Requião e a Fazenda: Querem escolher a raposa para cuidar do galinheiro

Tempo de leitura: 2 min

Ouça, acima, o comentário do senador Requião sobre o artigo de Delfim Neto

Homem de “mercado”

por Delfim Neto, na Folha

Há certamente alguma coisa muito errada num país em que o ministro da Fazenda “precisa” ser escolhido pelo setor financeiro.

O capitalismo “financeiro” não é, e é incrível que pretenda ser, um fim para si mesmo.

Sua arrogância é tal e tamanha que o leva a esquecer porque existe.

Um dia — antes que se apropriasse do setor real da economia e o de poluir com seu excesso de imaginação e derivativos –, ele foi fundamental para promover as inovações e os investimentos que estimularam o crescimento econômico e a prosperidade geral.

Por duas vezes no mundo, nos anos 20 e nos 80 do século passado, o fundamentalismo monetário, tornou artigo de fé o “mercado perfeito que se auto-regulava”.

E colhemos duas crises mundiais pelas mesmas causas: a sua profunda imoralidade e o delírio do risco alavancado quando desregulado.

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Agora chega!

Primeiro, porque não há controle eficaz quando o agente da ação acumula a função de ser seu próprio fiscal.

Todos combatem com razão, o aparelhamento das agências reguladoras feito pelo PT com seus “companheiros” de passeata.

Todos defendem a escolha de agentes profissionalmente “competentes, diligentes e independentes”.

Ninguém defende que os membros da Anatel “devem” ser indicados pelas empresas de telecomunicações!

Já devíamos ter aprendido que a tentativa de “captura do fiscal pelo fiscalizado” é problema universal ligado à natureza humana e deve ser prevenido.

Segundo, porque devemos aceitar como um axioma que um “homem do mercado” conhece necessariamente o funcionamento do mercado e a “última” teoria monetária (supondo que ela exista e está bem consolidada)?

Seguramente ele sabe menos sobre as implicações macro e microeconômicas das medidas monetárias do que, por exemplo, um inteligente e honesto profissional que vem durante anos tentando encontrar relações estáveis entre as manobras da taxa de juro real e seus efeitos sobre a taxa de câmbio real.

Ou entre os condicionamentos que a “dominação fiscal”, o excesso de demanda pública e a política salarial distributivista, impõe sobre a potência da taxa de juro real de longo prazo.

Pelo contrário, o mais provável é que a miopia do “homem do mercado” o leve a não ver nada além das minúsculas “opões” especulativas abertas por sua própria ação, o que, do ponto de vista macroeconômico, é de uma pobreza lamentável.

Tome seu tempo, senhora presidenta. Escolha livremente, com cuidado e segurança, na administração pública, na academia ou mesmo no mercado, o substituto do ilustre ministro Guido Mantega, que pagou um alto preço por sua fidelidade ao partido e ao seu governo.

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Comentários

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José Souza

Eu espero que o escolhido para a Fazenda não seja do mercado financeiro. O país precisa de alguém que entenda de produção para conduzir a economia e o pessoal do mercado financeiro não sabe nada sobre o assunto. Eles só conhecem de taxa de juros e taxa de câmbio. O que toca um país é produção, distribuição e consumo. Esse é um assunto das primeiras aulas do curso de economia mas normalmente esse pessoal mata as primeiras aulas e aí ficam sem saber disso pro resto de suas carreiras profissionais.

Fernando Cunha

Leio que Joaquim Levy pode ser o novo Ministro da Fazenda. Desculpem-me pela dúvida, mas essa é a única opção? Qual é a diferença para Arminio Fraga ou Henrique Meirelles? Não há um nome que tenha apoiado abertamente a eleição da Presidente Dilma que possa estar à altura do cargo? Ou não entendi nada até agora?

Zilda

Gostaria muito de perguntar ao senador Requião: por que ele não entra com representação contra Gilmar Mendes que tem metido os pés pelas no STF? Senador pode sim, tomar alguma medida. O Executivo é que não pode.

Zilda

Gente, Mantega saiu por pressão da família. Ele afirmou isso em diversas ocasiões. A esposa, que mora no RJ, impôs a condição de só continuar o casamento se ele voltasse pra casa. Se ele brincou contando isso, desde o começo do ano, não sei. Dilma também falou isso antes mesmo de ser reeleita. Que se fosse reconduzida ao cargo de Presidenta, não poderia mais contar com a colaboração de Mantega por questões graves, mas de cunho pessoal.

Rose PE

Não compreendo como sair um Ministro como o Sr. Guido Mantega que fez um excelente trabalho como Ministro da Fazenda, mas voltando a atrás, desconfio que seja imposição do PIG,banqueiros e Cia, pois lembro muito bem as críticas ao Ministro, é o governo cedendo ao “Tubarão”( metáfora usada na música do querido Gilberto Gil ” Nos barracos da cidade”).

Daniel

É esse cara que eu gostaria de ter como presidente da República…

Julio Silveira

Não adianta, o PT perdeu a dignidade e deu margem para as chantagens desse ral mercado. Foi o que deu ter sido cooptado pelas raposas que fecindam a anos e anos a politica brasileira e não podemos exqueçer o afã de alguns graudos do partido pelo poder. Resultado inverteram a fabula e viraram ovelhas fantasiadas de raposa e pagam pelas raposas criminosas que infestam a politica a tempos, mas isso já era previsivel, pelo menos para quem não se deslumbra com salamaleques tipicos de uma elite social vazia, insipida e insensivel e por tudo isso maquiavelica.

Regina Fe

Os homens de mercado sabem muito bem como produzir lucro para as empresas, qualquer que seja o setor. A primeira lei de mercado que aplicam é a de pagar baixos salários, se possível com informalidade. A segunda lei é praticar preços altos e se tiver concorrente, dá para formar parcerias, para não dizer outro nome, e ter o controle dos preços. A terceira lei, é pressionar o governo federal para diminuir os impostos, que não necessariamente resultará em preços menores. Os homens de mercado são mesmo muito competentes. Me engana que eu gosto.

renato

Eu reconheço, e aplaudo a FIDELIDADE de GUIDO.
E não sei porque ele sai..???
Alguem poderia me contar??

    Vitorio Guilhermo Sorenzi

    Também não entendi. Não tem nada de errado a meu ver com ele. Sempre levou tudo no caminho correto e sem estrelismos.

    Elza

    A própria presidente numa de suas entrevistas durante o 2º turno contou, q o Mantega lhe tinha dito, q por questões pessoais não poderia participar do 2º mandato dela.

    Lukas

    A economia está bem?

Urbano

A saída do Guido Mantega só se justifica se for um desejo dele, até por motivo de um descanso justo e merecido. Mesmo assim, o que não pode é se deixar que ‘algum aventureiro lance mão’…

Fernando Cunha

Não conheço o Sr. Trabuco o suficiente para tecer comentários. Mas até quando governos do PT precisarão escolher ministros aceitos pelo “mercado”. Desejo boa sorte à Presidente Dilma e ao Sr. Trabuco. Agradeço também ao Ministro Mantega, sério e honrado. Muito obrigado.

Paulo Roberto Gomes

Me desculpe mas isso é uma bobagem, nome não significa nada. LULA também se utilizou de Nelson Jobim para o Ministério da Defesa num momento complicado e nem por isso seu governo mudou de linha.

Rodrigo

Saindo Manteiga, e entrando Trancoso vai tente adivinhar, ou inverso.

Bernardo

Tenho a impressão de que este texto na verdade foie scrito por Delfim Netto para a FSP.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/196245-homem-de-quotmercadoquot.shtml

    renato

    Bernardo, já foi citado ali acima, oK..

    *É senador da República e escreveu a partir de artigo de Delfim Netto publicado aqui.

Vlad

Tá tudo errado.
A raposa cuidando do galinheiro, a viúva cuidando do haras, etc.

Carlos

Guido Mantega ficou segurando tudo por quase uma década. Tem que ser reconhecido.

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