Grécia ameaça detonar o partido do austeritarismo

Tempo de leitura: 2 min

por Luiz Carlos Azenha

Domingo, quando foram divulgados os resultados das eleições na França e na Grécia, optamos por dar destaque ao segundo.

A França, com certeza, tem maior peso político, econômico e diplomático. Mas está no campo dos que definem as regras da austeridade.

A Grécia está no campo dos que praticam a austeridade. Junto com Portugal, Irlanda, Espanha e toda a periferia da zona do euro.

Publicamos, recentemente, aliás, que o “core” da União Europeia estava perigosamente reduzido a Alemanha, Finlândia e Luxemburgo.

Grosseiramente, a austeridade imposta na zona do euro a partir da parceria Alemanha-França requer uma imensa transferência coletiva de renda para pagar o rombo criado pela bolha especulativa inventada pelos banqueiros, que começou a estourar lá atrás, com a quebra da Lehman Brothers, em 2008. Detonar direitos sociais está na essência da operação. Instalar governos colaboracionistas, também. Foi assim, especialmente na Itália e na própria Grécia.

Porém, é certo que chegaria a hora de um acerto de contas com o eleitorado. Não há austeridade possível se não há quem se submeta a ela. Por isso consideramos o resultado eleitoral na Grécia mais importante. Lá está sendo definido o futuro do euro.

Hoje, a manchete do Financial Times entrega o jogo: Esquerda grega ataca austeridade “bárbara”.

O que, em resposta, levou um executivo do Banco Central Europeu a considerar publicamente, pela primeira vez, a saída da Grécia da zona do euro.

O líder do Syriza, partido de esquerda que conquistou 16,78% dos votos domingo, disse: “Os eleitores rejeitaram as políticas bárbaras do acordo de salvamento; eles abandonaram os partidos que apoiaram o plano, efetivamente abolindo as demissões [de funcionários públicos] e os cortes de gastos adicionais”.

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Os partidos pró-austeridade já tentaram formar um governo, sem sucesso.

Tudo indica que os partidos que se opõem aos planos de austeridade também serão incapazes (será preciso juntar comunistas e neonazistas). Os comunistas acusam o Syriza de ser social-democrata.

O plano apresentado hoje por Alexis Tsipras fala em abolir o acordo de 174 bilhões de euros [o segundo, de resgate], estatizar o sistema bancário, reverter as reformas trabalhistas, declarar moratória e adotar a representação proporcional no governo.

O jovem Tsipras, de 38 anos, está se revelando uma raposa. Ele sabe que vai fracassar na tentativa de formar um governo. Mas aproveitou o momento sob os holofotes para apresentar a plataforma eleitoral do partido para as novas eleições que, tudo indica, serão convocadas para junho.

Dependendo dos resultados — ou de concessões da Alemanha, quem sabe, até lá –, a Grécia já tem data para voltar ao drachma.

PS do Viomundo: A gente sabe que as coisas estão feias quando o FT chama o Syriza de “partido esquerdista radical”.

PS do Viomundo2: Sei não, essa expansão brasileira baseada no endividamento…

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Comentários

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Jair de Souza: Documentário Catastroika em português « Viomundo – O que você não vê na mídia

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Mario Silva Lima

Não conheco em detalhes o plano de Malenchon,candidato da esquerda francesa nas últimas eleições,mas li um comentário que afirmava que o plano de Malenchon era inviável porque confisfacava o dinheiro dos ricos.Parece-me que não há nada de errado em confiscar dos ricos,pois errado é confiscar de quem não tem nada, como recomenda o receituário de dna.Ângela Merckel e da famigerada troika e seus banqueiros.Portanto, seria bom para quem conseguir formar um governo na Grécia prestar atenção ao plno de Malenchon.Qual o problema?Quem criou a crise que a pague.

Eduardo Lima

Eu não entendi o “PS do Viomundo2: Sei não, essa expansão brasileira baseada no endividamento…” Pode me explicar.

Bernardino

“austeridade” é o nome que a mídia-corrupta dá para o roubo da sociedade pelas oligarquias financeiras
es Essafrase merece repetiçao em todos os sites,PASSOS,ate porque ela define bem o lema da bandidagem ANGLO -SIOnista:Enfraquecer a PEriferia p
fortalecer o centro(eles mesmos)para isso lançam mao da imprensa corrupta que prega falsamente demkocracia e direitos humanos que eles nao respeitam.Daí a necessidade de se armar e ter armas nucleares para
enfrentar a Bandidagem americana e seus asseclas!!

    Fabio Passos

    O avanço da idiotia neoliberal foi sustentado no mundo inteiro por uma máquina de propaganda corrupta: As corporações midiáticas.

    Aqui no Brasil a rede globo, quadrilha veja, fsp e estadão até hoje repetem os mantras neoliberais e choram pelo finado fhc.
    Quebraram o Brasil e ainda assim não tem vergonha na cara.
    Insistem em defender o roubo dos especuladores e prescrever “austeridade” aos trabalhadores.

    Quem são os defensores do capital vagabundo?
    civita
    marinho
    frias
    mesquita

    É muito vagabundo jogando contra o Brasil…

Julio Silveira

O dia que o estado começar a olhar com mais atenção para o tal mercado e perceber que ele não passa de meia duzia de pessoas controla essa entidade, num nível de poder que sobrepõe-se até ao estado, e passar a pensar em colocá-los em seu devido lugar, as coisas começarão a melhorar para os cidadãos em geral. O que ocorreu foi por causa de conveniências politicas. Formou-se uma parceria sólida do sistema financeiro com o sistema politico em detrimento do cidadãos, nos sistemas democráticos, souberam se aproveitar do sistema em suas deficiências para equilibrar o poder financeiro entre o individuo eleitor comum e a força dessas grupos para conseguir seu poder dissuasório. A raiz de tudo está aí, os políticos no mundo abdicaram de seu papel de legislar para todos, para seus países, e se concentrar em favorecer um sistema, que poderia ser melhor. Tornaram-se carimbadores da concentração para poucos e exclusão para a maioria, esquecem que isso pode funcionar em beneficio de poucos por um tempo, mas no fim pode destruir nações.

Renato

Finalmente, alguém da esquerda fica questionando sobre o fato do crescimento da economia brasileira for baseada no endividamento das pessoas. Eu sempre fui educado que para gente comprar algo, tinha que poupar $$$. Ou poupar o $$$, para ser usado em uma emergência.
Mas o Governo preferiu orientar o povo a gastar. Logo teremos uma cria alá brasileira provocada pelos derivativos.

    Wlademir Carvalho

    Favor nāo confundir endividamento com inadimplência.

    A maioria dos chamados “endividados” certamente tem suas economias que servirāo para o equilíbrio das suas dívidas futuras…vide a caderneta de poupança que bate sucessivos recordes.

    Acho que a oposiçāo e seus seguidores estāo com a confiança minguada…tudo pelo que anseiam e anseiaram nāo vem obtendo êxito.

Jaime

Desde o tempo do Delfim Neto, todos os economistas adotaram os preceitos da Escola de Chicago, um dos quais era de que é absolutamente normal o crescimento baseado no endividamento (naturalmente o credor era sempre o mesmo). Naquela época a esquerda dizia que o para-sol do quepe dos militares era na verdade uma viseira (dessas que se põe em burros e jumentos), mas sendo assim, diria que os economistas portavam adicionalmente viseiras laterais, superiores e inferiores (alguns as portam até hoje).

Márcio Carneiro

Vou repetir o que eu falei no outro artigo sobre a Grécia.
O Povo (esse o povo de verdade e não o povo mito do marxismo) está mandando uma clara mensagem que não aceita pagar a conta da farra dos banqueiros.

Lucas Cardoso

O segundo PS do Azenha é essencial. Crescimento econômico baseado em endividamento é o caminho da ruína. Consumo baseado em endividamento arruinou os EUA. O endividamento do governo foi uma das causas do colapso grego.

O aumento do consumo só é seguro se for baseado em melhorias salariais, e o aumento dos gastos governamentais só é seguro baseado em aumento dos impostos sobre riquezas e operações financeiras. O PT quer ter uma coisa sem a outra pra não desagradar os empresários, mas isso terá consequências gravíssimas para nosso futuro.

Marcus

PS2 do Azenha: Só que nossa “bolha” mais contextável está nos bancos públicos, isso é uma diferença gritante (e não são exatamente títulos podres). A saída dos planos de financiamento terá que ser bem feita. É claro que se tudo der certo, o próprio engrenar da economia vai ser a saída.

laura

É isso aí, Azenha, a expansão brasileira baseada no endividamento(crédito) é de certa forma mais do mesmo.
Não é só isso, mas aqui também esta tendo arrocho nos gastos públicos. Os servidores das Universidades Federais param amanha e quinta contra tal arrocho. Sou a favor. Ninguém aguenta mais. Sugiro que façam uma matéria sobre isso, entrevistando funcionarios e grevistas .

    Mariac

    Meu único problema com reportagens sobre greves é que ninguém posta o contra-cheque.E ficam querendo enganar o leitor. O problema é a divisão da renda. Se uns ganharem muito bem outros vão ganhar muito mal.

    Ninguém solicita transporte coletivo e financia seu carrinho.Eu sou a única pessoa que conheço que devolveu um carro ganhado, era ecologista desde que nasceu, tentou criar um jornal ecológico aos 23 anos, em plena ditadura ( e quando ninguém falava nisso) e não se conseguiu, claro. E não participou do pedido para o último aumento salarial pois está contente com 3000.

    Abel

    Pois é. E eu, quando me aposentar, vou me dar por satisfeito se conseguir chegar ao teto do INSS. Mas é da natureza humana querer sempre mais…

ricardo silveira

Quando um país depende da participação de um partido neonazista para formar o governo e definir sua política de salvação nacional é porque a vaca já se atolou no brejo. Tomara que encontrem um caminho seguro, mas, com ou sem dominação do mercado financeiro o futuro dos gregos é totalmente incerto.

Francisco

Até onde sei o problema não é casa demais, pode vir a ser classe média de menos.

Enquanto a redistribuição de renda perceverar, tudo bem. O deficit de casas no Brasil é astrnômico, principalmente se levarmos em conta que metade das casas que existem, não são casas, mas “arranjos”.

De todo modo, acredito (espero) que o modelo por endividamento só perdure até os gringos voltarem a comprar. No mais, é sofrer antes da hora…

Felipe

O começo da crise, lá nos EUA, não foi só uma questão de bolha imobiliária.
Foi a utilização do subprime(coletivamente) em derivativos. Ou seja, misturou financiamento de ALTO RISCO com outras formas de investimento através do derivativos, que, na teoria, diminuiria o risco.

O financiamento imobiliário no Brasil não é de alto risco, os juros não são abusivos e o governo tem o controle, aliás, eu espero que tenha. hehehe

José X.

Alguém me explique o aconteceu na Espanha, onde elegeram os caras que apoiam o “austeritarismo” (e que obviamente, logo em seguida já começou a ferrar o povo espanhol). Se bem que talvez por lá não há muito o que escolher, mas eleger o tal de Rajoy foi uma burrice fenomenal.

    zezinho

    Muito fácil de responder. Simplesmente foram levados ao poder os representantes da oposição. Em épocas como essa a coisa mais normal é eleger a oposição. Em alguns lugares foi a esquerda e em outros a direita.

Willian

“Sei não, essa expansão brasileira baseada no endividamento…”

Exato, Azenha, um dia a nossa bolha explode também.

Nilo

O capitalismo vive do consumo. Chega um ponto que as pessoas precisam ficar pobres para voltarem a consumir. A nossa vez vai chegar daqui uns 10 anos. Pela quantidade contrução de moradias que estão sendo feitas a nossa bolha imobiliaria também vai chegar, Por isso vendi 2 casas de aluguel e comprei terrenos comerciais.

Gilberto Rozzoline

Noto principalmente a construção civil. Salvador está um verdadeiro canteiro de obras. Quando circulo pela cidade, tenho a sensação que estão fazendo prédios demais. Vai chegar uma hora que não teremos mercado para tantos imóveis. Ai… USA, Espanha…

Fabio Passos

“austeridade” é o nome que a mídia-corrupta dá para o roubo da sociedade pelas oligarquias financeiras.

E a roubalheira não tem limites. As nações são saqueadas até quebrar. Isto aconteceu na América Latina na última década do século passado: fhc quebrou o Brasil, menem quebrou a argentina… agora acontece na Europa.

Tomara que a Grécia consiga resgatar a sua democracia e atender os desejos de seu povo.

Nós aqui no Brasil também temos de aprofundar as medidas de proteção contra a nova onda da crise. Ainda temos uma das mais altas taxas de juros do planeta. É preciso tascar taxa no capital vagabundo.

carlos cruz

Realmente é preocupante que brasileiros estejam aumentando o consumo atraves (apenas!) do aumento de suas dívidas, sem que haja distribuição de renda real. Lembra a década de 70, o tal “milagre”, quando Estado e brasileiros torraram dinheiro que não possuiam, e tambem os anos FHC, do dolar R$0,50, e a explosão quando tudo ruiu. Já nos foi provado (varias vezes!) que a festa acaba mal e a sociedade paga no final, ficando com os restos e a divida. Preocupante…

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