Luis Felipe Albuquerque: Syngenta concorre ao prêmio internacional de pior empresa

Tempo de leitura: 3 min

por Luiz Felipe Albuquerque, da Página do MST

A empresa suíça Syngenta, uma das maiores empresas do mundo do setor agrícola, está concorrendo ao prêmio de pior empresa do ano de 2011.

O prêmio “Public Eye Awards” (algo em torno de “Prêmio Vigilante Público”), organizado pelo Greenpeace suíço e pela Declaração de Berna, seleciona desde o ano 2000 seis empresas para encabeçar a lista das empresas com a atuação mais nociva para a sociedade, por violar questões relacionadas aos direitos humanos e por cometer  crimes ambientais.

Para Fernando Prioste, da ONG Terra de Direitos, a indicação da Syngenta “expressa o modus operandi, a forma com que a empresa busca o lucro. Representa mais uma condenação política do modo com que a empresa atua para ganhar dinheiro, assim como as outras que também estão concorrendo”.

A votação do Public Eye Award 2012 é feita no site do prêmio e vai até o dia 26 de janeiro.

As outras cinco empresas que também concorrem à premiação são a mineradora Vale – segunda maior companhia brasileira e uma das maiores mineradoras do mundo – o banco inglês Barclays, a mineradora norte-americana Freeport McMoRan, a Samsung – maior empresa sul-coreana – e a Tepco, maior empresa de energia do Japão.

Segundo Prioste, violações dos direitos humanos, imposição de pacotes tecnológicos, imposição mercadológica, violações ao meio ambiente, direito à alimentação – em relação aos transgênicos, entre outros – são apenas alguns dos inúmeros motivos que levaram a Syngenta a concorrer ao prêmio de pior empresa do mundo. “São práticas que a Syngenta comete não só no Brasil, mas no mundo todo”, pontua.

Entretanto, Prioste considera importante ressaltar que práticas como as da Syngenta não estão restritas somente a esta empresa. Apesar de trabalhar com grande fatia do mercado, ela apenas simboliza uma atuação que é comum à atuação do agronegócio.

“A condenação da Syngenta é também uma condenação da Bayer, da Monsanto, que são empresas que competem nesse mesmo mercado e se utilizam das mesmas práticas, relacionadas com os problemas que envolvem os transgênicos, a imposição de um modelo de agricultura e praticam basicamente o mesmo tipo de violação dos direitos humanos”, destaca.

Caso Keno

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Entre as diversas práticas exercidas pela Syngenta que exemplificam e credibilizam o status que está recebendo por essa premiação, um caso representativo é o assassinato de Valmir Mota de Oliveira, o Keno.

A Syngenta realizava experiências ilegais com transgênicos e agrotóxicos na zona de amortecimento do Parque Nacional Iguaçu, em Santa Tereza do Oeste, no Paraná, que levou o MST a promover uma série de ações nessa área. A primeira ocupação da área foi em março de 2006.

Uma ação ilegal de despejo dos trabalhadores promovida pela Syngenta resultou na morte de Keno, no dia 21 de outubro de 2007. Outros trabalhadores rurais ficaram feridos, como é o caso da militante Isabel Cardin, que chegou a perder a visão e tem dificuldades motoras até hoje.

Para o despejo, a Syngenta se utilizou – como era de costume – dos serviços de um grupo armado, que agia sob a fachada da empresa NF Segurança, em conjunto com a Sociedade Rural da Região Oeste (SRO) e o Movimento dos Produtores Rurais (MPR), entidades ligadas aos ruralistas da região.

Prioste acredita que este fato é simbólico por representar “a forma que a Syngenta viu como a melhor maneira de tratar as pessoas que tem alguma posição política em relação à postura que ela adota no mercado de sementes, com a imposição dos transgênicos”.

Após o episódio, o próprio embaixador Suíço Rudolf Bärfuss pediu desculpas à viúva de Keno, Íris Oliveira, com a seguintes palavras. “Em nome do governo do meu país, eu quero pedir desculpas”.
Na ocasião, Íris entregou uma carta ao embaixador exigindo que o governo suíço ajude a punir a Syngenta pelo ato de violência e pelos crimes ambientais dos quais é acusada.

Atualmente, o antigo centro de experimento ilegal da Syngenta, que foi desapropriado pelo governo do estado, é sede do Centro Agroecológico de Experimento de Variedades Crioulas de Sementes sob a direção do Instituto Agronômico do Paraná, IAPAR e a Via Campesina.

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Comentários

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Renato

Quem dará o prêmio?
Greenpeace? Nada a comentar.
Não vou comentar sobre as sagradas escrituras na visão do Satanás.

Fernando

Uma empresa que opera livremente no Brasil, fazendo nosso PIB aumentar para alegria dos progressistas!

Luiz G. Castro

Uma bela homenagem ao Keno (Walmir Mota de oliveira) seria dar o nome dêle ao Centro Agroecológico de Experimento de Variedades Crioulas de Sementes.
Em um paiz que em ruas e avenidas temos os nomes de generais e outros torturadores, seria conveniente começarmos a homenagear nomes de heróis populares que têm contra si alguns historiadores comprometidos com os poderosos de todos os tempos.

Alberto

Que estranho, o texto mal fala sobre o porque da Vale estar concorrendo, mas não deve ter nenhum motivo partidário, claro.

De qualquer forma, ai vai o motivo:

"Mines, steel plants, railroads, ports and hydroelectric dams at the expense of people and the environment: Vale is the second-largest corporation in Brazil, the second-largest mining corporation worldwide, operating in nearly 40 countries, and the largest global producer of iron ore. The corporation’s 70-year history is tarnished by repeated human rights abuses, inhumane working conditions, pillaging of the public heritage and the ruthless exploitation of nature. An international network linking communities and workers affected by Vale was created in 2010. It recently launched a dossiê describing several of the worst cases of Vale’s disregard for people and the environment in eight countries. One such example is the company’s recent purchase of a major stake in the consortium engaged in building the notorious Belo Monte Dam Complex in the Amazon. If the massive dam project continues, it will have disastrous social and environmental consequences, including the forced relocation of 40,000 people and devastation of a riverine ecosystem that is the basis of survival for indigenous communities, riverbank communities and fisherfolk – who have not had a voice in the matter, nor will they receive adequate compensation."

Mas é claro que a organização desse prêmio é financiada pelas grandes potências e pelo PiG, que têm inveja do crescimento (da economia) do Brasil, e querem barrar seu progresso.

Marat

Syngenta: tô fora!!!!!!!!!!!!

Nelson

O nome apropriado não seria Nojenta?

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