Lelê Teles: Walcyr, o carrasco do black power

Tempo de leitura: 3 min

WALCYR, O CARRASCO DO BLACK POWER

por Lelê Teles, via e-mail

Walcyr Carrasco, autor da novela Amor à Vida, da Rede Globo, orientou a equipe de caracterização da trama das 9 da noite a cortar o cabelo do ator Kayky Gonzaga, que faz o personagem Jayminho, um garoto negro que foi adotado por um casal de gays brancos.

Nada demais não fosse a explicação do autor: “tenho ouvido críticas muito pesadas e rejeição, principalmente ao cabelo dele. Eu quero um personagem bem aceito”.

Como é, principalmente ao cabelo dele, então há outras críticas “muito pesadas” e “rejeição” contra o ator negro? Quais seriam?

Carrasco dá uma pista: “bem, se não estão felizes com o que estou fazendo contra o preconceito, tiro o personagem da novela e acaba a polêmica”.

Humm, taí uma boa forma de lutar contra o preconceito.

Para o autor decidir tirar o personagem da trama é porque as críticas devam ser realmente muito pesadas.

Por que a estética negra incomoda tanto? Por que um garoto negro não pode ter um cabelo comprido?

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Segundo Walcyr “a verdade é essa: só pedi para mudar o visual de Jayminho porque ele foi adotado por alguém de dinheiro. É o que aconteceria”.

Mentira, o ator Marcello Antony, que é o pai adotivo do garoto na novela, é pai adotivo de um garoto negro na vida real e o filho de Antony, veja você, tem o cabelo quase igual ao de Jayminho.

Ninho, outro personagem da novela, tinha um longo cabelo rastafári. Como rastafári ele era um pai irresponsável, seqüestrador da própria filha, traficante e violento.

Aí ele se mudou para os Estados Unidos, cortou os cabelos e, qual Sansão, perdeu as forças. Tornou-se um cara compreensivo, responsável e amigo da filha.

O diabo é que Ninho é um artista, ganha a vida como artista, mas passou a andar vestido como um gerente de loja de shopping Center.

Walcyr deu ainda uma última explicação sobre a polêmica envolvendo o cabelo de Jayminho: “não é porque alguém é negro que é obrigado a usar black power.” C

laro que não, mas ninguém obrigou o garoto a usar black power o autor é que está o está obrigando a cortar. É o contrário.

Agora veja você, nessa mesma novela a atriz Marina Ruy Barbosa simplesmente se recusou a raspar a cabeça como a trama exigia; detalhe, ela tinha câncer e se submeteria a uma quimioterapia. Outro detalhe, a moça é ruiva.

Talvez por isso mesmo, ela tenha recebido tanto apoio nas redes sociais.

Quiçá os mesmos que fizeram críticas muito pesadas ao cabelo de Jayminho sejam os que elogiam a insubordinação da atriz para não cortar as madeixas ruivas.

Houve um tempo em que os negros com destaque na mídia, no Brasil, talvez para não receberem “críticas muito pesadas” raspavam a cabeça.

Alexandre Pires, Jacaré do É o Tchan e todos os cantores de pagode nos anos 90 usavam cabeça raspada.

Na Seleção que disputou a Copa do Mundo na França em 1998 todos os jogadores negros eram carecas e somente os negros; Dunga, Bebeto e Leonardo não rasparam.

Zé Roberto é que rompeu esse ciclo.

As novelas, há muito, não criam somente um simulacro de sociedade no Brasil, elas confundem a realidade com esse simulacro.

Mamãe não sabe se a campainha tocou na novela ou se foi na casa dela.

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Comentários

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mineiro

gente vamos esperar o que de novelas , e dessa emissora dos quintos dos infernos. o pig golpista incluindos todas as emissoras nao ta nem ai para o povo brasileiros. o que eles quer é audiencia e muito lucro no lixo que eles mostram para manipular o pvo. é so olhar as programçoes dessa televisao nojenta. ve se tem alguma coisa que preste , incluindo as tvs publicas que tambem nao mostra nada e nao se renova. é tudo uma mesmice indecente , que da nojo.

Valdeci Elias

Faz tempo que não vejo novela, nem jornal da Globo.

A saia justa de O Globo diante de militantes em debate – Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] Lelê Teles: Walcyr, carrasco do black power […]

Edno Lima

Não adianta, os joãos ninguém sempre aparecerão para criticar o nada. O rapaz que não sabe que cabelos são “compridos” e não “cumpridos” deveria tentar, ao menos tentar, fazer algo de útil e produtivo na vida. A novelinha é um sucesso; coloca uma gordinha se dar bem, põem em cena um casal gay sem esteriótipos, levanta a auto-estima de uma mulher que sofreu uma mastectomia; arruma um namorado para uma autista,faz um menino negro ser adotado por um casal branco, enfim, são ações e mais ações contra o preconceito, aí vem o João ninguém reclamar !

    Marcelo

    Não é esteriótipo. É estereótipo!

Luiz Aldo

Agora entendo porque minha mulher vive dizendo que o Walcir Carrasco deve estar tendo um caso com a Glória Perez.

lulipe

O que a falta de assunto não produz…..

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[…] Lelê Teles: Walcyr, o carrasco do black power  […]

Mardones

Novela? k k k k k k.

Há uma sinergia entre a novela e o seu público. Eles se complementam.

O Brasil está além disso.

Mas muita gente ainda não desgrugou do plim-plim.

    João Castanheira

    Isso aí!

mineiro

ta certo em combater o racismo , mas agora ficar preocupado com cabelos de quem quer que seja , é uma imbecilidade muito grande. cabelo cortado , grande nao interessa . o que interessa é combater o racismo , isso é que é o importante. ta na cara que o racismo existe no brasil descaradamente e no pig golpista nao vai ser diferente, eles fazem o que a elite branca manda ou simplismente dita o que a elite maldita branca quer. porque sao farinha do mesmo saco. é bom tambem lembrar isso tambem existe nas outras emissoras record, band morta, e tudo mais.

Dennis Rodrigues da Silva

O autor falou besteira no final…Zé Roberto só começou a usar outros cortes que não raspar a cabeça na Alemanha.
TODOS, incluindo Dunga, Bebeto e Leonardo, rasparam a cabeça na Copa DAS CONFEDERAÇÕES de 1997. Quem deu ataque de pelanca por conta da “peraltice” foi Zagallo -também pudera, foi Romário, desafeto do velho lobo chato, que puxou o “bonde dos carecas”…

    Ricardo Oliveira

    Caro Dennis.
    Não sei se Zagallo deu um ataque, mas acredito que tenha sido possível. Sei que Juninho Paulista se recusou a ficar careca pois, como ele mesmo disse, não iria raspar a cabeça pois tinha um cabelo bom.
    Cabelo Bom ???? Hummmm, falou a casa grande.
    Não me recordo, mas depois parece que o jogador de “cabelo bom” também raspou a cabeça.
    Ronaldo comandava os carecas naquele ano ,já que o jogador namorava uma loirísssima atriz global. Sua influência em cabeça raspada chegou, inclusive, no Barcelona, clube onde atuava na época. Vários jogadores do clube catalão rasparam a cabeça. porém, quando, mais tarde descobriram os reais motivos para a careca de Ronaldo voltaram a deixar os cabelos crescer normalmente.
    Nessa polêmica de cabelos, vale lembrar o saudoso João Saldanha. João não dava nenhum tipo de palpite na vida pessoal dos atletas, no tocante as roupas e corte de cabelo, porém, criticava, e com razão, cabelos muitos grandes já que , como ele dizia, o jogador ao cabecear uma bola não produzia a jogada desejada, já que uma enorme cabeleira, principalmente ao estilo black power acabava por amortecer a bola e a cabeçada.

Carlos N Mendes

Walcyr Carrasco está desdenhando da inteligênica do telespectador escrevendo um pastiche composto de coincidências inverossímeis indignas até da mestra do impossivel, senhora Glória Perez. A quantidade de bobagens só prova que este senhor é mais uma vaca em cima da árvore – se tem uma vaca em cima da árvore, ela não subiu sozinha, alguém a colocou lá. E esse problema com o cabelo do garoto mostrou dois aspectos inaceitáveis em um autor de novelas – preconceito racial e frouxidão criativa. Noveleiro jogar para a torcida é degradante, vergonhoso e indigno; nega a criação e a arte e refugia-se na mediocridade do mercantilismo infantilizado. Bem, de repente o patrão ‘mandou cantar com a língua enrolada; do you like, macacada?’

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fabio nogueira

Estamos preocupados de conquistar o nosso espaço na televisão tirando aqueles estereótipos de sempre sobre o negro e as pessoas estão se sentindo incomodadas com o Black Power do personagem. É muita falta que fazer!!

    marcos

    Faltou falar, tambem sobre o preconceito sobre os palestinos.

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