Presidente da Comissão de Direitos Humanos pede apuração urgente do assassinato de líder do MST no Paraná

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Ênio Pasqualin vinha recebendo ameaças nos últimos dias. Segundo familiares, além de ter relatado isso à polícia, Pasqualin alertou: “se acontecer alguma coisa comigo, a polícia sabe quem é”. Foto: Arquivo MST/PR

Presidência da CDHM pede urgência na investigação do sequestro e assassinato de líder do MST no Paraná

Por Pedro Calvi/CDHM

O agricultor e líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Ênio Pasqualin, de 48 anos, foi morto à tiros na madrugada de sábado (24) para domingo (25), em Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, onde vivia com a família.

No sábado, de acordo com a esposa de Ênio, um grupo armado chegou atirando e invadiu a casa deles no Projeto de Assentamento Ireno Alves dos Santos.

Depois de roubarem documentos, celulares e outros objetos pessoais, o grupo saiu e levou o agricultor.

O corpo dele foi encontrado na manhã seguinte em uma estrada rural.

A família de Ênio Pasqualim relatou que ele vinha recebendo ameaças nos últimos dias e teria reportado à polícia.

Seus parentes disseram que ele alertou: “se acontecer alguma coisa comigo, a polícia sabe quem é”.

Nesta segunda-feira (26), o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), Helder Salomão (PT/ES), encaminhou em caráter de urgência, ao governo e justiça paranaenses, um pedido de “apuração rigorosa dos fatos , com a devida identificação dos envolvidos”.

O documento foi enviado ao governador Carlos Roberto Massa Júnior; ao secretário de Estado da Segurança Pública, coronel Rômulo Marinho Soares, e ao Ministério Público Estadual.

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“Pasqualin era uma liderança social de longa atuação em prol dos trabalhadores rurais sem-terra do Paraná, um defensor dos direitos humanos. A morte dele se soma a um triste cenário nacional de violência contra os trabalhadores e trabalhadoras do campo”, destaca Helder Salomão.

Na região também foram assassinados, em 2016, Vilmar Bordim e Leonir Orback.

Os dois integrantes do acampamento Dom Tomás Balduíno. Seis policiais militares, que alegaram ter reagido a um ataque dos trabalhadores sem-terra, foram denunciados pelo Ministério Público do Paraná, que concluiu que os policiais agiram de “consciência e vontade livres e dirigidas à prática do ilícito”.

A área do Assentamento Ireno Alves dos Santos é formada por terras da União disputadas pelo grupo madeireiro denominado Araupel, e abrangem seis municípios.

O conflito já dura 24 anos em processos judiciais que discutem a titularidade das Fazendas Rio das Cobras e Pinhal Ralo.

Em agosto de 2017, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, declarou nulos os títulos de propriedade da madeireira Araupel nas áreas ocupadas pelo MST, no contexto de ação judicial movida pelo Incra.

Também nesta segunda-feira, o Ministério Público Federal (MPF) abriu um Procedimento Administrativo de Acompanhamento para monitorar as investigações sobre o sequestro e assassinato de Ênio Pasqualin.

Ênio Pasqualin é o quinto da esquerda para a direita. Foto: Arquivo MST/Paraná

Nota da direção estadual do MST Paraná sobre o falecimento do companheiro Ênio Pasqualin, de Rio Bonito do Iguaçu/PR

O militante foi executado a tiros no município onde vivia com a família, no Assentamento Ireno Alves dos Santos

MST

É com profunda tristeza que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Paraná comunica o falecimento do companheiro Ênio Pasqualin.

O militante foi executado a tiros no município de Rio Bonito do Iguaçu, onde vivia com a família, no Assentamento Ireno Alves dos Santos.

Ênio foi retirado de sua casa por sequestradores na noite deste sábado, e seu corpo foi encontrado na manhã deste domingo nas proximidades do assentamento, com claras evidências de execução.

O companheiro iniciou sua militância no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no ano de 1996, em Saudade do Iguaçu/PR.

No mesmo ano, mudou-se para o acampamento Buraco, em Rio Bonito do Iguaçu/PR, fazendo parte de uma das maiores ocupações de terra do MST, em 17 de abril de 1996, quando três mil famílias Sem Terra ocuparam o latifúndio da Giacomet Marodin, atual madeireira Araupel.

De coordenador de base a dirigente estadual do MST Paraná, Ênio participou de diversas atividades e ocupações de terra na região de Rio Bonito do Iguaçu. Ênio Pasqualin sempre foi um camponês aguerrido na luta.

Em Rio Bonito do Iguaçu, Ênio e sua família criaram raízes, assentados no Assentamento Ireno Alves dos Santos no final de 1996.

Ele continuou ajudando a construir a luta por Reforma Agrária, seja no âmbito da produção e na organização dos assentados quando foi Presidente da Central de Associações Comunitárias do Assentamento Ireno Alves dos Santos (Cacia) ou quando ajudou os filhos e filhas dos assentados e assentadas a se organizarem para continuar a luta pela terra na extensa área da Araupel.

No dia 15 de outubro, Ênio comemorou seus 48 anos de vida junto a sua família e hoje, 10 dias após seu aniversário, deixa sua família de forma inaceitável. Tiraram a vida de um pai, de um marido, deixando suas duas filhas, o filho e a esposa com uma dor inexplicável.

À família e aos companheiros e companheiras enlutados os mais profundos sentimentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Cobramos o esclarecimento dos fatos, a investigação e prisão dos envolvidos.

Aos nossos mortos nenhum minuto de silêncio, mas uma vida toda de luta!

Rio Bonito do Iguaçu/PR, 25 de Outubro de 2020.

Direção Estadual do MST/PR

 

 

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