Jeferson Miola: Escória armada tem como horizonte a eliminação física do adversário
Tempo de leitura: 3 minA ameaça de guerra bolsonarista
Por Jeferson Miola, em seu blog
A conclamação do Bolsonaro para a matilha fascista se armar com fuzil não é galhofa; é estratégia política: “povo armado jamais será escravizado!”, brada o “mito”.
Esta estratégia política vem sendo materializada pelo Exército por meio da liberalização geral das normas sobre compra, posse e uso de armamentos e munições por particulares.
Desde 2019, o governo militar publicou mais de 20 portarias e decretos com este objetivo.
“Como resultado da guinada, este é o momento de toda a história nacional em que existem mais armas nas mãos de cidadãos comuns. Em 2019 e 2020, os brasileiros registraram 320 mil novas armas na Polícia Federal. De 2012 a 2018, o total havia sido de 303 mil. As autorizações concedidas pelo Exército a caçadores, atiradores esportivos e colecionadores de armas também bateram recorde no atual governo — 160 mil nos últimos dois anos contra 70 mil nos sete anos anteriores. O mercado de armas e munições, tanto as de origem nacional quanto as importadas, está extraordinariamente aquecido”, noticia site do Senado.
Além da escória armada que se proclama “gente de bem” – empresários, latifundiários, pastores, caminhoneiros, motoqueiros, militantes de extrema-direita, frequentadores de CACs [clubes de colecionadores, atiradores e caçadores] etc –, as milícias e o crime organizado também se beneficiam com a estimulação deste mercado homicida.
Esta estratégia bolsonarista é coerente com a ideia da política como exercício da violência, inclusive armada, analisa o professor Paulo Arantes. É o confronto violento entre diferentes “visões, valores e expectativas humanas”; “é luta, é violência, é eliminação do adversário”.
Paulo Arantes entende que Bolsonaro representa uma ruptura com base popular e significa a descontinuidade do padrão civilizatório.
O “bolsonarismo, como tal, reintroduziu a política no cenário contemporâneo” nos termos mencionados.
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Ele critica que enquanto a esquerda pensa a política numa perspectiva gestionária, de gestão e atenuação da barbárie capitalista com políticas compensatórias ao invés da superação revolucionaria do sistema, eles “romperam com a ideia gestionária de política, estão se lixando para políticas públicas e em governar; vieram para destruir e encaminhar o programa deles”.
O bolsonarismo significa, neste sentido, uma perspectiva renascentista.
É uma visão apocalíptica, diz Arantes, que chama atenção para o ativismo orgânico da extrema-direita: “Eles estão seriamente engajados”.
Os bolsonaristas acreditam que “cedo ou tarde vão encerrar o ciclo inaugurado por essa coisa nova que foi 64, que não foi uma quartelada, mas foi uma mudança de civilização que não se completou, [porque] foi traída” pelos generais que traíram a “revolução de 64” e devolveram o poder aos vencidos [sic].
É esta geração de oficiais ressentidos e reacionários – órfãos e viúvos da ditadura – que chegou ao poder através do Bolsonaro e que comanda o país.
Augusto Heleno, por exemplo, foi ajudante-de-ordens do general Sílvio Frota, um expoente da linha mais facínora da ditadura que era radicalmente contra o fim do regime.
Bolsonaro precisa ser levado a sério nas suas sandices.
Como, por exemplo, quando reclama que a ditadura assassinou menos opositores do que deveria; ou quando explica didaticamente a natureza destrutiva/ecocida/genocida do projeto que lidera: “O Brasil não é um terreno aberto onde nós pretendemos construir coisas para o nosso povo. Nós temos é que desconstruir muita coisa. Desfazer muita coisa. Para depois nós começarmos a fazer”.
O horizonte bolsonarista da luta política é o extermínio, o aniquilamento do inimigo; não uma disputa institucional entre distintos projetos políticos e de gestão do Estado; é guerra.
O bolsonarismo aposta no confronto, na guerra armada. Eles acreditam no “vaticínio da guerra civil”, alerta Arantes.
Na visão dele, há um “sistema jagunço brasileiro que está sendo montado e está sendo armado”, que faz com que o Brasil seja “a primeira nação a voltar mil anos atrás, em que a origem do Estado é o crime organizado, a extorsão”.
Com a politização nova das Forças Armadas, diz Paulo Arantes, “que, ao contrário da interferência desde que existe República no Brasil, que eles fazem e desfazem políticas, dão quarteladas, se transformam em guarda pretoriana etc, pela primeira vez estão na direção de se transformar em um bando armado, como foi o Estado Islâmico, como vai ser o Afeganistão agora”.
Diante deste cenário, de nada adianta se “cortar os pulsos” por desespero ou se contentar com notinhas de repúdio e discursos vazios dos líderes das instituições que “funcionam normalmente”.
É preciso mais, muito mais, sobretudo em termos de capacidade de mobilização democrática e popular na escala de dezenas de milhões de manifestantes nas ruas.
Comentários
Zé Maria
“LUTO PELA ÁGUA.
Governo Eduardo Leite, no RS,
entra pra história como o que liquidou
a Corsan.
É igualzinho ao Bolsonaro.
Privatização da água gaúcha acaba de ser aprovada na Assembleia Legislativa
por 33 a 19.
Lamentável!”
https://twitter.com/BohnGass/status/1432813262467260417
BolsoLeite (PSDB-RS) segue Orientação
Entreguista de Bolsonaro/Guedes.
Vai jogar na Privada a Empresa Pública Lucrativa de Tratamento de Água e Esgoto
do Povo Gaúcho.
Nesta hora, são impronunciáveis os Adjetivos a serem dirigidos a esse Tucano que desgoverna
o Estado do Rio Grande do Sul.
https://pbs.twimg.com/media/E-KHbeiXsAIaUAQ?format=jpg
Carlos
Quer as pessoas queiram ou não, essa é resultado final do capitalismo. Afinal, uma vez que uma pequena minoria se apropria de praticamente toda a riqueza mundial, não restará mais nada ao cidadão a não ser apelar para a violência. Os de extrema direita irão montar seus bandos para roubar a população abertamente, e os de esquerda terão que defender suas vidas e/ou lutar para derrubar o sistema capitalista. É aquela velha barbarie da qual muitos falaram, que se torna o resultado final do sistema.
Zé Maria
Éticas do Diálogo: (https://youtu.be/3Q5BIP-ves0)
Com Paulo Arantes e João Cézar de Castro Rocha
Zé Maria
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“Assim como o discurso de que a arma protege, também é mentiroso o discurso de que agora todo e qualquer cidadão de bem terá acesso a uma arma para se defender dos bandidos.
Existem os custos do curso de tiro, do despachante, das taxas, da arma, da munição.
Quem não tem dinheiro não consegue ter arma.
Existe uma charge circulando nas redes sociais que mostra um homem dentro de uma loja de armas perguntando ao vendedor:
‘Eu ganho um salário mínimo por mês. Que arma eu posso comprar?’.
Ele sai da loja com um papel de alvo grudado no peito.
No fim das contas, ele vai mesmo ser o alvo das armas.”
“Política pública é ciência.
Exige fazer o diagnóstico do problema, estudar as diferentes formas de enfrentá-lo, analisar as boas práticas nacionais e internacionais, consultar em audiências públicas a avaliação dos especialistas e o desejo da sociedade civil, traçar os objetivos a serem alcançados, escolher a estratégia mais adequada para pôr em prática, monitorar os resultados.
Isso é o básico.
Não temos como fazer política pública sem nos basearmos em evidências.
Na literatura, não existe nenhum estudo sério que indique que mais armas nas mãos de civis trazem benefícios para a sociedade.
Na atual ‘política de segurança’, portanto, não há ciência.
Quando se pergunta ao governo [Presidente] por que escolheu facilitar o acesso às armas, a resposta é:
‘Porque eu quero, porque eu posso,
porque os meus amigos atiradores pediram,
porque os meus eleitores extremistas quiseram’.”
Isabel Figueiredo,
Conselheira do Fórum Brasileiro
de Segurança Pública que, com o Ipea,
elabora todo ano o Atlas da Violência.
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“Para se defender, você precisa circular por espaços públicos portando duas armas?
Precisa ter uma metralhadora antiaérea .50?
Precisa ter um fuzil?
Sendo atirador recreativo, precisa ter 60 armas, incluindo 30 que antes eram de uso restrito das forças públicas?
O presidente não está atuando pela legítima defesa.
Está atuando pela disseminação descontrolada de armas de fogo dos calibres mais letais e perigosos.”
“Na famosa reunião ministerial de 22 de abril de 2020, cujo vídeo se tornou público por decisão do Supremo Tribunal Federal, o presidente praticamente falou apenas de armas de fogo.
Ele ordenou aos ministros da Justiça e da Defesa que assinassem uma portaria facilitando o acesso da população às armas.
Bolsonaro disse que, se o povo já estivesse armado, os governadores e prefeitos não teriam coragem de decretar lockdown e outras medidas de distanciamento social para conter a pandemia.
Nessa reunião, o presidente inaugurou uma nova etapa do debate.
As armas não seriam mais para autodefesa, mas para atacar os opositores do governo.
As questões políticas, pelo raciocínio de Bolsonaro, seriam resolvidas por meio da bala.”
Felippe Angeli,
Gerente do Instituto Sou da Paz,
que faz Pesquisas sobre Violência
e elabora Estudos sobre Segurança
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https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2021/03/especialistas-veem-perigo-em-armar-cidadaos-e-atiradores-esperam-mais-incentivos-do-governo
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Sandra
“Buscas por farda disparam na web e acendem alerta sobre uso de uniforme militar por civis em 7 de setembro”
Jornalista Malu Gaspar (O Globo)
Sério que ter militar de mentirinha no sete de setembro antidemocrático?
Fogaça Imola
Eu prefiro a caneta. O fuzil é muito pesado.
6 ou 7 kg.
Olha que beleza que é o Afeganistão. Maravilhoso !
Se todo mundo tiver uma arma em casa vai ter um salário de 20 mil reais ou dólares líquidos ?
Que falta num faz um livro, hein !
Nosso povo é bem lento para a política de verdade. Por isso tá amassando o barro (7 anos ) ou massinha igual criança.
Então, todo mundo que tem arma ganha igual o Silvio Santos ?
Se vc tiver uma arma não vão te roubar ?
Qtas pessoas vc poderá matar com sua arma seguidamente ?
É cada doido que me aparece.
Um de tão doido o Supremo enjaulou ele.
Ficou velho começou a bater o pino.
E a segurança pública como fica ?
marcio gaúcho
O quê eles sabem, que nós não sabemos? Incentivar a população para se armar, somente se explica por uma eminente e futura hecatombe mundial, onde seria o “cada um por si” em defesa do seus redutos e da sua família. Se não for isso, os militares estão admitindo que não servem para defender coisa alguma, a não ser seus próprios soldos e outras vantagens. São incapazes de garantir a ordem e a defesa do país.
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