Para além da importante conquista que já representou a luta dos movimentos pró-democracia no Médio Oriente como o derrube do ditador egípcio Hosni Mubarak. O futuro político dos povos que corajosamente ousaram enfrentar ditaduras politicas, religiosas ou militares, parece ainda muito frágil e numa encruzilhada de interesses geoestratégicos das grandes potências. Mas o papel das mulheres nas revoluções árabes é a mais marcante e promissora conquista das transformações sociais, em países com regimes patriarcais e capitalistas da região, que lhes têm negado direitos fundamentais.
“Nas ruas, nas barricadas e online, as mulheres têm estado no centro das revoltas que abalam o Médio Oriente” escreve Kat Banyard (exclusivo The Times) que a Noticias Magazine (12/06/2011) trouxe até aos seus leitores. Um texto com o titulo “Nova ordem no feminino” que fala das lutas femininas no Egipto e da luta pela liberdade, em que «As mulheres são activistas fundamentais nesta revolução. As mulheres criam slogans, as mulheres estão à frente e a defender os manifestantes… Elas não estão à espera de que o Ocidente ou os homens as libertem.»
Sendo uma característica de todos os movimentos pró-democracia que varrem o Médio Oriente, a presença das mulheres e raparigas nas ruas marchando lado a lado com os homens, o que tem levado as feministas da região a afirmarem “que estas revoltas poderão vir a significar uma mudança radical para as mulheres, com a democracia em jogo não apenas nas instituições parlamentares, mas também em casa”. Um movimento de esperança na transformação social em que as mulheres árabes que na Praça Tahrir transportaram cartazes proclamando «Nós somos raparigas da revolução», estão de forma empenhada e militantemente a certificar-se de que estas revoluções políticas são também revoluções pessoais.
Como escreve Kat Banyard, “não foram apenas mulheres da classe média educada que tomaram conta das ruas. Uma página do Facebook intitulada «Mulheres do Egipto» criada para coligir fotos de mulheres rebeldes tomando parte nas revoltas mostra avós, meninas de escola, mulheres que usam o niqab e outras com a cabeça completamente descoberta…” reflecte bem que a participação das mulheres supera as expectativas.
Apesar dos exemplos de luta dados ao mundo pelas «raparigas da revolução», no caso do Egipto em que «as mulheres são obrigadas a usar véu, forçadas a não completar a educação e são espancadas pelos maridos», enfrentam um desafio gigantesco, com o seu país no 125.º lugar dos rankings globais das desigualdades entre os sexos do Fórum Económico Mundial, que classifica os países de acordo com critérios económicos, políticos, de saúde e das disparidades de educação baseadas no sexo. Rankings em que o Iémen é o último da lista, a Islândia está no topo, enquanto o Reino Unido é o 15.º).
As mulheres que dão a cara nas ruas do Cairo, Tunis e Argel estão, como é afirmado no texto, “a tentar estabelecer a sua própria agenda – reivindicam o direito a uma ordem nova”. As organizações de activistas de direitos das mulheres, estão atarefadas na elaboração de uma lista de exigências fulcrais na agenda da democracia pós-Mubarak. A este propósito, Anne-Marie Goetz, conselheira-chefe do Fundo de Desenvolvimento para a Mulher das Nações Unidas, diz «É bem possível que possa haver um salto qualitativo na promoção dos direitos das mulheres. Mas para que isso aconteça, é muito importante que esta oportunidade seja vista sob essa perspectiva». Neste sentido as atenções centram-se no «processo da reforma eleitoral e constitucional que seguem a um levantamento revolucionário democrático» os quais, acrescenta ainda a conselheira, «devem estabelecer disposições especiais para garantir a participação plena das mulheres…».
O tema da mutilação sexual feminina que afecta mais de noventa por cento das mulheres egípcias, é também tratado neste trabalho jornalístico que não podia ficar indiferente ao verdadeiro drama que tem sido silenciado pelo ocidente, mas que a revolta árabe escancarou ao mundo pela voz das próprias principais vítimas de “tradições”, incluindo de cariz religioso, que segundo o Centro Egípcio para os Direitos das Mulheres, «estas são violentadas na família» incluindo «a mutilação genital feminina» que afecta entre noventa a 97 por cento das mulheres. Práticas suportadas pelas próprias autoridades policiais e governamentais.
Uma nova ordem no feminino se impõe e a luta das mulheres no país mais populoso do Mediterrâneo Oriental em que 31 por cento da população têm menos de 15 anos e um quarto tem entre os 18 e os 29 anos, exige que o cinismo do ocidente não volte a esquecer e a silenciar a sua realidade social, tal como o fez nos últimos anos, ainda que este país do vale do Nilo tenha acolhido em 1994 a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, em que foram delineadas estratégias e iniciativas para a promoção da igualdade entre homens e mulheres, que não passaram de boas intenções e por isso deram origem ao exemplar empenho das mulheres ao lado dos homens na ocupação da Praça Tahrir entre 25 de Janeiro e 11 de Fevereiro. Uma luta que derrubou Mubarak e ainda tem muitas barreiras a ultrapassar e muitos direitos a conquistar pela liberdade e pela igualdade.
Comentários
Paulo
"… «raparigas da revolução», no caso do Egipto em que «as mulheres são obrigadas a usar véu, forçadas a não completar a educação e são espancadas pelos maridos…O tema da mutilação sexual feminina que afecta mais de noventa por cento das mulheres egípcias.."…estas são violentadas na família» incluindo «a mutilação genital feminina» que afecta entre noventa a 97 por cento das mulheres"
Quanta estupidez e ignorancia num trecho tao pequeno. Se existe o problema estes numeros sao absurdos. E basta um passeio por qualquer rua do Cairo para ver centenas de mulheres sem véu, Ele tambem faz questão de mencionar que, ao lado das mulheres que são presssionadas ou obrigadas a usar há outro de mulheres que usam por vontade própria. O texto é de uma imbecilidade sem igual.
Lucas
Verdade. Quanto ao véu, o Egito é um dos países mais liberais do Oriente Médio, usa quem quer. Mais importante ainda, o véu é questão cultural, e não tem nada a ver com o Islã. No korão só tem a recomendação de tapar o cabelo. Tanto que, como qualquer um pode ver, não se usa burqa em praticamente lugar nenhum fora do Afeganistão. Porque a burqa é traje típico daquela região, e não dos muçulmanos.
Joana Porto
Imbecilidade sem igual é a tua, idiota sem sentimentos e sem conhecimento da história e dos problemas atuais do mundo das mulheres árabes… vai "catá coquinho"…
Tião Medonho
aqui também temos muitas, e muitas, "raparigas da revolução"…mas num sentido bem peculiar do vernáculo..
FrancoAtirador
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Conselho de Ética abre processo contra Jair Bolsonaro
Acusado de racismo e homofobia, o capitão da reserva Jair Bolsonaro (PP-RJ) é alvo de representação do PSOL, que pede cassação do mandato.
Relator do caso no Conselho de Ética da Câmara diz que vai dar prosseguimento ao pedido.
Reportagem de André Barrocal na Carta Maior
BRASÍLIA – O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados decidiu nesta quarta-feira (15/06) dar o primeiro passo para abrir um processo de cassação contra o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), acusado em representação do PSOL de racismo e de discriminar gays e mulheres.
O presidente do Conselho, José Carlos Araújo (PDT-BA), determinou ao conterrâneo Sérgio Brito (PSC) que examine se a representação merece ir adiante e virar um processo. Aos jornalistas depois da sessão, Brito disse que dificilmente deixará de pedir a abertura de investigação, porque se trata de uma ação de um partido a qual não caberia negar andamento.
Íntegra em:
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMos…
FrancoAtirador
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MUTILAÇÃO GENITAL FEMININA: UM CRIME CONTRA A HUMANIDADE!
A Mutilação Genital Feminina – MGF é uma espécie de ritual representativo da passagem para a vida adulta de uma menina/mulher, sendo prática muito comum na África durante séculos.
A prática da MGF pode ser realizada utilizando-se ferramentas básicas, como tesouras, facas, pedaços de vidro ou navalhas, para a mutilação do órgão genital feminino, enquanto a vítima é imobilizada por outras mulheres.
O procedimento é feito de forma artesanal, sem nenhum tratamento anestésico e antisséptico, contando ainda com a reação desesperada da vítima, o que pode ocasionar acidentes cuja gravidade ultrapassem a mutilação.
Estudos estimam que haja mais de 115 milhões de mulheres no mundo que sofreram mutilações genitais: clitoridictomia ou infibulação. Segundo Fatou Sow tais "práticas" são comuns em 28 países africanos, com costumes diferentes de uma região para outra. Na África do oeste, é a ablação do clitóris a mais praticada. A infibulação o é em países como a Somália, o Sudão, a Etiópia e o Egito. Mas outros países no mundo têm igualmente estas práticas, como o Iêmen, a Indonésia, a Malásia, e outros, do sub-continente indiano. Isto acontece também em certos países da Europa, da América do Norte e da Austrália, principalmente nas comunidades imigradas destas regiões".
Existem quatro tipos de mutilação genital feminina:
• A – Remoção da parte superior do clitóris, semelhante à circuncisão masculina;
• B – Remoção completa do clitóris e de parte dos pequenos lábios;
• C – Remoção completa do clitóris e dos pequenos e grandes lábios;
• D – Infibulação – Suturar os dois lados da vulva após a remoção do clitóris e dos pequenos e grandes lábios. É deixado um pequeno orifício para a menstruação.
Íntegra em:
http://br.taringa.net/posts/mulher/43396/Mutila%C…
Raphael
Vocês são muito contraditórios, não é possível.
Como você consegue defender o Irã e, algum tempo depois, colocar esse texto….
É muita hipocrisia.
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