Jornalismo no Brasil: A teoria do “testando hipóteses”

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Poderia ser pior: poderia ser de bico

A GRANDE IMPRENSA (A TEORIA DO “TESTANDO HIPÓTESES”)

Recuperado do Viomundo antigo

Atualizado em 24 de Fevereiro de 2010 às 19:15 | Publicado em 24 de Fevereiro de 2010 às 19:12

A grande imprensa

Ali Kamel (*)

em O Globo, 07/08/2007

A grande imprensa está sob ataque. Não do público, que continua considerando o jornalismo que aqui se produz como algo de extrema confiabilidade, conforme atestam pesquisas de opinião recentes. Os ataques vêm de setores autoritários e antidemocráticos, que diante do noticiário, sentem-se ameaçados. Esses setores consideram que só é notícia aquilo que, em nenhuma hipótese, atrapalha os seus planos de poder. Não importa que alguns acontecimentos lhes sejam embaraçosos; importa que ou não sejam noticiados ou sejam levados ao público de tal forma que o efeito, para eles, seja positivo ou neutro. Já disse uma vez: isso não seria jornalismo, mas propaganda.

Evidentemente, em seus ataques eles não deixam transparecer essa verdade. Tão logo surge um evento que eles consideram desvantajoso, começam a gritar, dizendo que não é o evento que lhes faz mal, mas a cobertura da grande imprensa.

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Costumam seguir o seguinte padrão: mentem, atribuem à grande imprensa coisas que ela não fez e denunciam conspirações que não existem. Sempre num tom indignado, dourando a grita com defesas “apaixonadas” da liberdade de expressão e do que chamam de democratização da mídia. Um disfarce. Às vezes, publicam livros, financiados por partidos, com estudos pseudocientíficos como os que tentam demonstrar que, em 2006, os jornais penderam pesadamente a favor de Alckmin e contra Lula, no noticiário eleitoral.

Tais estudos se esquecem apenas de contar que todo o noticiário sobre o mensalão e outros escândalos foi considerado prova de desequilíbrio contra Lula. Ora, se é assim, qual seria a alternativa para que o estudo apontasse equilíbrio? Não noticiar os escândalos? Mas isso sim seria perder o equilíbrio e a isenção.

É uma tautologia, mas, na atual conjuntura, vale dizer: o jornalismo só é livre e independente quando não depende de nenhuma fonte exclusiva de financiamento. Quanto mais variadas forem as fontes de recursos que sustentam um jornal, uma revista, um portal de internet ou uma emissora de rádio e televisão, mais livres e independentes serão esses veículos. O leitor pode fazer o teste. Veja os anunciantes da grande imprensa e verifique: a variedade é tanta que o veículo não depende, nem de longe, de ninguém isoladamente para sobreviver. E por isso é livre. E por isso é independente. O leitor poderá fazer outro teste. Procure algum veículo que se diga livre e independente e ao mesmo tempo se dedique costumeiramente a atacar a grande imprensa e a defender este ou qualquer governo. Veja os anunciantes. Eles são poucos e a concentração, grande. Quase sempre, será propaganda governamental. Se o veículo for um portal de internet, verifique quem são os controladores: fundos de pensão de órgãos do governo.

Portanto, livre mesmo, só a grande imprensa. Só ela tem os meios para investir em recursos humanos e tecnológicos capazes de torná-la apta a noticiar os fatos com rapidez, correção, isenção e pluralismo, sem jamais se preocupar se o que é noticiado vai ser bom ou ruim para este ou aquele cliente, para este ou aquele governo. A grande imprensa sabe que o seu compromisso é com o público, que lhe dá a audiência que lhe traz a publicidade. A grande imprensa sabe que o público exige informação de qualidade e que não pode ser enganado. O grande público é o que faz as suas escolhas cotidianas de acordo com o que é melhor para si, é o mesmo que tem discernimento para votar, para eleger seus governantes. Consumidores exigentes, grande público e cidadãos conscientes não são três entidades distintas, mas uma única realidade.

Na cobertura da tragédia da TAM, a grande imprensa se portou como devia. Não é pitonisa, como não é adivinha, desde o primeiro instante foi, honestamente, testando hipóteses, montando um quebra-cabeça que está longe do fim. A nação viveu um descalabro aéreo nos últimos dez meses? Então é necessário testar qual o impacto dessa desordem no acidente (e, hoje, ouve-se o ministro da Defesa dizer que a prioridade não é mais o conforto ou a ausência de filas, mas a segurança, uma admissão cabal de que, antes não era assim). A pista de Congonhas estava escorregadia (a ponto de, no dia anterior ao desastre, uma aeronave deslizar até um canteiro e outra quase se espatifar no fim da pista)? Então é preciso verificar se a pista foi fundamental no desastre. Chegam informações de que a manutenção da TAM é falha? Então é preciso saber como estava o avião acidentado (e descobrir que ele voava com o reverso pinado). A análise da caixa-preta ficou pronta? Então é preciso tentar revelar o seu conteúdo e mostrar que uma falha do piloto pode ter sido a causa do acidente. É a grande imprensa que noticia tudo isso, passo a passo, tendo apenas em mente informar o grande público, sem pensar no impacto negativo ou positivo que isso terá para o governo ou para a companhia aérea.

É assim aqui, é assim em todas as democracias. Quando do furacão Katrina, a imprensa americana, num continuum, testou muitas hipóteses: noticiou que aquela era uma tragédia anunciada, mostrou que houve cortes federais para obras urgentes nos diques que se romperam, denunciou a inépcia do governo no socorro imediato às vítimas. E a única coisa que o governo fez foi se defender, com dados e argumentos. O público pôde julgar quem estava com a razão. Ninguém ouviu de aliados de Bush que a mídia queria derrubá-lo, provocar o seu impeachment, desestabilizar o seu governo.

Já aqui, temos de conviver com essas bazófias. Porque aqui, ao contrário de lá, há quem queira que a informação esteja a reboque de projetos de poder.

(*) Jornalista

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ANDRE

verdades que o pig não publica:
http://www.conversaafiada.com.br/economia/2014/03/19/luiza-volta-a-atacar-os-mainardis/

Luiza Trajano critica pessimismo de empresários: “Não estamos em depressão”

“Quando alguém está depressivo, ele fica com a imagem ruim. Essa onda não é tão grande quanto parece, mas a comunicação nossa está muito falha”, afirma a executiva

Luiza Helena Trajano, presidente da rede varejista Magazine Luiza, comparou o momento brasileiro com os sintomas de uma depressão. Para ela, há uma certa onda de pessimismo na atmosfera política e empresarial que precisa ser revertida. Essa sensação seria capaz de prejudicar a visibilidade do País no exterior. “Quando alguém está depressivo, ele fica com a imagem até pior do que tem. Essa onda não é tão grande quanto parece, mas a comunicação nossa está muito falha ainda. O Brasil é nosso. Temos de assumir que é aqui vão morar nossos netos, nossos filhos”, afirmou a executiva após participar nesta quarta-feira 19 do evento “Fórum Brasil – Diálogos para o Futuro”, promovido por CartaCapital, em São Paulo.

A empresária cobrou ações governamentais para tentar conter a desinformação, a principal causadora dessa sensação depressiva. “Estou despertando a comunicação desde a minha casa, do meu prédio… Nós temos de ter uma estratégia de comunicação educativa. Porque não vemos a comunicação como educação. Precisamos entender que a comunicação passa pelo educativo.”

Um dos exemplos de melhorias que poderiam ser ressaltados para aplacar o pessimismo é o baixo índice de desemprego. “As pessoas falam: ‘ah, mas não tem empregado’. Que bom que as pessoas não estão na fila dia e noite em busca de emprego, como vivemos décadas disso. Cada loja que o Magazine abria numa cidade eram duas mil pessoas ficando dia e noite na fila para 40, 50 vagas. Esse quadro mudou”, disse.

A empresária disse não estar preocupada com os índices de inadimplência – tema, aliás, de seu embate com o colunista Diego Mainardi, no programa Manhattan Connection, da GNT -, sejam eles no varejo ou em outros setores da economia. Essa sensação de segurança está calcada nos critérios da rede bancária brasileira para a liberação de crédito. “Não se preocupe. Os bancos só soltam crédito quando a inadimplência está baixa. Se não eles trancam tudo. Quando você vê abrir um pouquinho é porque a inadimplência está boa.”

Olimpíada – Integrante do comitê organizador da Olimpíada, a empresária afirmou que os investimentos orçados em7 bilhões de reais para o evento foram captados junto à iniciativa privada. “Encerramento, segurança, transporte, alojamento… vai ser tudo tirado desses patrocinadores. Falei com o Murilo (Ferreira, presidente da Vale) agora… Estou até ajudando a encontrar investidores.”

Trajano disse acreditar que a Olimpíada será capaz de aquecer o mercado de trabalho e render aos jovens oportunidades de emprego durante e depois da realização do evento. “Vamos ter 209 países nos visitando. Hoje recebemos 7 ou 8 milhões de turistas por ano. É provável que, quando passar a Olimpíada, tenhamos de três a quatro vezes mais turistas”.

Urbano

E o teor de burrice é diretamente proporcional a essa confiança botada no pig…

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