Luciano Martins Costa: Imprensa e politização

Tempo de leitura: 3 min

Imprensa e politização

Luciano Martins Costa, no Observatório de Imprensa, sugerido pelo Julio Cesar Macedo Amorim

A edição de domingo (20/1) do Estado de S.Paulo trouxe como manchete levantamento feito pelo Ibope a pedido do jornal paulista, no qual se revela que a maioria dos brasileiros não tem preferência partidária: no final de 2012, época da consulta, 56% declararam não apoiar nenhum partido específico, enquanto 44% tinham algum partido preferido. Em 1988, os números eram invertidos, com 61% partidarizados e 38% sem preferência.

Segundo o diário, a indiferença dos cidadãos em relação a siglas partidárias é resultado dos escândalos políticos dos últimos anos, em especial o que envolveu dirigentes do Partido dos Trabalhadores. No entanto, embora tenha perdido popularidade desde março de 2010, o PT segue sendo a agremiação com maior número de adeptos, o equivalente a 24% do total.

Uma análise cuidadosa da reportagem, confrontada com outros textos sobre o mesmo tema, revela que houve um esforço de edição por parte do jornal para forçar o entendimento de que o PT teve a maior perda entre os partidos. Os números, porém, indicam que o PMDB, com 6%, e PSDB, com 5%, segundo e terceiro colocados, ainda estão muito distantes do Partido dos Trabalhadores em termos de popularidade. Além disso, não há revelações inéditas no estudo, uma vez que a redução da credibilidade dos partidos políticos é em fenômeno comum a todas as democracias do Ocidente.

Também não é verdadeira a afirmação do Estado de S.Paulo de que a consulta do Ibope revela que “apartidários são maioria no País pela primeira vez desde a redemocratização”, como anuncia o título da reportagem. Em maio de 2012, uma pesquisa do Vox Populi já revelava que 60% dos consultados não simpatizavam com nenhuma legenda política.

Por outro lado, convém analisar o valor desses números: em qualquer circunstância, conforme já observava o jornal gaúcho Zero Hora naquela ocasião, um engajamento partidário de 44% da população é um número nada desprezível.

No subtexto da reportagem do Estadão se pode encontrar, com facilidade, referências a circunstâncias tipicamente brasileiras, como os efeitos de escândalos e a rotinização da democracia, que tende a reduzir o engajamento dos cidadãos. No entanto, a perda de credibilidade dos partidos políticos é tema de estudos em todo o mundo, e aparece até mesmo em uma análise sobre as eleições israelenses, em reportagem do Globo publicada na segunda-feira (21/01): “Ex-líder trabalhista diz que a época de grandes legendas acabou”, diz o texto.

O retrato pintado pelo Estadão no domingo fica mais completo na edição de segunda-feira (21), na coluna do jornalista José Roberto de Toledo, que dá seguimento às análises do estudo publicado na véspera. Resumidamente, ele observa que o PT perdeu adeptos principalmente entre os brasileiros mais ricos, que migraram para o PSDB. “Pela primeira vez, há mais brasileiros com renda superior a dez salários mínimos que se dizem tucanos que petistas: 23% a 13%, segundo o Ibope”, diz o texto.

No entanto, a mudança de perfil não se deu apenas porque os mais ricos e educados deixaram de apoiar o PT, mas principalmente porque a base do Partido dos Trabalhadores foi inflada por cidadãos que ingressavam na nova classe de renda média.

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Na verdade, constata o colunista, o PT vinha perdendo apoiadores entre os mais ricos desde junho de 2001, quando 35% dos brasileiros de renda mais alta se diziam simpatizantes do partido. Esse fenômeno não era percebido, em parte, por causa do crescimento do PT na base da pirâmide, impulsionado pela grande popularidade do então presidente Lula da Silva.

O PSDB só começou a crescer entre os brasileiros de renda superior a dez salários mínimos a partir de 2010 – e aqui se pode misturar uma série de fatores, desde o bombardeio da imprensa sobre o tema da corrupção até o desconforto da elite com aeroportos lotados pela classe emergente.

Mas um elemento importante desse estudo, que é abordado ligeiramente por Toledo, ainda está por ser radiografado: o Partido dos Trabalhadores perdeu espaço principalmente entre os leitores de jornais e revistas.

Esse aspecto da consulta do Ibope precisa ser visto por dois ângulos opostos: os leitores de jornais e revistas abandonaram o PT por causa do intenso noticiário sobre escândalos políticos, ou os petistas abandonaram a leitura de jornais e revistas pela mesma razão?

Assim como o PSDB se transforma em partido de elite, mais conservador e homogêneo, também a imprensa passa por um fenômeno semelhante: tudo a ver?

Mas esse é tema para estudos mais profundos, que certamente os jornais teriam pouco interesse em publicar.

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Comentários

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Julio Cesar Montenegro

como não caí do céu imagino quantos como eu deixaram de ler por exemplo a veja por causa da abril ilusão de gente culta padronizada que gosta de carros velozes vinhos caros cruzeiros mulheres bonecas (conforme ME descreveram implorando MINHA assinatura
vejo a globo produto da ditadura logo uma casagrande midiática
(a mesma ditadura que protegeu a varig amiga e desmanchou a panair independente)
onde a maioria dos contratados é de brancos eurocêntricos católicos
nas novelas globais mocinh@s & patrões são claros empregad@s & bandidos são nordestinos ou escuros
mulata globeleza é enfeite de carnaval
folhas & estadões também
agradam dependem de semelhantes
patrões
prefiro pensar com minha mente
do que assistir quem mente

Mário SF Alves

Considerando o cenário atual (nos dois lados do Atlântico) o mais adequado não seria dizer imprensa e despolitização?

Narr

Embora eu seja assinante da UOL, e portanto tenha acesso ao conteúdo digital da Veja, não consigo ir lá. Não tenho estômago. Há muito tempo segui a recomendação de Marilena Chauí e cancelei minha assinatura. Não compro nem um único exemplar. Isso vale para a Época também. Infelizmente, tenho que ler O Globo e a Folha SP. Os blogs “sujos” são notável fonte de informação mas, por óbvia precariedade de recursos, ainda não organizam um grande jornal informativo diário nos mais variados campos. Mas é isso aí que aconteceu, simpatizantes do PT não aguentam ler a Veja.

Moacir Moreira

Só deveriam existir dois partidos: O partido do povo comum e o partido dos ricos esbanjadores.

assalariado.

Volta e meia a burguesia, nas suas várias faces, pede para os institutos de pesquisas, fazerem levantamentos sobre o que o povão esta pensando, sobre tal ou qual assunto politico. Estas pesquisas, no geral, servem para o medir e o planejar do quanto a opinão (publicada, plim! plim!), interfere na opinião pública, para assim planejar outras formas de manter sua (HEGEMONIA) ideologica como classe dominante e exploradora da sociedade e dos assalariados.

E, a cada pesquisa, ficam mais assustados com sua, cada vez menos, capacidade de manipular os cerebros das multidões que, no final, se torna um pesadelo politico para os donos do capital. Uma vez que, seu partido politico classista midiatico e sua trupe ideologica, começam a perceber que, dia/ dia vão perdendo (HEGEMONIA) sobre a cosnciencia do povo, mesmo depois de anos e anos de manipulações.

Esta ‘reporcagem’ do jornal Estado de SP, mostra (ou esconde?), os incríveis 44% de credores partidários politicos existentes no Brasil. Sim, levando -se em consideração que, diariamente, semanas após semanas, meses após meses, anos após anos, as midias do capital, tentam de todas as formas, afastar as massas populares dos partido politicos, dando a entender que politica é caso de policia e não enfrentamento da luta de classes no seio da sociedade, me dou por satisfeito. Agora, o que falta mesmo é, os parlamentares ditos de esquerda, sairem de seus gabinetes levando a tira colo seus assessores, e vir trocar ideias com as massas. Se isso acontecer, não tenho dúvidas, a probabilidade das esquerdas conseguirem uma forte (HEGEMONIA) no congresso nacional, será uma surpresa para os complexados vira latas. Ou será que esse pessoal também não gosta do cheiro do povo?

Saudações Socialistas.

FrancoAtirador

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Vem aí, o PAA (Partido do Ativismo Autoral), o único partido apartidário do mundo
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Suplicy pode deixar PT para compor novo partido ao lado de Marina Silva

Da Redação Sul 21, via Luis Nassif OnLine

Os movimentos de bastidores que a ex-senadora Marina Silva (ex-PV) vem fazendo para lançar um novo campo partidário para disputar a oposição ao governo federal em 2014 está rendendo especulações.

Desta vez, a informação é de que o senador paulista Eduardo Suplicy (PT) poderia estar migrando para uma nova sigla ao lado de Marina.

Segundo o jornalista Felipe Patury, da Revista Época, o novo partido deve ser criado em fevereiro e o desprestígio de Suplicy dentro do PT pode estar motivando a saída do senador.

Segundo o jornalista, os chefes petistas pretendem oferecer a vaga de senador em sua chapa para o PMDB de Gabriel Chalita.
Em troca, receberia o apoio desse partido para seu candidato a governador. Marina pretende conversar com Suplicy nesta semana.

Marina Silva vem investindo para cooptar nomes como o dos senadores Eduardo Suplicy e Cristovam Buarque (PDT) desde 2011.

Também estão sendo sondados, para se filiar à legenda da futura candidata à presidência, Randolfe Rodrigues, do PSOL (que já se dispôs a ajudar a colher assinaturas) e Ricardo Trípoli (PSDB-SP).

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/suplicy-pode-sair-do-pt-para-montar-partido-com-marina-silva

    FrancoAtirador

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    PAA: Partido do Ativismo Autoral (ou Partido Apolítico e Apartidário)

    Ou seria mesmo: Partido do Ambiente Antipetista ?
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    Feldman reúne-se com Marina para discutir novo partido

    Por Guilherme Waltenberg – Agência Estado

    O deputado federal Walter Feldman (PSDB) confirmou nesta segunda-feira que irá participar nesta terça-feira (22) da reunião do Movimento Nova Política, liderado pela ex-senadora e ex-ministra Marina Silva (sem partido), que será realizada na capital paulista. De acordo com o tucano, ele é o único membro do seu atual partido que está tomando parte nesse movimento, que pode transformar-se em uma nova legenda política. “Não existe (uma movimentação) dentro do PSDB de aproximação com esse movimento”, garantiu.

    Feldman afirmou que vem conversando com Marina Silva desde que anunciou sua saída do PSDB, no início de 2011, ocasião na qual acabou voltando atrás e permaneceu na legenda. Desta vez, no entanto, ele negou que já tenha tomado uma decisão sobre sair do PSDB. “Se eu já tivesse uma posição sobre a saída do partido, preferiria anunciar isso antes do que estar dentro (do partido) trabalhando”, argumentou.

    Indagado sobre as especulações de que o ex-governador José Serra (PSDB) poderia estar buscando uma aproximação com o movimento de Marina Silva, Feldman negou. “O Serra não está participando. Eu estive com ele recentemente e ele me pediu para ter muita calma nessas decisões (de eventualmente deixar o partido)”, disse.

    Segundo Feldman, o debate de amanhã deve focar a possibilidade de o movimento tornar-se uma legenda. “Nessa reunião se pretende avançar um pouco o debate sobre a existência ou não de um movimento suficiente para criar a nova legenda”, disse. Essa possibilidade, explicou, seria advinda de um suposto “esgotamento” do atual modelo político brasileiro. “Está para nascer um novo sistema, mas é uma condição complexa. (Esse movimento) aponta que tem um sentimento de mudança na sociedade, um sentimento de rejeição (à política atual)”, afirmou.

    As conversas que ele tem mantido com Marina, disse, são no sentido de captar essa insatisfação e buscar novos modelos. “Quando uma sociedade não aceita uma estrutura (política) como sua representante e os políticos como ativistas, tem algo profundamente errado que precisa mudar. O debate do movimento e os depoimentos da Marina têm ido nessa direção”, afirmou.
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