por João Paulo Rillo
São Paulo assiste o colapso da falta de água em São Paulo se aproximando como se fosse uma história de terror daquelas bem apocalípticas, feitas em Hollywood. Como se fosse um cometa que assombra aquelas cidades americanas, que todos os dias recebem a notícia de que o desastre está cada vez mais próximo, os paulistas recebem todos os dias a contagem regressiva do primeiro volume morto do Cantareira, que está cada vez mais perto do fim.
Tal qual a ficção, o desastre não se consumou ainda e os prejuízos já ocorrem. O temor não espera a hora final: o preço dos caminhões pipa já disparou 270%. Certamente, o custo de abastecimento de água redundará em aumento de preços dos serviços e é obvio que empresas e agricultores irão adiar investimentos. Em São Paulo, por culpa da crise hídrica, teremos inflação por um lado e retração econômica por outro.
Tal como nos filmes, existem autoridades que, mesmo ciente dos fatos, não informam a verdade. Ocultam detalhes importantes e preciosos para a população. Esquivam-se de responsabilidades, ao mesmo tempo, que, com hipocrisia, enfrentam as críticas com desdém.
Assim, se questionados, serão frios e técnicos em público, presunçosos nos bastidores. Não se assustem se alguma gravação não oficial revelar que esses personagens chamam seus interlocutores de vagabundos e sem-vergonha. Enfrentam a cobrança dos representantes do povo como se “estivessem em um teatrinho que não vai dar em nada”:
Na ficção e na vida real teremos dificuldade de entender como essas autoridades chegam ao poder e como conseguem continuar, eleição após eleição. O enredo sugere grande capacidade de manipulação, talvez com apoio de parte da imprensa dita “livre”. Mas, não há tempo para reflexões mais profundas. O desastre se aproxima e precisamos saber, individualmente, como mitigar os prejuízos. O discurso enganador atribui a origem do desastre às forças da natureza. Sabemos, entretanto, que mesmo que existam problemas imprevisíveis, as autoridades não se podem furtar ao papel de enfrentar os problemas com planejamento e planos de contingência. Se por ventura as obras não fossem feitas, seriam necessárias medidas emergenciais como o racionamento.
Mas as autoridades da ficção e de nossa realidade paulista não se curvam a imperativos éticos. Chamam a falta de água de “administração da disponibilidade hídrica”.
Enganam, adiam decisões importantes por interesses mesquinhos e potencializam os danos daquilo que já seria ruim por natureza. Na ficção, o problema de índole, de moral, é característico dos bandidos, que antes de duas horas de película serão derrotados pelos mocinhos. Na democracia real é diferente: o problema é ético, de falta de compromisso com o cidadão, que só pode ser superado nas urnas, dentro de um longo processo de aprimoramento democrático.
João Paulo Rillo é deputado estadual e líder da Bancada do PT na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo
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Comentários
Léo
Vi na Globo dois episódios interessantes. O primeiro foi o fato de uma reportagem longa entre 8 ou 15 minutos falando da falta de água em SP mas, não foi questionada a falta de investimento ou a falta de interesse do governo paulista e sim acharam culpados, foram eles: Cordilheira dos Andes (Chile), a Amazônia e o oceano pacifico.
O segundo episódio veio dias atrás. Resolveram que os culpados não são mais as montanhas chilenas, a Amazônia ou o pacifico, e sim o oceano atlântico (sim ele é um dos, se for o principal propagador de chuvas em SP), esqueceram de citar as causas da grande massa de ar quente no estado de SP (queima de combustíveis, arranha céus que impedem a circulação correta de ar e o estado cada vez mais “urbano”),além da falta de investimento do Atual governo (está talvez seja a principal causa), Geraldo Alckmin.
roberto
Não sei como a mídia conseguiu fazer uma “lavagem” cerebral no eleitor paulista se nao tem agua em SP…
Alisson
Todo o ser humano, maior de idade, é dono do seu destino, acredito que não é so o “PIG” que faz “LAVAGEM CEREBRAL” na população paulistana e paulista, mas tambem as “RELIGIÕES”, assim as pessoas “ACEITAM PASSIVAMENTE O SEU SOFRIMENTO”, no dia que o “COLAPSO” for pela cepa, e as pessoas cairem “DESFALECIDA” pelas ruas, praças, avenidas, talves assim, as pessoas se “TOQUEM”, assisti uma reportagem na tv, dia 17/10, sobre as tais “MAQUINAS DE FAZER AGUA”, e que as “ENCOMENDAS” estão “BOMBANDO”, quem tem dinheiro está comprando, e que os preços da agua dos carros pipas, “AUMENTARAM 270%”, e está fazendo a alegria de dezenas de empresarios, “RECLAMAR POR AGUA, PORQUE?”, quem está apenas reclamando é apenas o “ZÉ POVINHO”, nenhuma “CELEBRIDADE”, está reclamando, por isso, a população paulista reelegeu o alkimim, o “CHICK” é se comportar como “CELEBRIDADE”, reclamar é coisa de gente pobre.
Marat
Nasci e vivo em SP, contudo desejo que NUNCA MAIS CHOVA aqui!!!!!!!!!!! Pra esse povinho burro e estúpido pagar pelo pecado de manter esses corruptos e incompetentes, os neocoronéis do PSDB, tanto tempo no poder!!
Julio Silveira
Tenho visto a midia corporativa aos poucos aumentar a vazão das informações sobre esse problema, logico agora não afeta mais a eleição de seu candidato Alkmim, “o formidável”, mas ainda não fica patente a responsabilidade para não afetar em São Paulo a eleição do outro que fez um desgoverno em Minas, mas muito, muito mesmo, protegido por seus grandes parceiros políticos midiáticos. Por enquanto, mesmo sendo em sua maioria católicos os proprietários desses grupos de mídia, não tem o menor pudor em atribuir a culpa exclusivamente ao pobre São Pedro, costa larga. Só irar virar caso de ministério publico depois das eleições e com breve tempo de duração, provavelmente no inicio para enganar que fazem seu serviço sem preferencias e deferências. Persistindo a secura paulista, num possível novo embate eleitoral, novamente irão culpar um santo ou talvez quem sabe não coloquem a culpa no superior hierárquico de São Pedro.
Urbano
Acreditar no pig ainda se dá um desconto até mesmo bem razoável; agora não se aperceber da falta de água na torneira, por pelo menos um dia, aí não dá para se aliviar, não… Há até um chargista que bolou muito bem tal situação.
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