Maria Fernanda Arruda: Reprise de 64, mas agora para entregar pré-sal à Máfia
Tempo de leitura: 5 minEM BUSCA DA VERDADE PERDIDA
por Maria Fernanda Arruda
As ações da Polícia Federal são batizadas com nomes simples e de fácil memorização. E eis que surge a Operação Aletheia, como exceção.
Simploriamente traduzida como verdade, não se dirige ao povo, mas àqueles que a desejam, patrocinam e saboreiam.
Antes de colher seus frutos, ela oferece o seu sumo: está programada para a destruição de Lula, uma solução mais compatível com a sensibilidade das elites.
Haveria (ou há, como alerta Mino Carta) o caminho mais objetivo, mais rápido e imune a atos protelatórios, defesas e recursos jurídicos: o assassinato, promovido por um revoltado a quem se ofereça compensação ilusória, plágio do que já algumas vezes se cometeu nos Estados Unidos.
Como tem dito e repetido a Presidência da República, a liberdade reconhecida à Polícia Federal e à Justiça Federal terá sido obra dos governos petistas, que rejeitaram sempre a prática da omissão, do limpar a sala-de-visitas, pondo-se a sujeira nas gavetas.
Como Dilma Rousseff enxerga isso? Policiais e procuradores, cada um em sua esfera de ação, não se pouparam nunca do trabalho de esconder seus propósitos, animados por um ódio profundo ao “populismo” petista. Como isso não foi enxergado, tão evidente e cada vez mais proclamado em alto e bom som?
A operação desencadeada em 4 de março definitivamente tornou ridícula qualquer tentativa para esconder-se a aletheia: a República de Moro pretende a cabeça de Lula, e atende o desejado por todos os que tem na mídia, capitaneada pela Globo: o seu legítimo porta-voz.
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O Estado de Direito foi violentado por um simples juiz de primeira instância, mas o estupro foi aceito e assimilado.
Ou, melhor dizendo, não foi percebido por uma maioria de cidadãos devidamente lobotomizados. Moro não foi precipitado. Muito foi feito para que o seu ato pudesse ser tomado como atitude de alguém dotado de sanidade mental.
A condução de Lula, para depoimento, se não foi planejada como primeiro momento de uma operação mais violenta, em si, foi ato premeditado e inaceitável. Mas motivou o que?
Além das declarações de protesto, acompanhado pela indignação de Dilma Rousseff, mais o pronunciamento de um Ministro do STF e de alguns poucos advogados. As justificativas apresentadas pelo autor da façanha não foram menos do que ridículas, mas o silêncio as torna aceitáveis, ao menos para muitos.
Nesse momento, vivem-se contatos e reuniões políticas, em tese feitos com o objetivo de solucionar uma crise que se avoluma e poderá atingir seu ponto mais alto com a prisão do Lula, objetivo evidente da Polícia Federal. Notícias sobre esses atos de emergência são até agora contraditórios.
A grande mídia opta pelo silêncio. E os meios “alternativos” de comunicação começam a entrar em pânico.
Quem imaginou a hipótese de fazer de Lula um dos ministros de Dilma Rousseff, o que significaria a aceitação, não de culpa, mas do medo e da impotência. Sem mais detalhes: o que se faria com o conjunto de críticas de Lula à politica econômica do Governo? Seria alterada? Sabe-se que não, o que é suficiente para que a hipótese seja posta na sua nudez, no caso impudica.
Confirmada a impotência, diante do poder totalitário da Justiça Federal, caberia a Lula impedir a consumação do ato de vontade das elites raivosas, a sua prisão. Não seria uma prisão política? Sim, claramente.
Fica a possibilidade de solicitação de asilo diplomático, podendo assim levar ao conhecimento da comunidade das Nações sobre a ação ilegítima de um órgão que pertenceu ao Poder Judiciário, até sua opção por fazer-se instrumento de interesses econômicos.
Um roteiro bem traçado vai ficando claro e permite que se identifique qual a aletheia buscada: a realidade dura e triste da entrega do petróleo brasileiro à Máfia, que controla mundialmente esse mercado.
O projeto, proposto pelo próprio Governo, e aprovado no Senado, deverá ter a aprovação por maioria expressiva da Câmara dos Deputados, devendo ser em seguida sancionado por quem teve a iniciativa dele.
Segundo ato, já sendo ensaiado: propõe-se a mudança de regime, do Presidencialismo para o Parlamentarismo de oportunismo. Aprovado esse, será o Congresso, o poder que mudará todo o sistema de exploração do pré-sal, como primeiro quadro a ser encenado, o mais urgente.
Quem se oporá a esse tipo de golpe, repetição do que foi feito em 1961, com João Goulart? Jango aceitou e Dilma aceitará! Alguma voz se opondo? Não.
No passado já remoto houve a voz de Leonel Brizola. E hoje que voz teríamos?
O parlamentarismo desejado pelo PSDB, já abençoado por FHC, seria uma obra precária de engenharia politica, tanto quanto o foi o parido em 1961. A inquietação das elites, com a possibilidade de Jango assumir a Presidência, movimentou os líderes políticos e o Congresso.
Nos bastidores, trabalharam intensamente na busca de uma solução para a crise nomes como o senador Amaral Peixoto, que presidia o maior partido, o PSD; os também pessedistas deputados Tancredo Neves, Ulysses Guimarães, José Maria Alkmin, Martins Rodrigues e Nelson Carneiro; os petebistas Almino Afonso e San Tiago Dantas e o senador Afonso Arinos, da UDN.
Esse quadro lembra por acaso a reunião promovida com Lula nos primeiros dias dessa semana? Você conhece esta história??!!
O país tomou conhecimento das manifestações feitas pelos chefes das Forças Armadas nos dias 28 e 30, divulgadas à saciedade pela imprensa. Mas surgiu a voz de Leonel Brizola, com a Campanha da Legalidade, apoiando Jango e exigindo a sua posse, sem a redução de poderes que se negociava, contando com o apoio gaúcho e de outros Estados, contingentes militares e lideranças sindicais.
Pateticamente, microfone à mão, a outra empunhando metralhadora, a sua voz dizia: “Não nos submeteremos a nenhum golpe. Que nos esmaguem. Que nos destruam. Que nos chacinem nesse Palácio. Chacinado estará o Brasil com a imposição de uma ditadura contra a vontade de seu povo (…). Resistiremos até o fim. A morte é melhor do que a vida sem honra, sem dignidade e sem glória. Podem atirar. Que decolem os jatos. Que atirem os armamentos que tiverem comprado à custa da fome e do sacrifício do povo. Já fomos dominados pelos trustes e monopólios norte-americanos. Estaremos aqui para morrer, se necessário. Um dia, nossos filhos e irmãos farão a independência de nosso povo”.
João Goulart aceitou o parlamentarismo e tratou de brigar pela sua rejeição, obtendo-a em 1963. Seu governo foi um governo de negociação, na tentativa de convencimento dos que se opuseram a ele, no Brasil e nos Estados Unidos. O discurso de 13 de março, na Central do Brasil, foi o ato de desespero último, diante do poder massacrante dos que queriam a sua queda.
Os ventos que sopram hoje nos sugerem uma repetição. A história não se repete, a não ser como pastiche? É o que estamos vivendo. Em 1961, Brizola foi vencido pelo “bom-senso” de Jango, aconselhado por Tancredo Neves. Em 2016 não temos Brizola, mas temos Jaques Wagner e muitos outros, incentivando a vocação conciliadora de Lula.
Assim que ele ceda, caminhando-se para o parlamentarismo de pastelão, a voz de Moro será calada e substituída pela de José Serra e Fernando Henrique Cardoso. Muito nos consolaria algum motivo de esperança. Onde ele está? Na aletheia?
Leia também:
Desejo, paixão e ideologia contaminam pedido de prisão de Lula
Comentários
Marco
#Lulaisworththefight
#lulavalealuta
https://youtu.be/EGHb4tF-2zo
Sérgio
A Festa da Família Brasileira: https://www.youtube.com/watch?v=J-8Qg273ZQ8
FrancoAtirador
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A luta é de vida ou morte; porque Lula é Brics
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Por Pepe Escobar, no Russia Today, via GGN
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(http://jornalggn.com.br/noticia/o-papel-dos-eua-na-desestabilizacao-do-brasil)
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Mauricio Gomes
Dessa vez não deixaremos, iremos resistir fazendo greves, bloqueios, boicotes, protestos e tudo que estiver ao alcance para deter esses fascistas de merda que querem solapar a democracia. Nunca mais haverá outro 1964, não sem muita luta!
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