Pentágono provoca Venezuela na Guiana, como sempre, para ficar com o petróleo

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Reprodução

Da Redação

A ideia de que a América do Sul é um território livre de conflitos é transitória.

E, se depender dos Estados Unidos, o conflito armado vai acontecer na Venezuela, que tem as maiores reservas confirmadas de petróleo do mundo, superiores inclusive às da Arábia Saudita.

O controle de Washington sobre a Venezuela é histórico, desde que a Standart Oil achou petróleo no lago de Maracaibo.

A elite venezuelana entregou aos Estados Unidos, indiretamente, o controle do petróleo, mesmo depois da criação da estatal PDVSA, em troca de enriquecer e viver na ponte aérea entre Caracas e Miami.

Do ponto-de-vista estratégico, a PDVSA adquiriu importância por se associar a aliados dos Estados Unidos na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

Como maior importador de petróleo do mundo, os Estados Unidos usam a Arábia Saudita para manter os preços internacionais que consideram adequados ao mercado norte-americano.

Este preço, hoje, está em média em 3 dólares por galão de gasolina para o consumidor, ou R$ 1,40 por litro.

Se o galão chegar perto de 4 dólares, o governo de turno dos Estados Unidos corre sério risco de perder eleições.

O acordo para estabilizar os preços foi fechado entre o presidente Franklin Roosevelt e o rei da Arábia Saudita depois da Segunda Guerra Mundial: o rei teve a promessa de segurança da força militar de Washington em troca de trabalhar dentro de uma faixa de preço compatível com os interesses dos Estados Unidos.

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A Venezuela já foi tão importante para os Estados Unidos como cabeça de ponte na América Latina que a CIA treinou o DISIP, um dos melhores serviços secretos do mundo, que mudou de nome para SEBIN.

O DISIP sabia tudo o que se passava na região, especialmente no Caribe, apesar de ser um serviço de espionagem nacional.

Tudo isso mudou depois que Hugo Chávez ascendeu ao poder, em 1988.

Lentamente, Chávez foi assumindo o controle da PDVSA, o que gerou uma crise interna incentivada pelos Estados Unidos através da oposição, que incluiu um lockdown de empresários e resultou num acordo que levou ao referendo revogatório do presidente.

Mas Chávez venceu por 60 a 40%.

Ao mesmo tempo, novas técnicas de refino tornariam mais viável a exploração do petróleo pesado da faixa do rio Orinoco.

Washington manteve a estratégia de Estado de encontrar novas fontes de petróleo mais próximas dos Estados Unidos, para reduzir o custo altíssimo de manter tropas no Oriente Médio, o que levou inclusive à ocupação do Iraque.

Os olhos de Washington se voltaram para a África e, com a descoberta do pré-sal no Brasil, para as bacias de Campos e Santos, sobre as quais empresas norte-americanas avançaram depois do golpe de 2016.

Impedido de controlar as reservas da Venezuela pelo chavismo, os Estados Unidos passaram a investir na Guiana, através da velha Standart Oil, agora renomeada de Exxon Mobil.

A Venezuela reinvidica para si praticamente metade da Guiana, uma área que Caracas chama de Guiana Essequibo.

Essequibo é o rio que praticamente corta o país ao meio. Georgetown, a capital da Guiana, fica na margem direita do Essequibo.

Os Estados Unidos já fizeram exercícios militares com a Guiana, com o objetivo de sinalizar que estão dispostos a defender militarmente os interesses da Exxon.

A Venezuela, por sua vez, interceptou petroleiros e navios que fazem sondagens em nome da Exxon nas águas em disputa.

Até agora, a exploração da Exxon no país foi altamente lucrativa, o que significa que os norte-americanos chegaram para ficar e, por isso, além de contar com a Colômbia e o Brasil para fazer o cerco a Nicolas Maduro, devem aprofundar cada vez mais o boicote econômico para estrangular a Venezuela, da qual já assaltaram inclusive as reservas de ouro depositadas em Londres.

No caso da Guiana, não causa estranhamento a Exxon ter se aliado a uma empresa chinesa. No caso do petróleo, Estados Unidos e China jogam praticamente juntos: ambos são grandes importadores e a ambos interessa o menor preço internacional possível do barril, independentemente das conotações geopolíticas da disputa entre as duas potências:

A grande aposta da Exxon na Guiana valerá a pena?

Por Matthew Smith, na AEPET

A ExxonMobil é uma das poucas supermajors globais de energia que por algum tempo resistiu à transição energética que está em andamento e acabará por levar ao pico da demanda de petróleo e, por fim, a preços muito mais baixos dos combustíveis fósseis.

Depois das feridas profundas de 2020, a Exxon, que já foi a terceira maior empresa listada do mundo no final da década de 1990, foi descrita como uma corporação zumbi.

Então a superpetroleira embarcou em um novo caminho. Isso inclui a implementação de um plano para gerenciar a transição energética e impulsionar uma economia global neutra em carbono para controlar o aquecimento global, bem como o foco em ativos mais lucrativos.

Em novembro de 2020, a Exxon anunciou que planejava concentrar os gastos de capital nos ativos que proporcionariam os maiores retornos possíveis. Isso levou a Exxon a listar Brasil, Guiana e a Bacia do Permiano como prioridades em seu orçamento de investimentos para 2021 de US $ 16 bilhões a US $ 19 bilhões.

A Exxon priorizou a exploração desses ativos por causa da combinação de preços de equilíbrio baixos e o petróleo bruto leve e médio de alta qualidade que eles produzem.

O campo operacional Liza-1 da Exxon no Bloco Stabroek, na costa da Guiana, está bombeando petróleo a um preço de equilíbrio de $ 35 por barril.

Espera-se que esse valor caia para US$ 25 o barril quando o projeto Liza Fase 2 começar a operar em 2025, bombeando até 220.000 barris por dia.

Isso o torna mais lucrativo do que o pré-sal do Brasil, onde analistas da indústria estimam um preço médio de equilíbrio de $ 35 a $ 45 por barril.

O campo Liza-1 é ainda significativamente mais barato do que a Bacia do Permiano, outro foco central da Exxon, onde o Federal Reserve Bank de Dallas descobriu que os novos poços tinham um preço de equilíbrio de $46 a $53 por barril.

Em um ambiente operacional onde o West Texas Intermediate está sendo vendido por US$ 64 o barril e o Brent é negociado a cerca de US$ 67 o barril, as operações da Exxon nessas regiões serão altamente lucrativas.

Os preços mais altos do petróleo foram responsáveis pela entrega de um sólido resultado do primeiro trimestre de 2021 pela Exxon, com receita líquida de US$ 2,7 bilhões.

Apesar do desempenho amplamente melhorado, a superpetroleira está mantendo uma abordagem conservadora em relação aos gastos.

É importante ressaltar que o resultado e a perspectiva significativamente melhorados permitiram que a Exxon começasse a reduzir sua pilha substancial de dívidas.

No final do terceiro trimestre, a dívida havia chegado a quase US$ 69 bilhões, enquanto no final do primeiro trimestre de 2021 era de US$ 63 bilhões.

O desempenho da Exxon não só desafiou as últimas consequências da pandemia, mas foi o melhor trimestre desde o quarto trimestre de 2019.

Offshore Guyana está se tornando um local lucrativo para a petroleira.

Depois de perfurar um poço seco no Bloco Canje, na costa da Guiana, a Exxon fez sua 19ª descoberta no poço Uaru-2 no Bloco Stabroek.

Isso ocorre depois de uma série de descobertas anteriores, que levaram a empresa de energia a estimar que possui recursos de petróleo recuperáveis de mais de 9 bilhões de barris de petróleo bruto no Bloco Stabroek.

A Exxon garantiu um acordo de partilha de produção com o governo nacional da Guiana em termos muito favoráveis.

O contrato distribui os lucros do petróleo produzido em uma base 50/50 entre o consórcio liderado pela Exxon, que inclui Hess e a companhia petrolífera nacional chinesa CNOOC, e Georgetown.

Os lucros recebidos pelo consórcio são divididos em 45% para a Exxon, 30% para a Hess e os 25% restantes para a CNOOC.

Há também um royalty de 2% a pagar sobre a receita bruta, que é o mais baixo da América do Sul e significativamente menor do que os royalties sobre o petróleo bruto produzido nos EUA.

O que torna o negócio especialmente lucrativo para a Exxon e seus parceiros é que 100% de todas as despesas de desenvolvimento, operação, recuperação e juros são recuperáveis.

O óleo descoberto pela Exxon no Bloco Stabroek é caracterizado como um óleo cru de grau médio com teor de enxofre de 0,58 e densidade API de 32 graus.

Esses são atributos desejáveis em um mundo onde há um foco crescente na descarbonização da economia e na redução das emissões de carbono e de enxofre.

Graus leves de petróleo bruto são mais fáceis e baratos de refinar em combustíveis de baixa emissão de alta qualidade.

Até o final de 2026, a Exxon espera estar bombeando 750.000 barris de petróleo bruto por dia de suas operações na costa da Guiana.

A participação da Exxon nessa produção será altamente lucrativa para a empresa e contribuirá para impulsionar o fluxo de caixa, bem como os resultados financeiros.

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Comentários

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Guanabara

América do Sul é o novo Oriente Médio? E o “democrata” (?) Biden vai usar o quê de pretexto pra bomardear a região? Proteção da Amazônia? rsrsrs

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