Nassif: Crime que pode ter rendido R$ 18 mi a investidor foi cometido no Planalto?

Tempo de leitura: 2 min
A felicidade de Castello Branco, o autor do desmanche. Reprodução de vídeo

Um crime foi cometido dentro do Planalto: onde irão esconder o cadáver?

Por Luis Nassif, no jornal GGN

A matéria de Malu Gaspar em O Globo é definitiva.

Por aqui, já havíamos levantado a suspeita de insider trading (vazamento privilegiado de informações) no episódio da Petrobras, na matéria “O jogo previsível com as ações da Petrobras“.

Jair Bolsonaro poderia ter trocado o presidente da Petrobras, poderia defender estratégias para impedir a dolarização dos preços internos.

Mas o carnaval que aprontou, justo na véspera do vencimento de opções, não batia com suas extravagâncias habituais.

Havia evidentes sinais de tentar interferir no mercado de opções, cujo vencimento se daria no primeiro dia útil.

Para quem não sabe, o mercado de opções é um jogo no qual um vendedor combina vender determinado lote de ações por um preço pré-determinado a um comprador.

Ele não precisa possuir as ações.

No vencimento, se o preço das ações no mercado à vista for superior ao preço combinado, o vendedor paga a diferença.

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Se for inferior, o comprador paga a diferença.

Um carnaval, como o de Bolsonaro, na véspera do vencimento de opções, significava algo além da defesa dos caminhoneiros consumidores de diesel.

A matéria de Malu Gaspar mostra a seguinte cronologia:

O preço das opções de Petrobras estava em R$ 26,50.

Na 5a feira, a ação valia R$ 29,27 no mercado à vista.

Só compraria a opção quem acreditasse que o papel cairia pelo menos 8% na 6a feira.

Na 5a feira, às 16:45 hs, segundo a agenda oficial do Planalto, segundo Malu Gaspar, Jair Bolsonaro se reuniu com os Ministros Bento Albuquerque, das Minas e Energia, Paulo guedes, da Economia, Tarcísio Freitas, da Infraestrutura, além de Luiz Eduardo Ramos, Walter Braga e Augusto Heleno.

Lá, decidiu pela saída intempestiva do presidente da Petrobras.

20 minutos depois, às 17:37, um investidor adquiriu 2,6 milhões de PETRBN265 (a opção da Petrobras).

Nove minutos depois, comprou mais 1,4 milhão. Os 4 milhões de opções custaram R$ 160 mil.

Até aquele momento, o maior lote vendido foi de 86,3 mil PETR265.

Às 19 horas, em sua live semanal, Bolsonaro anunciou que “alguma coisa vai acontecer nos próximos dias”, preparando o terreno para o desastre.

Na 6a, as ações caíram 3%.

Fechado o pregão, Bolsonaro anunciou a substituição de Roberto Castello Branco pelo general Joaquim da Silva e Lima.

Na 2a feira, as ações caíram 20,1%, de R$ 27,33 para R$ 21,77.

Os R$ 160 mil aplicados em opções podem ter rendido R$ 18 milhões.

O crime de informação privilegiada é punido com pena de um a cinco anos e multa de até três vezes o valor conseguido.

Foi a condenação imputada a Eike Baptista.

Todos os indícios apontam que foi cometido dentro do Palácio do Planalto.

Se o criminoso não confessar, a sombra da suspeição irá pairar sobre todos as pessoas presentes à reunião.

Não haverá tapete que permita esconder debaixo o cadáver.

Será fácil para a CVM apurar quem se beneficiou do insider.

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Comentários

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abelardo

Será que seria possível imaginar que a compra da tal mansão, em Brasília, por Flávio Bolsonaro pode ser considerada uma espécie de cortina de fumaça para ofuscar a operação de ganhos milionários? Será que poderia haver a intenção de atrair para ele, Flávio, todos os focos de desconfiança como se ele fosse um dos privilegiados sobre a operação da na Bolsa de Valores? A coincidência poderia ser uma bem bolada armadilha para enganar a imprensa e abrir mais espaços para o Governo jogar mais pesado contra a imprensa, ao provar que Flávio fez tudo dentro da lei, mesmo que tenha privilegiado com juros baixos e suspeitos. Se assim fosse, ao final poderia ser comprovado que a operação foi de certa forma transparente e quem pagaria o mico seria a imprensa. Portanto, ainda que a informação privilegia tenha saído de um dos participantes da reunião com Jair Bolsonaro e ainda havendo uma grande coincidência com a compra da mansão, eu acho que a imprensa e a Bolsa devem se basear na procura de provas em locais distantes da possível armadilha criada para confundir, para causar confusão e para enfraquecer qualquer investigação a respeito do milionário e fabuloso lucro. Tem caroço grande nesse angu e só basta encontrá-lo.

Zé Maria

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Há alguém que acredite que essa Aposta Falcatrua é uma Exceção no Cassino B3 ?

Não parece que há Apostadores tentando esconder o Rastro de Apostas Maiores ?

O que são R$ 18 Milhões diante de um Volume Total Movimentado de R$100 Bilhões ?
.
“Operação suspeita com ações da Petrobras pode não ter sido a única”

“A operação com opções de venda que está na mira da Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
por suspeita de uso de informação privilegiada com ações da Petrobras
pode não ter sido a única a render lucros milionários a seus compradores.
Dados da bolsa de valores mostram que um outro papel, a PETRN271,
também teve movimentação atípica na quinta-feira, dia 18,
antes mesmo da live em que Jair Bolsonaro anunciou que
“alguma coisa” ia acontecer com o Presidente da Petrobras.
Com essa outra opção de venda, a PETRN271, houve mais operações
e os lotes eram mais pulverizados e foram usadas várias corretoras,
mas ainda assim em volumes recordes para os papéis.
Segundo levantamento feito pela coluna a partir das informações disponíveis
no site da bolsa [B3] e em terminais de operadores de mercado, antes das 17h15m,
quando a reunião no Palácio do Planalto acabou, foram feitos 41 transações
com lotes de mais de 2.000 opções da PETRN271, com 902.500 papéis negociadas.
Depois das 17h15m, foram 2,5 milhões de opções vendidas em apenas 39 minutos,
das quais 1,7 milhão em lotes de mais de cem mil.”
[Malu Gaspar | OGlobo | 03/3/2021]
.
A título de Informação: a CVM está subordinada ao Ministro da Economia Paulo Guedes …
.
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    Zé Maria

    .
    .
    “Para gestores de investimento e consultores ouvidos pela coluna,
    que preferem não ser citados, é bem mais difícil dizer, só por esses dados,
    se houve ou não uso de informações privilegiadas.
    Até porque, dizem os especialistas, os “insiders profissionais” operam com volumes
    menores de ações, de forma a não chamar a atenção dos órgãos de fiscalização.

    Essa é uma das razões pelas quais em geral é difícil descobrir o Crime
    de “Insider Trading” [Uso de Informação Privilegiada], punido com penas
    de um a cinco anos de prisão e multa de até três vezes o valor
    conseguido de forma ilícita. [*]

    Justamente por isso, para esses especialistas, as operações suspeitas,
    reveladas ontem pela coluna, parecem coisa de amador.” [Malu Gaspar]
    .
    *[Lei Nº 6385/1976]
    CAPÍTULO VII-B
    DOS CRIMES CONTRA O MERCADO DE CAPITAIS
    (Incluído pela Lei nº 10.303, de 31.10.2001)

    Art. 27-D. Utilizar informação relevante de que tenha conhecimento,
    ainda não divulgada ao mercado, que seja capaz de propiciar,
    para si ou para outrem, vantagem indevida, mediante negociação,
    em nome próprio ou de terceiros, de valores mobiliários:
    Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa de até 3 (três) vezes
    o montante da vantagem ilícita obtida em decorrência do crime.
    (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6385compilada.htm)
    .
    .
    “PT no Senado cobra da CVM Apuração de Vazamento da Petrobras

    Líder Paulo Rocha [PT=PA] e a Bancada Petista pedem Abertura de Inquérito
    ao Ministério Público Federal [MPF] para apurar indícios de Uso de Informação Privilegiada [“Insider Trading”]* no Mercado Financeiro.
    “Suspeita de ganhos ilegais com ações da Petrobrás
    precisa ser apurada imediatamente”, diz Jean Paul Prates (PT-RN),
    Presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Petrobras.

    O PT quer uma apuração rigorosa da suspeita de uso de informações
    sobre mudanças no comando da Petrobrás para operações suspeitas
    e criminosas no mercado de ações, no valor de milhões.
    Os Seis Senadores do PT, liderados por Paulo Rocha (PA),
    e mais a senadora Zenaide Maia (PROS-RN),
    entraram nesta quarta-feira (03), com representações
    junto ao Ministério Público Federal (MPF) e
    à Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
    pedindo a apuração da suspeita do uso
    de informações privilegiadas com ações da Petrobrás.

    (https://pt.org.br/pt-no-senado-cobra-da-cvm-apuracao-de-vazamento-da-petrobras)
    .
    .

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