Quantas vidas não poderiam ter sido salvas se, em vez colocar no ar o Ratinho ou o Big Brother, as emissoras tivessem avisado à população de que fortes chuvas estavam previstas para a serra fluminense na noite anterior à tragédia, com instruções dos poderes públicos sobre como agir.
por Laurindo Lalo Leal Filho, em Carta Maior
Todas as redes comerciais de televisão no Brasil têm as suas moças do tempo. São herdeiras, em São Paulo, do Narciso Vernizzi, o primeiro “homem do tempo” da rádio Jovem Pan.
Elas surgem do nada, entre uma notícia e outra, aparecem no canto da tela e caminham para o centro, mostrando mais que o tempo as suas belas curvas.
Em casa, o telespectador vê atrás das moças as indicações do clima e da temperatura em todo o Brasil. Com algumas variações, esse tipo de informação é universal. O canal mundial da BBC mostra o tempo em várias partes do mundo, sem as moças.
São informações úteis, mas limitadas. Ajudam a sair de guarda-chuva no dia seguinte ou, aos viajantes, a escolha do que colocar na mala. Não sei se informações tão superficiais e genéricas contribuem para decisões mais importantes, como dos agricultores, por exemplo.
Apesar do avanço da internet, o rádio e a televisão ainda são os mais eficientes e abrangentes serviços públicos de informação. Não há outro meio que consiga falar de forma tão rápida para milhões de pessoas ao mesmo tempo.
Em momentos críticos tornam-se imprescindíveis. Pena que, por aqui, são pouco usados nesse tipo de prestação de serviços.
No caso de tragédias, como as deste início de ano, ao invés de moças desfilando à frente de ilustrações artísticas, deveríamos ter as programações interrompidas.
Em seu lugar seriam formadas cadeias nacionais ou locais de rádio e TV, antes das catástrofes, dando orientações seguras para a população. Sem pânico, mas com precisão e firmeza. E não generalizando com frases do tipo “chove no litoral do nordeste”.
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Trata-se de um de trabalho que deve ser o mais localizado possível, com o envolvimento articulado dos serviços de meteorologia, da defesa civil e do jornalismo, na produção das informações.
Quantas vidas não poderiam ter sido salvas se, em vez colocar no ar o Ratinho ou o Big Brother, as emissoras tivessem avisado à população de que fortes chuvas estavam previstas para a serra fluminense na noite anterior à tragédia, com instruções dos poderes públicos sobre como agir.
Ou, no caso, de São Paulo que vias deveriam ser evitadas na iminência dos temporais, já que não há segredo nessa cidade sobre onde se localizam os eternos pontos de alagamento.
Para obter mais eficiência, esse serviço deveria ter seu foco nas informações locais. Daí a importância da regionalização das programações de rádio e TV, tão combatida pelos concessionários do setor.
No entanto são elas que darão às emissoras regionais e locais experiência, tanto na produção como na técnica, para enfrentar com competência situações extraordinárias.
Nem todos se salvariam, é verdade. Mas, com certeza, os danos seriam menores.
Furacões violentos que varrem o Caribe todos os anos causam grandes estragos materiais em Cuba, mas pouquíssimas vítimas.
Simplesmente porque as autoridades estabelecem planos precisos para a retirada da população das áreas criticas e a orientam através do rádio e da TV, com razoável antecedência, sobre as medidas que devem ser tomadas.
Muitos navios não foram à pique na costa brasileira graças ao programa radiofônico “A Voz do Brasil”. A seção “Aviso aos navegantes” informava todos os dias, minuciosamente, as condições das bóias de luz, sinalizadoras dos perigos naturais existentes no mar.
Era o rádio atuando como serviço público numa época de recursos eletrônicos muito limitados, se comparada aos hoje existentes.
Satélites transmitem informações meteorológicas com alto grau de precisão e as redes de rádio e TV cobrem todo o território nacional.
Falta apenas articular esses dois serviços com planos nacionais e locais de prevenção à catástrofes naturais.
No caso das enchentes no sudeste e centro-oeste, trata-se de problema datado, de dezembro a março. Há todo o resto do ano para o trabalho de planejamento e articulação.
Quem toma a iniciativa?
Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial). Twitter: @lalolealfilho.
Comentários
José Luiz
Nos Estados Unidos, o paraíso do PIG, os caras nos noticários dão a maior importância para o tempo, porque eles sabem da sua utilizadade para as pessoas. No Brasil, ficamos a mercê das belas curvas das garotas do tempo. Somente com uma regulação desses meio é que teremos a sua real importância para o país.
m.fóerbah
Sugestão para compor a análise da contemporâneidade:
Tratado da correção de intelecto do B. Espinosa
Geysa Guimarães
Golaço de Laurindo Leal. TV e rádio jamais poderiam negligenciar seu maior sentido, o de utilidade pública.
Edno Lima
O Laurindo Leal deveria tentar a carreira no humtorismo, o texto é uma piada. Com os prefeitos petistas de Petrópolis e Teresópolis, o secretário estadual de meio-ambiente petista e o governador do estado do Rio, ,unha e carne com Lula pra responsabilizar, ele põe a culpua na Tv. Com a incompetência e preguiça desse pessoal, poderiam ter toda a programação da tv á disposição que não seriam capaz de salvar uma única vida. No município de Areal, a população foi avisada da iminência da tragédia por um simples carro de som; não houve uma única morte.
Marcia Costa
Conta os fatos não há argumentos meu caro Edno: choveu muito, mas muito mesmo. Qualquer pessoa que estava na Região Serrana do RJ pode testemunhar sobre este fato. Começou a chover na segunda feira ( 10/1). Na terça (11/1), choveu por cerca de 5 horas seguidas no município de Piraí (que não foi afetado). Segundo amigos que moram no Centro de Petrópolis foi muita chuva mesmo. Ninguém, em sã consciência, imaginava um desastre dessas proporções, pois não havia histórico de deslizamentos massivos, ao contrário do que acontece em São Paulo. Na capital são sempre os mesmos locais inundados. Se fosse um local perigoso, a família do Diretor do banco Icatu não estaria em férias na cidade.Agora, me responda, saiu alguma chamada no Jornal local da Globo sobre as fortes chuvas? Segundo amigos que moram, nada foi divulgado.
Edno Lima
Puxa vida , até hoje eu pensava que a responsabilidade pelas ação de prevenção e alerta de catástrofes ,naturais ou não , fosse do poder público, mas graças a vc e ao genial Laurindo Lalo tomei contato com a verdade…. a responsabilidade por essas ações é da Globo!!!!!!
Paulo Geroldo
O texto do Laurindo é claro, somente os idiotas não sabem interpretá-lo. Ele não está dizendo que a culpa das tragédias é da TV. Mas que ela, por ser um bem público, deve ser usada para prestar mais serviços à população. O próprio exemplo de Areal contradiz o seu discurso e ratifica as palavras do Laurindo. Somente nessa cidade teve o aviso por meio de um carro de som. Você imagina se a programação de toda a TV aberta no Brasil fosse interrompida para as autoridades emitirem um alerta? É disso que se trata o texto, apenas. Ninguém está atribuindo culpa disso ou daquilo. O texto faz uma crítica ao modelo de previsão do tempo e propõe uma solução para o setor de comunicação, quando há previsão de chuva forte. ações infra-estrutura para prevenção de desastre, remoção de famílias das áreas de risco, é outro assunto. Esse tipo de desastre ambiental não pode ser evitado. E também não dá para tirar todas as pessoas das áreas de risco. O que dá para fazer é diminuir drasticamente o número de pessoas morando em áreas irregulares e tentar removê-las à tempo para evitar novas tragédias.
Edno Lima
Vc disse tudo meu caro, apenas os idiotas não sabem interpretar os textos do Laurindo e é preciso ser um idiota acima da média para não saber o tamanho do recalque que o jornalista nutre em relação às organizações Globo. Sou assíduo espectador do VerTv e também constante leitor dos textos dele e sei observar , sem falsa modéstia, todas as conotações usadas pelo Sr. Laurindo . Convido-o a ler " O povo não é bobo" , outro primor de texto do mesmo autor e que traduz perfeitamente toda a inveja que o jornalista nutre em razão de o próprio programa não ter nem a décima parte da audiência que tem pior programa da Globo , aí talvez….eu disse talvez, vc entenda o que eu escrevi e olha que qualquer idiota consegue interpretar o que eu escrevo. Um abraço!!!!!
Paulo Geroldo
Essa chuva de Nova Friburgo não começou na semana passada. Ela vem desde novembro e com volumes impressionantes. Chove desde então praticamente o dobro do que normalmente se espera. Existem médias climatológicas como parâmetro. Por exemplo: a média de chuva para novembro na cidade era de cerca de 170 milímetros. Choveu 360 milímetros. Em dezembro, a média é de 240 mm. Choveu 420 mm. E em janeiro, a média é de 209 mm e já choveu mais de 440 mm em apenas 17 dias. Ou seja, 1220 mm, quase a média anual da cidade (1246 mm), em apenas 2 meses e meio. Se um alerta fosse emitido na metade do mês de dezembro, parte da tragédia seria evitada. O solo já estava muito encharcado no começo do mês de dezembro, devido ao excesso de chuva de novembro. A partir disso, a chuva já não precisa ser tão forte para causar alguns estragos. Mas ela continuou muito forte. E nada foi feito. Em janeiro, a situação já era muito crítica, e a chuva persistiu. A chuva que desencadeou toda a tragédia foi literalmente "a gota d'água" (perdão pelo trocadilho, mas é o fato). Numa situação de normalidade, uma chuva de 100 mm em 24 horas, ocorrida de forma isolada, pode causar alguns estragos. Quando ela vem num contexto já de muita chuva e solo já encharcado, aí o desastre é total.
carmen silvia
Felizmente a questão ambiental não é tratada neste blog como artigo de luxo ou tema que dislumbrados e adptos do "politicamente correto" gostam de lançar mão pra fazer o seu marketing pessoal e demonstrar dessa forma "como são preocupadaso com os destinos da humanidade".É possível encontrar aqui artigos ao longo do ano que tratam desse tema com seriedade e compromisso.Mas o que vemos nos meios de comunicação em geral são abordagens focadas no aqui e agora,como o que vemos atualmente,tratados geralmente com um forte conteúdo emocional,o que por si só já inviabiliza qualquer forma de discussão qualificada sobre o problema.Ao longo do ano quando muito são mostrados em programas tipo Globo Reporter,uma natureza idealizada,pra aqueles que gostam de contemplação e não para os que preferem o debate,a reflexão e porque não a busca de soluções
aldo luiz
Caros amigos, ainda nem começamos a chorar o que nos aguarda…
QUE "PREVISÃO"? O objetivo é destruir, levar à falência, arrasar. ELES não querem salvar niguém… Não há como nos defendermos destas tragédias muito bem planejados que se intensificam assolando o planeta delegando a nossa defesa aos nossos proprios carrascos. É preciso estar atento ao que vem por aí e forte para resistir e organizar a auto defeza. Infelizmente esta midiocracia brasileira e internacional está a serviço dos dominadores que querem, entre outros, o Brasil desarticulado e de joelhos cumprindo suas determinações inconfessas…
Acaso? Nada disso é por acaso. Evolução? Isto é um plano ("diabolicamente sofisticado") urdido há muito tempo e sempre aperfeiçoado ao longo dos anos de dominação da CASA GRANDE em permanente religioso escravagismo. Só no Brasil são 510 anos de escravidão nestas pseudo democracias. Nada, religião alguma, lei alguma, substituirá a responsabilidade 100% dos julgamentos, escolhas e decisões de cada um de nós. A verdadeira maravilhosa revolução é intrapessoal e intransferível.
O desconhecido HAARP, ativo desde os anos 90, é parte do arsenal da Nova Ordem Mundial no marco da iniciativa da defesa estratégica (SDI). Desde os pontos militares principais dos EUA, se poderiam desestabilizar potencialmente economias nacionais inteiras utilizando as manipulações do clima.
O que é muito importante, esta última poderia colocar-se em prática sem o conhecimento do inimigo, a um custo mínimo e sem empregar pessoal e equipamentos militares como em uma guerra convencional.
O HAARP, JÁ ESTÁ TRAZENDO conseqüências devastadoras para o clima mundial. Para satisfazer os interesses econômicos e estratégicos dos EUA, UTILIZADO para modificar o clima de maneira seletiva em diferentes partes do mundo, o que provocaria a desestabilização dos sistemas agrícolas e ecológicos.
O Sistema, (ô corja), cujo o único inimigo é o próprio povo que explora, cuida bem do o irônico detalhe "humanista". Pergunte ao povo do Haití o que ele acha da "ajuda humanitária" internacional que o sistema alardeia oferecer aos seus infantilizados senzalados. O tempo urge. O sistema é por sua natureza fratricida e antropofágico, e adora uma literatura para se fazer de importante e necessário enquanto nos devora. SÓ PARA NÃO ESQUECER: POLÍTICOS, MUNDIALMENTE, TODOS, ESTÃO AÍ PARA NOS DAR A ILUSÃO QUE TEMOS ESCOLHAS senzalados neste escravismo travestido. Precisamos parar de entregar a condução de nossas vidas àqueles que querem apenas o lucro de nossa escravidão e agora nosso extermínio.
David Rockefeller disse: "Estamos à beira de uma transformação global, tudo o que precisamos é da apropriada grande crise e as nações aceitarão a Nova Ordem Mundial".
Sinto muito, sou grato.
Fernando
Não só o Big Brother e o Ratinho, a novela Ribeirão do Tempo da Record também deveria ter sido paralisada para avisar a população.
edv
É a constatação de que catástrofes naturais são eminentemente inevitáveis, os prejuízos, um tanto menos, mas as mortes podem ser "bastante menos", já que o bicho humano é pensante e se comunica!
Só precisa usar…
edv
Indo mais longe, um sistema de alerta conforme se depreende do artigo, embora não trivial, é viável até no curto prazo.
Talvez seja a alternativa mais eficaz, rápida e barata de ser implementada.
Portanto deve ser pensada e definida desde já, para todo o país
Jean
Ontem foi muito divulgado o tal boato de que a represa em Nova Friburgo havia se rompido, causando tumulto e pânico na população. Pois bem, eu, que moro em B. Horizonte, ouvi, ao vivo na rádio CBN a notícia de que a represa havia rompido e que não se sabia, ainda, as consequencias de tal rompimento. Com certeza, o reporter que divulgou tal informação não a checou com os órgãos ou autoridades locais (bombeiros, polícia, etc). Fico imaginando quantas pessoas naquela cidade não ouviram essa notícia pelo rádio e não foram avisando as demais, aumentando o tumulto… Só uns 40 minutos depois é que foi divulgado que o rompimento era boato. Á tarde, a própria Globo mostrou, com tons sensacionalistas, a população correndo e fugindo, amedrontada. No mínimo, uma irresponsabilidade enorme…
edv
CBN? Ora a CBN…
Padrão PIG de qualidade!
Acho que mais do que noticiar, exploram.
Mais do que explorar, fazem política.
Mais do que política, beiram o terrorismo (ex: Angra às moscas no reveillon de 2010).
Mas há lugares onde, pelo contrário, tudo é amainado, explicado, justificado, abafado e, se der, escondido.
m.fóerbah
Sugestão para inserir na dialética do avanço do debate:
Padrões de manipulação na grande imprensa do Perseu Abramo
Gerson Carneiro
[youtube K6fg4XUWs7k http://www.youtube.com/watch?v=K6fg4XUWs7k youtube]
Marcia Costa
Essa musiquinha é tudo!
bissolijr
a desgraça da TV brasileira, com o apoio dos congressistas e dos executivos, não tem como ser medida.
o lixo que se produz para os anestesiados brasileiros tem uma função muito clara e sabemos qual é.
até quando?
Gerson Carneiro
Tá vendo minha amiga Luci, a tal sedução perniciosa do PIG, a que me referi, sobressaindo-se à utilidade pública? Na transmissão ao vivo, direto dos locais das tragédias, com enxurrada passando atrás das repórteres, usaram a mesma tática usada para anunciar o tempo.
E lá em cima no prefácio do texto penso que o mais adequado seria "Quantas vidas poderiam ter sido salvas se…" , no lugar de "Quantas vidas não poderiam ter sido salvas se…".
Laurindo Leal: Tempo como serviço, não como espetáculo « Arengueiro Natal/RN/Brasil
[…] Direto do Vi o Mundo. […]
Nilva
Ontem no jornal da Band o Boechat falou que as Prefeituras foram avisadas a tempo. Cinco dias antes das tragédias foi emitido um comunicado avisando das condições do tempo e solicitando providências. Os prefeitos falaram que não tiveram como avisar a população. Se é verdade, isso foi o maior absurdo que ouvi.
m.fóerbah
Nos períodos eleitorais eles tem tempo
carmen silvia
Esse artigo mais uma vez me faz crer que primeiro;jornais,rádios e televisões estão apinhados de incompetentes,egocêntricos e exibicionistas,desprovidos de qualquer cosciência de suas obrigações enquanto pessoas que atuam no ramo da comunicação social.Segundo;no caso específico do rádio e televisão,que são concessões públicas,há uma premeditada má vontade em se lembrar disso,já que de fato eles nem são incomodados por ninguém para lembra-los de que sim é um negócio,mas que só existe porque permitimos,nós o povo que assim o seja.
Heitor Rodrigues
Talvez seja o caso da Presidenta Dilma solicitar cadeia nacional de rádio e televisão, a cada vez que o INPE consitatar a iminência de catástrofes naturais. Vou mais além: como os telejornais das emissoras de TV nem sempre vão ao ar no mesmo horário, a programação normal de todas as emissoras deveria ser interrompida nos horários de todos êles, para reiterar as informações de interesse público. Lei federal deveria responsabilizar governos estaduais e municipais por considerarem irrelevantes, as informações do INPE. Parece que o governo do Rio desdenhou dos alertas do INPE sobre o que poderia ocorrer na Região Serrana do Estado do Rio. Daí, a cara de cu do Cabral ao lado da Dilma. Êle sabe que está pendurado na broxa.
Marat
A ideia é boa. As TVs, na qualidade de agraciadas com concessões públicas, deveriam ser obrigadas a oferecer um pedaço de seu tempo a programas úteis. Poderiam, por exemplo, diminuir o espaço do BBB, dos programas da Ana Maria Braga e dos jornais, pois ainda existem pessoas que crêem no "jornalismo" desse pessoal e, logo papagueiam que o povo pobre tem culpa pelas enchentes, pois joga muito lixo nos rios. Esse tipo de gente não consegue raciocinar sem um quê de obtusidade: lógico que TODOS têm culpa pelo acúmulo de lixo em locais indevidos, porém, esse fato se dá porque o poder público não se faz presente, e também, pelo fato de o mesmo poder público estar mais interessado em aquecer o mercado imobiliário e, portanto, a favor do desequilíbrio ecológico, que apresenta suas fraturas aqui e ali. Se diminuíssemos esses programas, atacaríamos dois problemas de uma vez.
Francisco
Quem governa o município é o prefeito secundado pelos vereadores. Cadê eles? São eles que têm condições (até "físicas") de sair de bairro em bairro e através da rádio local enfatizando este ou aquele serviço. Quem lembra do vereador em que votou? Qual a sociedade entre o vereador que você votou e as imobiliárias? Quem é o secretário responsável pelo setor? A responsabilidade é um pouco mais coletiva agora. Vivemos numa democracia e o inferno, já dizia Sartre, "são os outros".
Francisco
O outro foco é o seguinte: o INPE e os moderníssimos serviços de metereologia (comprou um supercomputador este mês!) do governo federal estão lá. Os boletins são feitos, mas as enchentes são municipais, raramente chegam a ter dimensão "estadual". O governador do estado (assim como o presidente) só precisam aparecer no local para dar uma olhada e assinar o cheque da reconstrução. Ponto final.
Francisco
As emissoras de TV aberta no Brasil são concessões públicas, então têm responsabilidades públicas, de serviço para o público. Seria o caso de uma CPI, quem se habilita? Se habilita o próximo deputado ou senador que quiser ser xingado de "censor stalinista" e, de quebra, o próximo a não se reeleger.
m.fóerbah
O problema é a privatização de mandatos
Luis
Prezados, o tempo que interessa às emissoras é tal "tempo bom". Seja lá o que isso quer dizer. No sertão nordestino, no agreste, na caatinga, na secura em geral, tempo bom é o que chove. Mesmo que arranque o telhado das casas.
Para as belezuras da Globo, tempo bom é que favorece a balada. Que assim seja: belas mulheres, candidatas a apresentadoras de jornais. É melhor assim, convenhamos. Imagine se fosse a Ana Maria Braga ou Hebe, ou a Lucianta, a Sabrina Sato… Além das platitudes, teríamos burrices em dose cavalar.
Enfim, um tratamento sério da "informação sobre o tempo", articulada com as análises geotécnicas, seria sim de grande valia. Mas isso não dá audiência.
José Eduardo Camargo
Acho que o governo federal poderia tomar a iniciativa de entrar em rede nacional para informar a população quando tais eventos se avizinham. Afinal, é um direito do Estado Brasileiro usar todos os meios de comunicação disponíveis quando necessário. E não importa se os donos de rádios e TVs gostem ou não. Pois, ao contrário do que falsa e cinicamente alegam, as ondas do ar não lhes pertencem! Mas sem dúvida, como aponta o autor, a regionalização da produção radio-televisiva seria uma ótima iniciativa e não só para dar alertas. Seria também um meio ótimo de se dar voz própria à rica diversidade cultural do país. Democratização da mídia, já!
Jairo_Beraldo
As TV's brasileiras gostam de tragédias. Mais se preocupam em ter a desgraça dos outros para mostrar, que ter a decencia de evitar estas desgraças. Salvar tragédias não dá IBOPE contínuo. Por dias a fio, enquanto estiverem juntando os corpos e os entulhos, serão vistos vomitando asneiras, tirando o pijama dos que poderiam ter feito,mas não fizeram e jogar tudo nas costas do Lula e aproveitar para respingar alguma coisa na Dilma.
Grilo D
O problema é: o que dá mais audiência? Dar infomações precisas e sérias sobre prevenção ou mostrar uma senhora pendurada numa corda sobre um rio que está engolindo a sua casa? Os meios de comunicação não se vêem como meios de comunicação, mas exclusivamente de renda. E a população faz a sua parte ao retribuí-los com audiência proporcional à futilidade e bestialidade do conteúdo.
Isto posto, certamente seria melhor evitar as centenas de mortes do que noticiá-las no dia seguinte. Será que a imprensa alternativa pode dar o pontapé inicial nisso, já que a tradicional não tá muito a fim?
Abraços,
Grilo D
Fernando
É por isso que gosto do Hugo Chávez.
As emissoras nunca darão um informe destes por conta própria, então lá o Chávez entra em cadeia nacional e passa o recado, de pijama e no improviso mesmo.
m.fóerbah
Excelente alusão
laura
Concordo! Provavelmente muitas vidas seriam poupadas se tivesse havidoalertas claros e inequívocos aos moradores da região, mesmo que fosse durante a programação normal.
Elton
No estado do Paraná temos um excelente site atualizado a cada duas horas e com imagens de satélite explicadas para os leigos. visitem: http://www.simepar.br
edv
Ísso é muito bom, Elton. Essencial!
Mas se não for ligado a um sistema de comunicação que atinja as comunidades, fica só na tecnologia.
Como no tsunami da Indonésia, onde tudo foi detectado, mas nada informado.
Dezenas de milhares poderiam estar vivos hoje. Por uma questão de menos de meia hora.
A idéia sugerida, embora não trivial, não é inviável, no curto prazo, estabelecer um sistema de alerta entre rádios, TV e portais, com estações metereológicas e similares.
Incluindo defesa civil, ainda que não possa agir em tempo.
O fundamental é a disseminação às possíveis vítimas.
Alguns minutos podem fazer a diferença entre morrer ou sorrir de alívio.
Ou ainda que seja, chorar perdas materiais
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