ADEUS À DEUSA
Por Lelê Teles*
Elza soou como ninguém, suou como ninguém zoou como ninguém.
O soar do timbre da voz de Elza, aliás, os soares, eram como uma digital acústica, uma marca única, genuína, original.
Oriunda do Planeta Fome, a menina regurgitava um grito de dor e fúria, numa ternura serena e trovejante, numa doçura repleta de inconformismo.
Porque Elza, era antes de tudo, uma inconformada.
Seu timbre, rasgante, luminoso como uma lâmina e cortante como uma espada, feria; porque o que ela cantava era pra doer.
Elza não cantava para ninar a Casa Grande.
Suou como muitas de suas manas, sofreu os dissabores do amor, sobreviveu à violência doméstica, foi mulher com voz e gritos num mundo que teima em sufocá-las.
Zuou como ninguém, na Itália, lembra Chico Buarque, encheu a rua de uma alegria algazarrante com seus filhos e agregados a jogar golzinho como se estivessem nas ruelas cariocas.
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Seu mundo tava sempre consigo, enraizado.
Elza era atualíssima, por isso esteve sempre a encantar as gerações que lhe sucediam, sempre diva, sempre referenciada e reverenciada; entendeu o funk, o rap…
Prestou atenção no presente sem estar presa ao passado.
Embora soubesse que o seu passado sempre será um presente para a juventude que bebe na fonte rejuvenescente de sua arte.
Abraçou, no sentido de afago e afeto, todas as causas que traziam dores aso seus e às suas, bradou contra o racismo, a misoginia, a homo e a transfobia, era o eterno grito da fome.
E a fome das gentes não é só fome de comida.
O mundo soube da sua existência e da sua resistência.
Era a brasileira brasileiríssima.
Era não, Elza sempre será!
Inspiradora, Rainha, deusa, diva, exu…
Elza soará para sempre em nossas vidas.
Palavra da salvação.
*Lelê Teles é jornalista, publicitário e roteirista
Comentários
Zé Maria
ELZA DEUSA SOARES
Mocidade Independente de Padre Miguel
https://youtu.be/EcDMkZTAs3E?t=4
Laroyê e Mojubá, liberdade
Abre os caminhos pra Elza passar
Salve a mocidade*
Essa nega tem poder
É luz que clareia
É samba que corre na veia
Laroyê e Mojubá, liberdade
Abre os caminhos pra Elza passar
Salve a mocidade
Essa nega tem poder
É luz que clareia
É samba que corre na veia
Lá vai menina
Lata d’água na cabeça
Vencer a dor, que esse mundo é todo seu
Onde a água santa foi saliva
Pra curar toda ferida
Que a história escreveu
É sua voz que amordaça a opressão
Que embala o irmão
Para a preta não chorar (para a preta não chorar)
Se a vida é uma aquarela
Vi em ti a cor mais bela
Pelos palcos a brilhar
É hora de acender
No peito a inspiração
Sei que é preciso lutar
Com as armas de uma canção
A gente tem que acordar
Da lama nasce o amor
Quebrar as agulhas que vestem a dor
É hora de acender
No peito a inspiração
Sei que é preciso lutar
Com as armas de uma canção
A gente tem que acordar
Da lama nasce o amor
Quebrar as agulhas que vestem a dor
Brasil
Enfrente o mal que te consome
Que os filhos do planeta fome
Não percam a esperança em seu cantar
Ó nega!
Sou eu que te falo em nome daquela
Da batida mais quente*
O som da favela
É resistência em nosso chão
Se acaso você chegar
Com a mensagem do bem
O mundo vai despertar
Deusa da vila Vintém
Eis a estrela
Teu povo esperou tanto pra revê-la
Laroyê e Mojubá, liberdade
Abre os caminhos pra Elza passar
Salve a mocidade
Essa nega tem poder
É luz que clareia
É samba que corre na veia
Laroyê e Mojubá, liberdade
Abre os caminhos pra Elza passar
Salve a mocidade
Essa nega tem poder
É luz que clareia
É samba que corre na veia
Lá vai menina
Lata d’água na cabeça
Vencer a dor, que esse mundo é todo seu
Onde a água santa foi saliva
Pra curar toda ferida
Que a história escreveu
É sua voz que amordaça a opressão
Que embala o irmão
Para a preta não chorar (para a preta não chorar)
Se a vida é uma aquarela
Vi em ti a cor mais bela
Pelos palcos a brilhar
É hora de acender
No peito a inspiração
Sei que é preciso lutar
Com as armas de uma canção
A gente tem que acordar
Da lama nasce o amor
Quebrar as agulhas que vestem a dor
É hora de acender
No peito a inspiração
Sei que é preciso lutar
Com as armas de uma canção
A gente tem que acordar
Da lama nasce o amor
Quebrar as agulhas que vestem a dor
Brasil
Enfrente o mal que te consome
Que os filhos do planeta fome
Não percam a esperança em seu cantar
Ó nega!
Sou eu que te falo em nome daquela
Da batida mais quente
O som da favela
É resistência em nosso chão
Se acaso você chegar
Com a mensagem do bem
O mundo vai despertar
Deusa da vila Vintém
Eis a estrela
Teu povo esperou tanto pra revê-la
Laroyê e Mojubá, liberdade
Abre os caminhos pra Elza passar
Salve a mocidade
Essa nega tem poder
É luz que clareia
É samba que corre na veia
Laroyê e Mojubá, liberdade
Abre os caminhos pra Elza passar
Salve a mocidade
Essa nega tem poder
É luz que clareia
É samba que corre na veia
* https://youtu.be/86xYvyt0zFQ
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