Gerson Carneiro: O desafio de fazer Assim falou Saramago

Assim falou Saramago

Por Gerson Carneiro*

Terça-feira, 2 de julho de 2024. Apresentei um trabalho solo no Teatro Barracão, em Barão Geraldo, distrito de Campinas-SP, em que estive totalmente nu durante toda cena.

Cada ator, creio eu, tem um trabalho marcante que determina uma transição no desenvolvimento da sua carreira.

Penso ter sido este o meu trabalho solo.

Transgredi aquilo que intimamente as pessoas mais temem: a nudez em público.

Interpretei um texto do José Saramago, capturado de uma entrevista que ele concedeu e na qual fala sobre Deus e a criação do Universo.

A concepção da cena foi toda minha. Escolha do texto, escolha da música (“Assim falou Zaratustra”), luz, e etc.

Estou feliz com o resultado e a calorosa recepção do público.

Eduardo Brasil, professor e diretor do Teatro Barracão, elogiou muito a composição do trabalho.

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“Não foi uma nudez vulgar, sem sentido. Quando ela ocorre em cena, o que menos o público percebe é a nudez”, disse-me o professor Eduardo Brasil, ao final da apresentação.

”Em vinte anos da existência do Teatro Barracão, você é o primeiro a ousar assim”, completou.

Sim, foi um trabalho desafiador.

Ao ler o texto do Saramago, deslumbrei que só seria possível interpretá-lo da forma como fui posto ao mundo.

Como efeito, nada menos que uma catarse. Estou numa felicidade genuinamente transbordante.

Gostaria muito de postar uma foto da minha atuação. Mas a internet ainda é terra de ninguém. Temo os que temem a nudez.

Segue o registro da minha saída da cena da apresentação à qual dei o título Assim falou Saramago.

“Antes da criação do universo, Deus não fez nada. Absolutamente nada. Não consta. Um dia, não se sabe por que, decidiu criar o universo (também não se sabe para quê). Fez, segundo a bíblia, o universo em seis dias. Seis dias, só! Descansou ao sétimo. E até hoje. Nunca mais fez nada. Isto faz algum sentido?” José Saramago

Imagem parcial de Gerson Carneiro saindo da cena de Assim falou Saramago, no Teatro Barracão, em em Barão Geraldo, distrito de Campinas-SP. Foto: Arquivo pessoal

*Gerson Carneiro é leitor do Viomundo

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