Izaías Almada: Haja aculturamento e submissão!

Tempo de leitura: 4 min

einstein, cunha e aécio

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TRINTA E SEIS HORAS

por Izaías Almada, especial para o Viomundo

Trinta e seis horas foi tempo mais do que suficiente para uma tentativa que fiz de retornar ao mundo do Facebook nos finais de 2015, mas diante do panorama encontrado – em especial quanto aos comentários e opiniões sobre o momento político brasileiro – considerei que o melhor era continuar fora. Uma questão mais de saúde pública, a minha, do que de preconceito contra os adeptos das redes sociais.

Houve tempo, entretanto, para reencontrar amigos, sobre os quais não tinha notícias há dois ou três anos. Trocamos algumas saudações e desejos de saúde e paz, essas coisas triviais que costumamos dizer uns aos outros. E recebi também duas ou três advertências de que iria encontrar uma barra meio pesada, sobretudo daqueles que se “escondem” por trás dos recursos da comunicação digital.

Porque é exatamente disso que se trata. O Facebook é perfeito para quem não enfrenta o diálogo olho no olho. Aliás, chega a ser impressionante o número de pessoas que coloca suas fotos mais antigas como identificação visual, em particular os mais “velhuscos”, claro, agarrados à dura luta contra o envelhecimento.

Não há nada demais em envelhecer, faz parte do jogo. Para muitos de nós, lembrar o passado, a juventude, acaba nos dando algum estímulo e uma alegriazinha de viver. Uma reflexão, apenas, e não faço dela um juízo de valor.

Pude constatar também nessas trinta e seis horas que, de fato, a intolerância, a desconfiança, e mesmo o ódio se instalaram em milhares de mentes, transformando opiniões e comentários numa guerra entre os que não comungam os mesmos ideais e visões distintas da realidade em que vivem.

A internet e algumas de suas utilidades estão se transformando numa espécie de droga pesada. Quanto mais é usada mais aumenta a dependência.

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O Facebook, o Twitter e o Whatsapp não me deixam mentir. Já existem estudos, inclusive, apontando que o uso exagerado do celular e das redes sociais está diminuindo a capacidade de memorizar dos usuários, sobretudo dos mais jovens.

O assunto me remete a uma recente entrevista do jovem Zuckerberg, um dos fundadores do Facebook, propondo a ampliação do uso da internet por todo o mundo, pois a conectividade, o jargão da moda, pode tornar o mundo melhor, mais informado, diminuindo as distâncias e as desigualdades.

Melhor para quem, senhor Zuckerberg? Já não basta a fortuna amealhada até aqui? A ganância lhe exige mais? Mesma tese, aliás, defendida pelos senhores Eric Schmidt, presidente executivo da Google e Jared Cohen, diretor do Google Ideas, no livro que escreveram – e nem por isto desinteressante – “A Nova Era Digital”.

A computação, a internet e a nova era digital são de fato uma realidade, mas por serem novidade e trazerem consigo o embrião de mais uma das grandes transformações por que passa a humanidade de tempos em tempos, não significa que deva ser encarada como a panaceia para a felicidade humana, sobretudo quando se trata daquela felicidade que se encontra nos contos de fada e nas intragáveis telenovelas e não na vida do dia a dia.

Será que essa “desejável” ou “inevitável” conectividade pode impedir, por exemplo, que nos Estados Unidos da América, esse paraíso sonhado por milhões de brasileiros, se consiga evitar os 45 atentados com mortes dentro de várias universidades e escolas do país somente no ano de 2015? Ou evitar o massacre de jovens no México ou a violentação de meninas na Nigéria e no Paquistão? Ou a corrupção dos endinheirados do Brasil que, criminosamente sonegam seus impostos e cobram moralidade do governo, quando a praticam em seus negócios privados e muitos deles escusos?

É sempre bom lembrar aos mais novos que corrupção não é só aquela que insistem os meios de comunicação, sustentados por muito dinheiro sujo, mas também a simples compra da carteirinha de estudante, por exemplo.

O cruzamento de amizades e pedidos de amizades no Facebook cria uma rede poderosa de comunicação é certo. Mas qual comunicação? O que é que cada um de nós revela de si para os outros: a família, os amigos, os colegas de trabalho e, principalmente, para aqueles que nos conhecem superficialmente ou a quem conhecemos superficialmente? Qual o limite para o jogo das vaidades? Ou para o jogo da verdade?

O mundo será reduzido a um smartfone e a alguns toques digitais?

Os donos dos bancos, as grandes corporações, a indústria armamentista e de remédios, os senhores do vale do silício estão morrendo de rir. Não é por acaso que o presidente de uma das casas do congresso brasileiro seja ao mesmo tempo corrupto, sonegador de impostos, falso evangélico, homofóbico e debochado. Uma coisa tem exatamente a ver com a outra.

Faltam ainda à sociedade brasileira conhecimento, discernimento e visão crítica do que se passa à sua volta. Como disse o “enxovalhado e discriminado” compositor e cantor Chico Buarque: há um Brasil atrasado e aculturado que continua falando grosso com os Maduros e Evo Morales da vida e falando fino com os marines e embaixadores norte americanos.

Haja aculturamento e submissão.

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Comentários

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Leo

Nossa. Que forçada de barra para provar um ponto que nem ele sabe direito.

legal que este texto foi publicado na internet, e não no diário de muzambinho…

FrancoAtirador

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A Sociedade do Cansaço e do Abatimento Social
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“Um Povo Doente e Ignorante nunca fundará
uma Nova e Possível BioCivilização nos Trópicos”
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“Como sair deste Inferno Humano?
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A nossa democracia é apenas de voto, não representa o Povo
mas os interesses dos que financiaram as campanhas,
por isso é de fachada ou, no máximo, de baixíssima intensidade.
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De cima não se há de esperar nada pois entre nós se consolidou
um capitalismo selvagem e globalmente articulado”
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Por Leonardo Boff, via Revista Fórum
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(http://www.revistaforum.com.br/2016/01/10/leonardo-boff-a-sociedade-do-cansaco-e-do-abatimento-social)
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