Mário Scheffer: Sergio Moro se encanta com dupla porta de hospitais públicos e diz ser a favor do SUS para pobres
Tempo de leitura: 3 minMoro se encanta com hospitais do SUS que atendem a rede privada
Por Mário Scheffer, blog Política&Saude do Estadão
As plataformas eleitorais de candidaturas majoritárias devem ser obrigatoriamente registradas no TSE, mas não serão levadas muito a sério pelos partidos e federações.
Por isso, propostas e declarações avulsas de pré-candidatos precisam receber desde já atenção.
Sérgio Moro ficou encantando em visitas que fez a hospitais públicos de ponta em São Paulo.
No Twitter, registrou impressões sobre o Instituto do Coração (Incor), da capital, um “modelo em saúde e tratamento igualitário para pacientes do SUS e do setor privado”, e sobre o complexo Funfarme/Hospital de Base, de São José do Rio Preto, uma “referência no atendimento público e privado”.
Concluiu, ainda, que “a medicina de excelência deve chegar aos rincões do País”.
O ex-juiz em campanha deve saber que a expansão de modelos de alto custo não cabe no atual orçamento do Ministério da Saúde. Se for mantido o teto de gastos federais defendido por Moro, não existirão recursos para investimentos, mal darão para o custeio do Sistema Único de Saúde (SUS).
Pela legislação, juntar municípios em regiões de saúde, ordenar diferentes serviços, das unidades de atenção primária aos grandes hospitais, com integração e fluxos entre eles, é assunto de gestão compartilhada, o que não se resolve com canetada de presidente.
Moro é entusiasta da corrente que desfruta de certo sucesso hoje em dia, a que prega maior mistura entre público e privado na saúde, embora as justificativas para o arranjo sejam quase sempre dubitáveis.
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Hospitais de ensino, como os dois citados por Moro, são imprescindíveis ao SUS. Referências para procedimentos especializados e de alta complexidade, atendem grande número de pacientes, formam profissionais e realizam pesquisas que contribuem para a melhoria de diagnósticos, tratamentos e adoção de novas tecnologias.
Incor e Hospital de Base, além de centros de excelência, compartilham uma singularidade: atendem tanto usuários do sistema público quanto clientes de planos de saúde e particulares.
Cada um utiliza hoje cerca de 15% de sua capacidade para a assistência privada, gerando receita que é reinvestida no hospital e no pagamento complementar de pessoal.
A principal crítica de órgãos de controle nem é a diferença de conforto nas acomodações, é o fato de um grupo de pacientes acessar diretamente internação apenas com pedido médico e guia do plano de saúde, enquanto usuários do SUS enfrentam longa espera antes de serem encaminhados por um serviço da rede pública.
A experiência dos estabelecimentos percorridos por Moro é comum em santas casas e filantrópicos, porém não é admitida na maioria dos hospitais universitários.
A dupla porta é vetada, por exemplo, no Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp), no Hospital de Clínicas da Unicamp e em outros 40 hospitais de universidades federais vinculados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
Ex-colega de Moro de Esplanada, Abraham Weintraub, tentou, em 2019, liberar hospitais do MEC para atendimento a planos de saúde, no entanto a proposta acabou sendo retirada do projeto Future-se, que ainda tramita na Câmara dos Deputados.
O atendimento privado em hospitais do SUS não é alternativa nacional porque possui freios incontornáveis.
O mercado de saúde suplementar é concentrado onde há emprego e renda.
Não são todos os planos de saúde que querem exibir hospitais públicos em suas redes credenciadas.
Dependendo da especialidade médica, o valor de um procedimento pago por operadoras é inferior ao repassado pelo SUS.
Mesmo quando se associam ao que o SUS tem de melhor, planos e seguros tendem a tratar hospitais públicos destacados como se fossem de terceira linha, ou seja, desdenham para comprar barato.
Em seu discurso de filiação ao Podemos, Moro afirmou que “precisamos identificar o que cada pessoa necessita para sair da pobreza. Isso muitas vezes pode ser uma vaga no ensino, um tratamento de saúde ou uma oportunidade de trabalho”.
Defender o SUS para pobres e a destinação de recursos públicos para o privado que não atende SUS é convicção ideológica. Busca transmitir modernidade, mas pressupõe a evasão de evidências científicas sobre o funcionamento de sistemas nacionais de saúde contemporâneos.
O que incomoda o liberal, para usar o termo que Moro atribui a si próprio, não é o baixo nível de recursos destinados à saúde no Brasil, mas parecer ser a natureza socializante do direito à saúde e dos gastos do SUS.
Ora, de que adiantaria a alegada redução da despesa pública gerida pelo Estado, com adoção de dupla porta, plano de saúde popular ou outra engenhoca, se a despesa coletiva com saúde, confiada em maior proporção ao setor privado, se torna infinitamente maior?
O resultado é um sistema de saúde ainda mais desigual e mais caro para todos.
Visitas guiadas em corredores de bons hospitais colorem a agenda de candidatos, contudo é preciso ouvir quem sofreu para entrar e quem padece por aguardar.
Tanto pior para a madeira que acredita ser violino, é hora de desencantar o debate eleitoral sobre saúde no Brasil.
Comentários
Zé Maria
https://uploads.metropoles.com/wp-content/uploads/2022/02/18164810/CRP.jpg
O Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal
cassou o registro profissional da psicóloga Rozângela
Alves Justino por oferecer ‘terapia’ para que gays e
lésbicas deixassem de ser homossexuais (‘Cura Gay’). [SIC]
A decisão foi publicada na última quinta-feira 17/02.
O ato de cassação, assinado pela presidenta do conselho, Thessa Guimarães, destaca que Justino infringiu o código de ética da profissão.
Pela normativa, é vedado ao psicólogo “induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de suas funções profissionais”.
O pedido de cassação foi impetrado pelo Ministério Público Federal (MPF)
e pela Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT).
Com a decisão, Rozângela está impedida de manter atendimento a pacientes em todo o país.
Caso continue, poderá responder por exercício ilegal da profissão.
A psicóloga chegou a ser censurada, em 2009, pelo Conselho Federal de Psicologia (CFM) em razão de oferecer a suposta terapia a seus pacientes.
Ela também tentou concorrer ao comando nacional da entidade, mas a chapa foi derrotada em 2019.
“Tendo em vista a gravidade da penalidade e pelo processo ser originário do CRP-RJ, as informações serão em ato formal publicado no sítio eletrônico do Conselho, consoante estabelece a legislação específica”, declarou a presidente do Conselho Regional de Psicologia do DF, Thessa Guimarães, em entrevista ao Metrópoles.
Em abril de 2019, a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu cautelarmente (*) uma decisão da Justiça Federal do DF que
permitia a prática da ‘cura gay’.
Carmen Lúcia atendeu a pedido do Conselho Federal de Psicologia, que entrou no Supremo contra decisão do juiz da 14ª Vara Cível em Brasília (**), que autorizou psicólogos a realizarem terapias do tipo. [Esse juiz deveria ser afastado da Magistratura (https://jus.com.br/artigos/65304/acao-popular-n-1011189-79-2017-4-01-3400-breves-reflexoes)].
Já em abril de 2020, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF),
em julgamento de Agravo Regimental na Reclamação 31.818 (***),
sob Relatoria da Ministra Carmen Lúcia, cassou em definitivo a
decisão da Justiça do DF, determinando o arquivamento do Caso,
após o trânsito em julgado.
*(https://www.conjur.com.br/dl/carmen-lucia-revoga-decisao-autorizou.pdf)
**(https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2017/09/Decis%C3%A3o-Liminar-RES.-011.99-CFP.pdf)
***(http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=15342940285&ext=.pdf)
Nos últimos anos, vários países aprovaram projetos contra a “cura gay”.
Na terça-feira (15), o Parlamento da Nova Zelândia aprovou uma lei que proíbe “terapias de conversão sexual” ou práticas de “cura gay”.
O projeto recebeu 112 votos favoráveis e apenas 8 contrários.
Em janeiro, 142 membros do Parlamento da França aprovaram uma Lei que criminaliza o que é chamado no país de ‘terapia de reorientação sexual’.
Qualquer tentativa de tratar clinicamente pessoas por não seguirem a heterossexualidade normativa será tratado pelas autoridades francesas como crime, de acordo com a nova Legislação.
No final de 2021, o Canadá também oficializou a proibição dos chamados ‘tratamentos de conversão’, que buscam mudar a orientação sexual ou identidade de gênero de uma pessoa.
A Lei entrou em vigor no dia 7 de janeiro deste ano.
https://www.cartacapital.com.br/cartaexpressa/conselho-de-psicologia-do-df-cassa-registro-de-profissional-que-oferecia-cura-gay
https://br.noticias.yahoo.com/conselho-de-psicologia-do-df-cassa-registro-de-psicologa-que-defendeu-a-cura-gay-080042806.html
https://agenciaaids.com.br/noticia/g1-psicologa-que-oferecia-cura-para-gays-tem-registro-cassado-no-df-e-fica-impedida-de-exercer-profissao/
Zé Maria
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5544782
https://www.metropoles.com/colunas/janela-indiscreta/psicologa-que-defendeu-cura-gay-tem-registro-profissional-cassado
Zé Maria
‘Plataformas eleitorais de candidaturas majoritárias’ deverão ser
registradas por Partidos e Federações, inclusive o Partido do Moro.
Quem tem de as levar ou não a sério é o(a) Eleitor(a) Brasileiro(a).
Começar um Debate sobre Saúde Pública incluindo Moro
é muita perda de tempo ou campanha eleitoral antecipada.
Moro. o Suspeito Incompetente, ganhando R$ Milhões por ano,
entende Bulhufas de SUS; só conhece hospitais de e para ricos.
Zé Maria
O Moro de 2022 é o Bolsonaro de 2018:
sabe nada de coisa nenhuma;
nem de Lei sabe o Incompetente.
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