Izaías Almada: Quando chegaremos ao fundo do poço?

Tempo de leitura: 3 min

QUANDO CHEGAREMOS AO FUNDO DO POÇO?

por Izaías Almada, especial para o Viomundo

Peço licença aos leitores para usar neste artigo uma expressão “chula” como costumam dizer os dicionários da língua portuguesa. E ela se refere a uma opinião que dei há algumas semanas a um amigo português sobre o Brasil atual.

Disse eu a esse amigo, em nossa troca de mensagens pela internet, que o Brasil atual era uma espécie de “cu da mãe Joana”. Ao que o meu amigo prontamente respondeu: “penso que o cu da mãe Joana é bem mais limpinho”

Ri da ironia amarga, mas dei razão ao meu amigo lisboeta.

Quando se lê as manchetes de jornais, revistas e telejornais, quando se olha para as figuras que se apresentam para falar em nome do poder Judiciário, sejam lá em que instância for, quando assistimos a uma sessão do Congresso Nacional ou alguma entrevista de integrantes do Ministério Público Federal, quando surgem candidatos à presidência da república, verdadeiros bobos da corte à disposição dos senhores da Casa Grande (ou Branca), duas casas que por vezes se confundem, há uma pergunta que não quer calar: existe o fundo do poço na vida política do país?

Pelo visto não, eu arriscaria a dizer. O velho programa humorístico chamado “Os Trapalhões” não faria melhor. E só podia ser um programa da Rede Globo, não? O DNA da canalhice se identifica fácil.

De quinze em quinze dias temos uma operação qualquer da Polícia Federal para o país não se esquecer de que vivemos numa democracia debaixo de tutela policial.

De semana em semana um juizeco qualquer cria sua própria jurisprudência para se ficar exposto na mídia como mais um a querer a prisão de Lula e agradar a Casa Grande (ou Branca).

Dia a dia a imprensa se torna mais abjeta, manipulando de forma perversa a cabeça de milhões de brasileiros e tentando criar um cenário propício para o lançamento de um palhaço qualquer à presidência da república, palhaço em sentido estrito, pois um deles é até animador de auditório (ou será mictório) público e revendedor de carros usados.

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Auxílio moradia para juízes que têm casa própria, cujo aval foi dado por um juiz que também poderia lançar o auxílio/peruca.

Empréstimos bancários no BNDES para eventuais candidatos com “novas ideias” para a presidência da república. Huck e Doria com novas ideias?

Isso é um perigo, pois o QI não ajuda muito.

Um governo anódino, sem qualquer ideia do que fazer senão acabar com as políticas sociais do governo anterior e vender o país (suas empresas, seu subsolo, suas terras) a preço de banana no mercado das almas.

Bandidos nos três poderes da república (e aqui peço desculpas ao Marcola e ao Fernandinho Beira Mar pela injusta comparação) a desfilar no carnaval da pusilanimidade e suas hipocrisias, suas perversidades, seu desrespeito não só à Constituição e à Democracia, mas a todo um povo que começa a dar sinais de desespero com o desemprego e salários de fome, retornando a um passado não muito distante, que nos honrava com o pomposo título de uma nação com um dos maiores índices de desigualdade social no mundo.

Tudo isso graças aos idiotas da subjetividade, aqueles que só sabem repetir o que falam determinados telejornais e não sabem sobre a história do país, analfabetos políticos que são já beirando à idiotia e a babar nas gravatas.

E o povão a bater cabeça… Ou vamos agora nos iludir também com o desfile de uma Escola de Samba no Rio de Janeiro (maravilhoso, não há dúvida), pensando que tal fato vai fazer a revolução brasileira? A que ponto chegou o Brasil, não?

Com licença de Olavo Bilac, cito com dor no coração um de seus versos mais conhecidos: “Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste. Criança! Não verás nenhum país (tão covarde) como este”.

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Comentários

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euclides de oliveira pinto neto

Corretissima sua análise a respeito do Brasil. Existe quase que uma desesperança da grande maioria da população brasileira, que se encontra premida pelas necessidades básicas de sobrevivência, mas sem líderes capazes de empolgá-la, visto a desilusão trazida pelos últimos governantes. Assiste impávida a entrega das nossas empresas, terras, recursos naturais e minerais para grupos multinacionais, por valores ridículos, que siquer são contestados pelos membros do legislativo ou do judiciário, demonstrando a cumplicidade para o saqueio escancarado do povo brasileiro. Falta confiança nos militares, que também se mantém inertes, como se nada disso estivesse acontecendo…
Faltam líderes com credibilidade para indicar soluções factíveis para nosso povo.

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