o que diria, pois já desconfiava de suas funções dentro do Brasil: " ….o senhor é simpático, pensei que todos os estadunidenses fossem antipáticos." Ele: " Vc acha que somos antipáticos?" Eu: "sim.." Ele: " diga-me como é sua vida em família, vivem bem?…"
Não é que o danado nem se importou de eu acha-los antipáticos[com entonação de coisa bem pior]; já queria é cooptar-me! Diante disso fiquei imaginando quanta gente não estaria disposta a entregar a PÁTRIA por tostões e, subiu-me um frio pela espinha ao imaginar a podridão e o mau cheiro dessas relações diplomáticas dentro da máquina governamental e nos meios de comunicação. Imaginem o que rolou nos oito anos de fh! Alcântara, Petrobrás, Embratel, coisas que nem imaginamos…. Onde estavam os uikiliquis?

maconheiro

O Assange é muito esperto ,armou essa acusação contra ele próprio pra ficar preso de boa na Suécia ! Com uma acusação bem armada !!!

Um manual para entender Washington « CartaCapital

[…] *Matéria publicada originalmente no Viomundo […]

Christian Schulz

Aparentemente, o Assange foi preso:
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI…

Alceu Gonçalves

Temos que respeitar a capacidade dos sionistas. Vejam só esta nova onda fazendo todos de otário, o tal Wikileaks e o Assanje. A grande maioria, pra não dizer tudo, do que foi até agora vazado não passa de fofoca de lavadeira e por incrível que pareça, o país mais visado pelos seus crimes contra um povo, Israel, até o momento não passou vergonha. Pelo contrário, tá saindo com imagem positiva na história toda. Dá pra entender, se realmente o Wikileaks fosse sério? Nada de fofoca sobre os desaforos que os americanos tiveram que engolir diante das colônias atualmente construidas pelos judeus? Os assassinatos no navio de ajuda? O genocídio contra os palestinos na última invasão? O poderoso lobby judeu nos eua? O sionismo da hilária clinton e da velha caquética, a madona? Gente, fofoca por fofoca, e até o momento é somente isso que o Wikileaks faz, e nada aparece de interessante sobre a melhor fonte e origem? Me engana que eu gosto? Teoria de conspiração? Bão, que conhece o trivial sobre o sionismo deve pôr as barbas de molho.

AlceuCG.

    mariazinha

    Pois não é estranho, meu amigo? Eu, VC e nossos botões[como diria o Mino], estamos com nossas barbas de molho, né?

Jairo_Beraldo

Alcaguetes??…Não…canalhas mesmo…VAGABUNDOS da altura de um rodapé…que faz o zelador da "fecha" da Satiagraha no governo Lla?

@yakolev

Mais do mesmo;
1º diz q não há novidades no divulgado pelo Wikileaks ( e p/quem vive abaixo do equador, não mesmo…)
2º afirma q Washington se resigna c/os governos progressistas na AL ; mas aí o autor já aumenta a contradição: se não há novidade e Washington se resigna (só na teoria pois Venezuela e Honduras não são lá provas d "resignação" do Pentágono…) pq a perseguição ao Wikileaks ?
3ºCheque mate suicida, o autor depois d afirmar as contradições acima mencionadas se contradiz + 1 ou melhor 2 vezes, 1º ao classificar como fonte "perigosa" aquilo q afirmou antes ser "algo sem novidade" e depois tentando pautar teoricamente como devemos analisar Washington, pela teoria e não por suas atitudes…

Devagar o lado d lá hein… já tiveram articulistas melhores…

Polengo

Os embaixadores também são, obviamente, ´informantes´.
Eles devem conhecer o país onde estão, no mínimo por obrigação. O espelho é recíproco.

Não duvido que conheçam mais do que muitos ´nativos´,

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