Que Deus ouça Gilberto Gil
Por Gerson Carneiro
Tenho observado a enxurrada de manifestações homofóbicas, e tentativas de negação de homofobia através de fajutas justificativas, apoiadas no binômio “Deus-Família”.
Há dias notícias (fotos e vídeos) de pessoas famintas garimpando sobras de comida pairam na internet.
Não há manifestação alguma dos que se apegam ao binômio “Deus-Família” incomodados com a sexualidade de um personagem de história em quadrinhos.
É impressionante como sexualidade incomoda mais que fome e miséria.
A mais recente manifestação que li, e me fez escrever esse texto foi a de um rapaz chamado Márcio Nato.
Pelo que percebi trata-se de um cantor gospel. Ele diz o seguinte:
“Não tenho nada contra ninguém, nem suas opções sexuais, cada um faz de sua vida o que bem entende.
Agora, não me venha também querer me obrigar a aceitar o mundo que acham que é certo e que na minha concepção, acho que não é.
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Por que tenho que ser obrigado aceitar o seu certo e você não pode sequer tentar acatar o meu?
Há espaço para todos nessa grande Sodoma! Quem achar que não está bom aqui vá para Gomorra.
O que quero dizer, é que todos nós podemos viver nessa grande Babilônia respeitando uns aos outros, não precisa concordar, mas sim respeitar.
O meu personagem favorito dos quadrinhos, vai ser sempre o cara que ama e nunca deixou de amar a Lois Lane.
Eu quando criança queria ser o Supermam, salvar o universo, conhecer a minha Lois.
Agora, querem empurrar um Superman bi. Respeito a ideia dessa tal inclusão, mas não conordo. E por isso sou homofóbico? Não! De modo algum, irmãos.
Apenas estou exercendo o meu direito de não concordar. E o fato de não concordar, não é em nenhuma vírgula, de minha parte, falta de respeito.
Porém, faço a pergunta: Pq o fato de eu não concordar com essa imposição me tornaria “homofóbico”, coisa que não sou, e pq o fato de querer um herói tradicional e fulano não aceitar, não o torna preconceituoso também?
Pq querem me obrigar a aceitar algumas imposições e os que querem impor, não podem aceitar me recusa? Compreende onde quero chegar?
Repito, há espaço para todos nessa Nínive. Basta cada um respeitar as opções e modo de pensar um do outro”.
É uma tentativa confusa e contraditória de negar homofobia.
Respondi ao questionamento dele da seguinte forma:
Existe um personagem Super Homem homossexual. Independe da tua concordância. Independe do teu gostar.
Simplesmente existe. Ninguém está te obrigando a nada. A partir do momento que você sente incômodo com a sexualidade homossexual do personagem, você é homofóbico.
Se você não sente incômodo com a sexualidade homossexual do personagem, você não é homofóbico.
O fato de estar se justificando revela teu incômodo. Portanto, você é homofóbico. Uma pessoa homossexual não está preocupada em concordar ou discordar da tua sexualidade.
Em momento algum você é confrontado, importunado, interpelado, por uma pessoa homossexual quanto à tua sexualidade. Nunca foi. Você não é questionado por isso. Sequer passa por tua cabeça ser questionado em algum momento por uma pessoa homossexual quanto à tua sexualidade.
Você vive confortável quanto a isso. A tua sexualidade é tua. Ninguém tem que concordar ou discordar.
Da mesma forma, a sexualidade de uma pessoa homossexual não carece da tua concordância ou discordância. É dela, pertence a ela.
Quando você se ocupa em discordar da sexualidade homossexual alheia, você se revela homofóbico.
Não basta afirmar que não é homofóbico. É o teu comportamento, teu ato, a tua atitude, diante da sexualidade homossexual que te define como homofóbico.
Está evidente que você é homofóbico. Você afirma: “não sou homofóbico, mas não aceito a relação homoafetiva alheia”. Sequer de um personagem fictício.
Para mim, Gerson Carneiro, não importa tratar-se de um personagem fictício ou não. Mas essa alegação está sendo usada também em tentativas de justificação da homofobia.
Espero, em Gilberto Gil, que o Super-Homem venha nos restituir a glória mudando como um deus o curso da história.
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Comentários
Zé Maria
Uma Nova Era demora a superar uma Antiga,
mas a História nos diz que sempre supera.
Estado do RS é condenado a pagar indenização por
impedir que criança fosse registrada com duas Mães
Processo foi movido em 2018,
quando o Filho do Casal nasceu
e o Cartório se recusou ao Registro
As Mães, moradoras da cidade de Canoas, venceram
a Ação Judicial de Indezizacao no valor de R$ 60 mil
contra o Estado do Rio Grande do Sul por Danos Mĺorais.
[Isabella Sander/GZH]
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