Patrick Mariano: Adeus à pesquisa. Abaixo a inteligência!

Tempo de leitura: 3 min

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Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

por Patrick Mariano, especial para o Viomundo

O tempo em que se glorifica a indigência intelectual exige, como consequência, a exaltação da violência. Se a racionalidade é sobrepujada, resta a força bruta.

O jovem ministro interino da Justiça Alexandre Moraes, publicamente, sem qualquer receio, decretou a morte da inteligência essa semana ao defender menos pesquisa e mais “equipamentos bélicos” na política da sua pasta.

Antes disso, já havia permitido ser filmado todo de preto e com um facão na mão, destruindo uma plantação de maconha sabe se lá onde.

A imagem diz muito sobre o desrespeito à liturgia do cargo, mas há mais, infelizmente.

Espalhafatosamente, deu uma entrevista causando temor em turistas do mundo inteiro ao prender supostos terroristas e, depois, vedou qualquer contato dos advogados dos jovens presos por dias.

Ao defender menos pesquisa e mais “equipamento bélico” fez com que a política de segurança pública do governo interino descesse ao nível de um programa policial. A intervenção do ministro nada fica a dever às análises de Datenas e que tais.

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No momento em que você lê este texto, oitenta anos se passaram do assassinato do poeta Frederico García Lorca.

Lorca foi fuzilado aos 38 anos por rebeldes antirrepublicanos de Granada, em 1936. Cerca de vinte anos após sua morte, seu nome foi tabu e sua obra proscrita na Espanha de Franco. Hoje, é o escritor espanhol mais traduzido de todos os tempos, sem excluir Cervantes.

O grito dos fascistas era exatamente esse: Viva a morte! Abaixo a inteligência!

Quem exalta a irracionalidade e cultua a violência não tolera a poesia.

Um pouco mais afastado da Granada de Lorca, na Universidade de Salamanca e na abertura do ano letivo de 1936, há um diálogo clássico relatado por Paul Preston em “Las tres Españas del 36″, em que José Millán-Astray y Terreros, militar da extrema-direita espanhola foi trucidado moralmente por Miguel de Unamuno.

Unamuno era reitor da universidade e, em certa solenidade, foi interrompido por Millán e sua legião aos gritos de “Viva a morte” e, depois “morra a inteligência”. Ao que Unamuno responde:

Venceredes, pero non convenceredes. Venceredes porque tedes sobrada forza bruta; pero non convenceredes, porque convencer significa persuadir. E para persuador necesitades algo que non tedes: razón e dereito na loita. Paréceme inútil pedirvos que pensedes en España.

***

Alexandre de Moraes comanda uma das pastas mais importantes do governo interino, mas não é um carro alegórico único na esplanada no quesito atentando à inteligência. Disputam com ele os ministros da Educação, do Itamaraty e o da Cultura. Exemplares típicos da racionalidade do pós-golpe se revezam em declarações e fatos patéticos.

Cuidar da segurança pública de um país continental com 200 milhões de habitantes, sem pesquisa, inteligência e estatísticas agride o bom senso, mais até que posar com facão na mão.

Defender, como contrapartida, aumentar “equipamentos bélicos” e permitir que armas apreendidas sejam usadas no “combate ao crime” nos dá a exata dimensão da sua grandeza de agente público.

O mantra “tiro, porrada e bomba” vai bem a calhar na contagiante batida do funk, já quando se torna essência de política pública representa a violência e irracionalidade, típicas do fascismo.

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Comentários

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lulipe

O autor deve ter sido reprovado em interpretação de texto, o ministro jamais falou ou escreveu pregando o fim de pesquisas sobre segurança, apenas disse que se tem que fazer menos e agir mais, principalmente quando essas pesquisas são realizadas por “especialistas” que vivem fora da realidade e geralmente usam o viés esquerdista de penalizar a vítima e endeusar o criminoso. Parabéns Ministro!

    Nelson

    Um pouco de ironia.

    O que seria de nós sem o guru, o oráculo Lulipe? Viveríamos numa total indigência intelectual e numa completa inanição de informações.

dinarte

Será o que ele estava fazendo era a colheita? Sei não !!

FrancoAtirador

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Governo MiShell Bacamarte Fuzilando os 4Ps.
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Serjão

Ele vai derrubar aquele helicóptero com 500 kg de pasta base do mais puro pó, é só esperarmos.

Daniel

Esse Sr. Alexandre de Moraes, cria do atual governador Geraldo Alckmin, não passa apenas de um “desinteligente” das polícias (Militar, Civil e Federal).

Ele é um atraso total! Desde as conquistas do povo brasileiro, que vem da redemocratização.

Os atos praticados por este Sr. Alexandre de Moraes, tanto no Governo do Estado de São Paulo, quanto, agora, no Governo Federal Ilegítimo, remetem aos tempos da Ditadura do final da década de 60 e toda a década de 70…

Um País que não conhece a sua história, está fadado a repeti-la.

O PMDB NUNCA foi eleito pelo voto Direto! Mas já “Foi Governo” e tomou o Poder por três vezes, desde a redemocratização… Foi com o Sarney, com o Itamar e agora com o Temer, que tem entre seus Ministros, o Golpista, covarde, e ditador, o Sr. José Serra!

O Golpe foi dado! E nossos votos rasgados, por essa “quadrilha” que se apossou do Brasil.

Edgar Rocha

E por que o funk “tiro, porrada e bomba” vai bem a calhar? Talvez, conscientemente ou não, se preste a material de propaganda da ideologia de governos como o de Alckmin – onde se chocou o ovo de Alexandre de Moraes – ou o governo golpista do temer et caterva. Acho que análises como esta do sr. Patrick Mariano nos oferecem bons insights, capazes de nos revelar o lugar correto de certas peças do quebra-cabeças que forma nossa sociedade atual, condescendente com a violência e ávida por discursos e ações totalitárias. Cairia por terra, desta forma, a tese de que o funk seja canção de protesto, expressão cultural contra a realidade da periferia. E, não parece tão louca a análise em questão, se nos perguntarmos de que lado o crime organizado – principal mecenas dos pancadões proibidões – realmente está, considerando a notória promiscuidade entre esta força bélico-econômico – política e o poder institucional em todos os setores do Estado, em especial o da justiça e das forças policiais. É pra muita gente de esquerda, muito analista, sociólogo de plantão, pirar na batatinha antes de engolirem o fato de que o funk não passaria de propaganda ideológica do “novo regime”, disfarçada de anti-regime com requintes de crueldade contra a genialidade acadêmica (só quem mora na periferia sabe o que isto significa: desamparo das representações, covardia moral das lideranças, oportunismo em boa dose e muita coação moral, com direito a chamar trabalhador que odeia funk de fascista, burguês e intolerante). Por isto mesmo, por mais realista que sejam tais indagações, não serão consideradas até o final do processo.
Só mais um detalhe do texto que me apraz: a citação de Miguel de Unamuno está escrita em galego – língua irmã do nosso português – não em castelhano, para os que estranharam.

Bacellar

Esse vídeo é a maior demonstração de falta de senso do ridículo de todos os tempos. Pegaria mal para um delegado, para um ministro é simplesmente “inadjetivável”.
Concordo inteiramente com o texto; é o Brasil da burrice e ignorância que a oligarquia atrasada quer implementar e a Globo quer vender. O “plano” (e boto aspas pois há muito de atropelo e descontrole nesse processo) é inviável e tem tudo para não dar certo. Só se explica pelo fato de ser gente que está pouco se…Digamos…Lixando…Para o País. Vivem dos portões pra dentro, se apertar fazem as malas e o resto que se lasque. Além dos titereiros gringos, claro.

E ainda tem imbecil sem grana que defende esse golpe.

lulipe

Pelo menos ele escolhe ficar do lado da polícia, diferentemente dos esquerdopatas que adoram glorificar criminosos…

    Julio Silveira

    Acredito em ser mais um factoide dentre tantos vindos desses golpistas. E sobre isso de ser a favor da polícia seria uma virada sensacional para quem é atribuído ter sido advogado de gente do grupamento criminoso chamado PCC.
    http://www.plantaobrasil.net/news.asp?nID=94291

    Marcelo Mar

    Diz um poeta que: Pensar é estar doente dos olhos. Mas, tem caso que, deixar de pensar é estar doente da alma.

    Serjão

    zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz zumbiiiiiiiiiiiiii zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

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