Jessie Jane: “A raiz da corrupção que está aí é o golpe militar de 1964”

Tempo de leitura: 8 min

por Gabriela Gonçalves Cardoso, em A Verdade

Jessie Jane Vieira de Sousa é professora do Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) e  foi diretora do Instituto de janeiro de 2006 a janeiro de 2010. Possui graduação em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), mestrado em História pela Universidade Estadual de Campinas e doutorado em História Social pela UFRJ.

Filha de um trabalhador mineiro, Jessie Jane se filiou à Ação Libertadora Nacional (ALN) em 1969. Na ALN conheceu Colombo e com ele viveu na clandestinidade até 1970. Ambos foram presos no dia 1º de julho de 1970, quando executavam a ação de seqüestro do Caravelle PP-PDX da Cruzeiro do Sul, no Rio de Janeiro.

Estava com 21 anos quando foi presa e barbaramente torturada. Permaneceu nove anos na penitenciária de Bangu (Presídio Talavera Bruce). Em 1972, obteve autorização judicial para se casar e em setembro de 1976, nasceu Leta, sua filha.

Depois que saiu da cadeia foi morar em Volta Redonda, onde trabalhou construindo arquivo do movimento operário. De 1999 a 2002, exerceu o posto de diretora do Arquivo Público do Rio de Janeiro, onde estão arquivados todos os documentos do antigo DOPS. Como pesquisadora, publicou oito artigos para periódicos, escreveu dois livros, além de dez textos para jornais e revistas e o mesmo número de trabalhos para congressos. Nessa entrevista, a professora Jessie Jane fala sobre a situação atual do país e da universidade brasileira.

A Verdade – Qual a sua avaliação sobre o golpe militar de 1964 e suas consequências para o povo brasileiro?

Jessie Jane – Foi uma das coisas mais dramáticas da história do Brasil. A sociedade brasileira vivia um momento de ascensão dos movimentos sociais, avanço da esquerda, dos movimentos sociais – e o golpe interrompeu isso. Não só do ponto de vista dos processos políticos que estavam sendo gestados e que foram ceifados. As consequências aí estão colocadas: corrupção, violência, tudo isso tem a raiz ali.

A Verdade – Para a universidade, em particular, o que representou a ditadura?

Jessie – Eu não estava na universidade quando houve o golpe, mas a UFRJ viveu isso de forma grave.  Por exemplo: no curso em que eu dou aula, História, vários professores foram expulsos da universidade, houve intervenção, criou-se um vazio na universidade, do ponto de vista docente, e depois veio o amordaçamento da discussão. Acho que a universidade é hoje muito mais distanciada das questões nacionais. A universidade não tem uma interlocução com a sociedade, sua presença na sociedade é quase nenhuma. Não há projetos nacionais sendo gestados, isso tudo consequência desse esvaziamento causado pelo golpe.  A universidade que existia no Brasil pré-64 tinha menos jovens. Era, digamos assim, mais elitista do que é hoje. No entanto, era um espaço de disputa política muito mais ativo. Hoje, ela vive um marasmo político absoluto. Eu diria até que é um espaço do conservadorismo, principalmente na área das humanas.

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A Verdade – Por que até hoje os torturadores não foram punidos no Brasil?

Jessie – Por vários motivos. Primeiro por que há uma cultura política no Brasil que é de sempre as transições virem de cima; tem um conchavo entre as elites e chega-se a um acordo; e aí tudo o que passou pertence ao passado, e o passado fica petrificado. Isso foi feito na história do Brasil inteira, e a tal da transição democrática que foi feita, foi feita com isso. Tanto é que se diz: “Quem foram os personagens da transição?”.  Tancredo, até Sarney é o personagem. E aí teve um acordo sinistro na verdade, de silêncio entre os golpistas, aqueles que eram parte do golpe, a tal da oposição democrática e até setores da esquerda foram parte desse silêncio. O movimento social não conseguiu avançar, e aí já estou me referindo ao movimento de defesa dos direitos humanos. Não consegui construir forças para produzir uma nova memória, porque a memória que se produziu é uma memória de que houve uma anistia, de que todo mundo foi anistiado, o que não é verdade.  Quando Lula assumiu o governo, vários setores acharam que, com ele, iríamos avançar nessa questão, mas Lula não tem nenhum compromisso com isso. Acho até que, nos últimos dois anos, até avançou um pouquinho com Tarso Genro no Ministério da Justiça e com Paulo Vannuchi na Secretaria de Direitos Humanos, mas estamos muito longe disso. Eu tenho dúvidas de se ainda vamos conseguir punir os torturadores, mas tenho esperança.

A Verdade – O que fica de lição, para o povo, da luta contra a ditadura?

Jessie – Acho que há uma coisa que é importante, principalmente para minha geração: é um pouco da questão da democracia, entendeu? A gente tinha uma ideia um pouco diferenciada sobre a discussão democrática, porque a gente sempre pensava na democracia como uma democracia literal do século 19, aquela democracia do voto que a gente chamava de democracia burguesa, e que é mesmo, né? Faz parte da revolução burguesa, essa coisa. Só que, quando você vive num regime ditatorial, quando você não tem nenhum espaço de expressão, essa democracia burguesa é importante, e conseguir isso foi importante. Porque ela amplia a possibilidade de você construir uma democracia real. Quando todos os segmentos da sociedade conseguem espaço para se organizar, para se expressar, você vai alargando, pode alargar ou não, não é um resultado inevitável. Acho que é um pouco o que o Brasil tem tentado fazer ao longo desses anos, mas nós estamos muito aquém daquilo que deveria ser uma democracia real, em que todos tivessem acesso a tudo. Mas de qualquer forma acho que a luta contra a ditadura deu algumas lições para a gente, principalmente a ideia de quanto pior, é pior mesmo, não é “quanto pior, melhor”.

A Verdade – Qual o papel da luta armada para a derrota da ditadura militar?

Jessie – Analisar a luta armada é supercomplexo, até porque você tem uma interdição da história política brasileira em discutir essas coisas, e aí um discurso pacifista sempre tenta obstruir essas possibilidades. Do ponto de vista histórico, você não tem nenhuma mudança de regime, de modelo, que não tenha sido pela luta armada. Nenhuma classe entrega o poder a outra sem haver uma revolução ou qualquer tipo de rebelião. Nunca aconteceu e provavelmente não acontecerá. O Chile tentou isso e deu no que deu. Isso é uma experiência histórica que os povos viveram e de que, até hoje, não conheço outro modelo. Se alguém conhecer, me conte, porque eu não conheço. No caso do Brasil, é preciso contextualizar a opção da luta armada naquele momento histórico. Alguém assim falando hoje parece fazer parte de um bando de lunáticos que resolveram… Bem, mas penso que a luta armada tem, teve um papel na luta contra a ditadura, mesmo que seja um papel de exemplo.

A Verdade – Este ano foi divulgado um encontro em que o general Médici, à época presidente do Brasil, e o presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, discutiram a derrubada do governo [do presidente chileno Salvador] Allende, em 1973. Em junho do ano passado, houve um golpe militar em Honduras e muitos acreditam na participação dos Estados Unidos nesse episódio. Como vê a participação dos EUA nos golpes militares na América Latina?

Jessie – Bom, isso tudo está documentado. É documentação do Departamento de Estado, não sou eu que estou dizendo. Hoje se conhece toda a intervenção de fato dos Estados Unidos. Inclusive um colega meu da [cadeira de] História, o Carlos Fico, acabou de lançar um livro que se chama O grande irmão: da Operação Brother Sam aos anos de chumbo, que contém documentação do Departamento de Estado que mostra a presença dos Estados Unidos na articulação do golpe no Brasil, no Chile. Está mais do que documentado. Então esses golpes todos, na América Latina, desde os anos 1950, e as intervenções na América Central, a presença do governo americano… O problema dos Estados Unidos é que, quando está falando de governo norte-americano, você está falando de empresas, porque aquilo é um Estado empresarial, de interesses econômicos, políticos e ideológicos, e, naquele momento, no contexto da Guerra Fria. Hoje também há a presença dos Estados Unidos, porque se sabe que o governo Obama é um governo dividido. Há grandes personagens do Departamento de Estado que têm empresas em Honduras. Há um artigo muito interessante que saiu no Le Monde Diplomatique falando sobre isso. Que as empresas, essas empresas bananeiras todas são de americanos, gente do Departamento de Estado. E tem mais um outro detalhe, que é o seguinte: há hoje na América Latina um desequilíbrio, digamos assim, na correlação de forças, porque há governos, não vou dizer governos de esquerda, mas governos mais populares ou mesmo que ficam do centro para esquerda em quase todos os países. Na América Central você tem agora El Salvador, a Guatemala… tem esse Zelaya, que não é nenhuma flor que se cheire, mas pelo menos é um dissidente da oligarquia. E o Le Monde Diplomatique fazia uma análise muito interessante, mostrando que o golpe militar em Honduras era um balão de ensaio desses setores dos falcões americanos com setores conservadores latino-americanos, dizendo “olha, se der certo quem sabe poderemos fazer isso em outros lugares”. Por isso eu acho que a reação do Hugo Chávez é importante porque ele sabe disso: está a Venezuela ali, a Colômbia que os americanos apoiam estão ali… Na verdade, é a questão da geopolítica. As pessoas são muito ingênuas nisso. Esses setores empresariais americanos têm uma estratégia ao lado dos setores conservadores, e não é à toa que se vê como os jornais burgueses tratam isso. Está havendo um rearranjo da direita latino-americana. E daqui a pouco começam as eleições, e eles estão se rearranjando. Essa gente tem projeto, tem estratégia, e essa é sempre uma estratégia continental.

A Verdade  – Que papel pode cumprir a universidade na conquista de uma nova sociedade?

Jessie – Hoje? Nenhum. Os estudantes discutem questões muito pontuais. Mesmo esses estudantes da chamada extrema-esquerda são muito míopes, não têm uma plataforma de discussão de Brasil. É tudo muito primário, se resume em lutas quase que intestinas, eles não têm uma representação na massa estudantil. A maioria dos estudantes, hoje, chega aqui, estuda e vai para casa, e quer seu diploma para poder subir na vida. Não se tem um movimento de professores que tenha discussão além do corporativo – ou então cada um com seu projeto de pesquisa. Os funcionários são só corporação, só discussão de direitos. Deveres? Nenhum. Acho que nesse momento a única coisa que você pode fazer é formar bem seu aluno para ele ser um bom professor.

A Verdade – Como vê a atual situação do Brasil?

Jessie – De forma muito pessimista. Acho que os movimentos sociais estão quase todos cooptados pelo governo federal, uma central sindical absolutamente chapa-branca; uma coisa que o governo Lula fez, a despeito de todas as coisas boas que foram feitas – e reconheço que o governo Lula é muito melhor do que o governo Fernando Henrique, evidente. Mas houve no governo Lula um esvaziamento enorme dos movimentos sociais. Hoje existe uma cooptação clara e evidente de lideranças de movimentos. Não vejo nenhuma autonomia nos movimentos sociais. Quem ainda tenta fazer algum discurso autônomo, mesmo assim muito fraco, é o MST, que está sendo criminalizado. Também o MST me parece que está, um pouco, vivendo assim sem rumo. Do ponto de vista sindical, o que vejo é uma coisa corporativa, esvaziada de conteúdos políticos mais relevantes, cooptação das centrais. A CUT é uma central chapa-branca. O resto já era mesmo. Um movimento estudantil também chapa-branca. Essas organizações que se opõem à UNE também não conseguem ter um discurso que pegue. Eu vejo aqui, os meninos vêm aqui dizer um monte de abobrinhas, é uma coisa monocórdia, uma coisa que não tem consequência porque,  para poder atingir o conjunto dos estudantes, é preciso uma fala que tenha a ver com a vida das pessoas, não adianta querer… Então, eu vejo o Brasil, hoje, com muitos problemas. Diferente, por exemplo, de um país como a Bolívia, que tem uma tradição de participação, de demandas, nós somos uma sociedade hoje muito acomodada nos nossos índices de país em desenvolvimento.

Gabriela Gonçalves Cardoso, Rio de Janeiro

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Comentários

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Maria dos Milagres

Primeiro, discordo que a raiz da corrupção tenha se dado ali; ela tem tudo a ver com o regime das capitanias hereditária e com o processo de escravidão estabelecido no Brasil Colonial. Que o autoritarismo e outros ismos tenham se aprofundado na ditadura militar não tenho dúvidas.
Quanto ao seu diagnóstico do Governo Lula, apesar de verdadeiro não podemos nos esquecer, principalmente voce que viveu na própria pele, quanto custa fazer uma transformação social sem a participação popular.
Em Lula temos uma grande liderança. Não é o Che, nem o Marighela, nem o Lamarca. Mas hoje é o homem que eletriza o povo brasileiro. E ter paixão é preciso!

Haroldo M. Cunha

Discordo em parte com a professora sobre o esvaziamento dos movimentos sociais ou que eles são chapa branca. Ao meu ver eles estão no poder, pois foram e são a base de apoio do atual presidente, eles militaram para isso: colocarem um de nós no poder, por que iriam mudar de lado ou renegarem isso? Tomaram partido simplesmente, algo que já acontecia com a direita. Essa é a regra do jogo político e o que o atual governo menos precisa, no momento, é receber fogo amigo. Os invasores de mentes retornariam com tudo!

Rocha

Eu acho que essa senhora esta mais perdida que cêgo em tiroteio, ela realmente
não leu o que esta acontecendo com o Brasil atual.

A transformação da nova sociedade se dará por meio do povo, e não somente dos
estudantes e o canal para isso é a internet. Exatamente esse canal do qual
ele usou e eu também. Embora não sejamos somente estudantes.

Os movimentos sociais existem, só que o Brasil esta em franca expansão.

A mudança mesmo e a revolução que o Brasil tanto precisa e do respeito por
INFORMAÇÕES confiáveis e fidedignas dos meios de comunicação vigente.

Isso estamos nas trevas. Finalizando, não concordo com o ponto de vista desta
senhora, acho que ela NÃO transfigurou o momento atual pelo qual passa o nosso país.

Usar a Bolívia como comparação foi degradante para o Brasil.

Marat

Pessoas como a professora Jessie Jane Vieira de Sousa é que nos dão orgulho e vontade de lutar por um Brasil mais justo e igualitário. Há que nos unirmos em prol daquilo que é melhor para nós e eu acredito que esses blogues progressistas estão aos poucos desmascarando a impren$$$a e todos os demais fascistas que ardem de desejo por uma novo Brasil colônia.

Urbano

Como eu sempre disse, foram os trevosos que institucionalizaram.

Dias Melhores

Meu Deus!
Finalmente alguém falou alguma coisa q preste nesses blogs da vida, FINALMENTE!
Que clareza, que entendimento e facilidade de expressão.
Se 100 é nota máxima, marco 150 para Jessie Jane.
Por favor, precisamos da opinião e orientação dessa senhora, não percam de vista e façam mais entrevistas, POR FAVOR.

Hanibal

Muito lúcida a professora.
Excelente a matéria.
Infeliz foi o título dado à matéria.
Juscelino, por exemplo, teria feito corar de vergonha os "mensaleiros" do Arruda ou do Zé Dirceu.
A corrupção é histórica. O golpe de 64 pode ter sido um atraso em muitas áreas, mas não foi ele que inventou nem aumentou a corrupção. Isso só vai diminuir quando corruptos e corruptores ricos (inclusive juízes) forem pra cadeia, mas não apenas bodes expiatórios para satisfazer a imprensa e a opinião pública, como Arruda, Lalau e Jorgina.

Lucas Cardoso

"A sociedade brasileira vivia um momento de ascensão dos movimentos sociais, avanço da esquerda, dos movimentos sociais – e o golpe interrompeu isso. Não só do ponto de vista dos processos políticos que estavam sendo gestados e que foram ceifados. As consequências aí estão colocadas: corrupção, violência, tudo isso tem a raiz ali."

Com todo respeito à entrevistada, o golpe de 64 foi traumático, mas está longe de ser a origem de todos os males brasileiros. Exarcebou muitos deles, sim, mas não os originou. A forma como a colonização foi feita, a base escravista, agrária e patriarcal da sociedade, a pouca mobilidade social, a herança cultural Ibérica, etc, etc… Houveram muitos fatores anteriores e posteriores à ditadura para chegarmos aonde estamos. Não pode simplificar demais.

Fora isso, ótima entrevista. E bem na mosca quanto à transformação da Universidade num espaço mais conservador.

josecarlos lima

Estas concessionárias de serviço público a Globo em especial cometem assassinato moral sem direito de respostas as vitimas. Hoje eh dia canhoto ou feriado e por isso to escrevendo este comentário com a mão esquerda apenas como forma de segurar-me pois respeitemos a Lei. Feliz pascoa

Messias Macedo

PARA REFLETIR, CRITICAMENTE II:

“Acho que os movimentos sociais estão quase todos cooptados pelo governo federal, uma central sindical absolutamente chapa-branca; uma coisa que o governo Lula fez, a despeito de todas as coisas boas que foram feitas – e reconheço que o governo Lula é muito melhor do que o governo Fernando Henrique, evidente. Mas houve no governo Lula um esvaziamento enorme dos movimentos sociais. Hoje existe uma cooptação clara e evidente de lideranças de movimentos. Não vejo nenhuma autonomia nos movimentos sociais. Quem ainda tenta fazer algum discurso autônomo, mesmo assim muito fraco, é o MST, que está sendo criminalizado. Também o MST me parece que está, um pouco, vivendo assim sem rumo.”

Jessie Jane Vieira de Sousa é professora do Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS)

República de Nós Bananas
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo

    Ney Henrique

    Os movimentos sociais se cooptados?

    Eu acho que os movimentos sociais se apaziguam quando eles estão de acordo com a orientação política vigente.

    Posso estar errado, muitas pessoas apenas querem viver uma vida digna.

Messias Macedo

PARA REFLETIR, CRITICAMENTE I:

“Então, eu vejo o Brasil, hoje, com muitos problemas. Diferente, por exemplo, de um país como a Bolívia, que tem uma tradição de participação, de demandas, nós somos uma sociedade hoje muito acomodada nos nossos índices de país em desenvolvimento.”

Jessie Jane Vieira de Sousa é professora do Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS)

República de Nós Bananas
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo

    Ney Henrique

    A entrevistada que me desculpe … eu n°ao consigo imaginar que o Bolivia seja um exemplo de sociedade para o Brasil. Isso äe romantismo ingênuo

Conceição Lemes

Marcelo Rodrigues, Veia de guerra e Alberto Silva, obrigada pelo alerta. Para mantermos a qualidade do debate e não alimentarmos o troll em questão foi deletad. Obrigada. Abs

Alberto

Chapa branca e cooptado (palavras feias e injuriosas) é tudo aquilo que desagrada um intelectual qualquer, mas que está do lado do governo que este intelectual não acha ser o ideal para o que ele defende (abstratamente). Este tipo de adjetivo une esquerda mais à esquerda do que o governo Lula e direita (também em seus variados matizes, inclusive na tão auto designada "imprensa livre" que faz oposição sistemática ao governo) que o utilizam indiscriminadamente para provar que este governo deste operário que se tornou líder sindical não é o dos sonhos deles (ainda bem que não). O que querem então? Tomar o poder, por força de um processo revolucionário armado (se a "opção mais correta" que o tal intelectual defende for de esquerda), ou por meio de um golpe institucional qualquer (inclusive fartamente apoiado e articulado pela "imprensa livre", como em 1964), como quer a direita? Parece-me que esta antiga militante de extrema esquerda não aprendeu nada com a malfadada experiência armada depois de 1964 e não consegue enxergar o que há de novo na conjuntura inaugurada pela trajetória do PT desde 1980. Como a realidade foge ao figurino que ela formatou em sua mente, ela vê um suposto esvaziamento dos movimentos sociais e cooptação em tudo que tenha a ver com sindicalismo e setores sociais que apoiam o governo deste ex-operário (mas aqui está também um diferencial histórico da trajetória deste que chegou ao poder em 2002: ele desagrada à direita herdeira da ditadura militar e também à extrema esquerda sectária e doutrinal (mas isto já estava evidente desde o início no discurso daquele sindicalista nas greves do ABC do final da década de 1970 quando ela ainda estava na prisão). Grande parte da própria esquerda não percebeu a novidade e as novas possibilidades de transformação que nasciam no periferia da grande São Paulo porque estavam por demais atrelados aos seus dogmas leninistas (com suas concepções de partidos de vanguarda que deveria liderar os operários, não ser liderados por eles). Ok. O mundo em que vivemos hoje, início do século XXI, não é o dos nossos sonhos juvenis nas décadas de 1960 e 1970 (como historiadores podemos muito bem perceber isto), mas a sociedade brasileira e o contexto internacional que a envolve também já não são mais os mesmos. Por isto é que não concordo com o ponto de vista pessimista com o qual ela vê a sociedade brasileira atual. Bem ou mal que seja, conseguimos desviar a rota neoliberal globalizante que os tucanos estavam imprimindo a este país em favor das classes menos favorecidas (mesmo que estejamos muito longes de uma ideal sociedade socialista) e precisamos lutar para que esta rota continue nos afastando do itinerário para o qual os também descontentes e não-cooptados, como ela, mas pelo lado direito, querem voltar a nos guiar. Se isto é estar cooptado, então eu também estou cooptado a esta proposta política (e aqui não vejo nada de pejorativo neste adjetivo). É também uma opção minha, como cidadão e por isto é que vou votar na Dilma sim, democraticamente (sem nenhuma chance de ser seduzido pelo discurso inútil de um PSOL, por exemplo).

    O vice do Lula?

    Alberto,também achei Jesse Jane muito pessimista,mas pelo comentário dela,entendi que ela quer travar uma discussão (fazer auto critica),politica pela esquerda,por outro lado,me parece que voce não entendeu o porque da "experiencia malfada de 1964"( Qual era a conjuntura social de 64?). Pelo jeito o seu "socialismo" deve ser aquele do pensamento unico (pela esquerda),a partir do momento em que voce joga os argumentos da Jesse para o campo da direita.Sem essa de personificar a discussão politica.Hoje,no campo da "esquerda",existe,um vazio ideológico socialista(de fato), estamos sem opção,visto que,o Lula (e não o pt),cooptou sim,sem adjetivos,as centrais e os partidos de "esquerda" existentes no Brasil,basta lembrar o que aconteceu no ultimo congresso da CUT,em meados do ano passado,e os acordos feito com a direita para 2010.

    francisco.

    @AdilsonGuilhem

    Acho que Lula acertou.
    Todos achavam que com a subida dele, a esquerda ia deitar e rolar.
    Se isso tivesse acontecido, Lula não duraria 1 ano.
    Percebam que mesmo lula sendo "manso" com a direita, quase conseguiram derrubá-lo.
    Fora o projeto de golpe militar que a direita tentou, sem sucesso, em pleno ano de 2009/2010.
    Lula conseguiu "amaciar" o terreno, pois em doses homeopáticas, está conseguindo neutralizar a direita.
    Isso, a longo prazo, é e será muito mais importante para democracia brasileira do que a gritaria esquerdista, que não seria viável.

    Flavio Lima

    Concordo, é mais ou menos por ai. O Governo Lula não cooptou nada, os movimentos sociais estão assumindo uma nova dinamica, transformando-se, e nunca mais serão como foram. Nada sers como antes, nada ficara como esta. A prodessora tem só que ver isso.
    Mas é uma heroina brasileira.

Tweets that mention Raiz da corrupção é o golpe de 1964 (via — Topsy.com

[…] This post was mentioned on Twitter by UDN 2010, Tô Fora and Beto Mafra, Ari Silveira Hexa!. Ari Silveira Hexa! said: Raiz da corrupção é o golpe de 1964 http://tinyurl.com/ygesdzd (via @viomundo) […]

jbmartins

Uma sofredora, as coisas mudaram ela percebeu so o que lhe cerca, e tem razao aqui:
"o golpe militar em Honduras era um balão de ensaio desses setores dos falcões americanos com setores conservadores latino-americanos, dizendo “olha, se der certo quem sabe poderemos fazer isso em outros lugares"
e aqui sob os estudante
"Hoje? Nenhum. Os estudantes discutem questões muito pontuais. Mesmo esses estudantes da chamada extrema-esquerda são muito míopes, não têm uma plataforma de discussão de Brasil"
e sobre as Univesidades isto
"Acho que a universidade é hoje muito mais distanciada das questões nacionais. A universidade não tem uma interlocução com a sociedade, sua presença na sociedade é quase nenhuma"
são tre pontos importantes se quremos ter uma Democracia no Brasil.

Rodrigo

Trollzinho pedante, não queira que as pessoas confundam comitê central com comando central, os dois são bem diferentes…

O Brasileiro

O Brasil não precisa de ressentimento, precisa de trabalho. Mas punir, mesmo que de forma branda, os torturadores, teria um papel "educativo", de exemplo, pois a tortura persiste em ações de várias polícias no Brasil. Aliás, dizem que o diretor-geral da PF torturou uma mulher e a deixou cega! Talvez não seja verdade, ou será que o Tarso Genro queria começar pelos torturadores mais próximos!? O Leandro Fortes lembra bem dessa história!

Jorge N Rebolla

A verdadeira democracia dos sonhos desta senhora é a da urss stalinista ou a da china do mal tse tung (mal e não mao!). Ela deveria explicar quais seriam os mecanismo que possibilitariam a todos terem acesso a tudo, como e quando isto seria implantado e qual a coação para que alguém não tomasse mais que o permitido. Estas utopias produziram os gulags e os campos de reeducação.
Meu Deus, depois quando dizemos que o pessoal da luta armada queria trocar uma ditadura por outra aparecem os esquerdistas de griffes e shoppings resmungando que isto é coisa de direitista reacionário.

O vice do Lula?

Pois é Jesse Jane,como voce diz;( "Na verdade, é a questão da geopolítica. As pessoas são muito ingênuas nisso.") Por causa das pessoas não entenderem a 1ª frase(questão geopolitica),é que nós temos aqui,comentários ingenuos(2ªfrase).Os ingênuos não percebem que o capital não tem pátria e tem vinculos nos 5 continentes,mais conhecidos entre nós como imperialismo capitalista.

Voce precisa entender que,após o golpe militar(1964) houve toda um desconstrução da educação no Brasil,visto que,a burguesia,através de sucessivos governos rebaixou e separou o ensino de exatas e humanas,que no meu ponto de vista,acabou alienando a maioria dos jovens brasileiros.O não vinculo da sociedade,professores e alunos já é resultado desta tática "separatista",é o chamado pensamento único para plantar o senso comum,e pelo jeito voce embarcou na deles,perdeu a esperança de mudar a sociedade.

francisco.

    BisaRio

    O Golpe está decretado, é claro, através dos constantes ataques ao governo Lula, pelo PIG. O Serra precisa descer, rumo ao abismo. No fundo, não passa de um serrote, prepotene e arrogante, como os demais DemoTucanos…É preciso destroná-los, (antes da vaca ir pro brejo) de todos os cargos!!! Atacá-los como farão com o governo da inclusão dos pobres. Eles odeiam a ideia de um operário sensível, e que está dando lição de moral nos intectuais desta elite burra e cega

Marcelo Rodrigues

Como se permite a um anônimo vir fazer ameaças veladas neste blog?

Alberto Silva

Bestirovski, não pense que co msua história de vida, a Profa JESSE JAne vai se deixar intimidar ou vai se aperriar com um pseudônimo..Parabés pela lucidez, Profa!!!!

Taques

Jessie Jane para presidente já !!! De preferência pelo pré histórico PCO.

Meu comentário não seria tão singelo se a personagem não fosse uma senhora com cabelos brancos.

Quanta bobagem e ressentimento, meu Deus !!!

    O Brasileiro

    Troll

    Harry Potter

    O bobo é vc meu caro. A professora aponta de forma lúcida fatos históricos. Se hoje temos que aturar comentários como os seus, isto se deve ao empobrecimento de idéias e de espirito que a ditadira se esmerou em implantar no Brasil.

    francisco.latorre

    é…

    de bobagem e ressentimento… o tiques sabe tudo.

Aparecida Maciel

A professora tem razão.
Os estudantes não têm mais tomada de posição, não contestam nada, não reagem mais.
Essa acomodação é perigosa para a nossa política.
De onde virão líderes, gente jovem para se contrapor aos políticos da velha guarda, viciados em poder e desonestos?
O detestável FHC386, teve o mérito de alijar das Universidades os professores, acabar com a carreira acadêmica e a estabilidade dos empregos.
Quem substutuiu, veio para conservar seu cargo, manter salário e ficar calado.
Ou sobra também.

marraio

Cara senhora,
Já que é assim, diga-me uma prova. Achismo é inconcebivel.
A senhora tentou sequestrou um avião e ainda se acha vitima? Não digo isso por és de esquerda. Estaria errado também se fosses de direita.
De qualquer maneira, admiro quem luta por seus ideais, mas acaba aí.

alex

Eu acho que o que falta aos movimentos de esquerda do Brasil é um discurso popular. O discurso socialista é bastantes "elistista" e só coopta a classe média. Só que a classe média está preocupada em como pagar o carro que comprou em 60x.
Os sindicatos já não existem mais, os movimentos estudantis também. Agora é preciso se reinventar e para isso precisa-se achar o tom para atingir a população brasileira, sobretudo essa que emerge agora, a fim de que ela nao seja cooptada antes pelas forças maiores. Eles são mais sucetíveis aos discursos esquerdistas, pois estão vendo como o caminho para cima é díficil, estão vendo como é melhor a vida com ascenção social torna-se melhor e tem raiva por não ter tido essas chances antes.
Agora não adianta bater no Lula, para essa classe nova, Lula é um dos responsáveis por esse avanço delas.

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