José do Vale: Covid-19 explode na Índia; 350 mil casos por dia e risco de novas variantes

Tempo de leitura: 2 min
Apesar da segunda onda devastadora de covid-19 na Índia, milhões de devotos do hinduísmo, desde 11 de março, têm descido às margens do rio Ganges, na cidade de Haridwar, para dar um mergulho na água durante o festival religioso Kumbh Mela. Os praticantes acreditam que o rio é sagrado e mergulhar nele os purificará de seus pecados e trará a salvação. Fotos: Reprodução de vídeo

Uma erupção extravasa na Índia

Por José do Vale Pinheiro Feitosa*

Partindo de um modo ameno, lembrando a belíssima Canção da Índia da ópera Sadko do compositor russo Rimisky-Korsakov, uma erupção extravasa no segundo mais populoso do mundo.

Me refiro à Índia, que, com seu 1 bilhão e 200 milhões de habitantes, enfrenta a segunda onda de covid-19.

Nesta sexta-feira (23/04), registrou 350 mil casos novos de infecção e 2.621 óbitos.

Com esse crescimento avassalador de casos, logo terá 3.500 a 4 mil mortos por dia.

Atualmente, já são 189.549 indianos vítimas da covid.

Portanto, a explosão da pandemia na Índia ainda está em evolução.

Mas já demonstra o quanto as chamadas sociedades liberais, que ignoram as desigualdades econômicas e sociais e têm como fetiche principal a acumulação do lucro, contribuem para a propagação do vírus.

Tomemos como referência a Europa, Estados Unidos, México,  Brasil, Chile, Argentina,  Japão e  Índia.

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Nesses países, a epidemia de Covid-19 tem se comportado de modo avassalador se espalhando por todos os territórios, atingindo particularmente as populações mais vulneráveis dos grandes e médios centros urbanos.

A própria Rússia que hoje tem uma sociedade muito mais induzida pelo Estado Nacional em razão dos governos Putin não conseguiu controlar sua epidemia, apesar da grande testagem para detectar o vírus e  de ter sido um dos primeiros centros mundiais a anunciar uma vacina.

Até o momento, a Rússia só conseguiu vacinar um pouco mais de 12% de sua população com uma dose.

Já nos países onde os governos conduziram o comportamento de suas populações, o perfil da epidemia tem sido inteiramente diferente.

Me refiro aqui a China, Vietnã, Coreia do Sul, Indonésia, Tailândia, Venezuela, Cuba, Nova Zelândia, que, entre outros países, limitaram a transmissão do vírus e a epidemia está sob controle mesmo sem vacinação.

Aqui no Brasil, existem várias municipalidades que conduziram a situação em seus territórios, de modo sistemático, seguindo os modelos de vigilância de saúde, isolamento social, cuidados e acompanhamentos de infectados e doentes, criando linhas de cooperação geral com a população cujos resultados objetivos apareceram.

O caso mais emblemático no presente momento é do município de Araraquara. em São Paulo.

A vacinação avança em grandes polos da epidemia, como nos EUA e na Inglaterra. Nesses países, já se observam efeitos positivos, de modo que todos vêm uma porta de saída para essa grande ameaça à humanidade.

Poderíamos pensar em ouvir a Canção da Índia como imagem do futuro?

A situação da Índia deve colocar todos os povos em rigoroso estado de atenção. E não devemos nos fixar nas taxas de infecções e mortes por 1 milhão de habitantes.

A questão é a enorme quantidade diária de novas infecções, alertando que ali se multiplicam chances de surgir novas variantes e se criam oportunidades do vírus criar ondas de infecção no mundo todo.

O Brasil continua numa avassaladora onda epidêmica, até agora foi uma grande ameaça após a derrocada do pico nos EUA e na Europa, mas a Índia é de uma dimensão inigualável.

Em todos os modelos a pobreza e a situação da moradia têm sido marcantes na disseminação da doença. E isso há em excesso na Índia com seu governo neoliberal, centrado no lucro e exploração do trabalho.

China deve redobrar cuidados e seu governo será mais ainda desafiado.

Paquistão, Nepal Bangladesh, Mianmar e Sri Lanka estão na linha do que acontecerá na Índia.

* José do Vale Pinheiro Feitosa é médico sanitarista

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Comentários

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Nêmesis

Deve-se atentar também ao “pensamento místico”, que existe, tanto na Índia, quanto no Brasil – principalmente, entre os seguidores do Bollsonaro.

Com relação à cerimônia Hindu citada no texto, vejam este vídeo local. Está em Inglês, mas as imagens são assustadoras.

https://youtu.be/9gWb8BgSg3A

Enquanto isso, no Brasil, foi ordenada a abertura das igrejas. Via de regra, a ventilação não costuma ser das melhores.

E o povo bollsonarista acredita que o “deus” dos falsos pastores o livrará do Covid-19.

marcio gaúcho

A Índia vivendo o seu inferno Covid-19. Esse país foi mencionado como exemplo a ser seguido no combate a doenças infecciosas, onde consumiam ivermectina e cloroquina, além de muito açafrão, para combater os males preventivamente. Veio de lá a falsa ideia de prescrever o “tratamento precoce” para a pandemia. Mais uma panacéia desnudada pela realidade!

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