Reitor da UFPA, sobre “apagão” do CNPq: A confiança nos sistemas de gestão de dados se perdeu

Tempo de leitura: 3 min

Da Redação

Às 22h11 de 24 de julho, o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) divulgou em seu perfil nas redes sociais:

O CNPq informa que identificou, neste sábado, a indisponibilidade dos seus sistemas e tem, desde então, trabalhado para solucionar o problema.

Ainda não há previsão para o restabelecimento total, mas todos os esforços estão sendo envidados para o pleno retorno o mais breve possível.

Pedimos desculpas pelo inconveniente e manteremos todos atualizados quando tivermos mais informações.

Informamos que eventuais prazos referentes às chamadas do CNPq que possam ser prejudicados pelo problema serão reavaliados.

Àquela altura, o “apagão”  já durava mais 24 horas.

Na noite de 23 de julho, os sistemas do órgão ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia apresentaram problemas e saíram do ar.

A Plataforma Lattes — reúne o currículo de todos os pesquisadores brasileiros — foi uma das áreas mais afetadas.

Desde terça-feira, 03/08, a conexão foi restabelcida em parte.

O currículo só pode ser consultado por meio do acesso direto ao currículo a partir do ID Lattes.

Escreva no campo de endereço do seu navegador: http://lattes.cnpq.br [número do ID].

Ou por meio de busca textual pelo endereço: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual

Não dá para fazer atualizações. Apenas as opções impressão e download estão disponíveis.

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Segundo Evaldo Vilela, presidente do CNPq, o acesso completo à Plataforma Lattes só será possível da próxima semana.

“Na área de ciência e tecnologia, havíamos conquistado uma confiabilidade dos sistemas de gestão de dados que dava certa tranquilidade para a comunidade. Isso agora se perdeu”, afirma ao Viomundo o professor Emmanuel Zagury Tourinho, reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA).

A universidade oferece 340 cursos de graduação e 105 programas de pós-graduação nos seus 12 campi. A sede fica em Belém (sede).

É a maior universidade da região Norte do Brasil.

Tem 50 mil alunos; 42 mil na graduação e 8 mil, nos cursos de pós-graduação.

Em quantidade de alunos, reveza o primeiro lugar com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Segue a entrevista com o reitor Emmanuel Zagury Tourinho.

Viomundo — O CNPq diz que não houve perda de dados. É isso mesmo?

Emmanuel Tourinho — O sistema voltou a funcionar parcialmente e as informações dos currículos parecem ter sido recuperadas integralmente. Esperamos que as demais funcionalidades dos sistemas também voltem a operar sem novos prejuízos.

Viomundo — Esse “apagão” era previsível? Ele se deveu a quê?

Emmanuel Tourinho — Os cortes sucessivos no orçamento do CNPq têm causado inúmeros prejuízos para o sistema brasileiro de ciência e tecnologia, que vem cancelando projetos importantes, se afastando da fronteira do conhecimento e perdendo jovens talentos por falta de investimentos e oportunidades.

Certamente, esses cortes também impactaram a infraestrutura da agência.

O corpo técnico do CNPq é muito competente e, se houve um “apagão”, isso decorreu da falta de condições para o trabalho dessa equipe.

Viomundo — O senhor imaginava que as condições da infraestrutura do CNPq eram tão frágeis?

Emmanuel Tourinho  –Até os sistemas sairem do ar, não tínhamos a dimensão da precariedade da infraestrutura de TI e dos riscos todos envolvidos.

É urgente que os sistemas do CNPq voltem a operar com segurança e com uma capacidade compatível com as necessidades do país.

Viomundo — Dá pra confiar na promessa de que não haverá outro “apagão”?

Emmanuel Tourinho — A previsibilidade é tudo em planejamento, em qualquer esfera de atuação.

Na área de ciência e tecnologia, havíamos conquistado uma confiabilidade dos sistemas de gestão de dados que dava certa tranquilidade para a comunidade. Isso agora se perdeu.

Acredito que todo esforço será feito para recuperar essa credibilidade, mas só com o tempo saberemos o resultado.

Viomundo — Já é possível saber se o “apagão” trouxe alguma perda para a Universidade Federal do Pará?

Emmanuel Tourinho  — Todas as instituições tiveram prejuízos com a suspensão da operação dos sistemas do CNPq, na medida em que ações regulares de consulta a dados, inclusive por parceiros nacionais e internacionais, ficaram comprometidas.

Os prejuízos poderiam ter sido maiores se os dados tivessem sido perdidos, o que, felizmente, parece não ter acontecido.

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Comentários

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Zé Maria

Se depender desse Desgoverno Federal Medieval,
Feudal e Anti-Científico, o CNPQ será Extinto.

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